Descoberta a causa dos desabamentos no Rio de Janeiro



 Todas as tragédias no Brasil têm uma mesma origem. Elas resultam das mesmas fontes: corrupção, impunidade, indiferença, desrespeito, desmobilização, ignorância, prepotência, arrogância, desinteresse, descompromisso, individualismo, ambição, dentre outras tantas coirmãs.

Não é preciso comissão nenhuma para que se encontre a causa do desabamento dos prédios na fatídica noite de verão do Rio de Janeiro, tanto quanto o soterramento no morro do Bumba (lixão), em Niterói, ano passado, as mortes resultantes das enchentes em Belo Horizonte, Nova Friburgo e Teresópolis, dentre outras absurdamente cruéis, ceifando vidas irrecuperáveis e tão valiosas que dinheiro nenhum do mundo pode pagar. Muito menos as enchentes que assolam Campo Grande decorrentes do alagamento na área assoreada do Sóter e a única morte de um dos seus filhos, tragado por um sorvedouro que a mídia resolveu apresentar como bueiro.

 Nosso país não tem registro de cataclismos naturais; somos abençoados. Nossas tragédias nos chegam pela negligência, pela lassidão e afrouxamento moral com que enfrentamos o dia-a-dia e contaminamos nossos costumes. Chega de movimentos, de passeada, de bandeiras, de mobilização e de escárnios pelas redes da internet.  O século é o XXI, o ano é 2012, a hora é agora. Hora de acordar e compartilhar nossa presença no mundo.

Todo problema social advém da cultura de um povo e se constrói no âmbito da individualidade. Somos nós que decidimos, em nosso campo de ação, agir ou não; confrontar ou não um problema; dar, ou não, a devida atenção a uma infração, uma impunidade, um malfeito bem no nosso nariz. Somos nós quem não quer ouvir, ver e dimensionar a extensão de um problema testemunhado. O individualismo tomou conta de nós e nos transformou em meros consumidores. É isso, não passamos de consumidores de um mercado ávido da nossa atenção, ávido de nossa omissão e falta de cidadania, ávido de nós próprios.

Nosso país tem recursos inesgotáveis; nosso país tem leis suficientes, tem uma Constituição considerada com uma das mais avançadas; temos representações civis ainda respeitáveis. O que nos falta é o sentido de dever e do agir cidadão. O agir cidadão é o agir consciente, responsável, custe o que custar, doa a quem doer. Se eu tenho que negociar, por exemplo, para que esse texto seja publicado, já estaria deixando de cumprir o meu dever. Se para ganharmos um negócio temos que prevaricar, deixamos de ser um cidadão do bem e passamos, sem intervalo, ou mediação, para o outro lado; o lado dos espertos, dos corruptos, dos impunes e prevaricadores. Não, sinto muito, não tem meio termo; ou se está com Mamon -  e com ele, optando pela ganância e do lado do Mal -, ou se está ao lado do Bem e do Belo, e, portanto, com as coisas de  Deus. Lá, bem pra onde todos estamos rumando, é o lugar da verdade, lá não há como negociar falta de atitude, indiferença, desrespeito, omissão. Lá, pra onde estamos caminhando a cada segundo, só tem duas filas, dos que sobem e dos que descem. Lá, nosso confronto será conosco mesmos e seremos nossos próprios juízes.

Ah, como é difícil viver assim, alguém murmurará. É difícil, é crucial, é doloroso; quantos “amigos” se perdem, quanta incompreensão se colhe, e, até, solidão. Mas, agora, mais do que nunca, é absolutamente necessário. Se cada um de nós – pelo menos aqueles que receberam mais da vida – cumprirmos, nada mais do que, com o nosso dever, nossa responsabilidade, nossa dívida com a sociedade, o mundo será bem melhor. Sem precisar fazer nem participar de reuniõezinhas para discutir problemas, comissõezinhas para avaliar calamidades e responsabilidades, passeatas inúteis, replicação de gracinhas pela internet. Chega. Se cada um for responsável pelo pedaço de mundo em que circula e é responsável na formação da sua cultura e o rastro dos seus costumes, não transigir e tiver absoluta noção da importância da sua presença no mundo, coisas indesculpáveis como os desabamentos e tantas outras calamidades, rarefar-se-ão. Leis e normas serão cumpridas.

Somos nós, os espertinhos, os do jeitinho brasileiro, os responsáveis pelos desabamentos. Ainda estamos ilesos, impunes, mas, nossas mãos e corpos estão empoeirados, encharcados...

 

MARIA ANGELA MIRAULT

http://mamirault.blogspot.com

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Autor: Maria Angela Mirault


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