Infecção hospitalar em Unidade de terapia intensiva: atuação de enfermagem em sua prevenção e prognóstico



Resumo

Infecção hospitalar é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. O objetivo do tópico exposto implica em descrever à luz da literatura pertinente ao tema, a atuação da enfermagem na prevenção e controle de infecção hospitalar em Unidade de terapia intensiva. O método utilizado para o desenvolvimento da temática em discussão é decorrente de um apanhado de caráter bibliográfico realizado no acervo da biblioteca da Faculdade Santa Emilia de Rodat-FASER, como também em revistas referentes ao conteúdo abordado e informações adquiridas em sites de credibilidade, durante o período de Agosto de 2011 a Janeiro de 2012, posteriormente os dados coletados foram analisados e interpretados à luz da literatura concernente ao tema. A referida literatura aborda que as infecções hospitalares são as mais freqüentes e importantes complicações ocorridas em pacientes hospitalizados. Pacientes internados em unidades de terapia intensiva são de alto risco, devido ao seu estado de deficiência imunológica, como resultado dos procedimentos terapêuticos e diagnósticos invasivos, e são particularmente mais susceptíveis as infecções hospitalares.  As medidas de prevenção e as medidas alternativas ao se efetuar procedimentos invasivos, são imprescindíveis, sendo assim, o enfermeiro poderá estar prevenindo ocorrência das infecções hospitalares. Conclui-se que a infecção hospitalar é um evento de suscetibilidade eminente onde pode ser evitado através de medidas preventivas na prática de enfermagem, proporcionando assim uma exclusão de um prognóstico obscuro para quem adquire uma infecção em Unidades de terapia intensiva.

Palavras chave: Infecção hospitalar em terapia Intensiva, Atuação de enfermagem.

 Abstract

Nosocomial infection is any infection acquired after admission the patient and manifested during hospitalization or after discharge, when it can be related to hospitalization or hospital procedures. The purpose of the topic described above results in the light of the literature concerning the matter, the role of nursing in the prevention and control of nosocomial infection in intensive care unit. The method used for the development of the subject under discussion is the result of a bibliographical character caught in the library collection of the College of Santa Emilia-faser Rodat, as well as in magazines addressed to the content and information acquired in sites of credibility during the period August 2011 to January 2012, then the data collected were analyzed and interpreted in the light of the literature related to the theme. The literature that addresses that hospital infections are the most frequent and important complications occurring in hospitalized patients. Patients in intensive care units are at high risk due to their state of immune deficiency as a result of invasive diagnostic and therapeutic procedures, and are particularly susceptible to nosocomial infections. Preventive measures and alternative measures to perform invasive procedures that are essential, so the nurse may be preventing the occurrence of nosocomial infections. We conclude that nosocomial infection is an event where eminent susceptibility can be avoided through preventive measures in nursing practice, thus providing an exclusion of a dark prognosis for those who acquire an infection in intensive care units.

Keywords: Infection in Intensive Care Practice Nursing.                                        

Introdução

Os avanços tecnológicos relacionados aos procedimentos invasivos, diagnósticos e terapêuticos, e o aparecimento de microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos usados rotineiramente na prática hospitalar tornaram as infecções hospitalares um problema de saúde pública. 12

Um fator de risco para infecção hospitalar é simplesmente um indicador de risco, ou um fator associado à infecção hospitalar. Tal indicador de risco não precisa necessariamente ser a causa da infecção ou preceder a infecção. De acordo com a Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, ao enfermeiro incumbe enquanto integrante da equipe de saúde a prevenção e o controle sistemático da infecção nosocomial e de doenças transmissíveis em geral. 2

As infecções hospitalares são as mais freqüentes e importantes complicações ocorridas em pacientes hospitalizados. No Brasil, estima-se que 5% a 15% dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva contraem alguma infecção hospitalar. Onde uma infecção hospitalar cresce em média 5 a10 dias ao período de internação. Além disso, os gastos relacionados a procedimentos diagnósticos e terapêuticos da infecção hospitalar fazem com que os custos sejam elevados. 3

 

Objetivo

O objetivo do tópico exposto implica em descrever à luz da literatura pertinente ao tema, a atuação da enfermagem na prevenção e controle de infecção hospitalar em Unidade de terapia intensiva.

