Biografia intelectual de Tomás de Aquino



Biografia Intelectual

 

NOME

Tomás de Aquino

 

BIOGRAFIA

 

Nasceu entre 1224 e 1225 em Rocca Secca, no reino de Nápoles. Filho do conde Landolfo de Aquino. De 1230 a 1239 foi educado no mosteiro de montecassino pelo abade Sinibaldo, seu tio paterno. A seguir, entrou na universidade de Nápoles e pouco depois na ordem dos domincanos. Despeitados, seus irmãos armaram-lhe uma cilada e o confinaram por vários meses ao cárcere. Mas tomás permaneceu firme em sua decisão e em 1245 foi libertado e pôde seguir sua vocação. Deixou a Itália e entrou no convento dominicano de paris, sob orientação de Alberto Magno, cuja influencia sobre o jovem Tomás foi imensa, especialmente no tocante à preparação filósofica; foi ele quem o  introduziu na filosofia de Aristóteles.

    Em 1257 obteve, juntamente com S. Boaventura, o título de mestre, podendo, desde então, ensinar publicamente a teologia. Em 1559 participou do capitulo geral da ordem em valenciennes, sendo enviado, em seguida, à Itália, onde lecionou teologia na corte de Urbano IV  Clemente IV; por esse tempo compôs a Summa contra Gentiles.

            Passou seus últimos anos no convento de Nápoles, compondo a Summa theologica, comentando aristóteles e pregando ao povo.

            De 1269 a 1270 vive em Paris, onde entra em luta aberta com o aristotelismo averroísta. em janeiro de 1274, a convite de Gregório X, pôs-se a caminho de Lião para tomar parte no concilio que ali se realizava. Chegando a fossanova, adoeceu na casa de sua sobrinha Franscisca de Aquino. Pediu para ser levado para o claustro cisterciense, no qual faleceu em 7 de março de 1274.  

 

OBRAS

Os principais escritos de Tomás de Aquino dividem-se em quatro grandes grupos: obras sistemáticas, questões disputadas, comentários filosóficos, comentários sobre a sagrada escritura.

As obras sistemáticas são três: comentário sobre as sentenças (1254-1256); suma contra os gentios (1258-1264). Esta se divide em quatro livros; os três primeiros tratam de verdades acessíveis à razão natural, e o quarto, das verdades de fé (1267-1273) e suma teológica.

As questões disputadas compreendem cinco livros escritos: sobre a verdade (1256-1259), sobre a potência (1256-1262), sobre o mal (1263-1268), sobre a alma (1269-1270), sobre as virtudes (1269-1270).

Os comentários filosóficos referem-se às obras de Aristóteles, Boécio e do pseudo-Dionísio. De Aristóteles, Tomás comentou as obras mais importantes: a física (1265-1270), a metafísica (1265-1270), a ética (1266), a política (1268), os analíticos posteriores (1268).

 

DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA E TEOLOGIA

 

            Tomás distingue a filosofia da teologia no âmbito da finalidade e do metodológico.         

            Segundo ele a teologia e a filosofia diferem por sua finalidade, pois a teologia nos dá acesso às verdades necessárias à salvação. A filosofia por sua vez investiga as coisas naturais, Por isso neste aspecto a filosofia é autônoma em relação à teologia.

            A filosofia e a teologia diferem por seus respectivos métodos. O filosofo tira seus argumentos das essências das coisas, ou seja, de suas causas próprias. O teólogo, ao contrario, parte sempre da primeira causa ou de Deus.

 

RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO

 

            Segundo o Aquinate a fé e a razão são modos diferentes de conhecer, pois a razão trabalha com a evidência intrínseca, ou seja, com aquilo que é claro por si. Já a fé debruça com a revelação divina, porque trabalha com tudo aquilo que provém da revelação de Deus. Mesmo que a razão se empenhe em estudar Deus, o seu conhecimento se distingue da fé, pois esta parte do próprio Deus, já aquela se inicia nas criaturas até atingir o criador.

            Na concepção do filosofo cristão a fé e a razão não podem contradizer-se, pois ambas tem um autor comum que é Deus. A fé e a razão caminham paralelas, embora conheçam aspectos diferentes de uma mesma verdade. A verdade não pode contradizer-se a si mesma, pois deixaria de ser verdade e passaria a ser opinião.

            No estudo das coisas naturais, a razão é autônoma em relação à teologia, porém, no âmbito da revelação, a teologia se sobrepõe, pois esta é seu objeto próprio. É claro que a razão dá suporte a fé, porém ela por si é incapaz de conhecer as verdades reveladas.

 

AS PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

 

            Durante a idade media um dos temas mais impertinentes foram sobre as provas da existência de Deus, muitos filósofos se debruçaram sobre esta reflexão, porém, nenhum foi tão sistemático como Tomás de Aquino, que estabeleceu cinco vias que comprovação da existência de Deus.

A primeira via diz respeito ao primeiro motor ou ao motor imóvel, segundo ele tudo o que é movido é movido por outro; porque nada é movido senão enquanto está em potência relativamente áquilo a que é movido. Porém não se pode proceder assim ao infinito, pois é necessário se chegar a um primeiro motor que não é movido por nenhum outro, mas ao qual todos dão o nome de Deus.

            A segunda via diz respeito à causa eficiente ou a causa primeira. Nas coisas materiais percebemos uma ordem que tem por base a relação de causa e efeito. É impossível que uma coisa seja causa eficiente de si própria, pois é necessário que algo seja anterior a própria coisa, porém, algo pode ser causa eficiente de outra coisa, por exemplo, um homem que constrói uma cadeira. Entretanto é impossível proceder-se até o infinito na série das causas eficientes. Logo, é necessário admitir uma causa eficiente primeira, ao qual todos dão o nome de Deus.

            A terceira via diz respeito ao existente necessário ou de ser necessário. Na natureza encontramos seres contingentes que podem ser e não ser, ou seja, que ora existem, ora desaparecem. É impossível que todas as coisas desta natureza existam sempre; pois o que pode não existir, alguma vez não existiu. Baseado nisso pode-se admitir a existência de um ser necessário que é causa necessária de todas as coisas. A este ser dar-se o nome de Deus.

            A quarta via diz respeito aos graus de perfeição do ser. No cosmo percebe-se uma distinção quanto à perfeição dos seres no aspecto qualitativo, porque a aqueles que são mais e aqueles que são menos. Logo, podemos deduzir que há um ser que é de perfeição absoluta, cujos outros seres participam da perfeição desse ser, embora em graus diferentes. A este ser dar-se o nome de Deus.

            A quinta via diz respeito ao supremo ordenador ou ao governador supremo das coisas. Encontramos no mundo uma ordem e finalidade. Ordem e finalidade exigem inteligência que as tenham disposto. A este ser dar-se o nome de Deus. 

Ambos os argumentos partem de uma realidade concreta, verificável e sensível. Como também todas empregam o principio de causalidade. Tomas de Aquino, portanto prova a posteriori a existência de Deus mediante seus efeitos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

MONDIN, Batista. Curso de filosofia. (tradução Benôni Lemos). 15º ed. São Paulo: Paulus, 2008. vol.1. p. 185-200.

BOEHNER, Philotheus. GILSON, Etienne. História da filosofia cristã.(tradução Raimundo Vier). 7º ed. São Paulo: vozes, 2000. p.447-456.

 

 


Autor: Daniel Leite Da Silva Justino


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