A contribuição da musicoterapia no tratamento e reabilitação psicossocial dos usuários do caps ii no município de Barreiras-BA



A CONTRIBUIÇÃO DA MUSICOTERAPIA NO TRATAMENTO E REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL DOS USUÁRIOS DO CAPS II NO MUNICÍPIO DE BARREIRAS-BA.

Camila Modesto L. Gonçalves1

Daiane Correia B. de Oliveira1

Jackson weliton T. de Souza1

Jamile Carvalho Rodrigues 1

Kassia Ludmilla F. da Luz1

Verailza Souza Santos1

Vanessa Picão 2

RESUMO

A musicoterapia permite, de maneira bem fácil, a introdução de mensagens que pareciam difíceis ou complicadas para o portador de transtornos mentais. Porem é aplicável até em situações clínicas com certas adaptações, pois atua fundamentalmente como técnica psicológica, ou seja, reside na modificação dos problemas emocionais, atitudes, energia dinâmica psíquica, que será o esforço para modificar qualquer patologia física ou psíquica. Pode ser também coadjuvante de outras técnicas terapêuticas, abrindo canais de comunicação para que estas possam atuar eficazmente. A utilização da música, como um complemento à assistência de enfermagem psiquiátrica, facilita a relação com o cliente, servindo primeiramente para iniciar a interação com o mesmo. Ela também traz sensação de bem-estar, lembranças de acontecimentos do passado e do cotidiano, lembranças associadas ao sofrimento psíquico, à cultura religiosa e às pessoas a quem o cliente teve ou tem afeição (TEIXEIRA, 1999). A música possui fatores culturais que são capazes de religar o indivíduo adoecido aos valores culturais de seu meio e, portanto, a si mesmo, reconstruindo a sua história. Em função disso, a música pode ser utilizada como importante instrumento no tratamento de idosos com transtornos mentais, especialmente, a demência. Visto isso, percebemos que a música representa especial alternativa para o tratamento de doentes mentais devido à sua capacidade de reconstruir identidades, integrar pessoas, através de seu poder de inserção social e reduzir a ansiedade, proporcionando a construção de auto-estima e identidades positivas, além de funcionar como importante meio de comunicação (TALINA, 2003). Assim, o presente estudo tem como objetivo promover a Musicoterapia junto aos usuários do CAPS II com intuito de demonstrar sua importância no desenvolvimento do Tratamento e Reabilitação Psicossocial.

PALAVRAS-CHAVE: Musicoterapia, Enfermagem, Transtornos Mentais.

ABSTRACT

THE MUSICOTERAPIA CONTRIBUTION OF THE TREATMENT AND REHABILITATION OF PSYCHOSOCIAL CAPS II USERS IN TOWN OF BARRIERS-BA.

The music allows, so very easy, the introduction of messages that seemed difficult or complicated for the bearer of mental disorders. However, it is applicable even in clinical situations with certain adjustments, it serves mainly as technical psychological, or is the change in emotional problems, attitudes, mental energy dynamics, which will be the effort to modify any physical or mental condition. It may also be an adjunct to other therapeutic techniques, opening channels of communication so they can act effectively. The use of music, as a supplement to the assistance of psychiatric nursing, facilitates the relationship with the client, serving first to start the interaction with it. She also brings sense of well-being, memories of events of the past and the daily life, memories associated with mental suffering, cultural and religious persons to whom the client has or has affection (TEIXEIRA, 1999). The music has cultural factors that are capable of religar the individual adoecido cultural values of their environment and thus to himself, reconstructing its history. As a result, music can be used as an important tool in the treatment of elderly with mental disorders, including dementia. Given this, we realize that the music is special alternative for the treatment of mentally ill because of its ability to reconstruct identities, integrate people, through their power of social integration and reduce anxiety, providing the construction of self-esteem and positive identities, as well as serve as important means of communication (TALINA, 2003). Thus, this study aims to promote the Music with the users of the CAPS II with a view to demonstrate their importance in the development of the Psychosocial Treatment and Rehabilitation.
KEYWORDS: Music, Nursing, Mental Disorders.