 

Procedimentos Metodológicos

 

O método utilizado para o desenvolvimento da temática em discussão é decorrente de um apanhado de caráter bibliográfico realizado no acervo da biblioteca da Faculdade Santa Emilia de Rodat - FASER, como também em revistas referentes ao conteúdo abordado e informações adquiridas em sites de credibilidade, durante o período de Agosto de 2011 a Janeiro de 2012, posteriormente os dados coletados foram analisados e interpretados à luz da literatura concernente ao tema.

Discussão

O enfermeiro é o profissional mais requisitado e mais capacitado para atuar no controle da infecção hospitalar visando: Processo de Adequação do Ambiente-A adequação das vestimentas, do leito, dos consultórios, das enfermarias e outros elementos próximos, Processo de Adequação do Meio. O equilíbrio do ambiente de trabalho, de lazer e outros. As medidas de saneamento básico e de organização e administração do sistema de trânsito constituem procedimentos de Adequação do Ambiente. Adequação do Ambiente - A ação do enfermeiro no controle de infecção hospitalar, como partícipe ou não de Comissão Específica. Processo de Adequação do Ambiente - A Educação em Saúde às pessoas (sadias ou doentes), família ou comunidade; o treinamento em serviço (pessoal serviçal e de enfermagem) e a educação continuada das ações protetoras do meio ambiente hospitalar fazem parte da função do enfermeiro. 12

 Infecção hospitalar (IH) é aquela adquirida pelo paciente após sua admissão hospitalar, mesmo que se manifeste após a alta, desde que relacionada com hospitalização. Se o período de incubação for desconhecido e não houver evidência clínica ou laboratorial de infecção no momento da admissão, será considerada como infecção hospitalar, a manifestação clinica correspondente que ocorra após 72 horas de internação. No entanto, se o processo infeccioso estiver relacionado com os procedimentos diagnóstico e/ou terapêuticos praticados e se manifestar antes desse período, também será considerado como infecção hospitalar. 4

As infecções hospitalares são classificadas em 5: 5

- Infecção preveníveis, descrita como aquelas passíveis de serem controladas, ou seja, que podem ser interferidas na cadeia de transmissão dos microorganismos por medidas simples como lavagem das mãos, bem como a utilização de equipamentos de proteção individual.

- Infecção não-preveníveis, são aquelas que dependem basicamente do hospedeiro e sua imunidade e não tanto dos fatores externos, geralmente quando os pacientes encontram-se imunodeprimidos;

- Infecção cruzadas, é a infecção transmitida de paciente para paciente geralmente por intermédio de profissionais de saúde, por meios de dispositivos de contato entre os mesmos ou muitas vezes pela falta de lavagem das mãos entre profissionais, bem como os visitantes do hospital, na qual também é considerada infecção hospitalar.

As infecções hospitalares em unidade de terapia intensiva são geradas pela quebra de barreira através dos procedimentos de risco. Sendo provocadas pelos seguintes agentes representados abaixo.  6

Staphylococcus spp;

 Enterococcus spp;

Enterobacteriaceae.

