Rastreamento de depressão pós - parto em mulheres – mães de bebês menores de um ano de idade



INTRODUÇÃO

       No Brasil, a depressão, é considerada um sério problema de saúde pública, atingindo 2 a5% da população, predominando no sexo feminino, precedendo, muitas vezes, por eventos marcantes, como a gestação, o parto e o puerpério.1 O fato da mulher, desde muito cedo, ser preparada para ser mãe, faz com que ela se depare, no advento da maternidade, com sentimentos contraditório, ocorrendo um conflito entre o ideal e o vivido.2 A fase do pós parto exige da mulher, grande capacidade de adaptações, referente ao bebê, a amamentação, a noites mal dormidas, e não raro, a mesma fica sem apoio familiar e exposta a maior carência afetiva pelo estado de fragilidade e estresse em que se encontra.3

        Os transtornos psiquiátricos que podem ocorrem na mulher após o parto, são chamados de psicopatologias puerperais,4 destacando-se três tipos: a melancolia a depressão e a psicose pós - parto.3,5 A melancolia pós-parto (baby blues) é considerada mais um estado reativo5 e normal, apresentando-se de forma leve e com prognóstico benigno3, atingindo cerca de 70 á 90% das puérperas.5 A depressão pós-parto é caracterizada por apresentar quadros depressivos não psicóticos3, associada a uma série de alterações e distúrbios.6 A psicose pós parto é considerada a mais grave3, caracterizada por desordem psiquiátrica7, acarretando grave prejuízo funcional, podendo levar a mulher ao suicídio ou infanticídio8, podendo ocorrer em um ou duas puérperas á cada mil, com início normalmente nas três primeiras semanas após o parto.3

     A depressão pós-parto, foco inicial da pesquisa, é caracterizada por apresentar quadros depressivos,3 associada à no mínimo quatro dos seguintes sintomas: alteração de peso e apetite, distúrbios do sono, cansaço, agitação ou lentidão psicomotora, sentimento de culpa ou inutilidade, perda de concentração, pensamentos de morte ou suicídio,6 pode ocorrer também, ansiedade, irritabilidade ou tensão, pessimismo, auto-negligência, desinteresse pelo bebê e abandono de tarefas cotidianas.4 Podendo ter início, em torno da 2° a 3° semanas após o parto7, ou surgir em outro momento do primeiro ano de vida do bebê, a depressão também esta relacionada a fatores hereditários e hormonais, pois o estrógeno e progesterona aumentados durante a gestação diminuem bruscamente após o parto. 6,8,18

   O diagnóstico da depressão pós parto, nem sempre é fácil, podendo ser ignorados pelo marido, familiar e pela própria puérpera9, passando despercebido também pelos profissionais de saúde10 intensificando assim a gravidade do problema.11 Em geral, a maioria dos estudos identifica prevalência de 10 a 15% de casos de depressão materna no primeiro ano de vida da criança.6,11

     Esse estudo teve por objetivo rastear a prevalência da sintomatologia de depressão pós-parto em mulheres, usuárias de um Centro de saúde localizada no município de Curitiba-Pr e outro localizadoem Araucária Pr, observando  fatores agravantes associados ao distúrbio.

    Em geral, a depressão no período pós parto até um ano tende a ser leve, entretanto, os sintomas podem trazer grande prejuízo para a mãe, especialmente porque  é esperado que a mulher sinta-se feliz com a chegada do bebê.5 Portanto a identificação desses sintomas é de fundamental importância para a promoção à saúde tanto da mãe quanto do seu filho.11

 

 METODOLOGIA

 

      A presente pesquisa apresenta uma abordagem quantitativa e qualitativa, com base em pesquisas bibliográficas, elaborada utilizando artigos e materiais disponibilizados na Internet, Google acadêmico - Scielo, Pepsic e Psiqweb, do ano de 1998 á 2010, utilizando as palavras chaves: depressão pós-parto. Seguindo as normas para pesquisas envolvendo seres humanos, Resolução 196/96 do Conselho Nacional. Liberada pelo comitê de ética do Campo Universitário Campos de Andrade, sob o protocolo n°407/2011.

