DEPOIS DA TEMPESTADE



Percebia quando a tempestade se anunciava, minha primeira reação foi negá-la, por isso fui ao seu encontro, mesmo sabendo os riscos que estava correndo.

 

Achava que seria capaz de suportar tudo que viesse, que você não seria capaz de fazer nada que pudesse me aniquilar, pelo menos não na minha presença.

 

Não sei explicar porque, só sei que quando ouvi pela 1ª vez o toque do alarme do seu celular (Someone Like You), uma flecha atravessou meu coração, literalmente.

 

Quando daquele telefonema, fiquei sem entender nada, quase não acreditei quando você chegou, numa euforia explicita, dizendo que não ia ficar para o almoço.

 

Você se foi, mas voltou, tão infeliz quanto antes, achei que o amanhecer estava chegando, e,

 

 

Mais uma vez mergulhei e em nenhum momento achei que afundaríamos, no máximo algumas turbulências.

 

Fui embora com o coração na mão, mais uma vez literalmente. Novamente percebi a tempestade se aproximando, e logo após a euforia seguida da infelicidade.

 

Quando você me contou o que tinha feito, fiquei atordoada e pedi aos céus que me iluminassem, mas foi inútil, tinha entrada por uma estrada de mão única.

 

Se passei por algum retorno, não quis ver, queria saber onde ia dar aquela estrada, nunca achei que não tivesse saída.

Voltei e a dor se transformou em tristeza, parecia que não ia ter fim, era como uma gota d’água no oceano.

 

Cheguei a acreditar que ia submergir.

 

Até que a dor se transformou em revolta e, mesmo com você tentando me conter, eu emergi.

 

E então uma tempestade se armou, só que agora dentro de mim.

 

Como um tufão queria destruir tudo a minha volta, sem medo de sofrer. Nada naquele momento me atingiria mais.

 

Era como se eu tivesse sido atingida por um raio que não parava de descarregar.

 

Só mesmo Deus, na sua infinita misericórdia, me livrou de mim mesma naquelas horas.

 

Até que cansei e esperei a que passasse a tempestade, mesmo com você ao meu redor...

 

Tentei me refazer, mas a dor insistia em impedir que eu seguisse em frente.

 

Hoje caminhamos lado a lado, sem saber aonde chegaremos, “se” chegaremos juntos a algum lugar.

 

É estranha essa aliança, ela não está em nada, nem mesmo no nosso filho, só existe dentro de nós.

 

Não estamos separados, muitos menos juntos, mas não conseguimos seguir nossos caminhos indiferentes um ao outro.

 

Ao mesmo tempo em que nos queremos bem, não nos suportamos, é como se esperássemos por um milagre. O Milagre da Aceitação.

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Autor: Eliana Aquino De Assis


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