Shopping center: um local de exclusão/alienação dos sujeitos.



Shopping Center: Um Local de Exclusão/Alienação dos Sujeitos.

Greici Juliane Ribeiro Bessa.

 

               É  conhecimento de todos o crescimento que o comércio vem demostrando ao longo dos últImos anos, também é fato que isto acontece devido a elevação dos indices de consumo da sociedade. Em relação a isso o que se contata é que cada vez um número maior de pessoas vem se esforçando para conseguir alcançar o ritmo dos lançamentos comercias, satisfazendo assim suas necessidade (nem sempre básicas), e muitas vezes isso se dá em consequencia a um processo de alienação dos sujeitos.

              Além da elevação do consumo, não somente no Brasil, mas no mundo, um outro fator que tem crescido bastante diz respeito a pobreza e a exclusão que esta causa, fatos como estes estão diretamente ligados ao sistema capitalista e as consequencias de sua implantação.

               A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, causada pela implantação do capitalismo, dá-se início a um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, em busca da geração de lucro e acúmulo de capital através da mais – valia.

              O sistema capitalista é um sistema que separa capital e trabalho e suas relações são materializadas em forma de dominação dos detentores dos meios de produção, e a exploração daqueles que vendem sua força de trabalho para assim suprir suas necessidades. Uma relação baseada na infra-estrutura (garantindo o crescimento da economia da sociedade através do trabalho do proletariado) e superestrutura (pelas ideologias que garantem a dominação).

               Comumente definido como um sistema de organização de sociedade baseado na propriedade privada dos meios de produção, e na liberdade de contrato sobre estes bens, as pessoas, no intuito de satisfazer seus desejos e necessidades, tendem espontaneamente a dirigir seus esforços no sentido de acumular capital, o qual é então usado como moeda de troca a fim de adquirir os serviços e produtos desejados.

               Marx em “O Capital”, relata que a mercadoria após finalizada, não permanecia com seu real valor de venda, segundo ele, este valor era determinado pela quantidade de trabalho materializado na produção, porém o que acontece, é que esta determinada mercadoria, adquire um valor de venda irreal como se não fosse fruto do trabalho humano como se a mercadoria perdesse sua relação com o trabalho ganhando assim uma vida própria. A este processo Marx denomina de “fetichismo da Mercadoria”.

              Um dos locais mais propícios para a manifestação deste fetichismo sem a menor sombra de dúvidas se chama Shopping Center, e é neste local que cotidianamente as pessoas são excluídas por não se enquadrarem aos padrões dos freqüentadores do estabelecimento, muitas vezes sendo vitimas de preconceito, devido a raça, condição financeira, “roupas inadequadas” entre outros fatores que fazem do shopping um mundo exclusivo para muitos, porém não para todos. O Shopping Center vêm se configurando não apenas como um espaço destinado ao comércio de produtos, lazer e cultura, mas como um mundo no qual nem todos possuem “convite” para entrar.

             É visível que estabelecimentos como este vem se alastrando por todos os lugares e muitos o enxergam como um meio de desenvolvimento local, uma forma de crescimento de vagas de emprego e de satisfação para os que ali freqüentam, alimentando assim o que se pode denominar de cultura do consumo. Desta forma o consumo adquire um conceito ampliado e deixa de estar vinculado apenas à compra de bens materiais para a satisfação das necessidades, mas também inclui o consumo de imagens e de valores para uma grande parte da sociedade.

             A partir daí, os esforços desses estabelecimentos não se resume apenas em proporcionar ao cliente sanar suas necessidades materiais básicas, mas sim causando nestes, a satisfação pelo consumo, ainda que seja por algo supérfluo, dando a eles uma sensação de pertencimento aquele mundo, uma forma de identidade.

             “O consumo faz emergir novas identificações e, desta forma deve ser tratado como uma produção da sociedade, um modo de apropriação de códigos e estilos feitos pelo indivíduo. O Shopping Center neste processo social é o espaço que solidifica o sentido de eu, e, também, de construção de identidade. Esses estabelecimentos não são vistos apenas como locais para comprar mercadorias, mas um espaço civilizado, uma fonte de felicidade.” (PADILHA, 2006).

              Através de fatos como estes, o que se constata é que nem todos estão aptos para viverem neste mundo de prazer e satisfação, uma ilusão de mundo perfeito, onde quem ali se encontra, sente-se seguro e pode ao menos por um momento esquecer de seus problemas.

              Existe um padrão imposto aos sujeitos que desejam acessar este mundo e aquele que não se enquadrar a este padrão não fará parte dele. Para muitos estar inserido nos padrões de locais como este é um objetivo a ser alcançado, mesmo que para isso sua força de trabalho seja explorada, para desta forma, sustentar seu poder de compra, buscando assim satisfazer seus interesses, muitas vezes, apenas pela satisfação de consumir.

             “As compras passaram a ser prazerosas para os ricos, que foram deixando de mandar seus empregados ou aguardar a presença dos mercadores em suas residências. O consumo de mercadorias começa, então, a significar um mergulho em fantasias e status social, na medida em que os objetos passaram a ser adquiridos não pelo seu valor-de-uso, mas pelo significado social de sua posse.” (PADILHA, 2006, p. 55).

              É no desenvolvimento do modo de produção capitalista e de sua particular e específica forma de produção material que Marx desenvolve o conceito da alienação. A alienação desenvolve-se no momento em que os indivíduos não conseguem discernir e reconhecer o conteúdo e o efeito da sua intervenção nas formas sociais.

              Este é um processo que se apresenta de maneira extremamente contraditória, afinal, muitos trabalhadores almejam o que dificilmente poderão ter acesso.Um exemplo disso são os funcionários das fabricas de carros de luxo ou os operários de construções de auto padrão, a realidade para essas pessoas costuma ser bem diferente do meio em que trabalham, ou seja suas mãos tocam aquilo que  seus salários muitas vezes não lhes permitem  conquistar.

 

 

Referências Bibliográficas

 

 IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche: Capital Financeiro Trabal. Cortez, 2007.

 MARX, K. Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico. Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

 MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

 PADILHA, Valquíria.Tempo Livre e Capitalismo um Par Imperfeito. Alínea, 2000

 PADILHA, Valquíria. Shopping center: a catedral das mercadorias. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Autor: Greici Juliane Ribeiro Bessa


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