Descaso da saúde em pernambuco



 

Tornou-se habitual se ver nas páginas de jornal, noticiários de TV e emissoras de rádio as reclamações de usuários de planos de saúde pelo mau atendimento ou falta dos serviços que estes deveriam oferecer, em respeito aos contratos firmados. Na edição do dia 20 de dezembro, no Jornal do Commercio, noticiava-se que o Ministério Público de Pernambuco- MPPE está notificando as operadoras dos planos de saúde, para que cumpram os prazos de consultas e procedimentos, conforme a resolução que entrou em vigor dia 19 de de dezembro de 2011. Mas no Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado - Sassepe isto é diferente.

Com certeza, para quem faz uso dos serviços dos planos de saúde, que são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, isto é um verdadeiro alívio. Entretanto, o mesmo não se pode dizer em relação aos usuários do Sassepe. É uma lástima a situação por que passam os servidores públicos pernambucanos da ativa, aposentados e seus dependentes, quando necessitam da assistência médica oferecida pelo Estado, em qualquer especialidade. A coisa piora se depender de internamentos e procedimentos cirúrgicos. O problema se verifica não apenas no Hospital dos Servidores do Estado – HSE, mas também na rede conveniada, é um martírio que se enfrenta para  conseguir marcar consultas pelo infernal serviço 0800.

Em outubro de 2011, dependente de servidora aposentada, uma idosa de 94 anos, diabética e hipertensa, com fratura de fêmur em conseqüência de uma queda, precisou submeter-se a  cirurgia de urgência. Existia um alerta do médico, inclusive, para o risco de vida  que ela corria. Junto com o diagnóstico a notícia de que inúmeros usuários idosos têm ido a óbito, nestas circunstâncias, porque o Sassepe só autoriza o procedimento no espaço de três a quatro meses. Temerosa de que o mesmo ocorresse com sua mãe, a servidora titular do plano entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Estado e conseguiu a liminar no mesmo dia, o que permitiu que a paciente fosse operada imediatamente.

Depois disso, há mais de dois meses, trava luta na Justiça, depois do pedido administrativo,  para que a mãe idosa consiga receber os cuidados necessários ao pós-operatório, pois o Sassepe nega-se a implantar os serviços de homecare. Diga-se de passagem que estes foram requisitados pelo cirurgião, médico conveniado, que atestou a necessidade da paciente a esses cuidados. Ela corre o risco de não voltar a se locomover, sem atendimento fisioterápico, e continua sofrendo com úlceras de decúbito, as conhecidas escaras, agravadas por falta de assistência de enfermagem.

Aos que se admiram da freqüência com que são vistas as reclamações  contra o Sassepe nos jornais do Recife, fica o lembrete de que a direção daquele órgão também não costuma cumprir ordens judiciais, mesmo sob imposição de astreíntes (multa) por descumprimento de obrigação de fazer, acrescida de ameaça de prisão por crime de desobediência. Os usuários de planos de saúde vão reclamar à ANS, aos Procons, mas os servidores do Estado de Pernambuco, que são reféns do Sassepe, pelo visto, vão se queixar direto a Papai do Céu, porque nem o Judiciário é atendido e respeitado por aquele Sistema.


Autor: Gercina Rodrigues Primo


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