Influência da canoagem em alterações posturais e lesões ortopédicas.



INFLUÊNCIA DA CANOAGEM EM ALTERAÇÕES POSTURAIS E LESÕES ORTOPÉDICAS.

 

THE CANOEING INFLUENCE IN POSTURES CHANGES AND ORTHOPEDIC INJURIES.

 

 

WELITON MARTINS DE CAMARGO

 

 

ORIENTADOR PROF. Dr. ANTONIO COPPI NAVARRO

 

 

1 – Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Fisiologia do Exercício: Prescrição do Exercício.

2 – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício.

 

 

E-mail: [email protected]

Avenida Tenente Cel. Manoel Pereira dos Santos, 719.

Cidade Jardim – Pindamonhangaba – São Paulo.

12.424-010.

 

 

São José dos Campos-SP, Turma 01272.

Entrega no dia 21/08/2011

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resumo

 

 

A canoagem de velocidade é uma modalidade olímpica essencialmente de competição, é praticada em águas calmas com nove raias demarcadas em distâncias de 1000, 500 e 200 metros. As classes de embarcação são divididas em caiaque e canoa, ambas subdivididas em caiaque para uma (k1), duas (k2) e quarto pessoas (k4) e canoa para uma (c1), duas (c2) e quatro pessoas (c4). Na canoa o atleta se posiciona ajoelhado e faz o movimento de remada unilateral sem alternância dos lados. Este estudo procurou avaliar a postura em nove atletas de elite da modalidade canoa, participantes do campeonato brasileiro de canoagem velocidade em 2010 na categoria sênior masculino com média de idade de 23,4 anos (3,6 de desvio padrão) e com 8,2 anos de tempo médio de prática esportiva (2,6 de desvio padrão). E através de um questionário pessoal foi constatado uma relevante prevalência de dores corporais em decorrência da remada unilateral. Foi observado também uma grande assimetria muscular e em virtude destes problemas, foi proposto exercícios de flexibilidade e musculação com base em literatura e estudos científicos como forma de prevenção á desvios posturais e assimetrias musculares.

Palavras-chave: canoagem velocidade, canoa, avaliação postural, assimetria muscular.

 

 

Abstract

 

The flatwater canoeing is one olimpic sport essentially competitive, is practiced in calm waters with nine lanes demarcated in distances of 1000, 500 and 200 meters. The kind of boats are divided into kayak and canoe, both subdivided into kayak for onde (k1), two (k2) and four people (k4) and canoe for one (c1), two (c2) and four people (c4). In the canoe the athlete stands on his knees and does the paddling motion unilateral without side alternation. This study sought to evaluete the body posture in nine of the elite athletes of the sport canoe, participants in the brazilian championship canoeing flatwater 2010 in the senior category with mean aged of 23,4 years (3,6 standard deviation) and 8,2 years of mean time to practice sports (2,6 atandard deviation). And throught a personal questinnaire was found a significant prevalence of physical pain as a result of unilateral stroke. Oserv was also a great muscle asymmetry and because of these problems was proposed flexibility and weight training exercises based on literature and scientific studies as a means of prevention of postural deviations and muscle imbalances.

Key-Worlds: canoeing, canoe, postural assessment, muscle assymmetry.

 

 

Introdução

 

 

A canoagem de velocidade teve sua primeira participação em jogos olímpicos em Berlim, 1936. Desde então veio se tornando uma modalidade esportiva altamente competitiva. As provas são disputadas em lagos ou rios com águas calmas em um espaço delimitado em nove raias com comprimento de 1000, 500 e 200 metros, sendo 1000 e 200 metros distâncias olímpicas. As embarcações são divididas em caiaque e canoa, disputadas individualmente, em duplas e quartetos. No caiaque o atleta se posiciona sentado e rema bilateralmente com um remo de duas pás. Já na canoa o atleta rema ajoelhado com um dos joelhos apoiado sobre a embarcação e a outra perna à frente, utilizando apenas uma pá com movimentos unicamente de um lado. A biomecânica de movimento da remada na canoa exige um trabalho muscular diferenciado entre os lados direito e esquerdo do corpo do atleta, levando em conta altas cargas de volume e intensidade na rotina de treinamento dos canoístas de alta performance, este estudo, através de uma analise postural e um questionário pessoal, identificou alterações na postura estática e uma relevante incidência de dores que de alguma forma atrapalham o desempenho dos atletas na canoa.

