Violência escolar na E.M.E.F.Prefeito Antônio Araújo – Monte Alegre – Pará: conflitos, gestão e cultura de paz



 

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PEDAGOGIA INTENSIVO TRACUATEUA 2005

 

 

 

EDINELZA MENDES DE SOUSA

 

 

 

VIOLÊNCIA ESCOLAR NA E.M.E.F.PREFEITO  ANTÔNIO ARAÚJO –MONTE ALEGRE – PARÁ: CONFLITOS, GESTÃO E CULTURA DE PAZ

 

 

 

 

 

 

 

 

BRAGANÇA-PARÁ

 2012

 

EDINELZA MENDES DE SOUSA

 

 

 

VIOLÊNCIA ESCOLAR NA E.M.E.F.  PREFEITO ANTÔNIO ARAÚJO –MONTE ALEGRE – PARÁ: CONFLITOS, GESTÃO E CULTURA DE PAZ

 

 

 

Artigo apresentado para obtenção de grau do curso de licenciatura plena em pedagogia campus de Bragança. Orientadora: MSc.Norma Cristina Vieira Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BRAGANÇA-PARÁ

2012

EDINELZA MENDES DE SOUSA

 

 

 

 

VIOLÊNCIA ESCOLAR NA E.M.E.F. PREFEITO ANTÔNIO ARAÚJO –MONTE ALEGRE – PARÁ: CONFLITOS, GESTÃO E CULTURA DE PAZ

 

 

Artigo apresentado para obtenção de grau do curso de licenciatura plena em pedagogia campus de Bragança. Orientadora: MSc.Norma Cristina Vieira Costa

 

 

Data de aprovação:

Banca examinadora:

_______________________________

Prof. MSc.Norma Cristina

Prof.Orientador

UFPA/Campus de Bragança

_______________________________

Prof.MSc. José de Moraes Sousa

UFPA/Campus de Bragança

__________________________________

Prof.Esp. Rogério Andrade Maciel

UFPA/Campus de Bragança

 

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, ao qual sempre me apegarei em todos os

momentos da minha vida.

Ao meu marido Charlie Wagner, meu companheiro em todos os momentos, que jamais permitiu que eu desistisse...

A minha filha Jacqueline que superou e sempre entendeu a minha ausência durante o curso.

A minha mãe Ediléia, pelo amor e dedicação e orações.

Aos meus irmãos pelo apoio; Adonaldo, Adonias e Elenir.

A todos familiares que incentivaram a estudar.

A minha querida cunhada Naira Luisa pelo apoio incondicional.

Em especial quero agradecer a minha amiga Leila Pinheiro que sempre esteve me apoiando nos momentos decisivos e a todos os meus colegas de curso da turma de Pedagogia Tracuateua 2005, que me ajudaram e me apoiaram quando mais precisei e por momentos inesquecíveis que compartilhamos...

A querida professora Norma Cristina, que aceitou ser a orientadora do meu trabalho e com sua calma me incentivou a seguir adiante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

  Paulo Freire (1996, pg. 25).

 


VIOLÊNCIA ESCOLAR NA E.M.E.F.PREFEITO ANTÔNIO ARAÚJO –MONTE ALEGRE – PARÁ: CONFLITOS, GESTÃO E CULTURA DE PAZ

 

 

Edinelza Mendes de Sousa

 

RESUMO

Este trabalho traz uma análise sobre que conceitos alunos, professores e gestor escolar  constroem sobre violência, identificando quais as violências presentes no cotidiano escolar a partir da percepção dos mesmo, e se a temática violência na escola está inclusa no currículo escolar como também se há ações desenvolvidas pela escola para minimizar a violência na escola, possibilitando o acompanhamento dessa relação no cotidiano entre professores e alunos, alunos e alunos. Aplicou-se as entrevistas com 10 alunos do 9°ano, 5 professores e o gestor da escola. A coleta de dados foi realizada em uma escola pública do município de Monte Alegre-PA, onde se evidencia problemas consecutivos que podem alterar nas estruturas administrativa, técnica e pedagógica da escola. 57% dos educandos consideram que na escola que estudam existe violência. Esses alunos afirmaram que os professores discutem sobre o tema com freqüência, isso é bom avanço para se alcançar soluções. Já que, sobretudo é na escola, que os educandos assimilam valores e debatem temáticas vivenciadas no dia-a-dia, fazendo com que os alunos indisciplinados ou violentos, sejam despertados a valorizar-se, criticarem-se quando necessário e com respostas e reflexão sobre as falhas que cometeram. Dentre os variados recursos de combate a violência na escola a cultura de paz é com certeza um dos modelos essenciais na prevenção da violência na escola já que exige a participação de cada um de nós, como pais, professores, alunos e os demais funcionários da escola para que seja possível propiciar aos educandos, valores que os ajudem no mundo de igualdade, solidariedade, liberdade e prosperidade.

