Resenha: por uma outra globalização, de milton santos.



SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização do pensamento único à consciência universal.

9º edição. Editora Record – Rio de Janeiro – São Paulo – 2002. 

João H. A. Araújo (*)

Com o progresso das técnicas e das ciências, o mundo passou ajustado à partir da adoção e obtenção dos meios de precisão e de intencionalidades, ambos os meios passaram a ser ampliados, dia após dia, através da criação dos materiais artificiais. Com a progressão deste processo, e devido a sua exaustiva repetição, criou-se um ambiente de fábulas, pois se acaba acreditando que a existência deste processo, cada vez mais sólido, gera consequentemente a criação, das chamadas, aldeias globais. Neste contexto, todos os envolvidos, acabam acreditando que terão proveitos com o “encurtamento das distâncias”, quando na verdade, estariam se distanciando cada vez mais das pessoas que não fazem parte, de fato, deste sistema cultivador do consumismo.

Este ambiente gera um campo de competição, ou seja, desencadeia-se um processo de competitividade. Esta por sua vez, potencializa-se, criando os espaços de globalização. Este fenômeno gera, também, uma “cegueira” generalizada, fazendo com que as pessoas se esqueçam dos problemas alheios, como por exemplo, a AIDS ou problemas financeiros originados pela baixa valorização dos salários. O alastramento deste tipo de despreocupação com a sociedade em si, cria de certo modo um “gene egoísta” nas pessoas, deixando ser dominandas. Estas pessoas passam a ver somente o que é de interesse próprio, nada mais. Isto determina a ocorrência da desumanização gerada pela mecanização1.

Desta forma, começa a chamada unicidade técnica, ou seja, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta são as bases do período atual, porém, sabe-se que este processo se define por seu poder de deter não apenas as ações, mas as funções dos indivíduos envolvidos nestes momentos, isso é apontado como a perversidade globalizada. Estas bases poderiam até ser apresentadas como soluções, se fossem utilizadas com outros fundamentos sociais e políticos, principalmente se houvesse o objetivo de autorizar a “massificação”, ou seja, a interação entre os diversos conhecimentos sociais e culturais, que de fato, hoje, duram aglomerados em pequenos espaços de terra. A busca pela unificação e compreensão de um sistema a sócio-diversidade, talvez seja mais importante que a própria biodiversidade, se relacionada assim ao historicismo, pode-se afirmar que o sistema técnico atual nos remete à compreender as necessidades do homem permanecer em “massa”. Pode-se também possibilitar e obter resposta de uma metanarrativa onde se confirma a existência da universalidade empírica. Neste sentido, a internacionalização do mundo capitalista desencadeia um processo de negociações técnicas, comercias e políticas, que por sua vez gera uma difusão informacional, denominada assim de globalização.

A progressão comum entre a história e o desenvolvimento de técnicas representadas atualmente, conjetura uma época. Enfim, a era informacional define os meios pelos quais se deve co-existir as interações, seja por meio de intercâmbios comerciais, praticamente dependentes do sistema globalizado, seja pelas autoridades predominantes que regem as questões relacionadas à logística hegemônica. Neste caso, como elo mundial, não se pode esquecer a “mais-valia”, que se interligada, diretamente, a unicidade do tempo, ainda mais hoje, pela concretização da unicidade da técnica. Contudo, a relação do tempo real difere, e muito, do espaço virtual, pois a interdependência e solidariedade do acontecer, ocorre exclusivamente devido a utilização do tempo real nos múltiplos lugares de conversão.

No decorrer deste processo, determina-se o chamado motor único, um conceito citado no texto que nos deixa a interrogativa de quem tem acesso à esse tempo real de convergência. Determina-se também, quem pode quem não pode e quem decide oque pode e oque não pode neste processo. Em outros tempos, existiram vários motores, como dos portugueses, dos espanhóis, etc. Mas, atualmente oque se tem, de fato, é a idéia de que este motor se tornou único. Sobretudo, a mais-valia universal nos permite compreender a homogeneização que se concentra mundialmente, apesar de nenhum país conseguir se internacionalizar completamente, nenhum outro período, como este atual, consentiu conhecer tanto o planeta e seus meios físicos.

Estes fatos foram possíveis, devido à definição a partir do período técnico-científico, ou seja, possivelmente envolvido e aperfeiçoado por técnicas suficientes para que o oportuno desenvolvimento de novos materiais que, até então, eram impossíveis de se elaborar, tanto pela falta de conhecimento científico quanto pelos impedimentos físicos em relação ao controle do meio natural. O aprimoramento humano por meio do desenvolvimento das técnicas pode possibilitar a escolha de determinados espaços geográficos, que facilitam a viabilização da mais-valia, fator este de muita importância para compreensão deste assunto em particular.

