Um sonho comum chamado projeto político pedagógico



Ao tentar traçar uma definição prática sobre o que designa o Projeto Político Pedagógico, uma definição bem singular da palavra nos foi dada por Segundo Nilbo Nogueira “a palavra projeto se refere à idéia que se forma de executar ou realizar algo no futuro: plano, desígnio. Empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema.” Dessa definição, percebemos a importância e a obrigatoriedade de cada escola elaborar seu Projeto Político Pedagógico, que é regido pelas leis 9394/96 e 11.274/06 e deverá estar dentro dos parâmetros exigidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais.

            O P.P.P. é o plano global de toda escola e deverá contar com a opinião e participação de toda comunidade ligada à realidade escolar, pois um projeto político pedagógico vai além da análise pedagógica. É uma ação intencional, um compromisso que deve ser definido coletivamente. É um trabalho que exige comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo: professores, equipe técnica, alunos, responsáveis, ou seja, toda essa comunidade anteriormente citada.

            Na elaboração do P.P.P. deve ser enfatizado:

- A busca pela igualdade, respeito às diferenças, liberdade de expressão, qualidade no atendimento prestado à comunidade, que seriam os devidos objetivos do trabalho pedagógico;

- A boa desenvoltura dos jovens envolvidos no processo de aprendizagem;

- Um perfil da comunidade que se beneficiará do trabalho desenvolvido pela dada instituição;

- A forma escolhida pela instituição para seu funcionamento;

- Explanação do espaço físico, das instalações e dos equipamentos presentes na instituição em questão, bem como o perfil de cada profissional que está inserido na prestação de serviços - suas funções, habilidades e formação;

- Como a escola se organiza no dia-a-dia (execução do trabalho diário);

- Os encontros para trocas de idéias entre escola e família;

- Apresentação dos anexos: Matriz Curricular vigente e Projetos Especiais que serão desenvolvidos.

            A escola na qual ministro aulas é o Colégio Coração de Jesus. Ao analisar e comparar o P.P.P. da dada escola, algumas considerações foram feitas para o desfecho deste trabalho.

            Na Apresentação ou Introdução, a escola apresenta dados sobre o espaço físico, suas instalações e equipamentos; relação de recursos humanos, especificando cargos e funções; habilitações e níveis de escolaridade de cada profissional que presta serviço à instituição, como temos no fragmento a seguir:

 “O prédio possui 20 salas, medindo aproximadamente 7 x 7, cada. Dois banheiros (um masculino e outro feminino, cada um com 6 divisórias), uma secretaria, duas salas de coordenação, uma sala de diretoria, sala dos professores, auditório, biblioteca, cantina, mecanografia, sala de informática, uma quadra e lugar reservado para aposento e refeições das irmãs que o administra.

        Dispõe ainda de um vasto pátio para lazer. A localização central da escola facilita o acesso. Com relação à clientela, o número maior de estudantes é de classe média baixa, tendo sua mensalidade, nas séries mais altas, em torno de R$ 150,00. A escola dispõe do Infantil II até o 3º ano E.M.

           Quanto ao número de alunos, a escola conta, hoje, com 437 alunos, distribuídos apenas no turno da manhã. O quadro de professores é formado por 59 professores, alguns em formação, já graduados ou com especialização.

        Cada sala possui de um a dois ventiladores, não são arejadas e um pouco escuras. Os alunos possuem um bebedouro com três saídas de água à disposição, que passa por constantes revisões. (P.P.P. – Colégio Coração de Jesus)

 

 

            Depois contamos com um breve histórico da unidade escolar, fragmentado abaixo:

“A escola é datada desde 1970, foi criada pelo Pe. Joaquim Arnóbio de Andrade, que foi o fundador das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, foi também o primeiro diretor da escola.” (P.P.P. – Colégio Coração de Jesus)

 

 

            Logo depois é traçada a filosofia da escola, os valores e missão da escola, seu posicionamento político e pedagógico, que é fundamento na transparência, no diálogo e no respeito à diversidade cultural e ideológica de toda a Comunidade Escolar.