 

PALAVRAS-CHAVES: violência, escola, cultura de paz

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................10

2 OBJETIVOS..........................................................................................................11

3 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................11

3.1 VIOLÊNCIA NA ESCOLA...............................................................................11

3.2 EDUCAÇÃO PARA PAZ..................................................................................15

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................16

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUÇÃO PESQUISADA............................16

4.2 MATERIAL E MÉTODO.................................................................................17

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................18

5.1 VIOLÊNCIA ESCOLAR NA VISÃO DO GESTOR.....................................17

5.2 VIOLÊNCIA ESCOLAR NA VISÃO DOS PROFESSORES......................18

5.3 VIOLÊNCIA ESCOLAR NA VISÃO DOS ALUNOS..................................20

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................25

7  REFERÊNCIAS..................................................................................................28

 

 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 A escola é vista, tradicionalmente, como um local de aprendizado, onde avalia o desempenho dos alunos com base nas notas e no cumprimento das tarefas escolares. Isso significa que quando falamos em violência na escola a pergunta vem logo em seguida: está na escola para estudar ou para brigar? Por que isso acontece?

O tema deste projeto foi escolhido a partir da necessidade de adquirir mais informação a respeito do atual quadro de violência, que está atingindo as escolas do país, assim como responder questões pessoais, já que sou professora há cinco anos e venho percebendo ao longo desse tempo que os alunos têm se tornados agressivos e não aceitam seguir regras de boa convivência no ambiente escolar.

O estudo analisa os conceitos e ações de violência, no 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Antônio Pereira de Araújo, no município de Monte Alegre, Estado do Pará.

 A ocorrência de vários tipos de violência escolar passou a ser determinante no resultado do relacionamento diário entre professores e alunos em todos os níveis de ensino, da escola pública do ensino fundamental e conseqüente no município de Monte Alegre, cujas conseqüências repercutem em todas as ações dos alunos.

Estudos e pesquisas em nível nacional têm demonstrado o quanto se perde tempo em sala de aula em razão da violência, contudo, não se vê por parte dessas pesquisas nenhuma proposta ou sugestão que possam beneficiar a escola pública na busca de soluções que minimizem os problemas no ambiente escolar.

A priori, apresentar-se-ão as questões norteadoras que deram suporte para a pesquisa: O que você entende por violência?A escola está estruturada tecnicamente e pedagogicamente para compreender as razões da violência escolar? Que tipos de violência são mais cometidos pelos alunos na escola? A escola adota que tipos de recursos para falar sobre a violência escolar?

Destaca-se nesse estudo que a problemática da violência compreende outros fatores além do escolar, como o psicológico, a estrutura familiar, o desemprego, promovendo a evasão escolar e repetência como componente no ambiente escolar anualmente. Pensando nisso é importante que essa temática seja levada para sala de aula, para entender qual o conceito de violência na visão dos professores e alunos, gestor escolar mostrando como a escola tem enfrentado essa problemática que tanto preocupa e prejudica o bom andamento das instituições de ensino, bem como as relações existentes ali, sugerindo propostas de intervenção no combate a violência escolar nas suas múltiplas manifestação.

2 OBJETIVOS

2.1  Objetivo geral:

Identificar que conceito professores, alunos e gestor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Antônio Pereira de Araújo constroem sobre violência escolar.

2.2 Objetivos específicos:

  • Identificar quais as violências presentes no cotidiano escolar a partir da percepção dos alunos e professores;
  • Investigar se a temática violência na escola está inclusa no currículo escolar;
  • Identificar as ações desenvolvidas pela escola para minimizar a violência na escola;

 

3  REFERENCIAL TEÓRICO

3.1  VIOLÊNCIA NA ESCOLA

A violência é um fenômeno que vem alcançando proporções alarmantes em todos os lugares do Brasil, deixando todas as esferas do governo em alerta e ao mesmo tempo tentando encontrar soluções para essa problemática, além disso, a escola que dantes se preocupava com problemas de aprendizagem hoje se vê diante de uma realidade inacreditável, pois o que se via nas ruas hoje é presenciado na escola tanto por alunos quanto por funcionários que são vítimas e ao mesmo tempo testemunhas desse acontecimento, até mesmo homicídios acontecem num ambiente que deveria ser um lugar de transformação da sociedade, que tem como objetivo nobre de educar para uma sociedade, mas justa e igualitária.

Este é o novo cenário escolhido pelas pessoas que não tem compromisso com a educação, está lá em busca de novidades, venderem drogas, ser notado e se sentir o “tal” na escola. Mas com todo esse desafio será que a escola está preparada para enfrentar esse problema?

A violência na escola está causando problemas sérios, que dificultam a relação professor e aluno, já que o professor além de mal renumerado ainda tem que se preocupar em manter-se em segurança, pois estar em contato diário com os alunos que apresentam alteração de comportamento, ficando assim temeroso em chamar a atenção do aluno com medo de serem ameaçados ou até mesmo serem ofendidos ou agredidos. Essa problemática é confirmada por Lopes e Gasparim:

Essa intensificação dos conflitos, próprios dessa relação, acaba por gerar uma espécie de guerra não declarada, onde se têm apenas perdedores: os professores, pelo estresse físico e psíquico a que estão submetidos e os alunos, por terem em sua frente mais um obstáculo na produção de seu conhecimento , imprescindível para o exercício da cidadania. (2003).

