Explicação da contemporaneidade à luz dos evangelhos



EXPLICAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE À LUZ DOS EVANGELHOS

Auricharme Cardoso de Moura 

Resumo: Viver neste mundo atual transformou-se em um perigo constante. A cada dia ouvimos relatos de acontecimentos globais que ceifaram a vida de várias pessoas. A natureza parece que se revolucionou contra o ser humano e este, por sua vez, movido pelo egoísmo e pela busca incessante de dinheiro entra em conflito diário com o seu próximo; sobrevivemos em um mundo que uma economia comandada por uma minoria oprime e condena a miséria a milhões de seres humanos. O que está realmente acontecendo no mundo moderno? O nosso estudo busca comprovar que todos estes fatos modernos já haviam sido descritos pelas profecias de Jesus séculos atrás. A explicação da contemporaneidade pelo viés teológico nos responde estas e outras questões e, ainda, nos proporciona esperança de um futuro melhor, pautado nos dogmas cristãos.

Palavras-Chaves: Jesus Cristo, Profecias e Atualidade.

EXPLICAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE À LUZ DOS EVANGELHOS

“Eu sou o alfa e o ômega, diz o senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o todo poderoso”.(Apocalipse 1,8)

           

Tempestades, tufões, terremotos, aquecimento global, todos estes fenômenos naturais estão presentes na sociedade atual e são manchetes na mídia diariamente. Sempre, em algum lugar do mundo pessoas morrem por causa da fúria da natureza. Isso sem dizer nos problemas sociais e humanos que assolam o mundo atual como, por exemplo, a fome, as doenças, as guerras, drogas, álcool, tabaco e brigas familiares. Dor, sofrimento, angústia e morte são palavras presentes na vida de milhões de cidadãos no mundo atual.

            O homem (homem em sentido antropológico, ou seja, homem e mulher) não consegue conviver harmoniosamente nem com o meio ambiente e nem com o seu semelhante. As ONGs ambientais afirmam que estas catástrofes naturais estão somente no início e que “o pior ainda estar por vir”. Os cientistas sociais afirmam que a sociedade atual e com ele as angústias e as mazelas sociais e ainda, a paz perpétua, sempre foi uma ilusão. O futuro preocupa a todas as pessoas independentemente de cor, sexo, classe social ou religião, simplesmente porque este tempo é onde pensamos em passar o restante da nossa vida.           Em uma sociedade onde a maioria da população afirma crer em Deus, mas que esta decisão afeta parte ínfima da população, criando assim um cristianismo secular, a explicação dos acontecimentos atuais pelo viés teológico pretende estimular a sensibilidade humana para os ensinamentos proféticos de Jesus Cristo.

            A vinda de Jesus Cristo na terra teve como principal objetivo a sua morte para a remissão dos pecados humanos. Mas o filho de Deus não resume a sua atividade terrestre somente nesta finalidade. Além de curas, ensinamentos e professor de um conhecimento que conduz a vida eterna, uma característica de Jesus pouco explorada pelos teólogos é a sua função de profeta da humanidade. O profeta só tem o seu prestígio reconhecido e legitimado a partir do momento em que se cumprem suas profecias. Nas próximas linhas mostraremos que as visões de Jesus divulgadas durante sua vida estão se cumprindo nos seus mínimos detalhes.

As palavras que se referem ao fim dos tempos não são tão proferidas por causa do medo do ser humano de encarar o inevitável, isto é, sua condição como ser espiritual e não apenas corporal-material. Jesus Cristo não falou as suas profecias em linguagem inacessível aos seres humanos, suas palavras são de uma linguagem tão simples e objetiva que até impressiona o leitor moderno. Depois de passados milênios Cristo foi perfeito nas suas descrições sobre os acontecimentos relacionados ao futuro da humanidade.

            A idéia de vida após a morte causa pouca influência e fascínio no homem contemporâneo que está ligado irresistivelmente e de forma quase automática aos espetáculos e prazeres da sociedade materialista moderna. Quem não crer não poderá compreender os ensinamentos de Cristo, somente uma mente aberta e livre para novos olhares poderá entender a ideologia cristã. Vamos analisar as principais profecias apocalípticas de Cristo.