 

 

1 Enfermeiros pela FASB-BA.

2 Enfermeira, Especialista em Docência e Docente FASB/BA.

1.0 INTRODUÇÃO

 

 

Musicoterapia é o uso da música como instrumento de saúde, mostrando que é possível desenvolver potenciais, reabilitar e prevenir doenças através dos sons. O efeito desse tipo de terapia vai além do uso da música como tranqüilizante ou como ferramenta para alegrar o paciente. Estudos garantem que o tratamento fortalece emocionalmente o paciente, ajudando-o a lidar melhor com os sintomas da doença (ANDRADE; PEDRÃO, 2005).

 

Na Enfermagem, sua utilização com finalidade terapêutica se iniciou com Florence Nightingale, seguida, anos mais tarde, por Isa Maud Ilsen e Harryet Seymor no cuidado aos feridos das I e II Guerras Mundiais. Tendo em vista, principalmente, a redução do estresse e ansiedade, passou a ser utilizada em diversas situações clínicas e no controle da dor, sua utilização também tem sido apontada (MATEUS, 1998).

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Diante do contexto, a pesquisa sobre a vida e o ambiente ao qual está inserido o paciente, busca identificar e equilibrar seu ritmo interno, para possibilitar uma melhora. Um bom exemplo é o que ocorre com crianças hiperativas, em geral com um ritmo interno bastante acelerado. Primeiramente, elas são tratadas com músicas em seu próprio ritmo, para depois, lentamente, ir buscando equilibrar esse som. Assim como em qualquer outro método terapêutico, não há prazo determinado para o tratamento, que vai depender da resposta do paciente. Utilizando a música e seus elementos constituintes, ritmo, melodia e harmonia, além de movimentos, expressão corporal, dança e qualquer outra forma de comunicação verbal e não verbal, com objetivos terapêuticos, se desenvolve em um processo coordenado. O objetivo primário da musicoterapia é possibilitar aos pacientes a abertura de canais de comunicação e/ou a reabilitação de necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas (ANDRADE; PEDRÃO, 2005).

 

Sendo assim a musicoterapia é considerada uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som/música. Que tem muita influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa (ESPERIDIÃO; MUNARI; STACCIARINI, 2007).

 

Logo esse artigo é um recorte do projeto de intervenção sobre a Contribuição da Musicoterapia no Tratamento e Reabilitação Psicossocial dos usuários do CAPS II no município de Barreiras-BA.

 

Essa temática suscitou os seguintes objetivos geral e específicos, respectivamente: promover a Musicoterapia junto aos usuários do CAPS II com intuito de demonstrar sua importância no desenvolvimento do Tratamento e Reabilitação Psicossocial; tornar mais evidente a importância da música na dinâmica relacional do usuário e sua socialização; proporcionar mudanças positivas nos sentimentos dos pacientes, diminuindo os sintomas dos transtornos mentais e colaborando nos tratamentos dos mesmos; desenvolver a capacidade e habilidade corporal, motora e cognitiva do paciente durante a musicoterapia; trabalhar com os usuários do CAPS II a aprendizagem, a expressão e a organização, através da medida terapêutica: musicoterapia e reconhecer o papel da enfermagem no processo curativo-promocional.

 

Diante do descrito justificamos a escolha do tema musicoterapia e transtornos mentais, tendo em vista que a musicoterapia junto aos usuários do CAPS II contribui no tratamento e reabilitação psicossocial, já que as características da musicoterapia conferem como uma função para que o individuo alcance uma melhor qualidade de vida, uma melhor organização intra e/ou interpessoal.

 

2.0 DESENVOLVIMENTO

 

A utilização da música, como um complemento à assistência de enfermagem psiquiátrica, facilita a relação com o cliente, servindo primeiramente para iniciar a interação com o mesmo. Ela também traz sensação de bem-estar, lembranças de acontecimentos do passado e do cotidiano, lembranças associadas ao sofrimento psíquico, à cultura religiosa e às pessoas a quem o cliente teve ou tem afeição (TEIXEIRA, 1999).

O campo de atuação da musicoterapia é muito grande, podendo beneficiar desde crianças a idosos. Existem trabalhos clínicos sendo realizados em várias áreas, como: Deficiência Mental (retardo, síndromes genética área psiquiátrica, autismo infantil, problemas neurológicos), Deficiência Física (Paralisia, Cerebral, Amputações, Distrofia Muscular Progressiva), Deficiência Sensorial (surdez, cegueira); Síndromes genéticas (Down, Turner, Rett), anóxia perinatal, lesões cerebrais, autismo infantil e distúrbio obsessivo compulsivo; nas áreas sociais (com crianças e adolescentes carentes ou de rua); em geriatria; em distúrbios infantis de aprendizagem, comportamento e com gestantes na estimulação precoce (LEITE, et al 2000).