 

A citação acima descreve o que realmente está acontecendo na escola, aonde já chegou até mesmo ser considerada “um segundo lar” ou apêndice da casa tornou-se um rinque para medir forças. Toda vez que ligamos a TV, o rádio, abrimos um jornal ou uma revista certamente encontramos alguma notícia que nos faz pensar “Quanta violência, onde é que isso vai parar?”. Cada vez mais, os meios de comunicação deixam explícitos que, onde quer que estejamos independentes de raça, idade, sexo, grau de instrução ou classe social, estamos vulneráveis à violência, obrigando-nos a constatar que ela invadiu todas as áreas da vida e das relações do indivíduo.

A preocupação com a expressão “macro” da violência na sociedade atual (essa que aparece no crime organizado, na corrupção generalizada dos diversos órgãos públicos, nas guerras entre países, nas relações de dominação exercidas pelos países desenvolvidos etc.) e todas as ações que vêm sendo realizados pelos mais diversos grupos da sociedade, no sentido de denunciar essa situação e exigir atitudes eficazes que a solucionem, é evidente e necessária. Mas, se destacarmos e nos preocupamos apenas com esse aspecto da violência, corremos o risco de deixar de lado a “violência nossa de cada dia”, aquela que cometemos em nossa casa, escola, trabalho, com nossos familiares, amigos, vizinhos e com nós mesmos.

Este movimento, ao mesmo tempo em que traz à tona essa questão tão séria, pode propiciar uma visão distorcida da realidade. O uso excessivo e indiscriminado de conceitos como agressividade, violência e agressão, acaba por banalizá-los, e qualquer coisa que não agrade ou não esteja de acordo com o que as pessoas querem, pode ser considerada “uma violência”. Além disto, o grande destaque que se dá a acontecimentos extremos na mídia, sem a contextualização necessária do que está sendo noticiado com todos os fatores que propiciaram a eclosão da violência, contribui para que esta seja tida como algo que acontece apenas em situações extremas e que ela seja praticada por pessoas “desumanas”, “más”, “doentes”, ou “loucas”, quando isto está longe de ser a realidade.

Uma reflexão sobre as causas da violência, como ela se manifesta e quais suas conseqüências não pode ser reduzida a explicações superficiais e simplistas que levam a ações imediatistas, que podem até maquiar, mas não chegam a transformam suas verdadeiras causas. Essa reflexão é o primeiro passo na direção a mudanças e possibilita que cada um de nós comece por fazer a sua parte.

A violência, entretanto, nem sempre tem um alvo preciso ou um agressor identificável. Há violência nos preconceitos que impede uma pessoa de exercer seus direitos e desenvolver suas potencialidades pelo simples fato de ter uma raça, um gênero, uma cultura, uma condição social, uma religião, uma capacidade física especial.

Para melhor compreendermos o assunto, é preciso que se defina o que é violência. O termo deriva do latim "violentia"- aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa, sendo por vezes abusivo, de maneira, que a força utilizada pode magoar ferir, torturar e até matar.

Segundo o Dicionário Houaiss (2001), violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.

A Organização Mundial (2002) de Saúde refere-se à violência como:

 (...) uso intencional de força física ou poder, em forma de ameaça ou praticada, contra si mesmo, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade que resulta ou tem uma grande possibilidade de ocasionar ferimentos, morte, conseqüências psicológicas negativas, mau desenvolvimento ou privação (2002).

Dentre estas definições também é bom lembrar que a violência escolar é uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade. De acordo com Levisky (1995) a violência também é: “uma reação conseqüente a um sentimento de ameaça ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas e externas a que está submetida”. Nas instituições de ensino, por exemplo, acontecem muitas atitudes de violência tanto físicas e psicológicas entre os alunos e professores. Estes comportamentos praticados podem ser de várias formas: (Dûpaquier) refere-se a:

delitos contra objetos e propriedades (quebra de portas e vidraças, danificação de instalações etc.); intimidações físicas (empurrões, escarros) e verbais (injúrias, xingamentos e ameaças); descuido com o asseio das áreas coletivas (banheiros, por exemplo); ostentação de símbolos de violência; adoção de atitudes destinadas a provocar medo (poder de armas, posturas sexistas); alguns atos ilícitos, como o porte e consumo de drogas. (1999)  

Além das formas de violência acima citado, há um fator que vem a ser relacionada com fenômenos de humilhação, perseguição, intimidação, exclusão, e até crueldade como o bullying que está relacionado com a violência simbólica.

O bullying palavra de origem inglesa introduzida pela primeira vez por Dan Olwues (1993) tem como raiz o termo Bull, que significa “touro” ou ainda valentão. Pode ser definido como o “ato de bancar o valentão contra alguém”. Para os portugueses, “maus tratos entre pares”. No Brasil, na falta de um vocabulário único que sintetizasse o significado geral da expressão, passou-se a usar o próprio termo em inglês, para defini-la.

Por definições, bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Essa assimetria de poder associada ao bullying pode ser conseqüente da diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou emocional, ou do maior apoio dos demais estudantes.

O bullying caracteriza-se como violência simbólica criada, a princípio para descrever o processo pelo qual a classe dominante economicamente impõe sua cultura e interesses aos dominados (BOURDIEU, 1970). É valido ressaltar que a violência simbólica é mais difícil de ser percebida. É exercida muitas vezes de forma sutil, sem necessariamente ser vista como violência por quem a sofre, ou seja, quando a vítima não se dá conta de sua impotência frente a poderes, nem exerce sua capacidade de crítica em relação a tal dinâmica.

