Vida e obra de chatô



VIDA E OBRA DE CHATÔ

 

¹ Heráclito Ney Suiter

² Gilberto Corrêa

  

Resumo         

O paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, conhecido como Assis Chateaubriand ou simplesmente Chatô, foi um dos homens públicos mais influentes do Brasil durante 20 décadas. Destacou-se por sua personalidade forte, atuando como jornalista, advogado, empresário do ramo de comunicação, diplomata e membro da Academia de Letras de nosso país. Jornalista ativo teve 11.870 artigos assinados no período entre 1924 e 1968, foi o criador e comandante do maior conglomerado de comunicação da America Latina, o Diários Associados. Embora tenha tido hábitos e postura profissional pouco aceita no tocante à ética jornalística, Chatô teve um papel expressivo no desenvolvimento dos meios de comunicação do Brasil, tendo sido o precursor da TV em nosso país, além de incentivador cultural (foi um dos criadores do Museu de Arte de São Paulo – MASP).  

 

Palavras-chave: Biografia. Assis Chateaubriand. Chatô. História. Jornalismo brasileiro.

Abstract

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, known as Chatô or simply Assis Chateaubriand, was one of the most influential public men in Brazil for 20 decades. Noted for her strong personality, working as a journalist, lawyer, manager of business communication, diplomat and member of the Academy of Letters of our country. Active journalist had 11,870 signed articles in the period between 1924 and 1968, was the creator and commander of the largest communications conglomerate in Latin America, the Associated Newspapers. Though he had little habits and professional attitude with regard to accepted journalistic ethics, has had a significant role Chatô in the development of the media in Brazil, and was the precursor of the TV in our country, and encouraging cultural (co-founded the Museum Art of São Paulo - MASP).

Keywords: Biography. Assis Chateaubriand. Chat. History. Brazilian journalism.

  

1  Introdução 

Para um jornalista, a cultura geral e a História são importantes. No caso da pesquisa biográfica de uma determinada personalidade da História do Jornalismo Brasileiro, faz com que o biógrafo possa entrar em sintonia com o contexto da época do biografado, assimilando a cultura vigente e sua influência na evolução do jornalismo brasileiro. Na convicção de que ao se fazer um levantamento biográfico, a vivência e as contribuições do biografado finda por trazer ao pesquisador a reflexão de diferentes posturas e influências em uma determinada área do saber humano, o presente trabalho de pesquisa fará parte da avaliação bimestral da disciplina de História da Comunicação do Curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário UnirG. 

O tema foi definido com base em sorteio prévio entre os alunos do 2º período e tem como objetivo o levantamento biográfico do Jornalista e empresário da área de comunicação, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, também conhecido como Chatô.

 

2  Jornalista desde Menino 

No dia 4 de outubro de 1892 nascia na pequena cidade paraibana de Umbuzeiro, a  200Km da capital João Pessoa,  Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. A pequena cidade que atualmente conta com pouco mais de 9 mil habitantes  foi berço de celebres  umbuzeirenses  como o 11º Presidente do Brasil,  Epitácio Pessoa (1865-1942) e seu sobrinho João Pessoa (1870 -1930). 

Filho do advogado Francisco José Bandeira de Melo e de Maria Carmem Guedes Gondim Bandeira de Melo, foi batizado com o nome do Santo Católico Francisco de Assis por ter nascido no dia dedicado ao santo, a quem a mãe era devota.  Curiosamente, o nome "Chateaubriand" teve  origem na admiração de seu  pai pelo poeta e pensador francês François-René de Chateaubriand. Sua admiração era tal que em meados do século XIX chegou a comprar uma escola, na região de São João do Cariri, a qual deu-lhe o nome do pensador francês. A partir de então, passou a batizar seus filhos incluindo “Chateaubriand”. 

Menino gago e tímido, mas sempre interessado nos assuntos nacionais, Chatô gostava de ler obras de filosofia e direito, órfão de pai aos 13 anos, alfabetizado ao 12 anos, com apenas 15 anos de idade ingressou na Escola de Direito de Recife e já escrevia para alguns jornais da época, primeiro na “Gazeta do Norte” depois “Jornal Pequeno”, e para o veterano “Diário de Pernambuco” como forma de ganhar algum dinheiro para sua sobrevivência. Em 1910, com 18 anos, repórter no Jornal Pequeno, cobriu a Campanha Civilista de Rui Barbosa e tomando partido a favor de José Veríssimo numa polêmica com Sílvio Romero, que eram os “papas” da crítica literária de então. 

