Pequenas formiguinhas e o Luís XV...



Pequenas formiguinhas e o Luís XV...

 

 

Vito A. Fazzani.

 

 

Estranho o caminhar daquelas formiguinhas que corriam dentro do armário, apressadamente, entre um salto de sapato e o outro, elas iam à direção de um pequeno orifício no canto direito ao fundo. Elas conversavam entre si, e admiradas elogiavam a beleza daqueles inúmeros pares de sapatos femininos de muitas cores e modelos. A formiguinha menor de vez em quando subia em um dos saltos para ver de perto a altura deles... E admirada do alto do sapato gritava para a sua coleguinha, vem aqui ver como o mundo é mais bonito aqui de cima. E assim elas deixavam aquele ambiente pitoresco.

É um armário, com inúmeras prateleiras acomodando centenas de sapatos femininos, sandálias e outros itens de vestimenta, todos de uma importante soprano da ópera na cidade de São Paulo. Saltos altos, e saltos médios, lindos formatos e cores maravilhosas.

Lá pelas altas horas da noite, lá vem as duas novamente, desta vez saindo de seu esconderijo e caminhando entre os calçados que descansam na noite calma e fresca. Em uma daquelas escapadas da formiguinha menor ao subir sobre um salto dos grandes, ouviu uma voz a dizer-lhe:

“Não suba mais em mim pequena criatura, sou de alta nobreza, e não fica bem para eu ter você sobre mim. Meu nome é Luís XV... Sou francês e gosto de vocês brasileiras, mas tudo tem limite. Somente a soprano tem esse direito”.

A formiguinha maior que ouviu a reclamação tratou logo de desculpar-se pelo incômodo e pediu a sua colega que descesse rápido, o que ela fez imediatamente. Mas a curiosidade é tanta de ouvir e ver um daqueles calçados falar, que quis saber como ele fala, se não é vivo?!?

Luís XV disse que todas as criaturas têm vida, mas infelizmente poucos percebem ou tem a sensibilidade de sentir e ouvi-las. E que ele já tinha uns sete anos de vida, quase oito. Conhecia muitos colegas calçados femininos e masculinos, assim como meias, pulseiras, bolsas e cintos que trocam muitas idéias, riem e elogiam seus proprietários nas conversas dentro das gavetas e armários onde descansam. Nessas conversas avaliam o comportamento e os sentimentos de seus “donos”, de como eles estavam emocionalmente e como cada um poderia ajudar, elevando a auto-estima ou mesmo tornando mais agradáveis e belos os momentos deles.

 Aliás, sobre a sua “dona”, Luís XV, teceu longos elogios sobre como ela o cuida e o mantém bonito e bem conservado. E mesmo no caminhar ela o usa com tamanha delicadeza que parece que ele está sustentando um pequeno anjo. Luís XV também canta, disse que aprendeu cantar árias de operetas com sua proprietária e até já se apresentou, com ela, em um teatro renomado de São Paulo.

As formiguinhas atentas gostaram da ilustração falada de seu novo amigo, e gostaram mais ainda de saber que todos tem uma vida, diferente é claro, mas que tem sentimentos e que gostam de sentir o carinho de todos, e principalmente de sempre serem respeitados no que eles são e no que fazem.

Era hora delas, as formiguinhas, seguirem o seu caminho, pois tinham um pequeno trabalho a fazer. Despediram-se de Luís XV e foram à procura de alguns itens necessários em sua comunidade. O sapato riu e falou por último:

“Obrigado pequenas amigas do reino animal, aqui fico eu, um nobre do reino dos calçados...”.

 

 

2012-01-09 – São José dos Campos / SP-BRASIL


Autor: Vito Antonio Fazzani


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