A violência simbólica também prejudica a aprendizagem dos alunos assim como faz com que a escola seja um disseminador de desigualdades sociais, pois, os conteúdos repassados estão longe de sua realidade, sendo imposto para os alunos que nada podem fazer, a não ser contar com boa vontade dos professores em adequar os conteúdos ao cotidiano do aluno para que o mesmo se torne entendível.

3.2  EDUCAÇÃO PARA A PAZ

A educação para a paz é uma exigência da sociedade atual inserida no mundo globalizado. O enfoque transformou-se em uma preocupação das escolas brasileiras que insere em um marco de respeito aos direitos humanos e constitui terreno fértil para que se possam assegurar os valores fundamentais da vida democrática, como a igualdade e a justiça social. As instituições de ensino cabem a missão, por excelência, de ensinar valores no âmbito do desenvolvimento moral dos educandos, através da seleção de conteúdos e metodologias que favoreçam temas transversais (Justiça, Solidariedade, Ética etc). Para firmar a importância da paz temos a contribuição de Paulo Freire, apresentada por Ana Maria Freire:

[...] para Paulo a Paz não é um dado dado, um fato intrinsecamente humano comum a todos os povos, de quaisquer culturas. Precisamos desde a mais tenra idade formar as crianças na “Cultura da Paz”, que necessita desvelar e não esconder, com criticidade ética, as práticas sociais injustas, incentivando a colaboração, a tolerância com o diferente, o espírito de justiça e da solidariedade. (2006 p.391).

 

A Educação para a Paz é um processo pelo qual se promovem conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para induzir mudanças de comportamento que possibilitam às crianças, aos jovens e aos adultos a prevenir a violência (tanto em sua manifestação direta, como em sua forma estrutural); resolver conflitos de forma pacífica e criar condições que conduzam à paz (na sua dimensão intrapessoal; interpessoal; ambiental; intergrupal; nacional e/ou internacional). Não há educação sem transformação.

 

Essa cultura de paz exige a participação de cada um de nós para que seja possível dar aos educandos, valores que os ajudem no mundo de igualdade, solidariedade, liberdade e prosperidade, fazendo com que assim haja uma pacificação nas escolas, onde e ética e a cidadania tenham um espaço definitivo na educação do país.

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4  PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1  CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA

Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Antônio de Araújo e tem como órgão mantenedor a prefeitura Municipal de Monte Alegre-Pá, tem como assessoria plena a secretaria de Educação - SEMEC. Localizada no meio urbano a Avenida Aviador Pinto Martins, s/nº, bairro Serra Ocidental, na cidade de Monte Alegre - Pará.

 

Figura 01: Escola Prefeito Antônio Pereira de Araujo. Fonte: Ana Cláudia, 2011.

       A escola foi fundada e orientada pelo movimento de Educação de Base (MEB) em março de 1976, tendo objetivo alfabetizar e socializar crianças na faixa etária de 3 a 6 anos de idade, filho dos sócios participantes do Clube de Mães “Sagrada Família”e funcionava a principio no centro comunitário da Serra Ocidental.

       A escola iniciou com duas turmas de vinte e cinco alunos cada. O quadro de funcionários formados por dois professores e uma servente, pagos pela prefeitura de Monte Alegre na administração do Prefeito Dr. Roberto Carriço, a manutenção da escola era feita pela comunidade através de movimentos como: bingos, concursos de bonecas, donativos e outros.

       Em 1987, na administração do Prefeito João Evangelista Pereira da Silva, em convênio com o MEC construiu a Escola de 1º Grau Prefeito Antônio Pereira de Araújo, para onde foi transferido o pré - escolar Mônica. No dia 28/02/1989 sob a resolução nº 095 que autorizou através da Portaria 339/91 – CEE e Parecer nº 074/97- CEE, o funcionamento da escola com pré – escolar a 4ª série.

       Em 1995, a escola recebeu a visita de uma professora da Universidade Federal do Pará – UFPA, que detectou a presença de um foco de radiação. Esse fato ocasionou a mudança de todos os alunos e funcionários para outra escola recém – construída – Escola Sara Sampaio.

       No dia 30 de julho de 2000, o atual prefeito Sr Jardel Vasconcelos Carmo reinaugurou a Escola Antônio Araújo, com a estrutura muito melhor que a anterior: 8  salas de aula, 1 laboratório de informática, 1 sala climatizada, 1 secretaria, 1 sala de arquivo- ativo/ passivo, 1 sala de professores também climatizada, 1 copa- cozinha, 1 almoxarifado, 2 banheiros com 3 sanitários cada um masculino e feminino e um  refeitório. É importante ressaltar que toda a escola possui rampas para atender alunos com deficiência física.

       Atualmente a escola atende uma clientela de 553 de 1ª a 9ª ano antiga 8ª série, divididos em 2 turnos matutino e vespertino, esses alunos são geralmente advindos de famílias de classe média e baixa. A escola também é responsável por uma anexa a esta, que está localizada no meio rural do município, sendo esta: Escola Municipal de Ensino Fundamental Igarapé das Pedras, localizada na comunidade cujo nome é o mesmo da escola.

