O CASAMENTO NA POLICIA ERA A SOLUÇÃO



Antigamente existia o casamento na policia. Na verdade a legislação brasileira nunca previu esta modalidade de matrimonio. O que acontecia que era crime seduzir mulher honesta. Outro dia fui fazer uma pesquisa nos livros antigos do fórum de Barra de São Francisco, e o crime mais registrado depois do homicídio foi o defloramento. Desta forma, quando a moça tinha os seus quinze anos e se acasalava com um rapaz maior de dezoito, este certamente seria acusado de sedução. A solução era provar que a moça já não era mais virgem ou casar, já que o casamento do ofensor com a vítima era causa de extinção da punibilidade. Feito o exame de conjunção carnal, se o legista constasse que havia lesões recentes no interior da genitália da moça, o cara estava ferrado. O pai da moça comparecia na casa do rapaz com a policia, para conversar com ele e com o seu genitor. Às vezes o próprio pai do rapaz já sentenciava: se você deflorou a moça vai ter que casar. A policia já ficava de prontidão para ouvir a resposta. Se não, vamos pro delegado autuar o inquietador de família alheia por crime de defloramento – sedução -. Certa feita o meu avô Miguel foi presidir um casório e perguntou aos nubentes a pergunta chave: é de sua livre e espontânea vontade casar com o fulano (a)? Sim foi a resposta de ambos. Terminada as assinaturas, o varão virou para todos que se faziam presentes e debochou: vocês me fizeram casar com ela. Agora eu quero ver me obrigarem a viver com ela. Saiu tranquilamente pela porta, deixando a noiva em prantos. A vingança vem a cavalo, demora, mas chega. O meu avô tinha derrubado muita mata na região de Ecoporanga, onde fez varias amizades. Um dia ele estava no cartório do Antônio Silva, em Mantenópolis, quando aparece um fazendeiro de Ecoporanga. – Olá Senhor Miguel! É um prazer encontrar o senhor por aqui. – O mesmo digo eu. O que o senhor esta fazendo por estas bandas? – A minha menina vai casar e ela foi registrada neste cartório. Vim tirar a segunda via da certidão de nascimento dela. – É mesmo? Que bom. Quem é o rapaz? – É o fulano de tal, filho de ciclano de tal. O senhor conhece? – Meu amigo! Conhecer eu conheço, mas a noticia que eu tenho para lhe dar não é das melhores. – O que foi senhor Miguel? O rapaz é doente? É ladrão? É criminoso? Tá corrido da policia? – Não. Esse rapaz já é casado. – O que? – Ele casou neste cartório aqui mesmo. Só que depois de assinar os papeis ele deixou a moça sentada ai nesse banco chorando e foi embora dizendo que ninguém o faria viver. Ele tinha tirado a honra da moça. O meu avô pegou o livro de registros de casamento e abriu na pagina certa, provando que o sujeito era casado. – Senhor Miguel, foi Deus que ajudou pra eu encontrar o senhor aqui. Eu ia entregar a minha menina para um cara largado da mulher e que já vem cortejando a moça a um tempão: três meses. O fazendeiro deixou que meu avô visse o três oitão que portava na cintura. Não vou precisar mais da certidão. Deixa-me ir embora para fazer um acerto com aquele safado. Quando o meu avô Miguel me contou esta história ele acreditava que o camarada ainda estava correndo e o fazendeiro atrás.


Autor: Creumir Guerra


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