 

TALINA (2003), afirma que a música possui fatores culturais que são capazes de religar o indivíduo adoecido aos valores culturais de seu meio e, portanto, a si mesmo, reconstruindo a sua história. Em função disso, a música pode ser utilizada como importante instrumento no tratamento de idosos com transtornos mentais, especialmente, a demência. Visto isso, percebemos que a música representa especial alternativa para o tratamento de doentes mentais devido à sua capacidade de reconstruir identidades, integrar pessoas, através de seu poder de inserção social e reduzir a ansiedade, proporcionando a construção de auto-estima e identidades positivas, além de funcionar como importante meio de comunicação.

 

HHHO enfermeiro pode utilizar a música com vários propósitos e em diferentes momentos do tratamento do paciente: antes da interação com o mesmo, para relaxamento, para resgatar lembranças de acontecimentos passados na vida do cliente. Cabe ao enfermeiro verificar em que momento ele pode utilizar essa prática e também avaliar os efeitos da música sobre o paciente. Utilizar-se de músicas que o paciente não goste, ou que cause irritação ao mesmo, pode prejudicar o tratamento ao invés de ajudar. Pode-se entender que não existe um tipo padrão de música. Músicas escolhidas para diferentes finalidades específicas dizem respeito a áreas e profissionais específicos. O enfermeiro psiquiátrico, ao utilizar a música para os propósitos que estabelece, deve escolhê-las de acordo com o gosto de sua clientela, pois sua utilização pode ser de maneira livre, sem vínculo com áreas específicas e voltadas exclusivamente à sua audição (SOUZA, 2003).

 

Após a revisão da literatura realizada sobre a utilização da música em clientes psiquiátricos, observa-se que ela tem grande poder de atuação nas suas emoções e comportamentos. Por isso, o simples fato de colocar uma música para ouvir no ambiente de trabalho deve ser avaliado, pois deverá ser agradável não só ao ouvido do profissional, mas também do paciente (GALVÃO et al, 2007).

 

Dessa forma, a música trabalha e desenvolve ainda atividade motora do paciente devendo obedecer às características de cada indivíduo e respeitar os limites de cada um, sendo que é necessária avaliação médica e física antes da indicação da mesma, no intuito de identificar contra-indicações para tal. A atividade motora, como se pode observar pode trazer vários benefícios para o paciente psiquiátrico, pois além de promover melhora na qualidade de vida, aumenta a auto-estima, reduz a ociosidade e aumenta a participação do paciente em outras atividades. O enfermeiro que pensa em promover algo que trabalhe o indivíduo de forma holística, sem separar corpo e mente e que traga tanto benefícios físicos quanto psicológicos, pode utilizar exercícios físicos como forma de assistência (ANDRADE; PEDRÃO, 2005).

 

Qualquer pessoa é susceptível de ser tratada com musicoterapia. As mais indicadas são aquelas pessoas virgens de conhecimentos musicais, em que há maior facilidade para se introduzir no contexto não-verbal. Particularmente são indicados no autismo e na esquizofrenia, onde a musicoterapia pode ser a primeira técnica de aproximação. O paciente com conhecimentos musicais prévios pode entrar em confronto com o supervisor, e é difícil romper com as defesas musicais ao pretender trabalhar com seus aspectos mais regressivos (TALINA, 2003).

 

A mesma autora afirma que a musicoterapia é aplicável ainda em outras situações clínicas com certas adaptações, pois atua fundamentalmente como técnica psicológica, ou seja, reside na modificação dos problemas emocionais, atitudes, energia dinâmica psíquica, que será o esforço para modificar qualquer patologia física ou psíquica. Pode ser também coadjuvante de outras técnicas terapêuticas, abrindo canais de comunicação para que estas possam atuar eficazmente.
 

