Um dia de domingo



UM DIA DE DOMINGO

    No final do dia, resolvi pegar um ônibus. Acreditei que seria tranqüilo, já que todos estariam cansados de um dia inteiro debaixo do sol, submetendo-se aos raios ultravioletas, aliviados temporariamente da exploração do patrão.
Coletivo superlotado. Subo. Escuto:
    __ Vamos logo que eu quero chegar em casa – diz o motorista.
Bastou isso para que alguns passageiros exclamassem:
    __ vamos, vamos, vamos logo!
    Fiquei na minha. Pensei, eles estão cansados. Continuei. Aproximei-me da borboleta, tirei o meu cartão, coloquei-o na máquina e passei.
    Já do outro lado da borboleta, senti que aquele domingo, naquele ônibus, não seria fácil. Havia muita gente. Não conseguia compreender como tanta gente cabia naquele espaço. A lei de Newton certamente não funcionava ali. Eu nem se quer conseguia enxergar o fim do ônibus. Eram milhares de braços erguidos. Não sabia se seria possível me deslocar do lugar onde estava.
    De repente uma pessoa se levanta de uma cadeira para descer. Imagine você leitor, em um ônibus cheio, superlotado... Começa a luta, aquele mexe-mexe. Gente que empurra pra lá, gente que empurra pra cá, tudo isso para que a moça, corajosamente, encontre a traseira do ônibus. De fato, uma verdadeira guerra de Tróia. Ufa! Heroicamente, ela consegue.
    Agora falta pouco tempo para chegar ao meu destino. Por incrível que pareça, o motorista aumenta a velocidade. Meu Deus! Quase que o ônibus vira. Há uma gritaria:
    __ Você está carregando gente ou bicho? Que merda, ande mais devagar seu motorista!
    Ele sensibiliza-se; diminui a velocidade. O ônibus para no parque Jorge de Lima. Desço e vou em direção ao estádio de futebol, que fica próximo ao jardim Caetés. Entro, sento e assisto ao jogo para descansar.
  
    


Autor: Márcio Ferreira Calheiros


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