 

 

Materiais e métodos

 

 

Após ser aprovado pela Confederação Brasileira de Canoagem e pela comissão

técnica da Seleção Brasileira de Canoagem, durante o Campeonato Brasileiro de Canoagem de Velocidade de 2010, na Cidade Universitária, em São Paulo, no dia 26 de novembro foram avaliados nove atletas de elite da categoria canoa sênior masculino, com no mínimo 5 anos de prática esportiva e com idade entre 20 e 30 anos. Foi utilizado um protocolo de avaliação postural adaptado da literatura, analisando os atletas em três fotografias de cada atleta nas vistas anterior, posterior e lateral, em pé, de forma estática, trajando apenas bermuda, todas da mesma distância e local, conforme podem ser observadas nas figuras 1, 2 e 3. Foi utilizada uma maquina fotografica digital Sony Cyber-Shot modelo DSC-W350 14,1 megapixels, posicionada a uma distância fixa de 3 metros do individuo avaliado e em uma altura de 1,50 metro do solo. Foi estabelecida uma distância de 30 centímetros da parede, mantida através de uma marca no solo. Solicitou-se aos atletas que se posicionassem em uma posição natural e confortável e que fechassem os olhos. Ao fim as imagens foram analisadas baseando-se em um “fio de prumo” como ponto de referência. Na vista anterior e posterior o fio de prumo foi traçado na posição vertical dividindo o corpo em secções direita e esquerda onde o ponto ficou a meio caminho entre os calcanhares representando o ponto básico do plano médio sagital do corpo em alinhamento ideal.  Já na vista lateral a linha de referência vertical dividiu o corpo em secções anterior e posterior em igual peso situando o ponto de referência fixo levemente anterior ao maléolo lateral e

Figura 3 – Vista posterior.

 

 

representa o ponto básico do plano médio coronal do corpo em alinhamento ideal. Paralelo ás fotografias foram feitas perguntas referentes á tempo de prática no esporte e antecedentes de lesão e dor, conforme ilustradas no quadro 2.

Todos os atletas foram informados e consentiram para o estudo.

 

 

Resultados

 

 

Após analise das avaliações posturais e dos questionários pessoais dos atletas, os resultados foram transcritos para tabelas para melhor visualização dos mesmos. Os resultados foram quantificados através de média de valores a partir dos dados obtidos das alterações posturais e respostas do questionário de cada atleta.

A tabela 2 mostra a média de resultados do questionário pessoal. Entre os nove atletas avaliados, oito (89%) sentem dor em alguma região do corpo, enquanto um (11%) respondeu não sentir dor. Entre os oito atletas quem responderam sim, quatro (44%) é na região lombar, três (33%) na região do joelho, dois (22%) na cervical e um (11%) no ombro.

Na sexta questão, foi constatado que dois atletas (22%) já tiveram lesão no ombro, dois (22%) no joelho e um (11%) nas costas.

Oito atletas (89%) disseram que a dor que sentem originada da prática esportiva os atrapalha de alguma forma em seu dia-dia.

Por fim, os atletas foram questionados se fazem algum tipo de treinamento objetivando compensar o esforço muscular em desequilíbrio em decorrência a remada unilateral, todos os atletas (100%) responderam não.

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos gráficos 1, 2, 3, 4 e 5 visualiza-se a média dos resultados dos questionários pessoais.

O gráfico 6 representa os resultados das avaliações posturais dos atletas.

 

 

 

 

 

A primeira coluna do gráfico 6 representa a média de canoístas que apresentaram cifose torácica, sendo 7 de 9 atletas, num total de 89%.

A segunda coluna representa um número de 3 atletas (33%) com cifose cervical.

A terceira coluna ilustra 4 atletas (44%) com lordose acentuada.

Na quarta coluna, pode-se observar que 7 atletas (77%) apresentaram escoliose.

A quinta e última coluna apresenta 6 canoístas (66%) com depressão de ombro esquerdo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Discussão

 

 

Segundo (Magee, 2002), “a postura correta é a posição na qual um mínimo de estresse é aplicado em cada articulação”. Já (Palmer e Apler, 2000) dizem quer “a postura correta consiste no alinhamento do corpo com eficiências fisiológica e biomecânicas máximas, o que minimiza os estresses e as sobrecargas sofridas ao sistema de apoio pelos efeitos da gravidade”. Partindo destes princípios e de que “as lesões podem levar o atleta a perder parte ou todo treinamento e competição ou limitar sua habilidade atlética” (Gantus e Assumpção, 2002), (Silva, 2008), podemos afirmar que as dores decorrentes de lesões influenciam negativamente no desempenho dos atletas, considerando isto e os dados obtidos neste estudo, entendemos que é de suma importância uma maior atenção quanto á incidência de dores e lesões entre os atletas que praticam a modalidade canoa.