Ao contrário do que se poderia imaginar, a musicoterapia permite, de maneira bem fácil, a introdução de mensagens que pareciam difíceis ou complicadas para o deficiente mental. Para estabelecer contato, primeiro o deficiente mental é tratado individualmente, e após, grupalmente, para integração com os demais. É importante o uso do corpo como instrumento de movimento e percussão: soltar a voz, bater palmas, bater a mesa, marchar, bater o rosto do profissional que está acompanhando, ou o próprio rosto controlando a força - meio de contato humano, de descarga, de autoagressividade. É necessário encontrar um meio para que o índividuo se expresse: num ritmo, ruído, som ou melodia. Os deficientes mentais têm facilidade para viver a intensidade e aprender a duração do ritmo, podendo passar para as aulas de música após a terapia (FLECK, 2002).

 

A educação especial, a socialização, a psiquiatria e a psicologia são apenas algumas das áreas de intervenção da musicoterapia, através da utilização da música e/ou dos seus elementos. A musicoterapia pode ser utilizada no controle de problemas somáticos, como a dor ou a reabilitação de acidentes vasculares cerebrais ou lesões traumáticas. Também se utiliza para melhorar a coordenação motora no trabalho com idosos, com crianças ou jovens com deficiências neurológicas, com pessoas cegas ou surdas, com doentes de Parkinson, etc. Pode ainda ser utilizada no acompanhamento às mães durante a gravidez, na estimulação com bebês, com deficientes mentais e sensoriais, com crianças ou jovens que apresentem problemas comportamentais, com deficientes físicos, entre outras (GIRADE; EMIRENE; STEFANELLI, 2007).

 

Com isso não se ouve somente com os ouvidos, mas literalmente com o corpo todo (GUIMARÃES, 2000).  Assim existem dois tipos de musicoterapia:

 

 

  1. A terapia interativa feita para coordenação motora com instrumentos musicais. Usada mais para crianças e deficientes mentais ou físicos.
  2. A terapia meditativa transcendental, que por sua vez se divide em: Passiva e Ativa.

 

Cada ritmo musical produz um trabalho e um resultado diferente no corpo. Assim há músicas que provocam nostalgia, outras alegria, outras, tristeza, outras melancolia. Alguns tipos de música podem servir de guia para as necessidades de cada pessoa. Bach, por exemplo, pode ajudar muito no aprendizado e na memória, Rossini, com Guilherme Tell e Wagner, com as Walkirias, ajudam especialmente no tratamento de pacientes com depressão. As valsas de Strauss podem contribuir e muito, para os momentos em que se necessita um maior relaxamento, estando bem indicadas para salas de parto. As marchas são um tipo de música que transmite energia, tão importante e escassa em áreas hospitalares de pacientes em convalescença (ALEIXO, 2001).

 

                       

FONTE: www.musicoterapia.med.br/.../musicaterapia.htm

 

O tratamento dos pacientes através da utilização da música torna os obstáculos da doença mais amenos e mais fáceis de serem ultrapassados (FLECK, 2002).

 

Dessa forma, Andrade, Pedrão (2005) observam que, quando as pessoas ouvem música, uma série de imagens é produzida, independentemente de sua preferência musical, ou seja, a música contém um potencial para evocá-las, que não constitui unidade de medida em si, mas possibilita a comparação quantitativa. Isso acontece porque nosso cérebro transforma quase todas as experiências que temos em imagens mentais. A música, por meio da sua linguagem de ritmo, melodia, forma, tom, harmonia, timbre, instrumentação e vozes, toca todos os níveis do nosso ser e as nuances da estrutura musical afetam o fluxo de imagens, conduzindo-nos à idéia de que músicas variadas, e com outras estruturas musicais podem apresentar, também, diferentes potenciais para evocar a imaginação.

 

Os mesmo autores descrevem que foram feitas diversas buscas importantes que orientaram o modo de ver e conceber o homem, a música e a saúde, nessa prática; no entanto, percebe-se que este caminho de fundamentação e esclarecimento teórico deve ser coerente, para uma melhor definição e estruturação dos conhecimentos musicoterápicos. Estes aspectos levaram a conceber a idéia de que a musicoterapia é transdisciplinar por natureza, ou seja, é uma ciência híbrida. Ao contrário, ela é uma combinação dinâmica de muitas disciplinas em torno de duas áreas: música e terapia.

