Reflexão do memorável 31 de março de 1964.



REFLEXÃO DO MEMORÁVEL 31 DE MARÇO DE 1964.

      

No contexto da História do Brasil, existem muitas datas importantes para compreender os rumos da política nacional, uma delas é 31 de março de 1964, data que conduz a nação para o comando dos militares e se instaura uma ditadura imposta pelo exército brasileiro, com apoio de muitos segmentos da sociedade. Como sabiamente afirmavam os romanos antigos: ‘a história é mestra’ e podemos e devemos voltar nosso  olhar ao passado e rememorar esse  momento de nossa história.

            Não podemos analisar um fato histórico sem situá-lo no tempo e espaço, bem como deixar de mencionar as suas conseqüências, sejam positivas ou negativas. Quanto ao golpe militar no Brasil, devemos dizer que 1964 o mundo praticamente estava dividido, ao menos imaginariamente, em dois grandes blocos: o capitalista liderado pelos Estados Unidos e de outro lado estava a URSS liderando o socialismo. É dentro dessa divisão acontecia a Guerra Fria que foi um embate ideológico entre capitalismo x socialismo. Historicamente o Brasil esteve ligado aos Estados Unidos.

            Desse posicionamento inicia-se em todas as nações aliadas aos EUA, uma campanha contra o comunismo. Nesse cenário ocorre o golpe militar de 31 de março de 1964, quando João Goulart – Jango – foi deposto e sobe ao poder o general Castelo Branco. O golpe contou com participação do chamado imperialismo, como forma de manter os governantes alinhados com a proposta imperial de dependência ao mercado externo e fortalecer a exportação de matéria-prima. Ressaltar que muitos grupos viam nesse golpe uma forma de conter o avanço democrático vivido no Brasil. Os militares passam a governar por decretos-lei, sem precisar passar pelo Legislativo, expurgando funcionários públicos e políticos que ameaçavam os interesses do regime.

O ato mais duro do regime militar ocorreu em fins de 1968, com a instauração do AI-5, não esquecendo que os partidos políticos foram extintos (só permaneceu a ARENA e O MDB). As contradições dos governos militares foram diversas que o Congresso era aberto e fechado à revelia dos mandatários, a imprensa era censurada e as perseguições políticas intensificadas, aumentaram as torturas, os assassinatos e desaparecimentos de pessoas, institucionalizando, a violência contra quem ousasse questionar o regime. Nessa época ocorria o tal “milagre econômico” de Delfim Neto, então Ministro da Fazenda, que afirmava que o país crescia e a classe média passa a ter maior poder aquisitivo, mas aumentava o número dos empobrecidos acentuando a desigualdade social.

A crise do petróleo em 1973 foi um duro golpe para os militares que, já sem o mesmo apoio da burguesia, com sérias divisões internas e sofrendo pressões da população começam a se rebelar contra o AI-5, quando se encontrou o caminho para a “abertura, lenta, gradual e segura” proposta por Geisel. Na década de 80 foi feita a “reforma dos partidos”, incentivando a criação de novos partidos políticos e o retorno dos antigos. Em1984 acampanha pelas “Diretas Já” demonstrou que o regime militar estava com seus dias contados

            O regime militar, em termo de democracia, acabou se tornando  um retrocesso. A falta de democracia, o terror, a violência, a impunidade, a censura, a mentira e os assassinatos vão introduzir no país o sentimento até de vergonha de ser brasileiro. Como afirma um professor que sofreu na carne o estigma do regime: “Penso que o efeito mais arrasador do golpe no país deu-se no plano da ética. Ser ético passou a ser sinônimo de subversivo ou então idiota”.

            O memorável 31 de março de 1964 e o regime militar precisam ser estudados na perspectiva de se entender a História, levando sua prosperidade e crescimento que aconteceu enquanto os militares governavam, mas também a democracia e as manifestações de liberdade foram reprimidas. Vivemos novamente a democracia – com as imperfeições e injustiças, mas devemos sempre aprimora-la.  

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Autor: Ciro Toaldo


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