Perguntado pelos seus discípulos acerca do futuro da humanidade Jesus lhes respondeu: “Ouvires falar de guerras e rumores de guerras, mas não vos perturbeis, porque é preciso que isto suceda, mas ainda não será o fim” (Mateus 24,6). Na contemporaneidade as nações lutam contra as nações e reinos contra reinos para provarem a sua soberania territorial, e, principalmente, pela busca por novos mercados e mercadorias. Nestas batalhas os maiores prejudicados são sempre a população civil que pagam com a vida pela irresponsabilidade, irracionalidade e egoísmo dos seus governantes que não retribuem de forma satisfatória os elevados impostos cobrados as pessoas presentes em determinada nação. Não importa a quantidade de pessoas mortas, para os governantes, importa as vantagens econômicas que os países vencedores usufruirão no final do conflito, como salienta Eduardo Galeano: “Não importa que as guerras sejam eficazes. O que importa é que sejam lucrativas...Desde 11 de setembro as ações da indústria bélica subiram verticalmente em Wall Street.A bolsa as ama.”[1]

            As duas guerras mundiais tiveram 65 milhões de pessoas mortas, além disso “as explosões nucleares mataram, contaminaram ou deformaram, direta ou indiretamente um bilhão e duzentos milhões de pessoas, ao longo de meio século.”[2].A segunda guerra mundial teve um custo total de um quatrilhão de dólares imagine se em vez de guerras este dinheiro fosse revertido em causas sociais.As guerras se transformaram em uma forma de investimento e não importa o valor gasto, o que importa é o retorno recebido, mesmo que para isso ocorram mortes em série de pessoas inocentes.Somente no século XX morreram 200 milhões de pessoas nas guerras e campos de concentração.O dinheiro não compra a vida das pessoas que foram mortas nas guerras e se comprasse acredito que os políticos e empresários não se interessariam em resgatar a vida daqueles indivíduos.

            No inicio deste milênio os conflitos mundiais continuam. O número de atentados terroristas aumentou vertiginosamente nas últimas décadas, principalmente, no oriente médio. Os Estados Unidos continuam sendo um membro permanente do conselho de segurança e paz da ONU, mas é o país que mais investe e vende produtos advindos da indústria bélica. Este país desde 2003 mantém conflitos com o Iraque, financia ou apóia vários conflitos armados no mundo que possam interferir na sua estabilidade política e econômica.

            As guerras são somente o inicio dos dramas que os seres humanos deverão sofrer nos últimos tempos, ou melhor, já estão sofrendo. Cristo disse ainda: “Haverá terremotos em diversos lugares (Marcos 13,8). O caso mais dramático nos últimos anos é o caso do Haiti, não somente porque o terremoto de 12 de janeiro de 2010 atingiu a magnitude de 7 na escala Richter mas, ainda, porque este país é considerado o mais pobre das Américas, sendo um país que historicamente sofre por causa da fome.História: este fato iniciou-se desde a sua independência no início do século XIX onde negros derrotaram as tropas brancas de Napoleão, a partir daí a Europa desenvolveu um ódio mortal por estes indivíduos em forma de racismo e dívidas que até hoje eles possuem junto ao Fundo Monetário Internacional(FMI).O referido terremoto no início de 2010 ceifou a vida de mais de 200 mil haitianos, feriu mais 300 mil e mais de um milhão de pessoas ficaram desabrigadas.Um país que já sofre com as mazelas sociais que são advindas de um capitalismo selvagem agora sofre também com a fúria da natureza.E poucas pessoas se importam com este fato.

            Disse Jesus: “Haverá fome” (Marcos 13,8). Esta profecia está se cumprindo de forma devastadora na atualidade. A fome mata entre 13 e 18 milhões de pessoas por ano no mundo; é triste saber que em todo momento morrem pessoas por causa da falta de alimentos. Alejandro Bullón[3] nos relata que “de acordo com os informativos da ONU, a cada segundo morre uma pessoa por causa da fome. O dramático é que 70% destas vítimas são crianças”. A fome aterroriza a vida de várias pessoas, onde os mais prejudicados são os indivíduos que residem nos países subdesenvolvidos. É desesperador saber que existem africanos que não possuem 200 calorias diárias como alimento, uma vez que esta quantidade calórica está presente em uma simples banana. 820 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no mundo, estes indivíduos só esperam a morte, uma vez que já nasceram condenadas a ela.