    A coleta de dados foi obtida no período de agosto á setembro de 2011, utilizando como instrumento um questionário elaborado pelas autoras, constando perguntas sobre ás condições sócio-econômicas que incluiu: idade, renda familiar, escolaridade, profissão, estado civil, e moradia. E outro questionário contendo perguntas fechadas para rastreamento e obtenção de informações sobre características associadas à depressão pós-parto, como ansiedade, distúrbio do sono, tristeza, sentimento de culpa, preocupação sem motivo, choros freqüentes, entre outros. Esse instrumento de auto-registro é composto por sete questões, constando três opções cada uma, com pontuações de 0 á 2 de acordo com Zanin et al, 2010.12 Posteriormente ás mães que apresentaram escore igual ou maior que 10, foram convocadas e entrevistadas para questionamento de fatores agravantes dos sintomas depressivos.

   Os questionários foram aplicados a 57 mulheres, usuárias de um determinado Centro de saúde localizada no município de Curitiba-Pr, aqui denominado com a letra “A” e usuárias de um Centro de saúde, localizado no município de Araucária – PR, denominado com a letra “B”, que tiveram bebês entre Setembro de 2010 á Agosto de 2011. O processo de seleção dás participantes, ocorreu, quando elas procuravam os estabelecimentos de saúde com os seus bebês no colo, eram abordadas, encaminhadas a uma sala, onde eram explicados o objetivo da pesquisa, perguntado a idade do bebê, e se de acordo, assinados os termos de consentimento livre e esclarecido e posteriormente, preenchidos os questionários, pela própria usuária.

     A tabulação de dados foi realizada da seguinte forma: Se a soma dos valores, obtivesse nota igual ou superior a 10, existe uma possibilidade de a mulher estar apresentando depressão pós parto.12

      

RESULTADOS:

      

       Foram inclusa no estudo 57 mulheres, com idade variando entre 15 á 37 anos.

       A tabela 1 mostra os resultados do questionário sócio econômico das mães de bebês menores de um ano, participantes da pesquisa. Destacando que 61,4% das participantes não pagam aluguel da casa onde moram e 73,7 são casadas ou possui união estável.

 

Tabela1. Distribuição dos dados sócio – econômico das participantes

_________________________________________________________________

                                                  “A”               %            “B”            %           Total             %_____        

Trabalham

 

 

 

 

 

 

Sim

 

 

16

43,5

10

50

26

45,6

Não

 

 

15

40,5

9

45

24

42,1

Não informado

 

6

16

1

5

7

12,3

Idade

 

 

 

 

 

 

 

 

15 a19

 

 

5

13,5

3

15

8

14

20 á  25

 

 

13

35,1

6

30

19

33,3

26 á 31

 

 

12

32,4

9

45

21

36,9

32 á 37

 

 

7

18,9

2

10

9

15,8

Estado civil

 

 

 

 

 

 

 

Solteira

 

 

12

32,4

2

10

14

24,6

Casada

 

 

16

43,5

13

65

29

50,9

União Estável

 

8

21,6

5

25

13

22,8

Divorciada

 

1

2,7

0

0

1

1,7

Viúva

 

 

0

0

0

0

0

100

Escolaridade

 

 

 

 

 

 

 

Fundamental Incomp.

5

13,5

5

25

10

17,6

Fundamental compl.

4

10,8

3

15

7

12,3

Médio Incompleto

 

8

21,6

5

25

13

22,8

Médio Completo

 

14

37,8

5

25

19

33,3

Superior Incompleto

2

5,4

1

5

3

5,3

Superior compl.

 

3

8,1

1

5

4

7

Pós Graduação

 

1

2,7

0

0

1

1,7

Situação da Moradia

 

 

 

 

 

 

Própria

 

 

16

43,5

12

60

28

49,1

Alugada

 

 

16

43,5

6

30

22

38,6

Cedida

 

 

5

13,5

2

10

7

12,3

N° de moradores

 

 

 

 

 

 

Três

 

 

11

29,7

9

45

20

35,1

Quatro

 

 

8

21,6

6

30

14

24,6

Cinco

 

 

9

24,3

2

10

11

19,3

Seis

 

 

3

8,1

2

10

5

8,8

Mais de seis

 

6

16,2

0

0

6

10,5

Não informado

 

0

0

1

5

1

1,7

Renda mensal SM

 

 

 

 

 

 

 

Um Salário

 

7

18,9

4

20

11

19,3

Dois Salários

 

13

35,1

11

55

24

42,1

Três Sal. ou Mais

16

43,5

5

25

21

36,8

Não informado

 

1

2,7

0

0

1

1,7

______________________________________________________________ Fonte: Nunes e Lopes (2011)

      

     A tabela 2 mostra o número e a porcentagem das respostas fornecidas pelas pesquisadas referente ao questionário, relacionado á depressão pós parto.

