O romantismo na obra Dom Quixote de La Mancha.



         O país ofereceu, desde muito cedo, uma literatura com características da estética romântica, uma vez que o teatro de Shakespeare, o cânone, a leitura cotidiana na bíblia e o romantismo inglês são autênticas fontes do romantismo.

          Já o romantismo, apesar de estar relacionado aos sentimentos, marcou uma importante mudança de postura em relação à arte, dando a proximidade maior entre a vida e a obra, e entre a obra e a realidade, destruindo às regras e as formas preestabelecidas, abandonado a elite e chegando ao povo.

         O sentimento do nacionalismo encontra ecos profundos na alma romântica, a guerras, revoluções, invasões estrangeiras, acordavam no espírito do povo o sentimento do patriotismo, fazendo com que os escritores recuassem no tempo, ou mais precisamente buscassem na Idade Média, onde se encontravam as origens da raça, o berço da nacionalidade, como foi o caso da obra Dom Quixote de La Mancha de Miguel de Cervantes, que mostrou à sociedade espanhola da época, a ilusões e os sonhos de adquirir a solução para as dificuldades, “precisava armar-se cavaleiro e partir ao encontro da glória como os heróis que lhe incendiavam o pensamento”.

          No que se trata da literatura, todos concordam que tanto os leitores quanto os críticos tem uma visão diferenciada em relação a opiniões, como por exemplo, Dom Quixote, os românticos vêem como herói, que demonstra ao leitor a busca da solução em relação as dívidas através da obsessiva leitura da época, movido por uma intensa fé que ele poderia transformar o mundo e torná-lo melhor, a luta do fraco contra o forte, na qual Cervantes afirma que: “Razão demais é loucura, loucura maior é ver a vida como ela é, e não como deveria ser” , mas,  a quem diga que a obra é um “agitador de consciência”, que expulsa a realidade de sua mente, proclamando a potência e a futilidade da narrativa em sua relação com os fatos reais, mas de uma coisa devemos admitir que os sertanejos tinham algo do espírito de Dom Quixote, pois o próprio Euclides da Cunha afirmou: “Os sertanejos invertiam toda a psicologia da guerra enrijavam-nos os reveses, robustecia-os a fome, empedernia-os a derrota”.

          Nenhum movimento literário-artístico foi tão rebelde e revolucionário como o romântico, em que a regra maior é a inspiração individual, cujos ideais eram a liberdade, a igualdade e a fraternidade, voltada aos assuntos de seu tempo, político, social e paixão, luta e revolução, no caso de Cervantes a busca da realidade através do subjetivismo, da intuição, da inspiração e da espontaneidade vividas por ele na hora da criação.

           A arte para o romantismo é a expressão direta da emoção e não a imitação, “O palco é nosso universo e nele podemos tanto alterar como criar novas e múltiplas realidades”, diz Carlos Moreno, e Dom Quixote, transformou-se no herói, um herói de comportamento irretorquível, um “louco”, assim chamado pela grande maioria, mas, ele defendeu os fracos com seu universo da literatura fazendo com que moinhos de ventos fossem tomados como gigantes perversos, o rebanho de ovelhas considerado um imenso exército inimigos e a bacia do barbeiro que foi vista como o “fabuloso elmo de Mambrino”, são passagens que já se incorporaram ao inconsciente da humanidade, uma espécie de fuga, já que no romântico não aceita a realidade, volta ao passado, sua infância ao histórico.

        Motivos pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo, as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveria ser. Assim a mulher é vista como virgem, frágil bela, submissa e inatingível, o amor quase sempre é espiritual. Dom Quixote idealizou uma camponesa chamada Aldonça, precisava retribuir suas vitórias a uma dama e a ela deu o nome de Dulcinéria.

        Certos sentimentos, como o pessimismo, a saudade, a tristeza, a nostalgia e a desilusão, são constantes na obra romântica, assim como na de Dom Quixote, não percebe o desgaste de seu corpo e, infelizmente, como ele próprio afirma, só retorna à realidade, quando já está nos momentos finais de usa vida. Morre arrependido, mas em paz por tê-la feito a tempo.

 Bjs. Claudia ([email protected])

 

 


Autor: Claudia Regina Da Silva


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