Comentário sobre o texto: A CVRD e a (re) estruturação do espaço geográfico na área de Carajás (Pará)



Universidade Estadual do sudoeste da Bahia - UESB

Por: José Carlos de Oliveira Ribeiro, 2005

Comentário sobre o texto: A CVRD e a (Re) Estruturação do Espaço Geográfico na Área de Carajás (Pará)

A questão discutida no texto é sobre o processo de desestruturação/reestruturação do espaço geográfico e social, no qual traz grandes problemas nas estruturas sociais e vários conflitos sociais, territoriais/espaciais.

 Sendo a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) um sistema integrado (mina, ferrovia e porto), deu origem ao Programa Grande Carajás (um grande depósito com 18 bilhões de toneladas de ferro de alta qualidade) tida como estratégia de desenvolvimento para a Amazônia Oriental. Esta de tratando de uma região rica em minerais e com uma pequena população pobre, fazendo com que a mão-de-obra seja mais barata, possibilitando ainda maior exploração da região.

 Embora as explorações dos minerais sejam uma fonte de riqueza, o mesmo poderá se esgotar a medida que as empresas exploradoras vão retirando esses minerais utilizando-se de máquinas cada vez mais modernas, fazendo a retirada dos materiais de forma mais rápida. Devem-se levar em consideração que os minerais são fontes não renováveis, portanto, uma vez retirados e utilizados não haverá substitutos nas áreas de extração, deixando as consequências para a população nativa.

 As ilhas de sintropia e entropia nas economias extrativas caracterizam a ocupação e posterior produção de periferias deprimidas e grande miséria a exemplo disso tem a Serra Pelada (hoje se vê o caos. Depois de sugar todo o seu material foi abandonada), as cidades de Parauapebas, Curionópoles, Eldorado de Carajás, onde se pode observar grande descaso social, uma população miserável que assiste apenas as riquezas sendo levadas para fora de sua região. Nesse contexto percebe-se o contraste entre uma região rica e parte da população pobre (sem escola, saúde e empregos).

 O ferro de Carajás é exportado praticamente in natura ou inacabado, isso faz com que o produto seja vendido por um preço baixo, onde outras economias faturam muito, pois para. se conseguir mais lucro é preciso industrializá-lo, dessa forma, agregaria mais valor ao produto.

 Na região de Carajás a mobilidade espacial da classe trabalhadora é bastante visível, porém, muitas pessoas não conseguem o tão esperado emprego, fazendo crescer as taxas de desemprego e do subemprego. A população migra para as regiões mineradoras atraídas pela riqueza então existente, porém as empresas não conseguem absorver toda a mão-de-obra ofertada.

 A partir de 1980 a GETAT sob jurisdição do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), todos os municípios contaram ou contam com a possibilidade de recebimento dos royalties da CVRD e os recursos fiscais do Fundo de Participação dos Municípios para se viabilizarem. Com essas vantagens para aumentar a renda dos municípios, há uma competição entre velhos e recente^p^la_atraçãQ.do maior número de pessoas e de atividades e/ou funções (capazes de gerar empregos e ampliar receitas locais). A exemplo disso os municípios de Parauapebas e Marabá. Isso acontece por que com a emancipação de cidades, os municípios velhos perdem áreas mineradoras da CVRD, diminuindo o território e a renda.

 A CVRD construiu uma cidade com capacidade para 6.400 pessoas na Serra Norte para dar apoio as operações em Carajás. As pessoas vivem nessa cidade como se fosse uma extensão do local de trabalho, pois não podem sair da cidade e tudo gira em torno dela. Mesmo dentro dessa cidade é possível observar as diferenças, onde os engenheiros e/ou funcionários com maior qualificação moram em casas sofisticadas e os outros funcionários em casas bem simples.

 A CVRD vem sendo pressionada a ampliar sua participação no desenvolvimento local/regional, já que esta se apropria dos seus recursos para obtenção de lucros. Sem dúvida a CVRD deve devolver algo relevante àquela população, caso contrário os problemas aumentarão, pois no futuro não haverá abundância dos minerais e quem sai penalizada é a população local/regional, devido as empresas mineradoras não terem feito à sua parte para contribuir com o desenvolvimento para a região e sim, ao contrário (mudando drasticamente a história e a geografia da região).

Bibliografia

COELHO, Maria Célia Nunes. A CVRD e a (Re)Estruturação do Espaço Geográfico na Área de Carajás (Pará) In: CASTRO, Iná Elias, etal (org.). Brasil: Questões atuais da reorganização do territorial. Bertrand Brasil, 2002.


Autor: José Carlos De Oliveira Ribeiro


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