            Jesus salientou: “Eu vos disse estas coisas para que, quando chegar à hora, vos lembreis delas porque vos adverti” (João 16,4). As revelações de Cristo não se resumem apenas a estas calamidades, vai muito, além disso: “Os filhos se levantaram contra os pais e os matarão” (Marcos 13,13). Não é raro ver casos em que isto acontece, mas, a mídia não mostra todos somente os casos das famílias da classe média alta, é o caso, por exemplo, de Suzane Von Richthofen que matou seus pais para ficar com a sua herança. A morte dos pais não acontece somente com a morte instantânea do corpo, vários filhos matam seus pais diariamente e silenciosamente com a desobediência, o uso de drogas, cigarro, álcool, ou quaisquer outras formas que possam fragmentar os pilares de uma vida familiar feliz. Não é somente os filhos que matam os pais, vários destes irresponsáveis matam seus filhos mesmo antes do seu nascimento, me refiro à prática do aborto. Cerca de 50 milhões de abortos são realizados a cada ano em todo o mundo, calcula-se que mais de um bilhão de crianças tenham sido assassinadas através deste crime bárbaro, cruel e desumano. A maioria dos países não possui uma lei específica e rígida sobre este assunto (o Brasil, por exemplo). A cada ano morrem mais crianças através do abordo do que através de guerras.

            Não quereis fechar os olhos para a realidade, dizendo que tudo vai bem quando, na verdade, as profecias cristãs estão se cumprido com perfeita exatidão. Viver uma vida linear e não se preocupar com atos no presente que possam melhorar o futuro é manter ilusões e uma contínua permanência nas sobras da ignorância.

            As profecias de Jesus não acabaram. Ele refere-se ainda aos charlatões e aos manipuladores por essência que utilizam palavras teológicas para vangloriariam a si próprios e encher suas contas bancárias, ou seja, os falsos evangelizadores. Disse Jesus: “Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e praticarão grandes sinais e prodígio para enganarem, se possível, os próprios eleitos” (Mateus 24,24). Neste ponto a criação de igrejas na atualidade é espantosa e os seus pregadores possuem uma retórica capaz de convencer várias pessoas para depositarem o dízimo ou donativos para, segundo eles, construírem obras para Deus, alguns conseguem até mesmo fazer “supostos” milagres. As pequenas igrejas transformaram-se em grandes negócios. As referidas obras de Deus são desviadas para obras particulares, pessoas que não se sensibilizam com a dor do próximo e usam o nome de Deus para justificarem as ofertas dos fiéis. Observai a segunda parte da profecia de Jesus, quando ele diz que estes caluniadores com suas mágicas que supostamente solucionam os problemas humanos podem convencer até o coração mais reto a palavra de Deus. Muitas denominações religiosas que se dizem cristãs têm como principal objetivo extorquir o dinheiro dos leigos. Não estou dizendo que todas as igrejas possuem como objetivo principal uma busca pelo dinheiro alheio, é claro que muitas igrejas são locais onde as pessoas sentem-se satisfeitas, pois encontram ali um local de paz, harmonia e solidariedade, e são pautadas nos ensinamentos de Cristo.

            Jesus disse ainda a respeito dos acontecimentos climáticos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, sobre a terra angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas”. (Lucas 21,25). A natureza revolucionou-se contra o homem, e quando Jesus fala do bramido ou agitação dos mares, ele pode estar se referindo os tsunamis que passaram a acontecer em proporções gigantescas nas últimas décadas no litoral de alguns países. O caso mais recente e catastrófico aconteceu no dia 26 de dezembro de 2006 onde tsunamis ceifaram a vida de quase 200 mil pessoas em partes do continente asiático e africano. As tempestades estão presentes em todos os continentes mundiais, estas que já eram “normais” em algumas regiões em determinadas épocas do ano, agora não totalmente imprevisíveis, isso é decorrente do aquecimento global que faz com que estas tempestades apareçam com mais freqüência e com um poder de destruição maior.

            Os debates ambientais ganharam os meios de comunicação. Efeito estufa, aquecimento global, buraco na camada de ozônio, ilhas de calor, inversão térmica, e vários outros problemas ambientais causados pelo homem são motivo de preocupação. O aquecimento global que é provocado pela liberação excessiva do gás carbônico na atmosfera transformou-se em um dos principais problemas mundiais, as causas são de responsabilidade de alguns indivíduos, mas os seus efeitos afetam a todas as pessoas do planeta, ricas ou pobres, além disso, levam a extinção da fauna e da flora mundial. As mudanças climáticas já são visíveis: em algumas regiões o calor ficou insuportável e em contra partida lugares onde o índice pluviométrico era baixo, atualmente estão enfrentando enchentes. O gelo da Antártida já está derretendo em proporções alarmantes e se continuar assim o nível do mar irá subir até destruir grandes metrópoles mundiais, como Nova Iorque e Tóquio.