Tabela 2.  Resultado do questionário aplicado, referente a depressão pós parto.

 

 

 

“A”

%

    “B”

%

Total

  %

 

1° Consegue ver o lado divertido das coisas?

 

 

 

 

 

 

 

Sempre

 

 

16

43,2

3

15

19

33,3

 

Ás vezes

 

 

21

56,8

14

70

35

61,4

 

Nunca

 

 

 

0

0

3

15

3

5,3

 

2° Se sente culpada quando ás coisa não ocorrem como gostaria?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não

 

 

4

10,8

2

10

6

10,5

 

Ás vezes

 

 

26

70,3

9

45

35

61,4

 

Freqüentemente

 

7

18,9

9

45

16

28,1

 

3° Fica ansiosa ou preocupada sem motivo?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não

 

 

13

37,1

4

20

17

29,8

 

Ás vezes

 

 

14

37,9

4

20

18

31,6

 

Sempre

 

 

10

27

12

60

22

38,6

 

4° Sente que está tudo em cima de si?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não, na maioria das vezes encarou bem

 

 

 

 

 

 

 

14

37,8

1

5

15

26,3

 

Houve momentos em que não lidou bem com a situação (Bebê novo, peso inadequado,etc)

 

 

 

 

 

 

 

15

40,5

9

45

24

42,1

 

Na maior parte do tempo sente que ás coisas são pesadas demais?

 

 

 

 

 

 

 

8

21,7

10

50

18

31,6

 

5° sente-se tão infeliz que não consegue dormir?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não

 

 

29

78,4

8

40

37

64,9

 

Ás vezes

 

 

7

18,9

7

35

14

24,6

 

Quase sempre

 

1

2,7

5

25

6

10,5

 

6° Sente-se tão infeliz que chega ao ponto de chorar?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não, nunca

 

13

35,1

3

15

16

28,1

 

Sim, ás vezes

 

19

51,4

9

45

28

49,1

 

Sim, quase sempre

 

 5

13,5

8

40

13

22,8

 

7°Passou pela sua cabeça fazer mal a si mesma ou ao bebê?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca

 

 

33

89,2

13

65

46

80,7

 

Algumas vezes

 

2

5,5

4

20

6

10,5

 

É um pensamento que tenho com freqüência

 

2

5,5

3

15

5

 

 

8

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Nunes e Lopes (2011) baseado na escala de Zanin, et al  (2010)

         

       A pontuação das 57 mulheres pesquisadas, variou de zero a 14 pontos, nove delas (15,8%) apresentou pontuação igual ou maior que 10 pontos, o que corresponde á depressão, segundo Zanin et al (2010)12

      Na pesquisa realizada no centro de saúde “A”, a proporção de mulheres apresentando características de depressão pós-parto foi de 8,1%, enquanto que no Centro de saúde “B” á prevalência foi de 30%.

      As informações sócio-econômicas das mães que apresentaram características de depressão foram ilustradas na tabela3. Aidade delas variou entre 17 e 35 anos, 88,8 vivem em situação marital e 77,8 não pagam aluguel de sua moradias.

 

Tabela 3 – Informações sócio-econômicas das mulheres com características depressivas.

