Educação: Direito Ou Privilégio?



EDUCAÇÃO: Direito ou Privilégio?

Apesar do discurso oficial de ter a educação como prioridade de alguns líderes governamentais, frequentemente os recursos financeiros para o orçamento do setor ficaram presos na burocracia. Quantos jovens não têm direito a uma educação de qualidade e muitas vezes por ironia do destino são obrigados a trabalharem; alguns deixam sua cidade natal e sujeitam-se nas grandes cidades à péssima condição de vida.

O acesso a educação é um direito básico de todos os brasileiros, pobres, favelados ou sertanejos. Para muitas crianças, a escola ainda pode não ter significados de aprendizagens, mas significou um lugar seguro, onde ao menos, pode ter uma refeição diária. De acordo Gadotti (1998, p. 16): "A escola deveria ter um único objetivo, o objetivo da vida, auxiliar o homem a encontrar o seu próprio caminho, a desenvolver sua personalidade numa totalidade".

Nesse sentido, críticos no que diz respeito ao sistema educacional, aos professores, aos alunos, aos diretores ou está sempre procurando o culpado, isso não leva a nada. A escola como espaço de democratização e de inclusão social precisa abrir as partes para atender a todos aqueles que desejam fazer parte do processo ensino-aprendizagem, na tentativa de se tornarem indivíduos críticos e conscientes no seu papel na sociedade.

Nessa perspectiva, é preciso rever qual o verdadeiro papel da escola, uma vez que ela tem fortes características da "educação bancária", onde o aluno é apenas um receptor do conhecimento elaborado, tido como uma única verdade.

A escola não pode centralizar o seu objetivo em transformar-se em agência formadora de mão-de-obra qualificada para atender os setores produtivos. Muitas vezes, ela apenas reproduz as estruturas sociais e de poder do sistema capitalista, negando o seu objetivo principal, o de formar o educando como cidadão e não apenas profissionais para o mercado de trabalho.

É preciso que a escola esteja engajada nas questões humanas e sociais, na tentativa de garantir o acesso a todos e juntos construírem o seu projeto educativo, assumindo os seus valores, a fim de eliminar o descaso pela educação escolar. Matos (2005, p. 04) afirmar:

O Brasil continua tendo a desigualdade social como uma de suas principais características econômicas ap longo do tempo. O único caminho para superarmos as enormes diferenças sociais, o atraso e a exclusão social é o de ampliar as oportunidades educativas e fazer da educação a locomotiva do desenvolvimento nacional.

No entanto, a escola deve continuar investindo na ajuda aos alunos para se tornarem críticos, a se engajarem na luta por justiça social, a fim de que estes, possam compreender o papel que devem desempenhar como cidadãos críticos na mudança da realidade em que vivem. Fora da escola, os alunos não têm as mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento. Precisa-se, demonstrar a importância do papel da escola no processo de construção da cidadania, mediante a preparação para a participação social de forma crítica e consciente.

Por evasão escolar pode ser entendido o abandono da escola, antes do término do ano letivo ou do curso. Vista como um reflexo de todo o contexto educacional, ocorre em nosso país de forma assustadora, principalmente nas escolas públicas.

Historicamente no Brasil, a educação não é prioridade e os investimentos destinados à mesma ainda não ocupam parcela significativa no orçamento da União, dificultando melhores condições de trabalho e a produção do conhecimento, o que compromete a construção do cidadão participativo, autêntico, autônomo, crítico, consciente de deu papel na sociedade. Estudos indicam que a repetência constitui um problema do quadro educacional brasileiro. A grande maioria da população estudantil acaba desistindo da escola, desestimulada em razão das altas taxas de repetência e pressionada por fatores socioeconômicos que obrigam muitos alunos ao trabalho precoce.

No entanto, a má qualidade do ensino também pode colaborar para o fracasso escolar, resultado da não-formação inicial por parte de professores, usando uma metodologia desastrosa, desmotivada e ultrapassada. A constituição Federal (1988. p. 137) diz que: "Desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornece-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores".

Para que realmente esses fins possam ser atingidos, é necessário que todos os atos normativos do sistema de ensino e toda a ação educativa da escola sejam norteados por eles, que o professor no seu fazer pedagógico, deles tenha consciência clara, já que a educação tem um papel importantíssimo na concretização da cidadania.

A escola já não é um lugar acolhedor, onde muitas vezes torna-se palco de brigas, ofensas, disseminação de comentários maldosos, agressões físicas, psicológicas e repressão, desestimulando o educando, que quando consegue terminar o ensino fundamental acaba dispondo de menos conhecimentos do que se espera de quem concluiu a escolaridade obrigatória. Segundo Rodrigues (1988, p. 62) a escola necessária para os tempos modernos é: "Uma instituição de cultura que deve socializar o saber, a ciência, a técnica e as artes, produzidas socialmente, para que todos possam ter acesso a esses bens culturais".

Nesse sentido, deficiências do processo ensino aprendizagem são relevantes, o desinteresse, a motivação centrada apenas na nota, o esquecimento dos assuntos estudados e os problemas de disciplina, aumentando o quadro de evadidos nas escolas e a negação ao direito da cidadania em nosso país.
Autor: Clenice Paulino


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