            Os ensinamentos de Jesus dizem respeito, ainda, a relação do homem com o homem e do homem para com Deus. No fim dos tempos, disse Jesus: “Muitos perderão a fé, uns trairão os outros e se odiarão”.(Mateus 24,10).No mundo atual em que a fé em Deus é praticada por uma parcela mínima da população é compreensível que o ódio entre seres humanos se acumule.Deus é paz, longe dele só existem guerras.Dizer que se acredita em Deus é um lado da moeda, mas viver cotidianamente esta fé professada é outra coisa completamente diferente. 98% da população brasileira dizem ser cristã, mas quantos destes indivíduos vivem intensamente e cotidianamente a sua crença. No contexto cristão atual as pessoas professam uma fé, mas não a vive, uma fé que a teologia chama de secular, pois não afeta diretamente a vida das pessoas. Ir a igreja, rezar em público, falar sobre Deus se transformou em algo rotineiro na sociedade e os dois primeiros pontos abordados tornaram-se uma conveniência social, uma vez que estas ações são expressões quase que é automática.A sociedade criou o estereótipo de que quem vai a igreja é honesto e digno e muitos pessoas vão a estas instituições para serem vistas positivamente pelo próximo, além disso, muitos indivíduos vão à igreja para preencher o vazio existente na vida monótona atual. Não encontraram verdadeira essência da fé, e dizem que acreditamem Deus. Afé sem obras é morta (Tg. 2,17).

            Quando Jesus disse que o ser humano trairia o seu próximo, ele se refere a casos em que pessoas observam outras morrerem (morte aqui entendida não somente corporal, mas também morte de sentimentos e perspectivas que acontecem diariamente) e não oferecem nenhum auxílio. O destino das pessoas não é traçado desde a existência, é construído a cada dia. Quando um indivíduo está necessitado de algum bem material ou de uma palavra amiga, é um momento de lhe prestar caridade. O amor é maior do que a justiça simplesmente porque na justiça as pessoas dão ao próximo o que lhes pertence por direito, mas no amor você doa ao próximo aquilo que é seu, esse ato se transforma em solidariedade e caridade, e não de justiça.

            O ser “humano” tornou-se raro nos dias atuais, simplesmente porque existem pessoas que vê o seu próximo como um concorrente que se é preciso eliminar do jogo para se sobressair de forma individual. O próximo, para muitos, é o seu pior inimigo.

            É interessante analisarmos a reação dos discípulos após todas estas profecias apocalípticas reveladas por Jesus a eles e a posteridade. Eles disseram ao mestre: “Estas palavras são duras, quem as pode aceitar?” (João 6,60). Exatamente isso as palavras de cristo são como chicotadas para o mundo de hoje que vive desligado com os ensinamentos de Cristo. Estas revelações são provas verídicas de que Jesus é o senhor. Suas palavras abalam o homem porque não revela coisas boas no fim dos tempos. Como podemos perceber, o que ele disse está relacionado a dores disse, ainda, que estes acontecimentos serão somente o inicio do sofrimento. Jesus advertiu que suas palavras podem separa pais e filhos, maridos e esposas, amigos, pois não serão todos que seguirão o que foi proposto pelo filho de Deus. Apesar de todos os ensinamentos estarem se cumprindo o nobre mundo segue sem tomar estas coisas a sério, sendo frio e ingrato, agindo como ignorantes, só desprezam as revelações divinas.

            A Bíblia não é um livro essencialmente científico, mas suas exposições feitas até agora nos permitem concluir quanto à ciência é inferior a teologia. Muito se tem escrito sobre a finalidade e utilidade do homem, mas sempre permanecemos em uma contínua aflição. A mente do ser humano contemporâneo se mantém tão fechada para os ensinamentos divinos e tão aberta para novas descobertas cientificas e para a vivência de uma vida linear e sem sentido, que atualmente eles são seres racionais praticando atitudes irracionais. Jesus também já havia alertado para tal ignorância humana perante os acontecimentos modernos, eis o que disse o mestre: ”De tarde dizeis: Vai fazer bom tempo, pois o céu está avermelhado. E pela manhã: Hoje vai trovejar, pois o céu está escuro. Sabeis distinguir a fisionomia do céu, mas não sabeis distinguir os sinais dos tempos”. (Mateus 16, 2-3).

