O amigo x nosso de cada natal



Creumir Guerra O AMIGO X NOSSO DE CADA NATAL Nesta época do ano as famílias, as empresas, escolas e grupos de amigos costumam fazer a brincadeira conhecida como amigo X ou amigo oculto. Na minha casa de uns anos para cá passamos a fazer o amigo da onça. Também é uma troca de presentes, porem mais engraçada. Tem gente que nem gosta de participar de amigo X por não saber o que comprar para o amigo ou por que teme receber algo pior do que ofertou, o que é de uma finesa ao inverso incrível. Nunca vou esquecer-me do meu primeiro amigo oculto. Foi entre os alunos da segunda séria do Grupo Escolar Adelina Lírio, em Mantenópolis, ainda na década de setenta. Eu era um menino e fiquei muito ansioso por não saber o que comprar e na expectativa para conhecer o que a mim era reservado. A minha mãe comprou um carrinho para eu dar ao meu amigo X. No momento da troca dos presentes era possível ver a cara de satisfação de alguns e a cara de decepção de outros. A gente sabe como é menino de oito anos. Fala na lata. Não tem essa de guardar o que sente ou pensa. O meu amigo ainda não tinha se revelado e vai para frente da sala o filho do dono de uma loja de tecidos da cidade, creio que era o filho mais abastado dentre os alunos da classe. Pensei que ele daria o melhor presente. O pai dele tem muito dinheiro. Será que eu vou ganhar um carrinho bem grande? Ou será uma roupa da loja do pai dele? Finalmente, após aquelas mentirinhas de sempre, o menino disse: o meu amigo é o dada (meu apelido de infância e que ficou perdido no tempo). Caminhei até ele para receber o valioso presente. Um copo de vidro de bolinhas pretas! Puxa vida! Fui para casa consolado e não me lembro de ter reclamado em público. No outro dia bem cedo, antes de ir para a escola, falei para minha mãe que queria tomar café no meu copo novo. Estendi o copo e minha mamãe veio com a garrafa com o café pelando e ...trec...trec...trec. O fundo do copo não resistiu a temperatura do café e caiu ao chão, virando mil pedacinhos de vidro. Aquele miserável mão de vaca poderia ter me dado ao menos um copo de plástico. Anos depois, já na sexta série, tirei o meu vizinho no amigo X da sala. Dei a ele uma caixa de lápis de cor. Ganhei uma camiseta. Sempre voltávamos juntos para casa, um morava na frente da casa do outro. Ele reclamou da porcaria de lápis de cor que tinha ganhado. Fazer o que? Eu pensei que você iria gostar, me justifiquei, e ao mesmo tempo lembrando-me do copo de vidro de outrora. O bom do amigo da onça é que você compra o presente e não sabe quem vai ficar com ele ao final. Acontece de rodar e rodar e voltar para sua mão. O valor mínimo é de vinte reais e o limite é de acordo com o bolso e a vontade do amigão. No natal de 2009 eu fui até a Casa da Ração e comprei um saco de 15 kg de ração para cachorro, no valor de trinta e cinco reais. Botei em um sacolão de presente e amarrei com um laço vermelho. Todo mundo viu o tamanhão do meu presente e foram logo botando o olho gordo em cima. O presente foi para minha cunhada. Ela chorou tanto que eu peguei a ração e dei de presente para o Jorge, o meu rotewailler. Dei para ela em troca um livro da escritora mantenopolitana Leila Maria Ribeiro. Feliz Natal, Boas Festas e um proveito ano de 2012 a todos os amigos.
Autor: Creumir Guerra


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