 

 

 

%

 

Trabalha:

 

 

 

 

 

Sim

 

 

4

44,4

 

Não

 

 

4

44,4

 

Não informado

 

1

11,1

 

Estado civíl:

 

 

 

 

Solteira

 

 

1

11,1

 

Casada

 

 

4

44,4

 

União Estável

 

4

44,4

 

Escolaridade:

 

 

 

 

Fundamental incompleto

2

22,2

 

Fundamental completo

2

22,2

 

Médio incompleto

 

3

33,3

 

médio completo

 

2

22,2

 

Moradia:

 

 

 

 

 

Própria

 

 

6

66,7

 

Alugada

 

 

2

22,2

 

Cedida

 

 

1

11,1

 

Renda mensal (SM):

 

 

 

 

1 sálario mínimo

 

3

33,3

 

2 sálarios 

 

5

55,5

 

3 sálarios

 

1

11,1

 

Fonte: Nunes e Lopes. (2011)

    

      Levando em consideração que no Centro de saúde de “B”, a clientela é composta, em sua maioria, por pessoas que apresentam algum distúrbio emocional, podemos perceber que menos da metade das entrevistadas (seis) apresentaram características de depressão pós-parto, portanto a maioria delas não tiveram suas patologias agravados após o parto.                     

     Em relação as mulheres que apresentaram características de depressão pós parto, que no total foram nove, chegamos aos seguintes números: seis delas o que corresponde á 66,7% responderam que, só ás vezes consegue ver o lado divertido dás coisas, três 33,3% nunca conseguem. Todas (100%) se sentem culpadas se as coisas não ocorrem como queriam. Oito (88,9%), ficam ansiosas ou preocupadas sem motivo. Oito (88,9%) responderam que, sentem que as coisas são pesadas demais, uma (11,1%) respondeu que houve momentos que não conseguiu lidar bem com a situação, bebê novo, peso fora do normal, cansaço, etc. Seis (66,6%) sentem-se tão infeliz que tem dificuldade para dormir. Sete (77,7 %), sentem-se tão infeliz que chegam a chorar. Cinco (55,5%), responderam que pensam ou já pensaram em fazer mal a si mesma e ou ao seu bebê.

      Das nove participantes que apresentaram características de depressão pós-parto, três não possuiam antecedentes de transtornos mentais ou seja, não faziam nenhum tratamento antes do nascimento de seus filhos. Uma delas do Centro de saúde de “A”, aqui denominada como participante número 1, e duas no “B”, denominadas pelos números 2 e 3. A participante número 1 tem 19 anos de idade, mãe do primeiro filho, relatou que encontra-se dessa maneira “depressiva” por vários fatores, mas o principal deles foi a falta de apoio familiar, especialmente por parte do  marido.  A participante número 2, que estava acompanhando uma amiga em uma consulta, com idade de 26 anos, mãe de 3 filhos, disse que em todos os seus pós-parto (três) teve sintomas parecidos; isolamento, tristeza, pensamentos de morte, casa fechada, não queria contato com os vizinhos, não conseguia cuidar bem do bebê e dos outros filhos. Ela relatou ainda que o  esposo diz que ela é preguiçosa, que não cuida direito da casa, só sabe chorar, diz também que se ela não mudar, vai embora e levar ás crianças.  A participante número 3, com idade de 34 anos, primeiro filho, trabalhava como Vigilante, porém se afastou do trabalho,  não suportava mais ver ás armas, com medo de fazer mal á si mesma e ao bebê, dizia chorar dia e noite, o companheiro  é  drogadito e álcoolotra. No momento essa usuária está em tratamento mental e fazendo uso de medicação controlada.

      Ás outras seis participantes já tinham algum transtorno mental antes da gestação e do puerpério, porém  três delas também relataram em suas entrevistas que, o apoio do companheiro e da família, durante o período do pós parto não foi o desejado por elas.

 

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

     Nesse estudo, com amostra de 57 mães, mostra que nove apresentaram escorre igual ou superior á 10, que segundo questionário de Zanin et, al (2010)12, com possibilidade de estar desenvolvendo depressão pós-parto.