       A escola possui 38 funcionários, os quais estão distribuídos nas seguintes funções: administrativo, técnico, apoio e docência. Na gestão administrativa temos a senhora Ana Cídia Bandeira Friaes sob Portaria nº 120/2005, PMMA, com Licenciatura Plena em Letras.

 

 

4.2   MATERIAL E MÉTODO

A pesquisa foi realizada em uma escola pública do Ensino Fundamental de nove anos, no período de dois meses consecutivos, com fundamentação teórica de estudiosos e autores que justificam o conteúdo pesquisado. Para o trabalho de campo foi aplicado questionários com perguntas semi-abertas a 50% dos alunos do 9º ano, 50% dos professores de diferentes áreas do conhecimento e um representante da gestão da escola.

Foram utilizados no trabalho de campo cadernos para anotações das observações do cotidiano escolar e máquina fotográfica como apoio no registro do objeto estudado.

Utilizou-se a aplicação das pesquisas exploratórias e descritivas com a finalidade de proporcionar uma visão mais ampla acerca da temática estudada. Os dados foram analisados e alguns receberam tratamento estatístico por meio de gráfico e tabelas.

5  RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1  VIOLÊNCIA ESCOLAR NA VISÃO DO GESTOR.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Antônio de Araújo, tem uma diretora eleita para biênio de 2011-2013. Possui formação em Licenciatura Plena em Letras e atua na área da educação há mais de cinco anos. A entrevistada acredita que a violência manifesta-se de diversas formas na vida de um estudante, e apesar das transgressões promovidas durante o turno escolar e serem ocorrências que começam com uma simples discussão ao desaparecimento de materiais na sala de aula, ocorre desde a Educação Infantil ao Ensino Fundamental de nove anos.

Considera-se que o gestor de uma escola possua habilidades que demonstre a participação de funcionários, pais, professores, alunos e a comunidade, cumprindo o exercício profissional atribuído a esta função. Nesse contexto, foi perguntada a gestora da escola municipal Prefeito Antônio de Araújo: “Que metodologias você propõe para minimizar a violência na escola?

O diálogo com os pais para que a escola possa se aproximar da família e estreitar a relação família, escola e aluno. O papel do gestor escolar não é apenas conduzir o processo ensino aprendizagem, mas também o de ser responsável pela socialização de todos que se encontram envolvidos no processo educacional” (Gestora escolar).

O gestor da escola apresentou como recurso para minimizar a violência a aproximação da família na escola participando das atividades diárias de seus filhos, mas infelizmente as famílias entregaram a educação dos filhos á escola tornando esse um dos motivos para violência no ambiente escolar.

“É preciso coragem e autonomia para encarar as mudanças e transformar os modos convencionais de administração que privilegie e valorize os alunos e o diálogo como instrumento para a solução de problemas” (Gestora escolar).

         Esse comentário da gestora é bem pertinente para quem almeja o cargo de gestor, pois não se trata de “status” e sim trabalhar de forma dialógica com atores da escola, proporcionando aberturas para o diálogo.

Ao indagar ao gestor sobre: “Se a escola está estruturada tecnicamente e pedagogicamente para acompanhar atos de violência dos alunos? Como? A entrevistada colocou que:

“Não. A falta de pessoal orientador, supervisor, dificulta este tipo de trabalho, pois os alunos indisciplinados devem ser acompanhados mais de perto pela escola. Porém na ausência destes profissionais, o trabalho é feito pelos professores e pelo pessoal da secretaria da escola. Acredita-se que para se desenvolver um trabalho voltado à violência ou a indisciplina, principalmente nas escolas publicas, é necessário que estas estejam com o quadro completo de servidores.”

Prosseguindo aos questionamentos, perguntou-se: “Que orientação vocês oferecem aos novos ingressantes na docência em relação à problemática da violência escolar?”

“Sugiro que os novos profissionais da educação tenham tranqüilidade para lidar com situações da violência e também sugiro um estudo dentro do tema e que aqueles que estão ingressando na carreira possam conhecer a historia de sucesso de profissionais que lidam com esta situação (violência). E que desenvolvem trabalhos que acabam minimizando este problema que é corriqueiro nas escolas publicas do país”. (gestora da escola).

A resposta é crucial para quem está na universidade, já que na academia nem sempre a teoria está associada a prática. Ao se deparar com a prática a realidade muitas vezes causa conflitos, pessoais e profissionais, pois a realidade do cotidiano escolar exige reflexões e ações teóricas e práticas que muitas vezes não foram atendidas ao longo da formação acadêmica.

5.2  VIOLÊNCIA ESCOLAR NA VISÃO DOS PROFESSORES

Para professores, há temas que hoje suscitam muitas polêmicas, violência é um deles, pois é caracterizada como uma transversalidade entre professor, aluno e escola.

Para a realização desta pesquisa foram entrevistados 50% dos professores que atuam no último ano do Ensino Fundamental através de questionários contendo questões semi abertas para que o educador pudesse expressar o seu real ponto de vista em relação ao tema exposto, com intuito de analisar a problemática da violência no ambiente escolar.

     Quadro 1– Há quanto tempo trabalha no exercício do magistério?

