Igreja e homossexualidade



IGREJA E HOMOSSEXUALIDADE

 

            Em virtude das discussões que vieram à tona em decorrência de uma possível aprovação do Projeto de Lei n°122/2006, que “define os crimes resultantes de preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero (Projeto de Lei do Congresso n°122, de 2006- texto substitutivo), faz-se necessária uma reflexão a respeito da situação dos homossexuais na sociedade atual, assim como da visão da Igreja Católica quanto a este assunto e suas respectivas controvérsias.

 

1.A homossexualidade nas Sagradas Escrituras

 

No livro do Gênesis (cf. Gn 19,1-29),  vemos que o estopim da destruição das cidades de Sodoma e Gomorra, foi o desejo de os habitantes do sexo masculino dessas cidade, “moços e velhos”(v.4) desejarem manter relações com os anjos enviados por Deus que estavam hospedados na casa de Ló.

São Paulo, na Carta aos Romanos (cf. Rm 1,24-27) diz claramente que a ira de Deus se derrama sobre aqueles que “trocaram a verdade de Deus pela falsidade, cultuando e servindo a criatura em lugar do criador” (v. 25), e classifica as práticas homossexuais como paixões vergonhosas (cf. v. 26).

Na Primeira Carta aos Coríntios (cf. 1Cor 6,9-10), o apóstolo diz que os efeminados (homens com comportamentos femininos) e sodomitas (homens que praticam a homossexualidade), não terão parte no Reino dos Céus.

São Paulo é categórico ao condenar, em nome de Deus e de acordo com a mentalidade da época; os que se entregavam às práticas homossexuais. Podemos perceber, que desde aquela época, a prática homossexual era usual entre alguns indivíduos da sociedade, fato que não anula a gravidade do problema.

 

2.A voz do Magistério e da Tradição

 

            Baseado na lei natural e na palavra de Deus, o Magistério e a Tradição declaram que os atos homossexuais são “intrinsecamente desordenados” (Catecismo da Igreja Católica, § 2357).

            Há, na prática homossexual uma desordem que fere a lei natural e a complementaridade dos sexos. Vemos na Bíblia que Deus criou homem e mulher, “macho” e “fêmea” (cf. Gn 1,27), de modo que através do contato sexual entre ambos, surgisse uma nova vida, e assim, fosse perpetuado o gênero humano e povoada a Terra. É tão nítido que o homem foi criado para a mulher, e vice-versa, que podemos perceber nos próprios órgãos sexuais de ambos, que se complementam realizando e possibilitando a cópula genital.

            Dois homens ou duas mulheres, ao se relacionarem sexualmente, vão contra a lei natural, uma ordem pré-estabelecida por Deus que determina que homem e mulher sejam uma só carne.

 

3. Uma “solução”

 

            Vimos até agora que a Igreja recrimina os atos homossexuais e não as pessoas que têm essas tendências.

            “As pessoas homossexuais são chamadas a viver a castidade” (Catecismo, §2358). Assim como todos os cristãos devem viver a castidade de acordo com o seu estado de vida, os homossexuais também são convidados a vivê-la.

            Sabemos que viver a castidade na sociedade atual é um grande desafio, ainda mais o é para quem tem tendências homossexuais. Mas, “pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem, gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (idem). Lembremos que nenhuma grande conquista é feita sem desafios, e assim para os “cristãos heterossexuais”, serem castos no mundo de hoje é difícil, não menos o é para aqueles que vivem o drama da homossexualidade.

 

4. O homossexual no contexto social de hoje

 

            Como sabemos, a sociedade em que vivemos é totalmente pansexualizada e relativista. Busca e valoriza o prazer a todo custo, incentivando e promovendo a devassidão e a perda dos valores morais, até mesmo através de programas financiados pelo governo e/ou veiculados pelas grandes mídias que estão ao alcance das massas.

            As “passeatas do orgulho gay”, que têm como intuito a luta pelos “direitos homossexuais” e pelo “respeito à diversidade”, se tornaram instrumentos de desmoralização e ataque aos valores tradicionais. Exemplo disso foi a “15ª Parada do Orgulho LGBT”, neste ano de 2011, em São Paulo, que num total desrespeito e ofensa ao sentimento religioso dos católicos, utilizou cartazes de uma campanha que defende o uso da camisinha, usando modelos vestidos de santos católicos, de forma desrespeitosa e debochada.