    A prevalência de depressão pós parto nesse estudo foi de 15,8%, em outros trabalhos pesquisados obtivemos resultados semelhantes; em pesquisa realizada em São Paulo, com a participação de 133 puérperas, 24 delas, (18%) tiveram probabilidade de desenvolver depressão pós parto6. Em uma pesquisa realizada em Porto Portugal, com amostra constituída por 197 gestantes, a prevalência de depressão foi de 12,4% na semana que se segue ao parto e de 13,7% 3 meses após o parto13. Em outro estudo realizado em Pelotas, envolvendo 410 mães, constatou que a prevalência de depressão pós-parto encontrada foi de 19,1%.14

     No entanto em outros estudos pesquisados, foram encontrados resultados divergentes ao do nosso, todos com índices maiores, uma pesquisa realizado nos municípios de Vitória e Rosa-ES, contou com a participação de 292 puérperas, 115 ou 39,4% foram consideradas deprimidas, provavelmente pelo fato das pesquisadas possuir renda mensal muito baixa, menor de um salário minino1. Outra pesquisa realizada na região sudeste de São Paulo com 70 puérperas, detectou prevalência de Depressão Pós-parto de 37,1% alta prevalência de Depressão puerperal encontrada, eventualmente explicada pelo baixo nível socioeconômico9. Estudo realizado no município de São Leopoldo(RS), foram avaliadas 263 mães de crianças entre 12 e 16 meses e observou-se que 35,7% das mães apresentaram sintomas de depressão, sendo que mães separadas ou sem companheiros e provenientes de famílias não nucleares apresentaram maior freqüência dos sintomas .11  E uma outra pesquisa com 73 mulheres de um bairro de São Paulo,  que se encontravam no período de 3 a 6 meses após o parto, verificou-se que 32,9% das mulheres apresentaram sintomatologia depressiva16 e revelou que o suporte social da família teve valor estatisticamente significante.     

     Nos estudos citados, a maioria dos autores usaram como instrumento a escala EPDS (Edinbugh Post-Natal Depression Scale), para rastreamento de depressão pós parto, uma escala parecida com a utilizada em nosso estudo, porém, composta por 10 enunciados, com pontuação de0 a3.

      Em nossa pesquisa não se observou associação estatisticamente significante entre risco de depressão puerperal e fatores como idade, escolaridade e renda mensal, apesar de que a maioria das mães são de classe social baixa. Esses resultados são consistentes com outros estudos que constataram a inexistência desses fatores associados a sintomatologia depressiva.6,9,13Porém, para HUEB et al 17e MORAES et al14 as baixas condições socioeconômicas contribuíram para o surgimento da DPP.

       Mulheres com histórico de depressão têm risco maior de apresentar episódios de Depressão pós parto17. Este fator também podemos perceber em nossa pesquisa.

         Nessa pesquisa podemos definir como um dos fatores contribuintes para a depressão pós parto, principalmente nas mulheres que não possui antecedentes de transtornos mentais, é a incompreensão, intolerância e falta de apoio do próprio companheiro. A pesquisa realizada por Cruz et al9 diz que  quanto maior o suporte social do marido, menor a prevalência de depressão puerperal.HUEB et al17 também concorda que problemas de relacionamento conjugal ou até mesmo familiar podem contribuir para o surgimento de Depressão pó parto. Portanto para Coutinho et al, 16 o suporte social provindo dos parceiros não foi estatisticamente significante,  contrariando os dados da literatura.

      Nessa pesquisa 36,9% do total das participantes obtiveram pontuação entre cinco e nove, segundo a escala de Zanin et al,12  sendo 32,4% no centro de saúde “A”, e de 45%  no “B”, que pode estar relacionado a melancolia pós-parto. Segundo FRIZZO et al 5 e MATTAR et al6 a melancolia pós-parto (baby blues)5 é muito comum em uma grande parte das parturientes. Segundo Balone (2005)15 em algumas mulheres, inicialmente o distúrbio pode ser classificado como melancolia, mas portanto pode evoluir para um quadro mais grave, como a depressão.11

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

         Nessa presente pesquisa, temos que levar em consideração limitações metodológicas, a pequena amostra estudada compromete algumas possíveis associações estatísticas, pois foi utilizado uma escala para avaliar depressão pós parto e não critérios clínicos de depressão, como os padronizados pela DSM. IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4° Revisão), geralmente essas escalas utilizadas como instrumentos de rastreamento pretendem identificar as mães que apresentem determinados sintomas que possam ser casos de depressão. Por isso essa escala é excelente, pelo fato de poder ser aplicadas por qualquer profissional da saúde como Obstetras, Enfermeiros e outros, em mulheres no puérperio e/ou ao longo do primeiro ano de vida de seus bebês, período esse em que ás mulheres estão mais suscetíveis á desenvolver depressão pós parto, possibilitando a identificação de casos e iniciar acompanhamento pela equipe multidisciplinar, que determinará o tratamento adequado, de acordo com a intensidade dos sintomas.              