                       

 

 

 

 

 

Figura 02 – Tempo de serviço na escola

Comprovou-se na figura 02 que 45% dos professores trabalham mais de 5 (cinco) anos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Antônio Araújo, 30% mais de 2 (dois) anos e 25% menos de 1(um) ano. O tempo justifica que a categoria de professores já vivência a violência na prática escolar, sendo alguns com menos experiências que os outros, mas há o indício dessa problemática apresentada nesse tempo de serviço pelos profissionais. Salienta-se que tanto a formação quanto o tempo de serviço necessitam de informações para saber administrar a violência ou a indisciplina entre os alunos, por mais que a escola seja tradicional, os professores não conseguem investir em uma proposta metodológica que regularize a problemática na sala de aula.

A fim de subsidiar maiores esclarecimentos quanto ao corpo docente, buscou-se analisar o que os mesmos compreendem sobre violência escolar, percebeu-se que 50% das respostas se referiam a violência simbólica, 40% a violência física e 10% a violência contra o patrimônio público.

Em virtude das respostas dos docentes, Bernard Charlot (2002) apresenta distinções conceituais sobre violência, enfatizando a diferença entre violência na escola e violência á escola aonde a primeira vem dizer que a escola é somente um lugar onde aconteceu a violência é aquela produzida dentro do espaço escolar.  A violência á escola é aquela praticada contra a escola como depredações e outros e está ligada á natureza e as atividades da instituição escolar. Para tanto, os professores em suas respostas demonstraram ter um visão bem ampla do que seria violência.

Perguntou-se aos professores se na escola em que atua considera que existe violência escolar? Por quê? Todos responderam que sim, pelo fato de não respeitarem os professores colegas e outros funcionários. Pois há necessidade de se combater os pequenos conflitos já que segundo Chrispino (2002) a origem da violência é o conflito, pois a partir do conflito se produzirá manifestações violentas sendo o conflito “una disputa que envolve posições diferentes em termos de opiniões, valores, status, poder e recursos escassos”. Assim o conflito deve ser combatido antes que possam gerar ações de violência.

As escolas estão se preocupando em resolver de imediato os casos ocorridos internamente e não se dão conta que para se amenizar essa situação é necessária levar essa discussão para dentro da sala de aula e até mesmo incluí-la no currículo escolar. Essa situação tem gerados inúmeros problemas para educação no país, pois todos estão expostos a sofrer violência ou simplesmente presenciá-la.Nesse sentido, perguntou-se aos professores se trabalham a temática violência como conteúdo transversal dentro da disciplina? Obtivemos todas as respostas sim, porém a professora 02 ressaltou que:

“Sim, porque é um tema que deve ser abordado para que possamos com nossos incentivos educar os nossos alunos nesse sentido”.

Nesse enfoque Freire (1996 p: 11) afirma que: “O professor é peça fundamental no processo educacional, pelo papel que ele representa diante do aluno, como educador e transmissor de conhecimentos”. Sendo assim a participação do professor imprescindível no combate a situações de conflitos que possam gerar violências.

5.3  VIOLÊNCIA ESCOLAR NA VISÃO DOS ALUNOS

Foi elaborado um questionário com perguntas semi abertas para 50% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental da escola Prefeito Antônio Pereira de Araújo. A princípio perguntou-se aos alunos o que eles compreendem sobre violência na escola. 40 % conceituaram violência na escola associando-a a violência física.

Que a violência traz a morte;

Brigar com um colega na sala de aula;

Bater nos colegas porque eles caçam conversa ;

(alunos do 9º ano).

Enquanto 60% associaram à violência simbólica.

Falta de respeito com os professores e entre a gente;

Pessoas que pensam que pode mandar na escola querem ter autoridade sobre aquelas pessoas que são menos popular;

Conversar de mais e bagunçar na aula;

Ficar apelidando os colegas;

Conversar muito durante a explicação do professor; (alunos do 9º ano).

Nas respostas, a violência simbólica está presente em 60%, e isso é muito preocupante já que segundo Bourdieu:

 

Se considerarmos seriamente as desigualdades socialmente condicionadas diante da escola e da cultura, somos obrigados a concluir que a eqüidade formal à qual obedece todo o sistema escolar é injusta de fato, e que, em toda sociedade onde se proclama ideais democráticos, ela protege melhor os privilégios do que a transmissão aberta dos privilégios. (1998).

 

Com essa imposição de cultura para os alunos ressaltando a hierarquia encontrada na escola, o aluno fica sem saber o que fazer dificultando a sua aprendizagem, já que os conteúdos fogem a realidade do seu dia a dia.

È necessário que haja uma revisão dos conteúdos para que eles se tornem compreensível para os alunos, pois até mesmo os livros didáticos são um dos principais agente transmissor de realidades distorcidas, onde são apresentadas para as crianças as moradias regulares e bem estruturadas e não descreve a favela como forma de moradia.

Os professores assim como os funcionários da escola devem estar atentos a essa reprodução de poder e trabalhar para forma cidadãos críticos e transformadores dessa realidade, assim como combater a violência simbólica presente nas instituições de ensino.