Os pacientes internados em unidades de terapia intensiva são de alto risco, devido ao seu estado de deficiência imunológica, como resultado dos procedimentos terapêuticos e diagnósticos invasivos, e são particularmente mais susceptíveis as infecções hospitalares. As barreiras normais da pele e mucosas contra infecções podem estar comprometidas pela presença de tubos endotraqueais e cateteres vasculares, tecidos desvitalizado por úlceras de decúbito ou o tecido foi removido por debridamento (retirada de tecido necrosado, ou seja, morto) cirúrgico e queimaduras, como também e sítios normalmente estéreis podem ser invadidos por cateteres intravasculares, cateteres urinários e drenos. 4

Os fatores de risco para Infecção hospitalar envolvem: 7

- Tempo de permanência na UTI superior a 48 horas;

- Ventilação mecânica invasiva;

- Diagnóstico de trauma;

- Cateterização vesical, de veia central, de artéria pulmonar;

- Presença de profilaxia de úlcera de stress.

As maiores taxas de infecção hospitalar são observadas em pacientes nos extremos da idade e nos serviços de oncologia, cirurgia e terapia intensiva. Na última década os  microorganismos gram-positivos, em especial o Staphylococcus aureus, emergiram como importantes agentes causadores de infecção da corrente sangüínea. Estas infecções acometem pacientes em todas as faixas etárias, com maior freqüência nos extremos de idade e apresentam pior prognóstico em pacientes com idade acima de 50 anos. 12

 A equipe de enfermagem é o grupo mais numeroso e que maior tempo fica em contato com o doente internado em hospitais. A natureza do seu trabalho, que inclui a prestação de cuidados físicos e a execução de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, a torna um elemento fundamental nas ações de prevenção, detecção e controle da infecção hospitalar. Embora a formação dos enfermeiros inclua conteúdos que circundam essa problemática, o mesmo não se dá com os demais profissionais de enfermagem, como técnicos e o auxiliar de enfermagem que, sob a supervisão do enfermeiro, exercem suas atividades, ficando a cargo deste, a vigilância sobre as infecções hospitalares.  No universo de preocupações do enfermeiro que coordena a assistência de enfermagem estão presentes várias inquietações relativas aos processos de trabalho: ensinar, pesquisar, administrar e assistir em enfermagem. A complexidade e interlocução desses processos desafiam a capacidade do enfermeiro em diagnosticar e propor intervenções de enfermagem eficazes. Sua percepção é altamente exigida, bem como sua habilidade em priorizar problemas e implementar ações. 11

Existe preocupação, por parte da equipe de enfermagem, com o risco de infecção a que estão sujeitos os pacientes internados em UTI.  O maior problema observado é com as mãos e uso de luvas, seguido pela realização de procedimentos invasivos ferindo princípios de prevenção de infecção. A lavagem das mãos não é realizada na freqüência e técnica recomendada. Muitas vezes as luvas são usadas apenas para autoproteção, funcionando como vetor de disseminação de microrganismos. Observamos também uso abusivo de luvas. 8

Na literatura, o papel do enfermeiro é preconizado em quatro áreas: administrativa, assistencial, ensino e pesquisa. No papel administrativo, o enfermeiro realiza o planejamento, a organização, a direção e o controle das atividades desenvolvidas nesta unidade. No papel assistencial, elabora um plano de cuidados, utilizando metodologia científica para prestar assistência individualizada e o papel de ensino é relevante porque estimula o enfermeiro a buscar conhecimento para propiciar o aperfeiçoamento da equipe de enfermagem. Como pesquisador, seja individualmente ou em equipe, poderá demonstrar a diferença que existe entre uma assistência que deriva da utilização de conhecimento científico comparada ao cuidado prestado, orientado para o cumprimento de tarefas, normas e rotinas. 12

Para a prevenção e controle da infecção hospitalar recomendar-se que as mãos sejam lavadas com sabão líquido e água com e sabão. A utilização sabão com antimicrobianos (clorexidina, iodo entre outros) para lavagem rotineira das mãos reduz transitoriamente a microbiota da pele e é recomendado em unidades de terapia intensiva, unidades de imunodeprimidos e surtos. Como também o uso do álcool gel está indicado em locais e procedimentos em que ocorra dificuldade para lavagem das mãos. As mãos devem ser lavadas com técnicas adequadas que envolvem a aplicação de água antes do sabão. O sabão líquido deve ser aplicado com as mãos úmidas e ocupar toda a superfície das mãos. Estas devem ser friccionadas vigorosamente, no mínimo por 10 a 15 segundos, com particular atenção para região entre os dedos e as unhas. 9, 10     