       O Enfermeiro, nesse caso, deve estar alerta para sinais que podem estar relacionados com a depressão pós-parto, observando o estado físico e emocional da mãe, podendo também fazer uso de instrumentos, como os descritos nessa pesquisa, pois são de fácil e rápida aplicação, para avaliar possíveis casos devendo, no caso de alguma alteração, acompanha - lá e se necessário intervir com tratamento. 

       Após o parto a mulher fica muito suscetível a distúrbios mentais, devido à alteração hormonal que acontece logo após o nascimento do bebê; ainda com dores precisa cuidar e dar atenção a este novo ser que acaba de chegar ao mundo. Das mulheres pesquisada, 15,8% podem estar sofrendo de depressão puerperal, este quadro se agrava ainda mais quando a puérpera se sente desamparada pelo seu parceiro e pela própria família, podendo comprometer seu relacionamento com a família, com o bebê e comprometer sua própria saúde.

 

 

 

 

7.  REFERÊNCIAIS.

 

1. RUSCHI G E C, SUN S Y, MATTAR R, FILHO A C, ZANDONADE E, LIMA V J. Aspectos epidemiológicos da depressão pós parto em amostra brasileira. Revista Psiquiátrica do Rio Grande do Sul. Nov. 2007; Vol. 29 n3.

2. AZEVEDO K R, ARRAIS, A R. O Mito da Mãe Exclusiva e seu Impacto na Depressão Pós-Parto. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2006. Brasília.  

3. HIGUTI P C, CAPOCCI, P O. Depressão Pós-Parto. Revista de Enfermagem UNISA, 4: 46-50. 2003. Santo Amaro – SP.

4. RAMOS, S. H. A. S.; FURTADO, E. F. Depressão Puerperal e Interação Mãe-bebê: um Estudo Piloto.  Psicologia em Pesquisa, v.1 n.1 Juiz de Fora jun. 2007.   

5. FRIZZO G B, PICCININI C A. Interação Mãe-Bebê em Contexto de Depressão Materna: Aspectos Teóricos e Empíricos. Psicologia em Estudo, v. 10, n.1, p.47-55, abr. 2005 Maringá.

6. MATTAR R, SILVA E Y K, CAMANO L, ABRAHÃO A R, COLÁS O R, NETO J A, LIPPI U G A. Violência Doméstica como Indicador e Risco no Rastreamento da Depressão Pós-parto. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, VOL 29, N9: 470, SET 2007, São Paulo.

7. SCHWENGBER D D S, PICCININI, C A. O Impacto da Depressão Pós-parto para a Interação Mãe-bebê. Estudos de Psicologia 8(3) 403-411, 2003.   

8. PEROSA G B, SILVEIRA F C P, CANAVEZ I C. Ansiedade e Depressão de Mães de Recém-nascidos com Malformações Visíveis. Psicologia: Teoria e Pesquisa Vol. 24 n. 1, pp. 029-036. 2008. Botucatu.

9. CRUZ  E B S, SIMOES G L, FAISAL-CURY A. Rastreamento da Depressão Pós-partoem Mulheres Atendidaspelo Programa de Saúde da Família. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia vol.27 no. 4. Rio de Janeiro Apr. 2005.    

10. LUIS, M A V, OLIVEIRA E R. Transtornos Mentais na Gravidez, Parto e Puerpério, na Região de Ribeirão Preto – SP – Brasil. Revista da Escola de Enfermagem da USP vol.32 no. 4 São Paulo Dec. 1998

11. VITOLO M R, BENETTI S P C, BORTOLINI G A, GRAEFF A, DRACHLER M L. Depressão e suas implicações no aleitamento materno. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul 29(1): 28-34 Abril 2007.   

