Carne vendida



                                        CARNE VENDIDA                                   

Belo Horizonte, 21-01-1977

 

Quem já viu alma mais pura,

Quem já viu coração maior,

Como a alma e o coração

De uma Manoela qualquer?

Jogada à toa na vida,

Nas presas famintas

Dos monstros da noite.

 

Foi o sistema quem lhe impôs.

 

Quem já viu a prostituta,

Sabe como ela é.

Aluga sua própria carne

E ganha muitas doenças

E pouco dinheiro,

Que mal dá para comprar

A carne que lhe é roubada,

Ou mesmo para comprar a carne,

Para mantê-la dentro da pele.

 

Não tem vontade própria,

Faz o que o seu dono mandar,

Sofre por falta de carinhos.

Isso ela nunca viu nem verá.

Perde sua noite

Pensando que está ganhando a vida,

Perde sua vida

Pensando que está ganhando a noite.


Autor: Gilberto Nogueira De Oliveira


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