No “Diário de Pernambuco” chegou ao posto de redator-chefe e na ocasião, ainda como estudante de direito, teve que pegar em armas e até dormir na redação do jornal para defendê-lo contra uma multidão que protestava contra a vitória do candidato Francisco de Assis Rosa e Silva, na época proprietário do jornal aonde trabalhava. Em 1912, então com 20 anos de idade, consegue se formar na Escola de Direito do Recife sendo aprovado em 1º lugar num concurso para lecionar Direito Romano e Filosofia do Direito, derrotando Joaquim Pimenta, um socialista histórico e um forte concorrente, que contestava a sua vitória.

Em 1917, Chatô partiu para o Rio de Janeiro, na época Capital Federal, onde atuava como advogado e colaborando para o jornal “Correio da Manhã”. Na ocasião foi para Europa como correspondente daquele jornal e, de volta ao Brasil, lançou seu primeiro livro intitulado “Alemanha”. 

 

2  O Menino Gago se Transforma no Velho Capitão          

Em 2 de outubro de 1924,  Chatô compra e assume a direção de “O Jornal”, que fora criado em 1919, embrião daquele que seria o maior conglomerado de empresas de comunicação da America Latina, chegando quase a uma centena de veículos de comunicação; nascia a partir daí o grupo ‘Diários Associados’. Na época, Chatô era conhecido por seus colaboradores como ‘Velho Capitão’.

Segundo historiadores, Chatô consegue dinheiro com pessoas influentes da época para iniciar sua empreitada no ramo das comunicações, com recebimentos de honorários advocatícios de personalidades poderosas como Nhonhô Magalhães e Percival Farquhar. De qualquer maneira, Chateaubriand e seu legado empresarial marcou grandes transformações nos meios de comunicação, como nova diagramação e editoração de jornais impressos, lançamentos de revistas, campanhas publicitárias, investimentos e inicio dos meios rádio e principalmente televisão.

 

            Considerado como o pai da TV brasileira, criou em 1950 a Rede Tupi de Televisão. Jornalista nato, sua vida de redator lhe rendeu mais de 11.870 artigos assinados em jornais escritos. Seu império de comunicação ficou marcado como sendo o maior da Ámerica Latina por quase três décadas, tornando-o um dos homens mais influentes do seu tempo, criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e uma editora

3 Chatô Incentivador das Artes

Dando oportunidades a escritores e artistas desconhecidos que depois virariam grandes nomes da literatura, do jornalismo e da pintura, como: Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e outros, Chatô fundou o Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 1947, com uma coleção particular de pinturas de grandes mestres europeus que ele adquiriu a preços de ocasião na Europa empobrecida do pós-Segunda Guerra Mundial.

Em 1941, promoveu a Campanha nacional da aviação, com o lema "Dêem asas ao Brasil", na qual foi criada a maioria dos atuais aeroclubes pelo interior do Brasil, juntamente com Joaquim Pedro Salgado Filho, então Ministro da Guerra do governo Vargas. Com o suicídio de Getúlio Vargas, assume a cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.

4 Morre Chatô

Assis trabalhou até o final de sua vida, mesmo depois de uma trombose ocorrida em 1960, que o deixa paralisado e capaz de comunicar-se apenas por balbucios e por uma máquina de escrever adaptada. Em 1968, morria Chateaubriand, velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Velázquez e um nu de Renoir, simbolizando, segundo o protegido, o arquiteto italiano e organizador do acervo do MASP Pietro Maria Bardi, as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Morreu também com o império se esfacelando e com o surgimento do reinado de Roberto Marinho.

 

5 Referências Bibliográficas e Fontes de Pesquisa

  • http://pt.wikipedia.org
  • Linha do Tempo e Memória: http://www.diariosassociados.com.br/
  • Academia Brasileira de Letras: http://www.academia.org.br
  • MORAIS, Fernando. Chatô - O Rei do Brasil. Cia das Letras: São Paulo, 1994, 13.ª edição
  • ROMERO, Aberlado. Chatô – A Verdade como Anedota. Editora Image. Rio de Janeiro, 1969.
  • MELLO, Philippe Bandeira de; TROTTA, Fredimio B.; CHATEAUBRIAND, Fernando Henrique. Chatô Resgatado.

  

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¹ Aluno do 2º período do curso de Jornalismo da UnirG

² Professor Titular da cadeira de História das Comunicações e teoria das Comunicações da UnirG

 


Autor: Heráclito Ney Suiter


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