Educação audiovisual e currículo.



EDUCAÇÃO AUDIOVISUAL E CURRÍCULO: Reflexões sobre a formação audiovisual do educador. Aspectos positivos e negativos se houver e discutir possíveis ampliações e correções dessa formação.

 

                                                     Altina Costa Magalhães

                                                                                                                  Em: 10/12/2011

 

 Apesar de toda revolução decorrente do avanço científico, tecnológico e da globalização que facilitou o acesso dos utensílios midiáticos a quase todos os setores da sociedade. Apesar da maioria das escolas brasileiras já possuírem alguns instrumentos tecnológicos, percebe-se que a utilização dos mesmos no âmbito escolar ainda não é vista com bons olhos por alguns profissionais da educação. Vale ressaltar que isto acontece porque fomos preparados profissionalmente com base no ensino tradicionalista, onde prevalecia o livro e a retórica do professor, este era quem detinha o conhecimento e o poder de decidir como ensinar e quase sempre ele seguia os ditames da elite dominante e assim priorizava-se o livro didático, o material impresso e a exposição oral.

Sabe-se que o rádio e a televisão são dois recursos tecnológicos audiovisuais bem antigos, no entanto, os mesmos não eram vistos pela escola tradicional como ferramenta didática, mas como instrumento de entretenimento. Somente há pouco tempo é que a escola começou a rever seus conceitos, sua função social dentro da sociedade da comunicação e da informação e assim passou a utilizar estes recursos audiovisuais, porém a utilização dos mesmos ainda acontece de forma tímida, pois muitos profissionais ainda não se sentem à vontade para utilizar estes recursos em seu fazer pedagógico diário, vez ou outra, um ou outro profissional os utiliza. Entretanto sabe-se que para que esta utilização aconteça de forma eficaz, faz-se necessário que os educadores sejam preparados para fazer a inserção dos mesmos em seus projetos.  Não basta o contato com as tecnologias existentes, conhecer as técnicas de sua utilização. O mais importante é fazer uma utilização crítica desses aparatos e de suas linguagens, para que se enriqueçam as práticas pedagógicas.

 Às vezes o rádio e a TV são preteridos por causa do computador, da internet, do celular e de outras quinquilharias tecnológicas e o professor esquece que o rádio e a televisão são ótimos recursos que podem ser trabalhados de diversas formas em sala de aula. Quando os professores forem preparados para utilização não só do rádio e da televisão, mas de todos os instrumentos tecnológicos que surgem no mercado quase que diariamente, certamente eles se sentirão preparados para incluírem os mesmos nos planos, nos projetos, inclusive em projetos interdisciplinares desde a pré- escola até o ensino superior. Na verdade os cursos de graduação atualmente deixam muito a desejar neste aspecto, pois o profissional da educação recém formado está saindo da universidade cheio de dúvidas e incertezas sobre a utilização das tecnologias na sua prática profissional.

A realidade da minha formação audiovisual como educadora não foi diferente, da maioria dos alunos da minha época que estudavam principalmente em escolas do interior, pois na década de 80 quando fiz o curso do magistério estes instrumentos não eram levados para sala de aula. Na década de 90 quando fiz a minha graduação não tive acesso ao aparato tecnológico da época, então a minha postura como educadora também com relação aos audiovisuais sempre foi muito restrita, quando chegou o Kit tecnológico na escola foi que passei a me interessar pela utilização do mesmo, mas sentia-me despreparada. Trabalhei na telessala da Fundação Roberto Marinho, gostei, aprendi bastante, pois havia muitas capacitações para os educadores do projeto, foi uma experiência gratificante e aos  poucos fui lendo, pesquisando, me inteirando sobre o assunto  na revista Nova Escola e em outras publicações que apresentam  as novidades do mundo da educação, sempre com dicas e sugestões práticas para serem trabalhadas em sala de aula. Não dá para relegar a influência das tecnologias sejam elas quais forem no contexto atual.

Acredito que a escola perdeu e está perdendo muito tempo para realmente inserir as TICs nos seus projetos, especialmente em projetos interdisciplinares. Ela está avançando, mas é um avanço que acontece a passos lentos, quando na verdade deveria estar a galope, pois a escola está perdendo a corrida social.

 Vive-se na era digital, então é impraticável que ainda se use somente material impresso, quadro de giz, cartaz, sucata. A escola precisa inovar, o professor precisa ousar, as tecnologias da informação e da comunicação devem ser inseridas no contexto escolar o mais depressa possível, mas fica um jogo de empurra-empurra, o governo não investe na manutenção dos aparelhos tecnológicos, na qualificação do profissional neste aspecto. A direção da escola não se posiciona para que a coisa aconteça e o professor se acomoda diante da situação.

Quando o professor perceber que trabalhando com as tecnologias o seu trabalho terá um resultado mais satisfatório, ele vai cobrar da direção uma posição, esta vai cobrar do governo que invista na melhoria das condições de produção do conhecimento tanto para o professor quanto para o aluno. O próprio professor vai cobrar de si uma nova postura, vai assumir o compromisso de se envolver de cabeça nesta nova realidade a fim de ampliar seus conhecimentos acerca do assunto e de como utilizar estas ferramentas nas suas aulas, nas produções dos alunos, e vai sentir a necessidades de criar projetos de acordo com à realidade desse universo particular.

Neste novo contexto sai ganhando o aluno porque se tornará um cidadão do ciberespaço, o professor que vai sentir mais prazer em realizar seu trabalho, porque este se tornará mais atraente, mais produtivo, e ele será mais valorizado pelo aluno e pelos pais, sai ganhando os gestores que tiveram a capacidade de ousar e verão que a escola que eles estão gerindo vai formar cidadãos preparados plenos para viver nesta nova sociedade e vai ganhar a sociedade porque vai receber o jovem preparado virtualmente para trabalhar em diversos setores, isto não porque ele vai saber manusear um computador, mas também porque ele estará mais informado, mais esclarecido, mais consciente de seus direitos e de seus deveres, vai produzir o próprio conhecimento e o professor não será mais aquele detentor do conhecimento, mas sim o mediador do processo, e o aluno vai aprender a aprender junto com o educador e o educando vai realmente estar se preparando para viver nesta sociedade que se transforma a cada dia graças ao avanço científico e tecnológico que aí está e corre a passos largos, ou melhor, voa.


Autor: Altina Costa Magalhães


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