 

 “A estrutura pedagógica do Colégio Coração de Jesus é firmada sempre na busca de novos caminhos para melhorar a cada dia o desenvolvimento da escola, que há 40 anos, sob direção de irmãs, desempenha um bom trabalho na cidade de Sobral, numa parceria contínua entre diretoria, coordenação e corpo docente. Por isso, os agentes envolvidos demonstram trabalhar em prol de um projeto político, pedagógico capaz de suprir as necessidades e aspirações dos alunos na construção do conhecimento em determinado contexto político, social e econômico.

        A escola está sempre procurando trabalhar o conhecimento no intuito de transformar a sociedade, para isso, depende também da praxe educativa do educador, que, nas reuniões pedagógicas, aprende a oferecer condições para que o educando se torne independente, crítico, consciente, livre, responsável com o mundo, com a vida individual e social, apesar das inúmeras dificuldades encontradas em cada realidade em partícula.

Um dos objetivos do P.D.E. da escola se volta para a questão da ação e reflexão do ensino. De fato, é observável no dia-a-dia da escola a presença da ação docente de forma precisa, proporcionando meios de reflexões do contexto social, cultural e econômico, contribuindo para o desenvolvimento da consciência crítica do educando, buscando uma mudança na realidade social em desenvolvimento.

O Regimento a instituição escolar do estágio favorece vários aspectos construtivos para a educação de qualidade, inclusive o enfoque do trabalho coletivo, como articulador dos diversos segmentos da comunidade escolar, a fim de sustentar a ação da escola em torno do exercício da cidadania.” (P.P.P. – Colégio Coração de Jesus)

 

 

            Também nos é apresentado o diagnóstico da realidade da escola. A busca das necessidades a partir da análise da realidade e/ou juízo sobre a realidade da escola e sua programação do que deve ser feito concretamente para suprir as faltas. É a proposta de ação, da qual foi retirado uma parte citada a seguir:

 

“O encontro do Planejamento Escolar da escola acontece uma vez por mês e geralmente aos sábados, para não afetar o calendário letivo. Nesses encontros são questionados o Plano de Desenvolvimento escolar (PDE), quando procuram pensar a própria prática docente nos limites da ação pedagógica, a qual, segundo a diretora, precisa se transparente, apontam as dificuldades no cotidiano escolar, trocam ideias de melhorias e buscam apontar as diversas possibilidades dessa práxis. Nesse sentido, procura-se levar o professor a compreender a relevância social de sua prática pedagógica para a transformação da sociedade. Com relação à educação, os professores discutem a sua função coercitiva e enquanto conjunto de normas pedagógicas aplicadas no desenvolvimento disciplinar do homem. Além disso, é tratada também a questão da disciplina voltada para o domínio de si mesmo, controle emocional e corporal, pois a escola é um meio de preparar o educando, e o educador, o centro, o intermediador da decisão do processo educativo.

Nas Reuniões Pedagógicas são discutidas uma série de assuntos que envolve a escola de modo geral, como por exemplo, o conteúdo quanto a sua prontidão. O relato de cada professor é registrado sobre alguns alunos que apresentam dificuldade de aprendizado ou problemas de concentração e, através de um relatório, é feita uma análise sobre as precauções e saídas para cada caso em particular.

Após essa produção, os professores passam para a avaliação, conforme as metodologias de ensino que facilitam a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Geralmente, é trabalhada a avaliação individual, contando com a participação nas aulas e também uma avaliação coletiva. Até mesmo porque a avaliação serve para diagnosticar, evidenciar o que deve ser mudado. Nesses encontros se discute a relação professor/aluno, quanto à obediência e comportamento em geral do aluno.” (P.P.P. – Colégio Coração de Jesus).

 

            E, por último, temos os anexos com a matriz curricular, os marcos de aprendizagem, os projetos, dentre outros.

            Entretanto, chega-se à conclusão de que o papel principal do P.P.P. é o da escola conquistar sua desejada autonomia, dando espaço para que experiências inovadoras sejam realizadas.


Autor: Mara Rogelma Soares Torres Frazão


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