A história do capitalismo é narrada pelas altas e baixas de suas crises, logo determinando períodos e, enfatizando novas fases do processo de globalização. É importante destacar, que o computador e os sistemas informacionais de acessos a rede computacionais são os principais instrumentos para que este processo, globalização, se dinamize. Através da medição e do controle do uso do tempo e dos lugares nos quais se necessita estar, este conjunto de técnicas, certamente acaba por motivar a valorização e desvalorização, simultânea, das crises. Em todo o mundo, a necessidade de interconexão mundial, a famosa internacionalização, se dá devido à necessidade que os bancos, as instituição industriais, as bolsas de valores, e outros, contemplam como fundamental para processo de re-estruturação de complexidades, não apenas para possibilitar novas formas de controlar os antigos sistemas geopolíticos, como ponderar as futuras crises reais, tanto econômicas quanto sociais, políticas e morais, pois estas crises definem-se em relação ao tempo real incorporado nos espaços virtuais.

No final do século XX, discorria-se que o fato da unificação, que na verdade se transformou na globalização perversa, não passa de uma dupla tirania, pois é formada pelo dinheiro e pela informação. A interferência desta globalização na vida social pretende gerar a competitividade, sugerindo o consumo desenfreado como fonte capital dos novos sistemas de totalitarismo, que abala sistematicamente a vida cotidiana, e acaba confundindo em vez de ocasionar esclarecimento. Como se sabe se houver a desestruturação da noção de bem público e de solidariedade, consequentemente se desencadeia novos papeis políticos às empresas, contudo no que diz respeito a vida social.

Atualmente, a história moderna do capitalismo, globalizado, acelera cada vez mais os demais processos hegemônicos legitimados pelo pensamento único, instigado pelo uso extremo de técnicas e de normas, passando a ser ostentado como algo indispensável à eficácia da ação global. Com isso, a violência da informação sintetiza-se pelo despotismo da informação e se apropria de técnicas para solucionar problemas particulares e para atender alguns estados ou algumas empresas. Consequentemente se sucede a erradicação do processo de desigualdades.

Na decorrência de todos estes processos, inicia-se uma confusão, quase que gratuita, entre realidade e idealismo entre fatores como técnica, produção, consumo e poder, que juntas sintetizam a ideologia da globalização. Porém, no campo da publicidade o instruir e o convencer são fortemente utilizados como ferramentas, é basicamente, o nervo do comércio, onde existem dois mundos da publicidade, baseados na:

- produção das coisas e das normas;

- produção das notícias.

O poder de construir informações, notícias, com títulos pré-estabelecidos são, na realidade, designadas com intuito de se contornar ferramentas de manipulação, pois esta se faz como parte complementar do mundo das fábulas e mitos que a publicidade sabe sublinhar.

No mundo das fábulas, o espaço-tempo contraído, nos permite imaginar a realização do sonho de um mundo só, todavia existem três dominadores e controladores do mercado mundial:

- Nova Iorque;

- Tóquio;

- Londres.

As técnicas hegemônicas como “filhas da ciência”, podem ser consideradas como infalível, sendo assim se torna, sem dúvida, uma das fontes do pensamento único. Desta maneira, surge então um mundo mágico consumado pelas estatísticas e dominado pelo globalitarismo (termo instituído pelo professor Milton Santos – que retrata a globalização como um sistema autoritário: global + autoritário = globalitário) que desregula, quase que por completo, todo o funcionamento habitual. Sobretudo, neste pensamento, acredita-se que todo cidadão e cidadã que se preocupe com o futuro terá a função de elaborar um novo discurso, no entanto, este discurso deverá terá a disposição e competência de desarticular a competitividade e o consumo desenfreado que causam confusão dos espíritos em relação à globalização.

A violência estrutural é a base da produção dos outros tipos de violência, na qual constituí a violência atual é motivada pelo autoritarismo e sobretudo pela globalização, consagrando afinal o fim da ética e o fim da política.

O dinheiro, em estado puro, surge numa nova noção de riqueza, de prosperidade e de equilíbrio macro-econômico, pois o consumo torna-se denominador comum para todos os indivíduos e, por seguinte, o dinheiro é a causa e a conseqüência do medo. Como se sabe, a competitividade em estado bruto, pela simples necessidade de competir necessita de capitalização, criando desta maneira novos valores em todos os planos, como por exemplo, a nova ética perversa e operacional face aos mecanismos da globalização. A diferenciação entre concorrer e competir demonstra primeiramente algo agradável, com objetivos de empreender uma tarefa e obter melhores resultados, conseqüentemente a competitividade é um exercício em que a regra é a conquista de melhores posições. Isso se contorna em uma espécie de uma guerra em que vale-tudo, ocorrendo assim um afrouxamento dos valores morais e um convite ao exercício da violência.  Neste caso, o medo do desemprego, o medo da fome, o medo da violência nos faz ficarmos dependentes de um sistema econômico, a perversidade sistêmica de fato re-age como uma fábrica de perversidade, onde a fome muitas vezes deixa de ser um fato isolado ou ocasional e passa a ser um dado generalizado e permanente como o desemprego, a mortalidade infantil, o problema dos sem-tetos e a problemática da educação. Ser pobre é participar de uma situação estrutural em posição relativamente inferior dentro da sociedade como um todo, que se torna, obrigatoriamente, em uma situação natural.

