Metodologias Do Ensino Superior



Toda prática pedagógica, seja ela no nível universitário ou de ensino básico, deve estar ligada e envolvida diretamente com os objetivos que se pretende alcançar.

Nilma dos Anjos Lopes Viella afirma, segundo Giroux, apud McLaren 1997, que é necessário permitir que os estudantes façam conexões entre métodos, conteúdo e estrutura de um curso e seu significado dentro da ampla realidade social e que as finalidades sociais devem ser sempre traduzidas em conteúdos, metodologia, objetivos e avaliação.

Assim podemos pensar que o ponto de partida para a prática pedagógica deve ser a realidade social que o aluno se encontra. A partir daí deve-se preocupar-se com os objetivos a serem desenvolvidos e alcançados para se fazer a seleção de conteúdos. Em seguida como fazer com que os alunos absorvam estes conteúdos de forma significativa e fazer uma análise do seu aprendizado. Nesta pedagogia os objetivos definem os conteúdos, muito diferente do universo da maioria dos centros educacionais de ensino.

Uma vez traçados os objetivos e selecionados os conteúdos, os docentes procurarão métodos que possibilitem a efetivação concreta destes. Cada etapa destas é tão importante quanto à outra, daí a necessidade de se ater uma a uma cuidadosamente. Neste trabalho nos deteremos a fazer uma análise dos métodos utilizados e a serem praticados no nível superior.

As atividades propostas possibilitarão com maior facilidade ou dificuldade a absorção e valorização dos conteúdos, e assim do aprendizado. Então é necessário ao desenvolver métodos pedagógicos, ter em mente quais objetivos se pretende desenvolver e alcançar.

José B. Duarte num estudo sobre a obra de Lesne, Trabalho pedagógico e formação de adultos (1988), relata uma análise dos modelos pedagógicos realizados nas universidades portuguesas.

Segundo o autor, existem três modos de trabalho pedagógico (MTP) que diferem um do outro quanto à execução e objetivos.

No MTP1 o trabalho pedagógico está pautado na transmissão e orientação normativa, concebendo o aluno como objeto de formação com o objetivo de reproduzir as relações econômicas e sociais que já existem. O professor utiliza para obter seus objetivos, métodos expositivos, demonstrativos, interrogativos e ativos. Aqui não existe uma concepção reflexiva do real e colaboração na transformação deste, apenas o entendimento e a reprodução do que já existe. O aluno não reflete e nem cria algo novo.

O MTP2 percebe o aluno como sujeito de sua formação e que esta se dá no meio social de maneira coletiva. O professor é visto como uma ferramenta dentre tantas outras que ajuda nesta formação. Este método caracteriza-se pela iniciativa e orientação pessoal desenvolvida nos alunos visando uma adaptação as exigências do funcionamento da sociedade. O aluno aprende no meio e reflete este aprendizado no próprio meio em que aprendeu e se encontra.

Apropriação do saber centrado na inserção social, tendo o indivíduo como agente da sua formação agindo socialmente produzindo novos meios de relações econômicas e sociais, são as características do MTP3. Neste modo de trabalho pedagógico o aluno aprende junto com o professor por intermédio do mundo. Não há uma hierarquia de conhecimento por parte do professor nem do aluno. Cada um é tão importante quanto o outro. Destaca-se neste método a percepção do real e a capacidade de agir sobre ele.

Entendendo a educação como necessária a transformação da realidade, concordamos com os métodos e objetivos deste último modo de trabalho pedagógico, uma vez que é necessário entendermos o meio em que vivemos – teoria – para podermos criar e atuar nele e sobre ele – prática, como diz Lesne, 1988: "articulação real ta teoria e da prática com vista a aumentar simultaneamente a capacidade de apropriação do real e a capacidade de agir sobre o real."

Inteiramente ligado ao sentido deste modo de trabalho pedagógico está a visão de Alain Touraine ao dizer que a sociedade não é só reprodução e adaptação, é também produção de si própria.

Ainda considerando este modelo como o mais significativo dos apresentados aqui, concordamos com Arends 1997, ao afirmar que se torna pertinente associar a produção de saberes a transformação social, o que ele designa de modelo crítico. Neste modelo proposto por Arends é fundamental o professor ajudar os alunos a aprenderem a formular questões, a procurar respostas e soluções para a sua curiosidade e a construir idéias e teorias sobre o mundo.

O professor deve propor aos alunos objetivos e explicar procedimentos de pesquisa, descrever situações problemáticas, estimular os alunos a obterem informações sobre o real e dar explicações para estas além de os fazerem pensar sobre este seu processo de pensamento e de pesquisa.

Este modelo crítico pedagógico embora esteja interligado com o MTP3, diferencia-se por ter como objetivo geral desenvolver a capacidade de autonomia intelectual dos cidadãos em face da multiplicidade de informação ou da capacidade de os alunos construírem as suas próprias idéias acerca do mundo.

Entendemos que nenhum dos modos de trabalho pedagógico apresentados é irrelevante, o que diferencia são os objetivos a serem alcançados e que a partir destes desenvolvemos aquele que nos ajude a alcançá-los. Cada um deles tem suas falhas e seus méritos, cabendo ao professor universitário conhecê-los e aplicá-los de acordo com a intenção proposta e necessitada pelos alunos, pelo saber e pela sociedade.

JOSÉ ROGÉCIO DE SOUSA ALMEIDA

Graduado em Letras Português pela UECE e estudante de Pedagogia na UECE


Autor: JOSE ROGÉCIO DE SOUSA ALMEIDA


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