As altas cargas de volume e intensidade nos treinamentos, considerando sobrecargas musculares descompensatórias derivadas da remana unilateral, resultam em assimetria muscular. (Tribastone, 2001) diz que qualquer desequilíbrio gerado de força e tensão na coluna vertebral ocasiona o que denominam-se desvios posturais. Segundo Kendall, isso determina a aproximação da origem inserção desses músculos fazendo com que a postura adotada não esteja de acordo com a postura estática ideal de menor sobrecarga aos músculos e tecidos conjuntivos.

Evidenciados neste estudo, os problemas posturais, dores e lesões têm prejudicado o cotidiano esportivo dos atletas, conseqüentemente o rendimento, nos levando a crer que é de suma importância estudos complementares que orientem na prescrição de exercícios á serem inclusos aos programas de treinamentos dos atletas da canoagem de modo a minimizar estes problemas. Segundo (Moraes e Bankoff, 2001), a coluna vertebral sustenta o corpo na posição vertical sendo necessário estabilidade, força e tensão. Condizendo a esta afirmação, (Weineck, 1999) afirma que a força e a flexibilidade são importantes para a saúde neuromuscular e auxiliam no combate as lesões. (Alter, 1999) relata que um programa de treinamento de flexibilidade pode resultar em benefícios que podem ser qualitativos ou quantitativos, como diminuição da tensão, relaxamento muscular, melhoria da aptidão corporal, melhoria da postura e simetria.

Todos estes fatos nos permite dizer que se faz necessário adicionar um trabalho de flexibilidade e força muscular ao programa de treinamento dos atletas.

É importante que haja atenção na execução dos movimentos dos treinamentos complementares de força, de forma a fazer com que os atletas façam os movimentos com equilíbrio, anulando a hipótese de compensação muscular do lado mais forte. Exercícios unilaterais contribuem para diminuição de possíveis descompensações.

A carência de estudos na canoagem, principalmente sobre o tema aqui abordado, nos impede de relacionar o tempo de prática na canoagem com grau de problema postural, bem como dores e lesões.

 

 

Conclusão

 

 

Este estudo evidenciou problemas posturais e lesões em atletas da canoagem, decorrentes da descompensação muscular da remada unilateral. Em função destes problemas que vêm prejudicando o desempenho dos atletas em treinamentos e competições, foi proposto, com base na literatura científica, que se inclua trabalhos de flexibilidade e força muscular ao programa de treinamento dos atletas remadores de canoa.

 

 

Referências Bibliograficas

 

 

 

Alter, M. J. Ciência da flexibilidade. Porto Alegre, RS. Editora Artmed, 2ª Ed., 1999;

 

Bienfait M. Os desequilíbrios estáticos: fisiologia, patologia e tratamento fisioterápico. 3 ed. São Paulo: Summus, 1995, pág. 24-25;

 

Bousquet L. As cadeias musculares. Belo Horizonte: Bousquet 2001. pág. 156-186.

 

Guerino CS. Cunha ACV, Soares ALL, Santos AP. Avaliação postural estática e dinâmica: um estudo comptarativo. Fisioterapia mov 2001, pág 15-20;

 

Kendall FP, Mc Creary EK Músculos provas e funções. 3 ed. São Paulo: Manole; 1987.

 

 

Moraes, Antonio C.; Bankoff, Antonia D. P. Resposta eletromiografica do músculo iliocostal lombar durante os movimentos de flexão e extensão

do tronco na posição sentada. Atividade física e saúde, 6(2), pág. 47-53, 2001;

 

Santos A. Diagnóstico clínico postural: Um guia prático. São Paulo: Summus; 2003.

 

Salvini TF. Plasticidade e adaptação postural dos músculos esqueléticos. In: Marques AP. Cadeias Musculares: um programa para ensinar avaliação fisioterapeutica global. São Paulo: Manole; 2000. pág. 3-14;

 

Tribastone, Francesco. Tratado de exercícios corretivos aplicados à reeducação motora postural. São Paulo, SP, Manole, 2001;

 

Weineck, J. Treinamento ideal. 9.ed. São Paulo, SP. Manole. 1999.

                   


Autor: Weliton Martins De Camargo


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