Desenvolvimento motor e alfabetização



DESENVOLVIMENTO MOTOR E ALFABETIZAÇÃO

As escolas ainda hoje hipervaloriza a razão baseado no pensamento cartesiano é o modelo clássico da racionalidade, não vendo assim o corpo em sua plenitude como parte do processo educacional.

A esse respeito Mendes e Nóbrega (2004) afirmam que:

O corpo humano, ao ser comparado com uma máquina hidráulica, recebe uma educação que o considera apenas em seu aspecto mecânico, sem vontade própria, sem desejos e sem o reconhecimento da intencionalidade do movimento humano, o qual é explicado através da mera reação a estímulos externos, sem qualquer relação com a subjetividade. O pensamento de Descartes, fundado no exercício do controle e no domínio da natureza, influencia a educação através da racionalização das práticas corporais. (2004, p. 125)

No século XVII E XIX a idéia da desvinculação entre corpo e a mente, faz surgir assim um novo paradigma na educação, a ciência da motricidade humana, levando alguns pensadores a discutirem a importância do desenvolvimento motor na educação.

 Dessa maneira a motricidade do ser humano é a qualidade de pensar e agir de acordo com seus desejos desenvolvendo assim a inteligência o que nos diferencia dos outros animais. Assim os outros animais têm apenas a motricidade:

                                                         Do ato ao pensamento e do gesto a palavra, o ser humano dotado de novos processos psíquicos de informação entre o corpo e o cérebro adquiriu a postura bípede, libertou as mãos para fabricar ferramentas, emancipou a boca e a face para comunicar sentimentos e pensamentos com os seus semelhantes e finalmente, inventou o símbolo para fazer historia, transmitir cultura e produzir arte e ciência. (FONSECA, 2010, p. 8)

 

Para Fonseca (2010), é por meio da motricidade que podemos interagimos com o objeto e a partir desse momento, criar ferramentas para o nosso uso.

Assim também podemos demonstra nossas emoções e estados de espírito, pois se da comunicação verbais e não verbais, com nossos semelhantes.

                                                                                                         

Alguns teóricos estudaram a importância da motricidade para educação, autores como Piaget (1948) Wallon (1995), Wallon com estudo sobre a psicogênese da pessoa completa descobriu que o desenvolvimento da criança é resultado da maturação das condições ambientais. Das idéias desenvolvidas por ele destaca-se a de que o desenvolvimento motor depende de elemento como o movimento:

O movimento (sobretudo em sua dimensão técnico- postural) mantém uma relação estreita com a atividade intelectual. O papel do movimento como instrumento para a expressão do pensamento é mais evidente na criança pequena. Cujo funcionamento mental é projetivo (o ato mental projeta-se em atos motores), mas é presente também nas crianças mais velhas e mesmo no adulto (GALVÃO, 1995, p.110).

 

Walon definiu a importância do ato motor no estagio Sensório-motor e projetivo: vai até os três anos. Para Galvão (1995, p, 44) “A aquisição da marcha e da preensão dão à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços”. Nesse momento ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem.

 

Segundo Fonseca, Wallon ao longo da sua obra demonstrou a ação entre funções mentais e funções motoras (“habilidade manual”) tentando argumentar que a vida mental não é resultado do determinismo e mecanicistas.

Portanto, as ações motoras regulam o aparecimento e o desenvolvimento das funções mentais, ou seja, a criança utilizar gestos para completar seu pensamento, e usa a expressão através do corpo, aquilo que não consegue com palavras.

Piaget e seus estudos tenta explicar como se desenvolve a inteligência dos seres humanos, sua teoria era de que o conhecimento é construído por cada sujeito na interação com seu ambiente, defendendo então que as pessoas passariam por estágios de desenvolvimento.

 

Piaget (1948), O mesmo destaca o estagio sensório motor como importante na construção da imagem mental. Sensório Motor é marcado pelo desenvolvimento das sensações e percepções e pelo desenvolvimento de conceitos fundamentais tais como: eu, objeto, espaço, tempo, causalidade (causa e efeito), alem do desenvolvimento da motricidade. Na fase sensório motor é a porta de entrada para criança amadurece suas estruturas cognitivas e é pelo mesmo estagio que a mesma aprende o mundo que faz parte.

 

 

 

O desenvolvimento motor é o processo de mudança no comportamento motor, o qual está relacionado com a idade, tanto na postura quanto no movimento da criança assim bom desenvolvimento motor refletir na vida futura da criança assim também com no processo de alfabetização. (Goldberg, 2002. p 13-34)

 

 

Na alfabetização o estagio sensório motor tem função importante nessa fase Piaget (1948), A criança passa a interagir com o meio desenvolvendo assim ritmos e produzindo seus traços gráficos, fazendo surgir o desenho. O desenho passa por mudança, pois no inicio dizem respeito a rabiscos dando espaço para as garatujas e conduzindo para a construção cada vez ordenada.

 

Ferreiro e Teberosky(1986) Luira(1988) ressaltam que, muitos antes da alfabetização a criança executa cognitivamente a escrita. Muito antes de ser alfabetizada a criança já cria suas hipóteses sobre a escrita. Segundo Ferreira (1999) O nível Pré-silábico I, em que a criança acredita que escrever é reproduzir ou imitar os traços da escrita do adulto. Nesta etapa o rabisco é o primeiro passo para o desenvolvimento, conduzindo a criança tanto ao desenho quanto á palavra da escrita.

Seus rabiscos provêm de uma intensa atividade do imaginário. O corpo inteiro está presente na ação, concentrado na pontinha do lápis. Esta funciona como ponte de comunicação entre o corpo e o papel. (DERDYK, 1989, p. 63).

 Piaget (1948) classifica as fases do desenho como: Garatujas Fazem parte da fase sensória motora (0 a 2 anos) e parte da fase pré-operatória (2 a 7 anos). Nesse período as garatujas podem ser dividias em duas partes desordenadas e ordenadas.

Oliveira (2007, p44) a desenho e grafismo infantil desempenha habilidade preparatória muito importante para escrita e leitura. Auxiliam a desenvolver a habilidade de pegar o lápis de forma correta, facilitando uma maior harmonia dos movimentos.

 

Dessa maneira, rabiscar, desenhar e escrever não atos mecânicos, ao acaso refletir assim significados simbólicos capazes de contribuir na alfabetização da criança. Nessa fase da garatuja a criança passa por várias fases do desenvolvimento explorando o seu corpo e espaço assim também desenvolve a coordenação motora e a musculatura fina das mãos e coordenação ocular manual e outros.

 

 


Autor: Leandra Gonçalves Barreto


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