A antropologia em São Tomás de Aquino



A ANTROPOLOGIA EM SÃO TOMAS DE AQUINO

 

1. Vida

Tomás nasceu em Roccasecce em 1221. Apesar da hostilidade da família, entrou no rodem dos dominicanos, e de 1248 a 1252 foi discípulo de Alberto Magno. A seguir ensinou em Paris e depois nas principais universidades europeias (Colônia, Bolonha, Roma, Nápoles), conforme era costume dos dominicanos. Morreu em 1274 no mosteiro de Fossanova.

 

 2. Antropologia

Desde o nascimento da filosofia um dos temas mais discutido entre os filósofos é o problema do homem. De onde ele vem? O que ser homem? Quais as suas características que define ele como um ser? São perguntas das quais os gregos se atearam para tentar entender esse ser.

Com Tomas de Aquino não foi diferente. Ele também, depois de um longo estudo, deu a sua definição do que seria o homem. Para isso ele se baseou no pensamento de Aristóteles, um dos mais conceituados filosofo da Grécia antiga. Segundo Aristóteles, o homem é constituído de matéria e forma como todos os seres que tem matéria, só que no caso do homem a matéria vai ser o corpo e a formar a alma. Com isso, o Estarigita supera o dualismo de Platão.

Essa é a linha que Tomás de Aquino seguiu, claro que, por ele ser cristão, ele dá um novo sentido a esse pensamento. Foram muitas os aspectos pelos quais Tomás estudo o homem, aqui vamos nos aprofundar só em alguns no qual merecem particular atenção.

 

2.1 A unidade do ser humano

Para Tomás, como também foi para Aristóteles, o homem é constituído de corpo e alma, transformando-se assim em uma única substancia que não pode ser separada, onde para ele a alma é a forma do corpo no qual constitui o homem, sem a interposição de qualquer outra forma.

Embora a alma tenha operação exclusivamente sua, na qual o corpo não entre, operações esta que é a intelecção, há outras operações que são comuns a ela e ao corpo, como temer, irar-se, sentir e semelhantes; elas se realizam com certa mudança em alguma parte do corpo, do que se vê que são operações da alma e do corpo. É necessário, pois, que a alma e o corpo constituam uma só coisa e que não sejam diversos quanto ao ser (TOMÁS DE AQUINO apud MONDIN, 1981, p. 193)

 Esta concepção filosófica de Tomás contribuiu, por sua vez, para a superação do modelo helênico. Os helenísticos acreditavam em um dualismo existente no homem, o corpo e a alma como sendo distintos. Da mesma forma ele também supera os franciscanos que ensinavam que no homem há várias formas, uma para o corpo e outra para a alma e varias almas.

Se admitimos que a alma está unida ao corpo, como forma, é absolutamente impossível existirem, no mesmo corpo, várias almas essencialmente diferentes (...). de fato, o animal (o homem) com três almas não seria absolutamente uno. Portanto, nenhum ser é pura simplesmente uno, se não pela forma uma, pela qual as coisas existem; porque é em virtude do mesmo princípio que uma coisa existe e é uma.(TOMÁS DE AQUINO apud MONDIN, 1981, p. 193-194)

 

2.2 A Imortalidade da alma

Outra coisa que perturbava a mente dos filosofo antigos era a questão da imortalidade da alma. Ela seria mortal ou imortal? Teria seu fim juntamente com o corpo ou depois que o corpo cessasse ela continuaria existindo?

Para Platão, o homem é essencialmente alma. Quando o homem era expulso do mundo das ideias ele era mandado para o mundo sensível onde ficaria preso em um corpo para ser purificado e poder voltar ao mundo inteligível. Assim sendo, quando esse corpo perecesse a alma continuaria a existir e se estivesse pronta voltaria para o mundo das ideias, se não, continuaria na terra encarnando-se em outro corpo, só que Tomás de Aquino abandonou o platonismo e, especialmente no que se refere à antropologia, fazendo seu ponto de vista no aristotelismo. Olhando para Averróis temos a interpretação do pensamento do Estoicismo. Segundo a exegese averroísta, não existe imortalidade pessoal.

Com um estudo bem detalhado do pensamento de Aristóteles, mas se afastando um pouco dos conceitos e dando os seus próprios, Tomás afirma que a alma é imortal. Mas por que ele conclui assim? Porque ele diz que a alma tem ser próprio, ser que ela não recebe nem do corpo nem da união com o corpo. Este fato distingue a alma do corpo e das outras formas corpóreas, é o suficiente, por si mesmo, para explicar a sua imortalidade.

 

2.3 A Liberdade

Antes de Tomás, Agostinho já tinha falado sobre questão da liberdade do homem ou livre-arbítrio. Ele disse que o homem foi criado por Deus e, no momento da criação Deus o constituiu como o ser livre dotado de inteligência. E esse livre-arbítrio tem a sua ação, podemos dizer assim, na vontade da qual o homem iria se utilizar.

Para Tomás, o homem é “natureza racional”, isto é, um ser capaz de conhecer. Ele tem a capacidade de conhecer o fim ao qual cada coisa tende por natureza, e conhece uma ordem das coisas no cume da qual está Deus como Bem supremo. Na vida terrena, o intelecto só conhece o bem e o mal das coisas que não são de Deus. Portanto, o homem tem a vontade livre para escolhê-la ou não.

E é exatamente no livre-arbítrio que Tomás vê a raiz do mal da mesma forma que Agostinho fez. “Por sua própria natureza, o homem tem o livre-arbítrio: ele não dirige para o fim, mas sim dirige livremente para o fim”. Com isso, Tomás ver que é por ser livre que o homem peca, afastando-se livremente das leis universais e das lei de Deus.

A vontade pode querer, não só o que conduz de fato ao fim último, como ainda o que conduz apenas aparentemente a ele; esta possibilidade provém do fato de a vontade poder escolher entre os meios, ou, ainda, de poder formar uma opinião errônea acerca dos meios. Assim como o intelecto pode errar ao deduzir com aparente consequência lógica uma conclusão falsa de premissas verdadeiras, assim a vontade, que de per si aspira unicamente à sua felicidade, pode tender a uma beatitude aparente, que a razão ilusoriamente lhe propõe É só neste sentido que a vontade pode tender ao mal. (TOMÁS DE AQUINO apud PHILOTHEUS, ETIENNE, 1970, p. 478)

 

2.4 O conhecimento humano

Na questão do conhecimento, Tomás afirma que o homem por si só tem capacidade de ter conhecimento sem precisar da intervenção extraordinária de Deus.  Com isso, São Tomás descarta alguns aspectos da iluminação defendida por Santo Agostinho. Ele diz que o homem não precisa ser iluminado por Deus para abstrair as ideias nem para a formação do juízo, por que o homem tem um intelecto agente da qual é sua faculdade mais própria. Com isso, Tomás protege Deus dos juízos errôneos dos homens, sem o comprometer.

 

 3. REFERENCIAS

 MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. 15ª ed. São Paulo: Paulus. 2008. p.192-195.

 PHILOTHEUS, Boehner; ETIENNE, Gilson. História da filosofia cristã. 7ª ed. Petrópoles: Vozes. 1970. p. 447-486.

 GEOVANNI, Real; DARIO, Antiseri. História da filosofia. 3ª ed. São Paulo: Paulus. p. 227.


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