Jesus o peripático contador de histórias



O excêntrico adjetivo peripatético se deve ao fato de que o filósofo Aristósteles dava suas aulas caminhando pelo peripatos, uma alameda situada nos jardins do Liceu. Acrescenta Grinspun (1999): “entre os gregos as aulas peripatéticas, em que os seguidores do mestre perambulavam com ele dentro de salões ou ao ar livre, ouvindo e aprendendo o seu conhecimento.”

 Aristóteles foi um filósofo da Antiguidade clássica, foi discípulo da Academia de Platão, e após a sua morte constrói o seu próprio conhecimento e em parte reproduz a de se mestre. Começa a ensinar em diversos lugares no mundo conhecido de sua época. Aceita o convite de Filipe da Macedônia para ser o professor de seu filho Alexandre. Depois de formar Alexandre, cognominado o grande, Aristóteles volta à Atenas, e constrói sua própria escola no ginásio junto ao templo de Apolo, o Liceu. (ROCHA, Vol. I, 2003)

 Enquanto caminhava pelas manhãs com seus discípulos, eles discutiam as questões filosóficas mais profundas ligadas à metafísica, à física e à lógica. Por estas alamedas era possível caminhar, por isso os alunos do Liceu eram muitas vezes chamados de peripatéticos (ensinar enquanto, caminha).

 Alguns séculos depois, esse método de ensino helenístico passou a designar todo aquele que tem o hábito de ensinar caminhando. Surge assim o mais famoso peripatético de todos os tempos: Jesus de Nazaré. As pregações do rabino da judeia eram feitas em longas caminhadas com seus discípulos, que por sua vez levaram adiante seu método de ensino.

Para entender a Arte de contar Histórias é preciso fazer uma viajem na história do ser humano, iniciando com as citações da Bíblia Sagrada, podendo perceber que Jesus, foi um grande contador de histórias, mesmo carregando em si a cultura judaica na qual a mulher e a criança não eram valorizadas, não tinham nenhuma significação social. A criança não produzia em termos de trabalho e até sete anos não estava obrigada a observar a lei, neste período à criança serve de parâmetro não pela inocência, mas pela perfeição moral.

 Jesus utilizou os parâmetros de seu tempo sócio - econômico e cultural para revelar o desejo de Deus para um mundo de justiça, de afeto e de paz, inserindo algo novo para esta cultura no que diz respeito ao tratamento às crianças, demonstrando isto com seus gestos e palavras, deixando até os próprios discípulos que o seguiam sem reação e sem compreensão, pois sua ação desafiava as diretrizes da educação e do relacionamento com os pequeninos que vigoravam na sua época.

 No evangelho de Mateus (9.36) encontra-se este relato do ministério de Jesus: “e percorria Jesus todas as cidades e povoados e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.” Jesus usou em suas pregações uma metodologia  peripatética. Ele usou muito bem as parábolas como contação de história e pôs-se a serviço da teologia e propiciou o renascimento escolástico no setor educacional.

 Jesus viveu ensinando as crianças e adultos através de histórias e parábolas, as pessoas sempre esperavam para ouvir seus ensinamentos. Ele sabia que o ser humano precisava fazer uma viagem ao seu interior para transformar suas atitudes e entender a vida, compreendendo a vontade de Deus.

Os Evangelhos relatam a respeito de como Jesus ensinou em particular e em público os seus ouvintes. Suas caminhadas com os discípulos por toda Judeia e Samaria, chegou até os confins do mundo (At 1.8). Sua maneira de ensinar tem influenciado o mundo todo.  Quando terminou seu ministério terrestre em 33 AD, O Mestre tinha no mínimo 120 seguidores entre homens e mulheres. (Atos 1:15). Seus ensinos realmente influenciaram a humanidade de maneira extraordinária. A maneira de Jesus caminhar com seus discípulos nas estradas empoeiradas da Palestina influenciou todas as gerações e tornou-se o maior contador de histórias, o mais fascinante peripatético da História.

Download do artigo
Autor: Cássio Eduardo Buscarattto


Artigos Relacionados


Peça Teatral Para Apresentar Na Semana Santa: Crucificação E Ressurreição De Jesus Cristo

Deus é Amor

ReflexÃo Do Evangelho De Mc 10,46-52 – Cego Bartimeu

Uma Visão Ideológica Das Histórias Em Quadrinhos Através Da Análise Do Discurso

Contar Histórias Estimula A Aprendizagem Nas Séries Iniciais

Cruzando História E Literatura

ReflexÃo Do Evangelho De Jo 6,60-69