As causas da geração de perversidade podem a própria instituição, como empresas ou ainda por indivíduos que passam a ser um obstáculo à realização dos fins, pois nesta circunstância é indispensável competir, se possível vencer, este é o artifício natural da desordem. Com a constituição da história, no começo dos tempos, os laços entre território, política, economia, cultura e linguagem eram transparentes e as sociedades ditas primitivas não tinham intermediações. Existia uma territorialidade genuína. A economia e a política dependiam do território, mas havia também uma territorialidade absoluta pela qual os habitantes pertenciam àquilo que lhes pertencia, isto é, ao território. Criava-se, paralelamente, a idéia de comunidade, entretanto sobre um contexto limitado no espaço. Os sistemas técnicos como os sistemas filosóficos, são observados em relação ao homem interagindo com a natureza, tanto no que se diz respeito a produzir técnicas, assim como a possuí-las, ambas pela investigação da diminuição do tempo gasto para se fazer as coisas.

No séc.XVIII com a técnica das máquinas surgiu a precisão da previsibilidade de comportamentos, conduzindo o próprio aparelhamento sociotécnico do trabalho, do território e do fenômeno do poder. Todavia, foi neste século que surgiram os enciclopedistas, assim como o período da Revolução Francesa e o da Revolução Americana, enfim, o surgimento de respostas políticas às idéias filosóficas de um mundo que se encontrava em reorganização. O indivíduo e a coletividade eram chamados a buscar junto a democracia por intermédio, evidentemente, do Estado Nacional, do Estado de Direito e o Estado Social.

A tecno-ciência, a globalização e a história sem sentido, se fizeram pela materialidade em condições práticas que nos cercam e que são à base da produção econômica dos transportes e das comunicações, pois a informação nas mãos de um número extremamente limitado de firmas faz com que as privatizações se mostrem como capital de devoração, as empresas globais e a morte da política, surgem em ocorrência de uma política feita no mercado, que simbolicamente, enquanto mercado não existe como ator, surgindo enfim o decreto da morte das políticas. O estado acaba omitindo quanto ao interesse das populações e assim se torna mais forte, mais ágil, mais presente ao serviço da economia dominante. Existem três formas de dívida social:

A primeira é a pobreza incluída, uma pobreza acidental, as vezes residual ou sazonal e sobretudo sem vasos comunicantes. Antes, a pobreza era de certa forma acidental, residual, estacional, enfim se produzia em um lugar e não se comunicava com outros lugares. Existia um tipo de pobreza menos discriminatória, para daí poder-se falar de pobres incluídos.

Na segunda, a marginalidade como doença da civilização produzida pelo processo econômico da divisão do trabalho internacional ou interno, admite-se que poderia ser corrigido a que era buscado pelas mãos dos governos e;

A terceira seria dívida social é a pobreza estrutural como dívida social que deve ser analisada de um ponto de vista moral e político. A convergência das causas é considerada até mesmo um fato natural criando uma espécie de naturalização da pobreza que agora são interpretados como excluídos obedecendo a cânones científicos – Divisão do Trabalho Administrativo – redução do valor do trabalho e este aparece atualmente como um fenômeno banal, no que se diz respeito a dívidas sociais, mas obedecendo a um processo de racionalidade. O papel dos intelectuais deveria ser inversamente em decorrência do processo histórico, pois quanto mais letrados, menos intelectuais emergem no mundo.

Em um período de tecnologia eficaz, que acaba consagrando a adoção de um ponto de partida fechado e por aceitar o reino das necessidades, estes intelectuais não se demonstram tão eficazes o quanto se necessita. Meias-verdades, alterações, e ocupação dos espíritos é o que temos em um território nacional da economia internacional, pois a contradição entre o externo e interno aumentou no que se refere às relações mundiais e a porosidade das fronteiras que se deu contra o Estado nacional.