Além da violência simbólica é possível identificar que 40% das ações citadas pelos alunos na entrevista encontramos o bullying, violência essa praticada com intuito de ofender, humilhar e intimidar, pois segundo Fante, 2005:

 

...o bullying começa freqüentemente pela recusa de aceitação de uma diferença, seja ela qual for, mas sempre notória e abrangente, envolvendo religião, raça, estatura física, peso,cor dos cabelos, deficiências visuais, auditivas e vocais; ou é uma diferença de ordem psicológica, social, sexual e física; ou está relacionada a aspectos como força, coragem e habilidades desportivas e intelectuais.

 

A violência simbólica é um dos problemas atualmente mais discutidos entre os estudiosos, pois, há atitudes extremas como é caso de homicídios no ambiente escolar, e isso é inaceitável dentro do ambiente escolar e a instituição pesquisada apresenta um percentual elevado, sendo necessária uma intervenção por parte da escola.

Também foi solicitado que os alunos identificassem as ações de violência realizadas na escola. Foram apontados por estes, no quadro abaixo, dez ações conflituosas e desrespeitosas motivadoras da violência.

Respostas dos alunos

01

Alunos chamam outros de burro quando tiram nota baixa

02

Alunos maiores batendo em Crianças menores que não sabem se defender

03

Alunos alcoolizados na escola.

04

Alunos brigando com outros por causa injusta.

05

Apelidar professores e não deixar dar aula direito.

06

Meninas brigando por causa de namorado.

07

Alunos espancando outros alunos e professores sendo agredido

08

É mais os meninos que querem humilhar os outros.

09

Alunos fazendo desfeita para o professor e ameaçando agente por nada.

10

Eu nunca vi nessa escola.

Tabela 01- ações de violências apontada pelos alunos

 

Percebe-se claramente através dos depoimentos, que os alunos entendem que há violência mesmo sem distingui-la em física e psicológica, ainda que de forma pouco complexa, porém a maioria associou violência com falta de respeito, abuso de poder, apelidos e apesar do desconhecimento da terminologia violência simbólica esses alunos sabem da sua presença na escola, bem como de suas conseqüências.

Prosseguindo a entrevista foi feita a seguinte indagação: Você enquanto aluno considera que a escola que você estuda existe violência? Por quê?

 

 

Figura 03 – Existência da violência escolar

Constatou-se na figura acima que 57% dos educandos consideram que na escola que estudam existe violência. 43% responderam que não.  Alunos que responderam que não existe violência justificaram que a escola (diretores e professores) tem preocupação em prevenir os conflitos, já que os professores fazem comentários durante as aulas a respeito da temática em questão. No entanto, ao analisar as ações de violência na tabela 01, é visível notar que 100% apontaram algum tipo de violência que vivenciaram na escola, seja de ordem física ou simbólica.

 Na Pergunta a seguir foi feita a seguinte indagação aos alunos: Há na escola alguma atividade que trate sobre atemática violência?

 

Figura 04– trabalho na escola com a temática violência

As maiorias dos alunos 57% responderam que os professores discutem sobre o tema com freqüência, isso é bom avanço para se alcançar soluções. Já que, sobretudo é na escola, que os educandos assimilam valores e debatem temáticas vivenciadas no dia-a-dia, fazendo com que os alunos indisciplinados ou violentos, sejam despertados a valorizar-se, criticarem-se quando necessário e com respostas e reflexão sobre as falhas que cometeram. Assim o professor deve demonstrar atitudes dialógicas para com os alunos para melhorar no relacionamento e favorecer parcerias que vão sendo estabelecidas nessa relação, pois na segundo Cury (2001 p.16) “Os professores precisam incorporar hábitos dos educadores fascinantes para atuar com eficiência no pequeno e infinito mundo da personalidade dos seus alunos”. O ponto alto dessa construção é o “reconhecimento do aluno como pessoa”, de forma a ser aprofundado continuamente o conhecimento recíproco e o crescimento de ambos.

Observa-se que é realmente necessário trabalhar assuntos relacionados à educação para paz, uma vez que a escola está inserida no papel social do educando. Para amenizar os problemas detectados em relação às dificuldades enfrentadas na prática docente da instituição de ensino, bem como intervir com ações que possam expressar se a problemática está relacionada ao trabalho proposto diariamente pelos profissionais ou de fatores externos que interferem no ambiente de ensino.

6  CONSIDERAÇOES FINAIS

No início do terceiro milênio, aprende-se a praticar e a conviver com a democracia, pois é inaceitável que diante das inevitáveis transformações tecnológicas, científicas, sócio-políticas e culturais continuemos com uma forma antiquada, centralizadora e autoritária de promover a educação.

O tema violência na escola é de uma complexidade muito intensa, pois os problemas gerados por ela têm cada vez mais sido vivenciados dentro das escolas de maneira mais constante e brusca, o que pudemos concluir é de que a escola municipal de Ensino Fundamental Prefeito Antônio Pereira de Araújo têm a urgência em definir e desenvolver ações internas contínuas para então agirem de forma preventiva com o tema da violência apesar dos alunos apontarem que os professores já desenvolvem um trabalho com a temática em sala de aula.

