De volta ao começo



DE VOLTA AO COMEÇO – 01-12-2011

Hoje, assisti a um programa na TV, no qual o tema era as formas de prevenir o câncer. Os apresentadores falavam sobre as altas temperatura em que os alimentos são preparados e que acabam eliminando a maioria dos nutrientes e vitaminas necessários à nossa saúde.

Lembrei então, com saudades, do fogão à lenha da minha mãe, sempre aceso. Cuidávamos para não esquecer de encher a chaleira de ferro, para ter água quente para o mate.

Antes de iniciar suas tarefas diárias, minha mãe colocava sobre o fogão suas panelas de ferro, com a carne, o feijão e o aipim, por serem os alimentos mais demorados para cozinhar, e deixava-os, em fogo brando, ir cozinhando aos poucos, em temperaturas amenas, saudáveis. De vez em quando colocava mais um pau de lenha para o fogo não apagar. Seguidamente ela estava com os dedos sujos do carvão da lenha ou seus cabelos cheirando à fumaça, mas aquela comida tinha um sabor muito especial, o sabor da paciência, da falta de pressa, sabor de carinho de mãe.

Mas como conciliar um fogão à lenha com a velocidade de uma internet de 15 mega?

O cheiro de fumaça nos cabelos e as unhas sujas de carvão, com a boa aparência que nos cobram no trabalho?

Uma comida que demora três horas para ser preparada num fogão à lenha, com a meia hora de folga que temos para almoçar?

Uma comidinha com gosto da colônia com a preferência de nossos filhos pelos fast-food?

Quando nossa mãe fazia um bolo, batido à mão, ia colocando uma pitada de carinho em cada volta que a colher dava na bacia. Ela deixava um pouco de sua energia nos alimentos que preparava.

Hoje comemos bolos feito por máquinas, batido por estranhos, de certo a energia encontrada no bolo é tão fria quanto o metal que o bateu, e seu sabor  tem gosto de gente estranha, nada a ver com carinho de mãe.

E aquelas verduras fresquinhas, colhidas na horta com a energia vital da terra? Sem agrotóxicos, sem estar dias paradas nas prateleiras do supermercado. E o leite quentinho, recém tirado da vaca, cheio de espuma, tomado no copo com um pouco de açúcar e canela? Hoje algumas crianças acham que a vaca é a caixinha em que o leite vem embalado.

É, a busca pelo progresso nos levou até a lua. Creio que agora a busca por saúde e equilíbrio nos leve de volta ao começo, ao bom e velho fogão à lenha, onde toda a família sentava ao redor para se aquecer e conversar, os pais ou os irmãos mais velhos iam contando histórias, enquanto ensinavam aos mais novos, lições de princípios, bons modos, união, valores morais, respeito e muitas outras coisas que já nem lembramos mais.

Se você viveu essa experiência, com certeza sente saudades. Que tal retornar ao começo? Será que ainda podemos?


Autor: Aida Susete Pietzarka


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