História e cultura afro-brasileira



O Brasil traficou milhões de negros procedentes do continente africano para servirem como escravos nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, para os estados da Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul legitimados através de fórmulas éticas e morais através da Igreja, por vários papas, no decorrer dos anos, para Portugal, não em razão do próprio tráfico, mas em quem o faria. Mesmo com os questionamentos o comércio de escravos retirava os africanos do suposto estado de “barbárie” em que viviam e os traziam para a “civilização”. Retratados muitas vezes por escritores, que, na época, tentavam alertar a sociedade contra as situações cruéis e desumanas em que se procediam o tráfico e a própria permanência, aos que sobreviviam a longa viagem, neste país, tudo parecia ter uma lógica, principalmente, econômica.

            A diversidade de conhecimentos chegada aqui era resultado da tradição oral, pois a maioria dessas pessoas não havia ainda desenvolvido a escrita, porém com extremo conhecimento contribuíram efetivamente em trabalhos com o ferro, o cobre, a agricultura e o gado. Hoje somos mencionados como o país de maior população afrodescendente fora da África. Produto e resultado de um processo histórico, recebemos pessoas que trouxeram na alma sua identidade cultural e sua verdadeira origem e que contribuíram significadamente na formação deste país através da língua, da dança, da religião etc.

Com o surgimento dos grupos abolicionistas surge um confronto de duas correntes. A que não abria mão do trabalho escravo e a dos comerciantes e industriais, ingleses, que com o fim da escravatura, na América, colocariam suas máquinas para substituírem o braço humano.

A abolição da escravatura não contemplou essa etnia com o fim da discriminação racial e das suas conseqüências desfavoráveis e agravou a situação econômica e social, pois a miséria e a exclusão ainda persistiam e havia a necessidade de serem tratadas com mais seriedade. Dessa maneira, os negros libertos foram percebendo que criar técnicas sociais para melhorar sua posição social era a melhor maneira de superar essa condição.

Mesmo com todas as lutas travadas, desde 1888, principalmente com relação à educação, informal ou formal, que ao longo dos anos foram estabelecidas por associações para contemplarem, principalmente a criança negra que não era bem-vinda as demais instituições educacionais há um fosso entre a população afrodescendente e a não negra no Brasil, pois a massa dos negros e mulatos, praticamente, só têm restado os patamares mais baixos da pirâmide social.

Uma colonização baseada na exploração enfrenta problemas que possuem raízes históricas. No Brasil, reconhecer e abordar a contribuição do negro para a nossa formação através das leis 10.639/03 e, posteriormente, a 11.645/08 que reafirma e amplia também para o indígena alteraram a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) estabelecendo que no ensino fundamental e médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena têm experiências com alguns resultados positivos, pois ainda temos instituições escolares e profissionais da educação descompromissados ou omissos com esse impulso propulsor, mas com cursos de extensão, qualificação, especialização, palestras e seminários tanto para professores quanto para alunos e com o aparecimento, mesmo que seja somente um capítulo, nos livros didáticos de 5ª a 8ª série, abordando a história africana há uma sinalização para a importância e obrigatoriedade desse estudo.

Há um quadro que aponta para um panorama de mudanças no Brasil no que diz respeito à história africana e indígena, que faz parte de todos os brasileiros e só é, até hoje, discriminada pela falta de conhecimento e, se a tendência se confirmar as futuras gerações, com raríssimas exceções, encontrará uma grande distância ao continente africano apenas pelo oceano.

Referências:

BRASIL. Lei N. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf

LOPES, Nei. História e cultura africana e afro-brasileira. São Paulo: Barsa Planeta, 2008.

MACEDO, José Rivair. Desvendando a história da África. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.

RODRIGUES, Jaime. O tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: Ática, 1997. 


Autor: Adriana Amaral Da Cunha


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