A escola em estudo tem se mostrado sensível e aberta à questão, buscando alternativas válidas para o melhor encaminhamento dos casos. É de fundamental importância que o professor dialogue com o aluno. Não precisa ser autoritário, mas deve ter firmeza ao estabelecer limites. Se realmente queremos educar para a cidadania devemos educar as crianças no sentido de que existem regras que precisam ser respeitadas se quisermos ter uma vida social humanizada. Além do respeito às regras de convivência, as crianças devem aprender o respeito por si mesmas, por seus semelhantes e pelo ambiente que as rodeia.

Procura-se muito identificar os verdadeiros culpados pela violência, ora identificada nos problemas familiares, ora reconhecendo falhas na atuação do professor ou do próprio sistema, é muito difícil encontrar uma única razão para isso.  Situações têm nos mostrado que na realidade quando a responsabilidade da educação dos filhos é passada a terceiros e a falta de preparo de alguns professores para lidar com essas situações pode causar toda essa falta de disciplina e de limites.

Educar, portanto, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço, paciência e tranqüilidade, estabelecer limites e responsabilidades. Deve-se levar às crianças e jovens a verem, que direitos vêm acompanhados de deveres e para ser respeitado, deve-se também respeitar.  Dentre os variados recursos de combate a violência na escola a cultura de paz é com certeza um dos modelos essenciais na prevenção da violência na escola já que exige a participação de cada um de nós, como pais, professores, alunos e os demais funcionários da escola para que seja possível dar aos educandos, valores que os ajudem no mundo de igualdade, solidariedade, liberdade e prosperidade. Pensando nisso lançaremos algumas propostas de intervenções:

 6.1 Para a Gestão Escolar

  • Estabelecer um estudo através de levantamento estatístico por semestre sobre a demanda da violência escolar, a fim de estruturar estratégias no Projeto Político Pedagógico ações que possam beneficiar tanto a escola, os profissionais, alunos, a família e a comunidade;
  • Implantar uma ouvidoria para coletar informações, críticas e sugestões sobre as ações desenvolvidas durante o ano letivo, tendo como meta de trabalho a prevenção da violência escolar;
  • Promover capacitação, treinamentos e cursos com órgãos que atuam com crianças e adolescentes e até mesmo com participação dos pais, para intervir junto dos alunos quanto à prática da indisciplina no ambiente escolar.

6.2 Para os Pais

  • Participar de atividades pedagógicas para conhecer desde os serviços técnicos da gestão escolar, dos professores, dos funcionários e dos filhos durante as atividades de sala de aula, auxiliando os professores quando necessário;
  • Colaborar na jornada escolar dos profissionais de apoio, servindo de exemplos para os filhos evitar a prática da violência durante o turno escolar;
  • Envolver a escola em parcerias para efetivar o encaminhamento dos alunos em ações sociais, esportivas e culturais.

6.3 Professores

  • Divulgar para os alunos o código disciplinar da instituição, informando e orientando quanto à prática da violência com ações que possam valorizar o potencial humano e social;
  • Produzir uma caixinha de sugestões mensalmente, a fim de coletar sugestões e críticas que possam colaborar em ações e atividades para minimizar a indisciplina na escola;
  • Trabalhar de forma interdisciplinar o tema violência em todas as disciplinas do currículo.

 6.4 Alunos

  • Criar um código de conduta disciplinar em parceira com os professores e colegas da turma para expor diariamente no final do expediente escolar;
  • Fazer publicações sobre experiências vivências na escola para conhecer as vantagens e desvantagens da violência escolar;

 

As propostas de intervenção acima citadas, se aplicadas cotidianamente servirão de subsídios para se combater atitudes violentas na escola, pois, apresentam ações simples, mas que contribuirá de apoio na implantação de uma cultura de paz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS:

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BOURDIEU, Pierre e PASSERON, Jean-Claude, "A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino",Lisboa, 1970.

CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº 08, jul./dez

CHRISPINO, Álvaro. “Politicas educacionais de redução da violência: mediação do conflito escolar”. São Paulo: Biruta, 2002ª.

CURY, Augusto Jorge: Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

DUPÂQUIER, Jaques. .La violence en millieu scolaire.. In: Éducation etformation: enfants et adolescents en difficulté. Paris: Presses Universitaires de France, 1999.

FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying. São Paulo, Versus, 2005.

FREIRE, Ana Maria. Educação para a paz segundo Paulo Freire. In: Revista Educação. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUC/RS, ano XXIX, n.2, Maio/Agosto, 2006.

FREIRE, Paulo: Pedagogia da Autonomia, 33ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.

HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia, 2001.

LEVISKY, D.L.: “Adolescência e Reflexões Psicanalíticas”. Porto Alegre. Artes Médicas. 1995.

 

LOPES, Claudivan Sanches; GASPARIN, João Luiz. Violência e conflitos na escola: desafios à prática docente. Acta Scientiarum. Humanan and Social Sciences. Maringá, v. 25,n. 2, p. 295 – 304, 2003.

 

 

OLWUES, Dan.Bullying at School: wath we can do.United Kingdom: Blackwell publishing, 1993.

 

Organização Mundial da Saúde (2002).World Report on Violence and Health.Geneva: World Health Organization Press. Disponível em: .acessado dia 15 de novembro de 2011 ás 19:00 hs

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Autor: Edinelza Mendes De Sousa


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