            Há uma pressão, um “lobby” social, para que os jovens assumam sua homossexualidade e tornem pública sua opção sexual, exibindo-a como um troféu, e vivendo em função dela, rebaixando a sua identidade e personalidade a tão somente sua opção sexual.

            Em novelas, quase nenhum casal (homem e mulher) é feliz e se ama de verdade, vivendo sempre em crise, enquanto os companheiros homossexuais são felizes, se amam, e vivem em harmonia.

Caberia-me citar aqui outros exemplos, mas para não fatigar o leitor, prosseguiremos na análise.

 

5. “Direitos homossexuais”

 

            Um documento da Congregação para a Doutrina da Fé, intitulado “Algumas reflexões acerca da resposta a propostas legislativas sobre a não-discriminação das pessoas homossexuais”, publicado em 9 de Agosto de 1992, diz que “ não existe direitp à homossexualidade, o que não deveria portanto, constituir a base para reivindicações jurídicas” (n.13). “A passagem do reconhecimento da homossexualidade como automático, como fator, na base do qual é ilegal discriminar, pode facilmente levar, se não de modo automático à promoção da homossexualidade” (idem).

            Ou seja, a promulgação de leis que criminalizam a discriminação dos homossexuais promoverá a homossexualidade como algo bom e moralmente aceitável. “A homossexualidade de uma pessoa seria invocada em oposição a uma discriminação declarada e, assim, o exercício dos direitos seria defendido exatamente mediante a afirmação da condição homossexual” (ibidem). A oposição à essa eventual discriminação e/ou agressão, seria a tendência homossexual do indivíduo, e não seus direitos como ser humano e cidadão. Al leis de proteção para as pessoas devem ser determinadas pelos direitos humanos básicos, e não pela opção sexual das mesmas. A Constituição Federal diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros (...) o direito à vida, à liberdade, à  igualdade, à segurança e à propriedade (...) (Art. 5º). Se perante a Lei, não há distinção entre as pessoas e todos têm os mesmos direitos, aos homossexuais eles também são assegurados, não sendo necessárias novas leis para favorece-los, bastando o respeito à Constituição, para que tenham seus direitos respeitados. “As pessoas homossexuais, como seres humanos, têm os mesmos direitos de todas as pessoas, inclusivamente o direito de não serem tratadas de maneira que ofenda sua dignidade”( Algumas reflexões, n.12).

 

 

6.Outras considerações

           

            O novo texto do Projeto de Lei 122/2006 apresenta uma linguagem mais branda, que “não se aplica à manifestação pacífica de pensamento decorrente da fé e da moral fundada na liberdade de consciência, crença e religião” (PLC 122/2006, Art. 3º-texto substitutivo), ao contrário do texto original, que criminalizava qualquer manifestação de repúdio às práticas homossexuais.

            Mas ainda, empregadores que deixem de contratar ou nomear alguém, em virtude de sua opção sexual, como por exemplo, pais que não querem deixar seus filhos pequenos aos cuidados de pessoas homossexuais, podem ser, se denunciadas, condenadas à prisão, podendo ficar reclusas de um a três anos.

            Com a retirada da punição à manifestações contrárias aos atos homossexuais, alegou-se que q Igreja e os católicos não deveriam mais se colocar no meio de discussões sobre o assunto, pois “religião e política não se discutem nem misturam”. Mas “quando a questão do bem comum entram em jogo, não é conveniente que as autoridades eclesiásticas apoiem, nem que permaneçam neutras perante legislações adversas, mesmo que elas admitam exceções às Organizações e Instituições da Igreja. A Igreja tem a responsabilidade de promover a vida familiar e a moralidade pública da sociedade civil inteira, com base nos valores tradicionais fundamentais, e não unicamente de se defender a si mesma das aplicações de leis nocivas” (Algumas reflexões, n.16).

 

7.Conclusão

 

            Este texto não pretende ser instrumento de incitação à violência contra homossexuais. É, sobretudo uma reflexão sobre a opinião e a doutrina da Igreja Católica quanto à homossexualidade, contextualizada na sociedade atual. A Igreja ama os homossexuais e querem que eles sejam felizes, vivendo na graça sacramental e unindo seu sofrimento à cruz do Senhor, para que alcancem a perfeição cristã e a salvação eterna (Cf. Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais- Congregação para a Doutrina da Fé, 01/10/1986). Por isso, ela é a favor da moralidade correspondente à identidade do ser humano, enquanto imagem e semelhança de Deus, segundo o seu projeto de amor para todos nós.

 

 

Ozias Xavier


Autor: Ozias Xavier


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