Marketing religioso: estratégias da fé



O artigo “Marketing Religioso: catolicismo precisa se reinventar”, escrito por mim há algum tempo continua repercutindo. Como não poderia ser diferente, as manifestações são as mais diversas através do meu e-mail e nas redes sociais. Já esperava por isso, temas polêmicos sempre são sinônimos de feedback mais acalorado e em grandes proporções. Os céticos e ateus concordaram, administradores e estudantes complementaram e os fanáticos rebateram veementemente os escritos. Gostaria de transcrever todas as opiniões, como é impossível mostrarei algumas. Se você está lendo este texto e não leu o artigo citado acima, sugiro que o leia antes de prosseguir, para uma melhor compreensão.

“Concluí o meu curso de Administração e fiz a minha monografia sobre Planejamento Estratégico dentro da Igreja Católica. Posso lhe assegurar que as igrejas utilizam desta ferramenta muito mais do que pensamos. No entanto a Igreja Católica está muito mais preocupada com a qualidade dos seus adeptos, daqueles que são realmente católicos. Diferentemente de um produto ou serviço qualquer que se adequa as necessidades da clientela, uma Igreja que prega o Cristianismo busca defender os seus princípios mesmo que seja chamada de conservadora. Afinal ela não pode entregar-se aos desejos de um determinado povo. Será que Jesus, ao nosso tempo, mudaria os seus princípios para "se adequar" as necessidades dos seus "clientes"? Certamente não, porém possivelmente utilizaria dos principais meios e ferramentas mais atuais para difundir a sua Palavra.” Comentário de Geovaneto.

Paulo Andrade fez a seguinte análise: “O ser humano é gregário e gosta de "fazer parte". Quando havia menos opções, óbvio que os resultados seriam outros. Se tínhamos uma só igreja, misturada ao Estado, ou os alunos de outras denominações e credos ficavam ou corriam o risco de sair da sala... Então, voltando à vontade de fazer parte, é isso que explica o dízimo. Eu contribuo para minha igreja (seja ela qual for), sou um dos mantenedores. Já não sou um fiel qualquer. Assim também quando faço parte do grupo do ritual, do grupo de música, do grupo de visitação a doentes, presos, etc. etc. Já reparou que são sempre os mesmos? O fenômeno, aliás, se reproduz nas escolas, nos clubes, nas fraternidades (sejam as ocultistas, sejam as terapêuticas como alcoólicos anônimos e suas congêneres). Eu pertenço, eu participo, eu faço parte do grupo! Lógico que isso não será gratuito! De todo modo, o que toda e qualquer igreja oferece? Assegurar ao fiel que ele está efetivamente agindo para salvar sua alma, ou seja, está procedendo conforme um código ético e moral rigoroso, mesmo que aparentemente, para receber uma recompensa no plano espiritual.”

Corroborando a ideia da presença do Marketing nas religiões o leitor ainda cita João Paulo II: “... viajou mais do que todos os demais papas de todos os tempos reunidos, e foi recebido por todos os grandes líderes políticos do planeta, sacou bem essa ideia de marketing. Quem não se mostra não é lembrado. Por isso mesmo, ao ser recentemente beatificado, foi impressionante a reação das novas gerações de católicos, o tanto que a rapaziada gostava dele, comovente. E não era por ser um líder modernista, inovador. O que tinha de ser dogma, continuou dogmático. É que os jovens precisam da autoridade, da referência...” Sem dúvida o ex-papa tinha vários atributos necessários a um grande líder: carismático, espirituoso, sereno, inteligente e de ação. O Marketing Pessoal do pontífice era muito bom. Outro leitor salientou também o fato de o povo brasileiro ser sempre aberto a várias crenças, “existem muitos católicos que frequentam cultos evangélicos, assim como muitos católicos que frequentam sessões espíritas. É crescente o número daqueles que não vão à igreja alguma ou, como os católicos, tem buscado o espiritismo ou religiões orientais como o budismo”. Luciano conclui dizendo que a tendência mesmo é que cresça o número dos sem religião no país.

Michael Jullier diz que há outras questões além do Marketing a serem analisadas, como a própria questão espiritual. “As religiões têm demonstrado certo esgotamento na tentativa de levar o homem a Deus, só Cristo é esse caminho, razão de tantas mudanças nesse cenário. Não falo como religioso, pois sou administrador e especialista em marketing, mas entendo que a estratégia só é viável se atender a uma necessidade do público. Levar o homem a Deus só é possível através de Cristo e a igreja que estiver pautada nesse fundamento terá sucesso.” O Pastor Robinson Luis de Araújo diz que a maior preocupação das igrejas deveria ser em demonstrar e viver o amor de Deus. “Surge uma sociedade emergente em nosso meio, onde pessoas querem ser amadas, recebidas e até mesmo, confrontadas. Não apenas, denunciadas, excluídas e rejeitadas. Precisamos de uma igreja que ame as pessoas, não somente nos cultos, mas através da vida e do convívio social de cada membro no seu dia-a-dia”, afirma.

 Leandro Gomes também não acredita no Marketing Religioso e faz uma análise mais pragmática da Igreja como reguladora social: “O que acontece é que as pessoas estão procurando respostas, saídas para seus problemas, olhe para nossa sociedade e veja a angústia das nossas famílias, veja a violência, a prostituição infanto-juvenil, veja o número de divórcios no Brasil, veja a corrupção, enfim. A igreja católica não tem que contratar profissionais, ela teria que manter a essência de ser igreja, viver nos mesmos princípios que a igreja do século I. Se ela continuasse sendo igreja não haveria essa debandada de fieis, pois as pessoas que têm sede estão buscando achar água.”

Jaime fala das contradições do artigo: “O autor diz que todas as religiões são "marketeiras" e querem vender sua religião a todo custo. Não é verdade. O fato de a Igreja Católica "perder" fieis, a custa de posições firmes a respeito de temas polêmicos, tais como anticoncepcional e aborto, é uma evidência de que ela não é marketeira e nem politicamente correta. A Igreja Católica busca a verdade sobre Deus e sobre os homens. A religião verdadeira não é um produto mercadológico, mas a sabedoria do homem que busca a Deus.” E o Marcelo, de Volta Redonda, também: “Comparar número de fieis ou membros, que são diferentes diante do Código Civil, de uma igreja com mercado, é um pouco demais. Quando falamos de religião, temos que ter em mente que o crescimento de uma ou de outra tem haver, muito mais do que fatores humanos, mas fatores espirituais. Não podemos, em nome da ciência, negligenciar o todo. A visão de apenas uma parte torna a visão torpe e tendenciosa.”

Finalizando, Kater Filho, nos traz uma informação interessante, para mim nova, que compartilho: “Meu caro Reginaldo, a Igreja Católica já trabalha com "ferramentas" de marketing, incluindo a mais essencial delas, sem a qual não existe marketing, a pesquisa, e tem um Instituto que há 17 anos qualifica padres, bispos e fieis católicos nesta atividade. O Instituto Brasileiro de Marketing Católico. Visite nosso site e confira: www.ibmc.com.br.” Fato é que em qualquer instituição onde há pessoas, ideias e projetos, deve haver pesquisa, mesmo que seja exploratória, para pautar as ações. Isso é estratégia, isso é Marketing. Digo sempre que na comunicação jamais encerramos uma discussão ou esgotamos um tema, cada um tem seu ponto vista, sua argumentação, consistente ou não, mas que deve ser respeitada.


Autor: Reginaldo Rodrigues


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