            Observando estes acontecimentos uma mente, a principio crítica, mas que na verdade é a mais pura manifestação da ignorância humana, poderia se perguntar: Mas se Jesus que era um ser onisciente, sabendo que tudo isso aconteceria futuramente não poderia intervir a Deus para livrar seus irmãos do sofrimento? Ou ainda: Como é que Deus sendo tão justo e misericordioso permite o sofrimento humano?São perguntas que, inicialmente, podem parecer complicadas de serem respondidas, mas com reflexões acerca da psicologia humana e da sociologia atual se tornam mais fáceis.

            Primeiramente e em nível primordial para a resolução das dúvidas humanas, devemos lembrar aos indivíduos que Deus criou seres humanos dotados de um intelecto próprio e que sua existência está baseada no livre arbítrio, ou seja, Deus criou pessoas com pensamentos autônomos e não robôs. A teologia do livre arbítrio está explicito no Livro de Deuteronômio onde Deus fala para o povo judeu:

 

Cito hoje o céu e a terra contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe a vida para que vivas com tua descendência, amando ao senhor teu Deus, escutando sua voz e apegando-te a ele.Pois isto significa vida para ti e tua permanecia estável sobre a terra.(Deuteronômio, 30,19-20).

 

            Os seres humanos podem agir de acordo com as suas decisões e serão, a princípio, julgados pelos próprios seres humanos. As ações humanas são práticas inerentes ao uso e abuso do seu livre arbítrio, pergunto: em que sentido o homem direcionou a sua escolha pessoal e coletiva?Muitas vezes ele fez opções erradas.

            Desde a origem das desigualdades sociais entre os seres humanos, onde Rousseau[4] relata que isso ocorreu por ambição, onde inicialmente a propriedade era de todos, mas houve a aquisição da propriedade por uma única pessoa e os outros indivíduos ao invés de deterem quem estava adquirindo uma propriedade particular fizeram o mesmo, ou seja, também cercaram propriedades, deixando uma grande parcela sem nenhum bem, após isso o homem passou a direcionar a sua vida para o ganho e o acúmulo de capital gerando guerras, crimes, assassinatos e vários outros horrores.

            Quando passamos a entender que o ser humano procura sempre ganhar mais dinheiro, não importando com os meios e com quem vai sair prejudicado desta ambição sem precedentes, podemos entender a dor, a miséria e o sofrimento contemporâneo. A felicidade de uns poucos são motivos de desgraça de muitos. Não se é preciso entender muito de economia para descrevermos que a exploração de uma classe por outra gera a desigualdade social e que a partir do imperialismo as grandes potencias mundiais retiraram e retiram a riqueza material e natural da América Latina, parte da Ásia e principalmente do continente africano. A égide do sistema está pautada na seguinte questão: para se ter uma classe desenvolvida é preciso ter uma classe pobre e dependente economicamente dos ricos. Esta dependência só adquiriu novas roupagens através dos tempos, onde crises serviram para o seu autodesenvolvimento, até chegar no seu estágio atual. Jeremy Seabrook, citado por Bauman, foi muito feliz ao dizer que: “a pobreza não pode ser curada, pois não é um sintoma da doença do capitalismo. Bem ao contrário: é a evidência de sua saúde e robustez, de seu ímpeto para uma acumulação, e esforço sempre maiores”.[5]

            Na atualidade as conseqüências humanas do capitalismo são várias como a miséria, (820 milhões de pessoas no mundo), pobreza (2/3 da população mundial), desemprego (1 bilhão de pessoas), mortalidade infantil( 174 mil crianças morrem diariamente).Nesta luta pelo progresso e pelo desenvolvimento econômico o meio ambiente sofreu grandes impactos com as ações antrópicas(causadas pelo homem).Segundo Leonardo Boff: “Desde o começo da industrialização, no século XVIII, a população mundial cresceu 8 vezes, consumindo mais e mais recursos; somente a produção baseada na exploração da natureza cresceu mais de 100 vezes”.[6]

            A partir da análise resumida dos sentimentos humanos verificamos que em seu isolamento ou na convivência com a sociedade suas ações são egoístas e que o livre arbítrio não está sendo usado de forma racional. Quando o ser humano perde o senso de obediência a Deus, ele se torna um ser miserável sem capacidade para respeitar coisa alguma a não ser o seu orgulho ridículo e sua vaidade fútil.