Considerações finais

As infecções hospitalares constituem a complicação mais freqüente em unidade de terapia intensiva e por este motivo é uma grande preocupação para a equipe de saúde. Durante o período de internação de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), são utilizados vários recursos de terapêutica e procedimentos que podem ocasionar quebra dos mecanismos de defesa do organismo favorecendo infecções.

 Diante da atuação da equipe de enfermagem na execução de procedimentos invasivos, é necessário que a ge­rência de enfermagem da UTI implante medidas para minimizar a incidência e os riscos destas infecções, pre­venindo-as pelo aprimoramento técnico-científico de sua equipe, buscando um equilíbrio entre a segurança do paciente e o custo-efetividade.

No contexto da multidisciplinaridade existente no ambiente da UTI, é necessário que o (a) enfermeiro (a) desenvolva um papel crucial na prevenção e combate à infecção hospitalar, pelo treinamento de sua equipe, educação continuada e melhor interação e comunica­ção com a equipe médica e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) de seu serviço.

Os (as) enfermeiros (as) devem tomar algumas atitudes de prevenção e de tratamento adequados, quanto aos riscos e benefícios do procedimento realizados nas unidades de terapia intensiva, direcionando assim a individualização dos cui­dados de enfermagem. Pode-se destacar, ainda, que as medidas de prevenção e as medidas alternativas ao se efetuar procedimentos invasivos, são imprescindíveis, sendo assim, o enfermeiro poderá estar prevenindo ocorrência das infecções hospitalares. Essas estratégias propiciarão à equipe de enfermagem traba­lhar com maior conhecimento, tornando a assistência individualizada e plenamente eficaz.

Referências

  1. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 5. Ed. Rio de Janeiro: Graal, 2005.
  2. FREEMAN, J; GOWAN, J.E. Risk factors nosocomial infections. Califórnia: Baltimore, 2005. Disponível em . Acesso em: 25 de janeiro de 2012.
  3. PITTET, D.Nasocomial bloodstream infection. Disponível em . Acesso em: 25 janeiro de 2012.
  4. DIAS, M.A. Infecção em unidade de terapia intensiva: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: MEDSI, 2007.
  5. MOZACHI, N. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 10. Ed. Curitiba: Os autores, 2005.
  6. BRAGA, K.A.M. Microorganismos mais freqüentes em unidades de terapia intensiva. CEARÁ, faculdade de Medicina de juazeiro do Norte: 2004. Disponível em . Acesso em: 18 de Janeiro de 2012.
  7. OLIVEIRA, A.C. Infecção hospitalar, epidemiologia, prevenção e controle. 1. Ed. Rio Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
  8. FERNANDES, A.T; RIBEIRO, F.N. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu, 2000.
  9. CATTETEBLOM, B.L; LIMA, S.L. Lavagem das mãos. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001.
  10. TIPPLE, A.F.V.M. et al. Equipamentos de proteção individual: uso e manuseio por alunos em instituição de ensino odontológico. Ver. ABO Nac. Jun./Jul; 2003. Disponível em . Acesso em: 28 de julho de 2011.
  11. COSTA, M.C.C; FUSTINONI, L.C.I. Pesquisa qualitativa em enfermagem. Ed. São Paulo (SP): LMP, 2006.
  12. PIMENTEL, N.M. Atuação do enfermeiro no controle da infecção hospitalar. 2009. Acesso em: 26 de Janeiro de 2012. Disponível em: http://www.webartigosos.com/artigos/atuacao-do-enfermeiro-no-controle-da-infeccao-hospitalar/17713/

 

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Autor: Nieje Barbosa De Almeida


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