 

 Oliveira (2002) descreve que música enquanto uma produção, e resultado da ação criadora do homem no meio social, histórico e cultural devem ser compreendidos em todas as instâncias deste próprio mundo, construído pelo fazer humano, impulsionado por suas necessidades, mas também por sua busca de beleza, de criatividade, permeada pela dimensão afetiva e pelo sentir, dimensões que estão interligadas. Não se pode se restringir ao olhar unidirecionado da partitura musical de modo técnico, enquanto única e exclusivamente estrutura musical. Esta é a matéria concreta da música, e junto dela encontra-se também um mundo de movimentos, de dinâmicas e de significados construídos pelo sujeito que vibram nele próprio, nos quais a música toca e os quais busca compreender.

 

Com base no exposto o papel do enfermeiro é o de constante atualização epistemológica, frente às mudanças tecnológicas de nosso tempo, impõe que se reflita sobre novas estratégias para capacitar o enfermeiro que atua no contexto da assistência psiquiátrica, dada a rapidez e a abrangência do processo evolutivo do conhecimento e dado, outros sim, o papel historicamente reservado à formação do enfermeiro, que na maioria das vezes não privilegia as ações específicas da prática diária da Enfermagem Psiquiátrica, o enfermeiro tem de manter-se em processo de aprendizagem contínua engajando-se em programas de educação continuada, procurando, promovendo ou exigindo da instituição na qual trabalha apoio para a vida profissional na área específica de atuação (GIRADE; EMIRENE; STEFANELLI, 2007).

 

3.0 ASPECTOS METODOLÓGICOS

 

O presente estudo é de natureza exploratória que tem como objetivo proporcionar mais familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explicito (Gil, 2002).

 

Foi realizadoem um Centrode Atenção Psicossocial - CAPS II no município de Barreiras-BA, com o desenvolvimento de intervenção utilizando a musicoterapia que envolve atividades musicais que foram feitas em grupo, num processo planificado e continuado no tempo, levado a aplicabilidade pelos acadêmicos do curso de enfermagem. E palestra educativa confeccionada com base nas informações obtidas em revisão da literatura, com a participação em média 50 usuários do CAPS.

 

Esta pesquisa bibliográfica abordando a temática teve início através de uma busca de livros, artigos publicados em periódicos, dissertações e teses, localizados nas bases de dados SCIELO, MEDLINE e LILACS, utilizando como palavras-chave e combinações, as palavras: "enfermagem ou psiquiatria ou enfermeiro ou psiquiátrico ou assistência ou música, musicoterapia", e restritos à língua Portuguesa. O estudo foi limitado a um período específico, os textos foram classificados primeiramente pela leitura dos resumos e por uma leitura rápida dos artigos encontrados, procurando verificar se realmente os trabalhos tratavam do objeto a ser explorado. A partir daí, os trabalhos foram classificados e agregados em apenas uma modalidade: a música.

 

Visando caracterizar a função da educação na prática da enfermagem e da saúde foi realizado um ensaio teórico-reflexivo baseado na argumentação e interpretação pessoal. Fez-se um levantamento bibliográfico parcial na biblioteca da Faculdade São Francisco de Barreiras.

 

Durante a realização do projeto manteve-se respeito aos aspectos éticos de acordo com a Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.

 

Sendo formulado a partir de material já elaborado constituído principalmente de autores, revistas e artigos da internet. Para análise das informações colhidas tomaremos como referência as seguintes produções teóricas: Schmitz, (2005); Steven; Lowe, (2002); Barros, (2006); Cordeiro, (2001); Souza (2003); entre outras que contribuíram para o enriquecimento e construção do estudo. É neste contexto que buscamos informações para a elaboração do artigo; viabilizando métodos promocionais, preventivos e educativos para portadores de transtornos mentais.

 

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Tendo em vista que a reforma psiquiátrica nasceu com o objetivo de superar o estigma, a institucionalização e a cronificação dos doentes mentais. O presente artigo observou a necessidade de humanização do atendimento ao usuário do serviço de saúde mental, a territorialização dos dispositivos de atenção e a construção de alternativas diversificadas de atenção. Assim, as práticas assistenciais devem potencializar a subjetividade, a auto-estima, a autonomia e a cidadania.