O detentor do monopólio das normas, a compartimentação como passado e presente faz relação, direta, com o tempo-espaço onde, até pouco tempo, o homem vivia no mundo da lentidão. Em relação aos pactos coloniais e as nações imperiais, ocorria uma produção por meio da política do Estado e dentro de cada Estado ocorria uma compartimentação e solidariedade, assim como uma economia territorial e uma cultura territorial, tudo tem uma relação com a rapidez, fluidez e fragmentação. O mundo da rapidez e da fluidez, atualmente, se dividiu com fluidez virtual, pois foi possível pela presença de novos sistemas técnicos, assim como a fluidez efetiva ou potencial, àquela gerada pelo exercício da ação por empresas e instituições, compreender as políticas e as técnicas atuais são possíveis pela separação dos espaços da pressa, daqueles propícios à lentidão seguida por um processo de unificação, diferentemente da união. Quanto mais racionais forem as regras de sua ação individual, tanto menos serão respeitadas no entorno econômico, social, político, cultural, moral ou geográfico.

Um elemento de perturbação e mesmo de desordem, no quesito de competitividade versus solidariedade, deve estar em estado de interatividade com o território, porém como forma de alienação do território e com outras formas de alienação. A agricultura científica globalizada em relação à alienação do território nos últimos séculos, devido à humanização e à mecanização do espaço geográfico, apresentaram uma considerável mudança de qualidade, chegando recentemente à constituição de um meio geográfico a que podemos chamar de meio técnico-científico informacional e o dinheiro passou a ser uma informação indispensável para este período.

A demanda externa da racionalidade, na realidade passou a ser uma homogeneização já que o critério do sucesso é a obediência às regras sugeridas pelas atividades hegemônicas, sem cuja utilização os agentes recalcitrantes acabam por ser deslocados.

As cidades tornaram-se cidades-pólo, indispensável ao comando técnico da produção, onde a natureza se adapta já a cidade tornou-se, em muitos casos, “urbano-residente”, ou seja, tornou-se cidades dormitórios constituindo um permanente convite ao debate geográfico. O urbano surge como lugar da resistência e o rural em lugar da vulnerabilidade, onde o papel das lógicas exógenas ocorre devido às mudanças necessárias na produção de bens de consumo, assim como as dialéticas endógenas aparecem naturalmente no espaço agrícola como controlador de parte da economia, no qual permanece como sede e como poder hegemônico na zona de produção (rural). As forças entre governo municipal, estadual e federal convergem para o sistema de relações constituídas demograficamente, economicamente, socialmente e de implementações de território. A população mais o “chão”, enquanto abrigo, se faz identidade. O fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence é à base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais de vida – o território usado pela população.

O dinheiro é a inversão da vida e das relações, ele aparece em decorrência de uma atividade econômica em que o intercambio, o escambo, já não é mais satisfatório e o território dependente do dinheiro necessita da criação de uma “espécie” para manifestar a vida social de forma que o dinheiro se torne utilizável nos diferentes territórios, nos quais, devido o crescimento do comércio interno e externo, a necessidade do controle econômico foi decorrente e conseqüente a um período em construção, o do Estado territorial, o do território nacional e o do Estado nacional, todos regentes do dinheiro e do comércio local. Desta forma, analisando a verticalidade dos territórios, pode-se constatar que um conjunto de pontos formando um espaço de fluxos, um subsistema, dentro da totalidade-espaço e este sistema de redes, serve para produção do espaço de fluxos.

A horizontalidade analisada por Milton Santos se contempla como zona da contigüidade que forma extensões contínuas, o espaço banal, espaço de todos: empresas, instituições, pessoas, em oposição ao espaço econômico, o espaço da horizontalidade é um espaço de solidariedade orgânica. Assim, nesses territórios banalizados poderão surgir muitas respostas, neste caso em específico, surge uma série de análises do dito processo “globalitário”, já mencionado pelas fragmentações e particularizações sensíveis em toda parte na cultura e no território.

Com a compreensão dos estados de técnicas e dos estados de políticas, estes podem ser sintetizados, pois ambos nunca deveriam ter se separados, pois de certa maneira não foram entendidos adequadamente e a produção das condições necessárias à reemergência das próprias massas aponta para o surgimento de um novo período histórico, chamado de período demográfico ou popular. Frente a essa nova realidade, referente ao período popular, as aglomerações populacionais serão valorizadas como o lugar da densidade humana e, por isso, o lugar de uma coabitação dinâmica. Neste sentido, a aglomeração das pessoas em espaços reduzidos enquanto fenômeno de urbanização concentrada é típica do último quartel do século XX, pois as próprias mutações nas relações de trabalho, contíguo ao desemprego e crescentes e à depressão dos salários mostra os aspectos que poderão se mostrar positivos no futuro próximo, ainda mais quando as metamorfoses dos trabalhos informais passarem a ser vividos também como expansão do trabalho livre, assegurando assim que haja de fato, muitos portadores das novas possibilidades de interpretação do mundo, do lugar e da respectiva posição de cada cidadão e cidadã.  

  

(*) Professor de Geografia e Gestão Ambiental da Escola Técnica.


Autor: João Henrique De Aguiar Araújo


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