Demagogo condominial



Viver em condomínio, de fato, não é uma tarefa fácil. Há quem defenda, inclusive, que, idealmente, para se viver em um ambiente assim, deveria haver algum tipo de “seleção”, “entrevista”, para ver o “perfil” do novo morador e sua adequação às regras de convivência ali estabelecidas. Até certo momento cheguei a concordar com ideias semelhantes, contudo, após mudar de condomínio e ver que os problemas são os mesmos em todos os lugares mudando apenas a proporção, dei-me conta que isto faz parte da natureza humana ( natureza esta criado por nós , assim coma as regras e conceitos ), o que me faz chegar a algumas reflexões. Parece que, em certo momento da história, temos perdido o “jeito” de lidar com o outro, de conviver em sociedade e comunidade. É como se o outro com quem convivemos fosse um estranho ou mesmo uma ameaça e tendemos a demarcar o nosso limite como sistema de defesa. Por exemplo, se alguém andava pela rua à noite e ouvia passos de outra pessoa se aproximando, imediatamente pensava-se: “Graças a Deus, vem vindo alguém” Hoje em dia, o pensamento é : “Ai meu Deus, vem vindo alguém!”. Veja que há uma total estranheza do indivíduo para com o outro indivíduo.  Agora, imagine esse conjunto de estranhezas e temores individuais e você terá um condomínio. Ou, para dizer de outro modo, teremos a figura do vizinho. Este ser que não conhecemos, não queremos conhecer e temos raiva de quem sabe! Chegamos a pensar que não existe. Muitas das vezes o vizinho envolvido em historias com inicio meio e fim sua vida vira uma novela das hr 8:00 que na realidade é transmitida quase as hr 10:00 enfim...é acusado , julgado e sentenciado , o condomínio é transformado em um projaque em miniatura vira literalmente um condomínio cinematográfico . O único problema é que esqueceram de avizar o personagem principal “ o vizinho”, as vezes eu acho  que todo vizinho tem algum tipo poder sobrenatural . Ou realmente são pessoas extremamente especiais com dons tramaturgos. Tamanha é a confusão que um vizinho pode-se cair no risco de pensar subliminarmente que todo o prédio e áreas comuns (o que é comum mesmo? Lembra comunidade. Mas o que é comunidade?) caramba me perdi! Evidente que escrevo isso em tom irônico. Mas é preciso! Pois viver em condomínio, como em qualquer outra vizinhança é um reflexo do nosso agir como cidadãos na sociedade. O tal do “jeitinho brasileiro” fica muito evidente nestas relações mais próximas do dia-a-dia. Por exemplo, se no estatuto ou convenção coletiva (o que é coletivo mesmo?).

O indivíduo “jeitoso” acaba por pensar que tudo está correto e bem elaborado, mas, para os outros. “As normas e leis não se aplicam mim”. Afinal, “vou e volto rapidinho, para quê estacionar na vaga certa ?”, “é só uma marteladinha, uma furadinha, bem rapidinho”. E de “inho” em “inho” o “inho” do vizinho vai sendo perturbado e as regras de convivência e coletividade vão tambem para o “inho” o ralozinho. Toda sociedade possui suas regras e, o condomínio como uma “sociedade em miniatura” também tem as suas e precisam ser obedecidas. O que são REGRAS mesmo ! Quando entramos em um ambiente estranho ao nosso, onde não existe apenas a vontade de um indivíduo, mas de uma coletividade, é preciso adequar-se ao meio e não o contrário. Evidente que ideias, posturas, normas e leis podem ser modificadas, mas nunca unilateralmente. Sempre em conjunto. Aliás, a própria significação do termo indivíduo é interessante: quer dizer não dividido. Portanto, ao nos colocarmos como indivíduos e exigir que nossa individualidade seja respeita não significa somente que tal solicitação recairá exclusivamente sobre aquela pessoa, unicamente, mas, por não ser dividido e fazer parte de um todo, o indivíduo, ao exercer e exigir quaisquer direitos deve ter em mente que o está fazendo, de igual modo para o todo, a coletividade. O que é coletividade mesmos !!!!!!!

 Leandro Souza Rj, Diretor Geral e de Ensino CFC.

 

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Autor: Leandro De Souza


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