            Satanás também tem o poder de persuadir, manipular e conduzir o ser humano ao pecado. A única paternidade que é dada por Deus na Bíblia ao diabo é justamente “o pai da mentira” (João 8,44). Satanás é, por essência, caluniador e enganador. Muitas pessoas são tentadas pelo diabo a aderir ao erro e a perdição, sendo que muitas vezes amam mais as criações do que ao próprio criador. A tentação, não é um pecado, e sim um processo que leva ao pecado, o próprio Jesus foi várias vezes tentado pelo diabo e permaneceu firme na fé. Satanás tem o poder de a cada dia usar de vários meios para tentar desviar os justos mas estas tentações serão superadas através de orações e da fé.

Uma das causas das tragédias humanas e “naturais” que vem ocorrendo na atualidade deve-se em parte a escolha do ser humano em aderir aos propósitos terrenos e não aos propósitos divinos. Satanás, o caluniador, também possui culpa nas tragédias atuais uma vez que é falso, e sua mentira se torna uma verdade absoluta para muitas pessoas. Tentados pelo prazer mundano e temporário indivíduos são levadas a praticar o pecado.

Os evangelhos sagrados são inspirados por Deus e proveitosos para ensinar, repreender ou endireitar as ações humanas. Os sinais estão se cumprindo; sendo da vontade de Deus que suas palavras, proclamadas através de seu filho se realizem com exatidão. Mas Jesus disse ainda que antes do fim é necessário que o seu evangelho seja pregado a todas as nações e povos, para depois se chegar o fim, (Mateus 24,14) para que todos venham a conhecer de forma explicita as palavras divinas e possam optar pela melhor escolha. Será que existem pessoas empenhadas em levar as boas novas a todos os povos e nações? Podem ter certeza que sim.

            Muitas pessoas estão estudando e adquirindo saberes, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade, não percebem que as desgraças e as catástrofes não podem ser vistas como castigos divinos, mas, sim, como apelo à conversão. Hoje, a humanidade precisa urgentemente conhecer a mensagem nas entrelinhas dos acontecimentos dos dias atuais. Os sinais da volta de Cristo descritos na Bíblia são uma descrição fiel dos acontecimentos nos nossos dias.

Não existem motivos para pânico ou terror. Deus está no controle da situação e Jesus está conosco até os últimos dias da nossa existência terrestre. O coração ingrato não entende tais palavras, mas o próprio Jesus, em seu amor de irmão para conosco, nos revela tais profecias para que possamos optar pelo caminho da fé e da verdade. Ele não guardou estas palavras onde nenhum ser humano possa encontrar, elas estão acessíveis a todos: Jesus disse: “Eu vos chamo de amigos porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi do pai” (João 15,15). O chamado de Deus para conversão é realmente o chamado do pai para com o filho: Primeiramente ele nos pede, com carinho e diálogo, para seguirmos seus propósitos, se não fizermos sua vontade o castigo acontece de modo gradual. Quantas vezes na história do cristianismo o povo eleito se revolucionou contra Deus e ele, mesmo assim, perdoou o seu pecado?

Deus é um pai de misericórdia e amor, sendo preciso perseverar para alcançar o que o pai oferece. Não existem atalhos, é preciso percorrer todo o caminho terrestre para se chegar à verdadeira recompensa, a salvação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

BAUMAN, Zygmunt.Globalização: as conseqüências humanas.Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed, 1999.

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do ser humana-compaixão pela terra.Petrópolis, RJ, 1999.

BULLÓN, Alejandro. Sinais de esperança: Uma leitura surpreendente dos acontecimentos atuais: Tatuí, SP: Casa publicadora brasileira, 2008.

GALEANO, Eduardo. O teatro do bem e do mal.2 ed.Porto Alegre:LPM,2007.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. A origem das desigualdades entre os homens.São Paulo: Escala:1989.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


[1] GALEANO, Eduardo. O teatro do bem e do mal.2 ed.Porto Alegre:LPM,2007,p.17.

[2] Idem.p.119.

[3] BULLÓN, Alejandro. Sinais de esperança: Uma leitura surpreendente dos acontecimentos atuais: Tatuí, SP: Casa publicadora brasileira, 2008. P.76.

[4] ROUSSEAU, Jean-Jacques. A origem das desigualdades entre os homens. São Paulo:Escala:1989.p.57.

[5] BAUMAN, Zygmunt.Globalização: as conseqüências humanas.Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed, 1999.p.87.

[6] BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do ser humana-compaixão pela terra.Petrópolis, RJ, 1999.P.133.


Autor: Auricharme Cardoso De Moura


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