EJA: um ato amoroso de educar



EJA

 

            A Educação de Jovens e Adultos é fruto da miséria social de um povo e esta é a mãe de todo processo de exclusão (Nelino, 2011). A principio a EJA foi tratada apenas como um programa e se aproximou muito dos movimentos populares onde ganhou força por estar envolvida com as pessoas e as comunidades que mais necessitam da mesma, o que deu para EJA força política, visto que nas camadas populares surgiu o grito pela alfabetização de adultos.

Em 1996 a EJA vira modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, usufruindo de uma especificidade própria que como tal deveria receber um tratamento conseqüente, de acordo com a LDB 9.394/96 (Souza 2000, p.16).

A EJA se propõe a atender a um publico ao qual foi negado o direito a educação durante a infância e adolescência seja pela oferta regular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições sócio econômicas desfavoráveis.  E foi na intenção de atender a este publico que teve negado o direito à educação que o governo criou o programa Brasil Alfabetizado no intuito de incluir indivíduos analfabetos com idade superior a 15 anos. A EJA no Brasil tem se alargado e se tornado um subsidio para jovens e adultos oferecendo oportunidades para o seu desenvolvimento intelectual e profissional. Porem o problema para alfabetizar jovens e adultos não é só do Brasil mais países do mundo inteiro tem se deparado com este problema e neste contexto no ano de 1949 no período pós - guerra  representantes de 21 países se reuniram na Dinamarca onde foi realizada a primeira Conferencia Internacional de Educação de Adultos – CONFINTEA I com o objetivo de contribuir para com o respeito aos direitos humanos e para construção de uma paz duradoura.

Em suas cartas as Confinteas deixam claro a questão da educação ao longo da vida e foi a partir da Declaração de Hamburgo que esta ganhou amplitude, e significa a construção de uma sociedade melhor onde os saberes construídos contribuem e mudam a forma de conviver em sociedade. Pois a educação de sucesso contribui para a cidadania, cidadania esta que acaba sendo negada pelos governos de plantão que acabam esquecendo que investir em educação é investir em saúde, segurança, cultura, qualidade de vida. No entanto não é apenas a educação que vai mudar a situação das pessoas, mais o investimento em educação deve vir acompanhado de investimentos em outras políticas sociais (Gadotti 2008, p. 11). O Marco de Ação de Belém no 3º eixo alínea b o governo assume o compromisso de promover e apoiar a cooperação intersetorial e interministerial, ou seja, a integração entre os diversos setores do governo, bem como no 4º eixo alínea b e 7º eixo alínea f cujo objetivo é aumentar os recursos para a educação de jovens e adultos fazendo que esta alcance a abrangência em todos os campos, como agricultura, saúde, emprego, etc. Tanto o Marco de Ação de Belém quanto a Declaração de Hamburgo trazem em suas cartas a prioridade de se ter à educação ao longo da vida e isto cumina em algo muito amplo que é a educação para a cidadania cujo objetivo não é apenas colocar o individuo em sala de aula, o sentido é mais amplo, é o preparar para a vida como defendia Paulo Freire.  A educação para a cidadania surge no contexto da gestão flexível do currículo como componente obrigatória do mesmo e como um espaço de diálogo e reflexão sobre as experiências vividas, as preocupações sentidas e os temas e problemas relevantes da comunidade e da sociedade. Tem como objetivo central, proporcionar a construção de identidade e o desenvolvimento da consciência cívica dos alunos. Ser cidadão é, então, também e concomitantemente, construir-se como sujeito, assumir-se como pessoa. Admite-se como indispensável, nessa construção, uma fundamentação cujas linhas sejam traçadas numa antropologia de amplas referências culturais, sociais, filosóficas. Uma breve reflexão aponta para uma mudança no conceito de cidadania ao longo do tempo mostrando que o processo de modernização de uma nação deve contemplar todas as esferas da vida social, e, portanto oferecer uma formação intelectual, cultural e política que possibilite às pessoas tornarem-se sujeitos capazes de participar ativamente das conquistas e das demandas de uma sociedade democrática. A educação é um elemento indispensável para a inserção do indivíduo no mercado de trabalho, porém é imprescindível à sua conscientização enquanto cidadão.

 

Bibliografia

 

 

Gadotti, Moacir. Mova, por um Brasil alfabetizado, São Paulo 2008.

Freire, Paulo. Política e Educação, São Paulo 2000.

CONFINTEA V. Declaração de Hamburgo, Hamburgo 1997.

CONFINTEA VI. Marco de Ação de Belém, Belém 2011.

Souza, João Francisco. A Educação de Jovens e Adultos no Brasil e no mundo, Recife 2000.


Autor: Lindomar Cosmo Da Silva


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