Fichamento: Ferreiro, Emilia e Teberosky, Ana. Psicogênese da língua escrita. Ed. Artes médicas. Porto Alegre. 1985, 284p.



As autoras discutem neste livro os processos que envolvem a aprendizagem da leitura e da escrita. O livro traz uma apreciação dos métodos de alcance da leitura e escrita por parte das crianças em função do que elas já conhecem, levando-se em conta o contato anterior com sua língua materna. Pressionadas por uma problemática de fundo, as autoras trazem dados da Unesco sobre alfabetização no mundo, dentre os quais destaca o fato de dois terços do total de alunos repetentes estarem nos primeiros anos de escolaridade, dentre outros dados. Antes mesmo de entrar na sua real discussão, o texto traz um enfoque sobre polêmicas referentes ao fracasso escolar de alguns alunos, examinando o fato disto acontecer principalmente com indivíduos de classe econômica desprivilegiada, desmistificando questões até então tratadas como vilãs causadoras da subinstrução que permeia a América Latina.

            Métodos usados por alfabetizadores que trabalham de maneira diferente são questionados ; são apresentados os métodos sintético e analítico: o primeiro consiste no processo que sai das partes para o todo das palavras e no qual as mesmas são inicialmente tratadas de forma mecânica; e o segundo trabalha com a visão geral e depois com as partes. o texto passa a explorar o argumento de que o prévio conhecimento da língua materna é essencial na discussão de como se aprende ler. As autoras dão ênfase a Piaget quando faz uma distinção entre competência e desempenho, características tais até então homogeneizadas pela ignorância que despreza o “saber lingüístico da criança”.

            Numa segunda parte do texto é apresentada uma pesquisa in loco, onde as crianças foram confrontadas com imagens e supostas combinações de símbolos gráficos, nem sempre lógicas, para que as mesmas, ainda não alfabetizadas, identificassem se aquilo seria ou não passível de ser lido. A experiência comprovou que não dominar a leitura não é obstáculo para caracterizar um texto que possa ser lido. A visualização dos desenhos que acompanhavam, foi classificada das mais diversas formas, desde sua utilização na aprovação da palavra até sua própria incorporação como elemento de leitura.

            As autoras estão muito bem apoiadas na proposta que se submeteram a fazer, tratando de um tema explorado cegamente pelos demais autores da área. A análise que sugere respeitar o prévio do aluno ultrapassa os limites da sala de aula, pois sabemos que são muitos os fatores, tanto sociais quanto políticos e econômicos, que vislumbram explicar as constantes derrotas obtidas pelos alunos no processo de “tentativa de aquisição da leitura e escrita”, ao menos essa escrita carregada de convenções propostas pelo social.

Através do estudo foi possível compreender que para Emilia Ferreiro as dificuldades e fracassos nas séries iniciais na aprendizagem da leitura e  escrita constituem um problema que nenhum método conseguiu solucionar. Em suas obras, porem, ela não apresenta nenhum método pedagógico que deveria ser  seguido pelos professores para alfabetizarem seus alunos, mas revela os processos de aprendizagem das crianças.

 


Autor: Geisa Lopes Bezerra


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