 

Diante do contexto, este estudo proporcionou atividades de lazer aos usuários e outras pessoas, para que eles compartilhassem de novos espaços sociais, onde fluíram relações afetivas e para que a sociedade aprenda a conviver com a diferença. E assim, demonstrar que o papel do enfermeiro é o de agente terapêutico e a base da musicoterapia é o relacionamento com o paciente e a compreensão do seu comportamento.

 

Desse modo, constatamos que o objetivo da enfermagem psiquiátrica não é o diagnóstico clínico ou a intervenção medicamentosa, mas sim o compromisso com a qualidade de vida cotidiana do indivíduo em sofrimento psíquico do usuário. Nesse sentido, espera-se que o enfermeiro esteja preparado para atuar nos novos modelos de atenção, assumindo novas tarefas e adequando-se às mudanças advindas da atual política de saúde mental vigente no país.

 

No que se refere aos cuidados oferecidos deve respeitar e acolher a diferença do psicótico, ele deve ser percebido como um sujeito humano e não como um sintoma a ser debelado; além disso, o exercício da ousadia, da criatividade e da alegria deve estar sempre associado à atividade terapêutica.

 

Portanto, com este estudo percebemos e visualizarmos dentro de nossas possibilidades que o enfermeiro está cada vez mais atuante e consciente de seu novo papel e tem condição de explorar diversas modalidades terapêuticas como a musicoterapia, no desempenho de sua atividade profissional, colocando em prática alternativas de atenção ao doente, para que mantenham o exercício de sua autonomia e cidadania, ou mesmo para reabilitá-los. Estas alternativas fazem com que o tratamento oferecido ao paciente seja menos sacrificante e mais prazeroso.

 

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A musicoterapia é a utilização da musica e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), num processo sistematizado de forma a facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, à aprendizagem, a mobilização, a expressão e organização de processos psíquicos de um ou mais indivíduos para que recupere as suas funções, desenvolvendo o seu potencial e adquirindo uma melhor qualidade de vida.

 

Constatamos que a música age sobre a cultura que lhe dá forma e da qual ela deriva, ao mesmo tempo em que se insere na estrutura dinâmica onde ela própria se formou. Está inserida nas várias atividades sociais, do que decorrem múltiplos significados. A cultura dá os referenciais, bem como os instrumentos materiais e simbólicos de que cada sujeito se apropria para criar, tecer e orientar suas construções neste caso, as atividades criadoras e musicais. Quando se vivencia a música se estabelece uma relação com a matéria musical em si (resultado da relação de seus elementos) e com toda uma rede de significados construídos no mundo social.

 

Diante desse contexto a musicoterapia é utilizada há tempos como terapia não medicamentosa para pessoas de qualquer faixa etária de acordo com diversos autores, proporcionando o bem-estar e ainda auxiliando no tratamento de várias doenças mentais como autismo infantil, esquizofrenia, depressão entre outras.

 

Percebemos que os sons podem acalmar ou estressar, como também podem induzir o sono ou despertar paixões, deixar nos sossegados ou alertas. Enfim, podem modificar completamente o estado geral do organismo.

 

Através deste estudo feito sobre a musicoterapia pôde-se constatar-se que a música é uma linguagem especifica, porém, universal, presente em todos os tempos. É uma forma genuína de expressão dos sentimentos e emoções e se traduz através das mais diversas manifestações, evidenciando a essência do ser humano e de sua cultura. Atua nos conteúdos inconscientes, trazendo à tona memórias e experiências vivenciadas pelo individuo ou pelo coletivo, pois acessa áreas do psiquismo não autorizadas pelo consciente.

 

Desse modo a intervenção envolveu atividades musicais num processo planificado e continuado no tempo, assim ouvir uma melodia pode ser um remédio tão eficaz quanto às fórmulas vendidas nas farmácias. Proporcionou o desenvolvimento da capacidade de escuta e de convívio social, na medida em que a música encontra no individuo um canal de comunicação disponível.

 

Todavia, conclui-se que cada ser humano é único e tem uma experiência física, emocional, mental e cognitiva própria, individual. A sua interação com o universo sonoro que o envolve, interna e externamente, amplia as possibilidades de se expressar, promovendo um estado de maior equilíbrio consigo mesmo e, consequentemente, com o outro. A música e seus elementos constitutivos são altamente expressivos e carregados de significados individuais e coletivos, sendo inerente ao ser humano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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