12. ZANIN T, PINHEIRO M, GONZALES R M R A, MATA A P, CARVALHO A L A F, LOPES J R A, COUTO S. Teste para saber se está com depressão pós parto. Tua saúde Guia Online de Medicina e Saúde. 2010. baseado no artigo: CASTANON S C e PINTO L, J. Mejorando la pesquisa de depresión pos parto a través de un instrumento de tamizaje, la escala de depresión posparto de Edimburgo. Rev. méd. Chile [online]. 2008, vol.136, n.7  851-858.

13. COSTA R, PACHECO A, FIGUEIREDO B. Prevalência e preditores de sintomatologia depressiva após o parto. Revista. Psiquiátrica clínica 2007, v.34 n.4. São Paulo.

14. MORAES I G S, PINHEIRO R T, SILVA R A. Prevalência da depressão pós-parto e fatores associados. Revista de Saúde Pública. 2006, vol.40, n.1, pp. 65-70. São Paulo

15. BALONE G J. Depressão Pós-Parto. Psiqweb. 2005.

16. COUTINHO D S, BAPTISTA M N, MORAIS P R. Depressão pós-parto: prevalência e correlação com o suporte social. Revista neuropsiquiatria infância adolescência 10 (2): 63-71 Ago. 2002.

17. HUEB T O, GOMES R T, NETO J M, CHADE M C, CORTEZ M Z, MINETO R H, NOVO N F, HÜBNER C K. Identificação da depressão pós-parto em puérpera na cidade de Sorocaba. Trabalho realizado no Centro de ciências Médicas e Biológicas da Pontifícia  Universidade Católica de São Paulo 2007 – Sorocaba – SP.

18. CAMACHO R S, CANTINELLI F S, RIBEIRO C S, CANTILINO A Y, GONSALES K B, BRAGUITTONI E, JUNIOR J R. Transtornos psiquiátricos na gestação e no puerpério: classificação, diagnóstico e tratamento. Revista de Psiquiatria Clínica. 2000.

                                                                                                                                                                                           

                                                                                                                                       

APÊNDICE E ANEXO

 

Apêndice - Questionário : Sócio Econômico

 

  • Ocupação: _________________________________________________
  • Idade: _____ anos.
  • Estado civil: 

(  ) Solteira        

(   ) Casada 

(   ) união estável     

(   ) Viúva

(   ) divorciada

  • Escolaridade?

(   ) Ensino fundamental incompleto.  (   ) Ensino fundamental completo

           (   ) Ensino Médio incompleto             (   ) Ensino Médio completo

(   ) Superior incompleto                     (   ) Superior completo   

(   ) Pós graduação

  • Sua Moradia é:

(   ) casa própria    (   ) alugada    (   ) cedida.

  • Quantas pessoas moram na casa? __________________________
  • Renda familiar mensal:

            (   ) um salário           (   ) dois salários       (   ) três ou mais

Anexo:

Questionário dois: Rastreamento de depressão pós-parto.

Cada pergunta tem 3 opções com pontuações de 0, 1 e 2 pontos.

 

  • Consegue ver  lado divertido das coisas?

(0) sempre

(1) às vezes

(2) nunca

 

  • Sente-se culpada quando as coisas não decorrem como queria?

(0) não

(1) às vezes

(2) freqüentemente

 

  • Fica ansiosa ou preocupada sem motivo?

(0) não

(1) às vezes

(2) sempre

 

  • Sente que está tudo em cima de você?

(0) não, na maior parte das vezes encarei tudo bem.

(1) houve momentos em que não lidei bem com a situação (bebê novo, peso fora do normal, cansaço…)

(2) sim, a maior parte do tempo sinto que as coisas são pesadas de mais pra mim.

 

 

  • Sente-se tão infeliz que tem dificuldade em dormir?

(0) não

(1) ás vezes

(2) quase sempre

 

  • Sente-se tão infeliz que chega ao ponto de chorar?

(0) não, nunca

(1) sim, ás vezes

(2) sim, quase sempre

 

     7. Passa ou passou pela sua cabeça fazer mal a sim mesma ou ao seu bebê?

(0) nunca

(1) algumas vezes

(2) sim, é um pensamento que tenho com alguma freqüência.

 

   Se a soma dos valores entre parênteses for igual ou superior a 10 existe uma possibilidade da mulher estar em depressão pós-parto.12

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Autor: Margarete Fleiter


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