Gols que o rei não fez prá nós



Aproveitei o título para homenagear outro Rei, o da música (Roberto), mas as crônicas são das Copas do Mundo e o Rei em questão não pode ser outro, senão o do futebol, Pelé. Atleta que disputou quatro Copas (58, 62,66 e 70), ganhou três delas, fez gols em todas, foi o jogador mais jovem do mundo a fazer gols em Copas (tinha pouco mais de 17 anos e olha que foram golaços e até em finais de Copas). Na carreira toda Pelé fez mais de 1.200 gols, então o caro leitor pode estar estranhar o porquê falar de gols não feitos por ele.

Na Copa de 70 (México), que seria a última de Pelé, ele estava no auge da forma física, aos 30 anos. Se quisesse teria lugar garantido na Copa de 74 (Alemanha) e num exercício matemático, se o camaronês Rogê Milla disputou a Copa de 94 e fez até gol, isso aos 42 anos, talvez Pelé pudesse ter disputado as Copas de 78 (Argentina) e 82 (Espanha). Já pensaram o Rei naquela equipe do Telê Santana, que tinha Zico, Sócrates, Falcão, Éder, Júnior e tantos outros craques? Acredito que não teria a surpresa do italiano Paolo Rossi e a Tragédia do Sarriá.

É, mas Pelé fez sua última Copa em 70, trazendo o tricampeonato e a taça Jules Rimet definitivamente para o Brasil, pelo menos até que ela fosse roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro, e provavelmente ter virado adornos de integrantes do crime, mas isso é história policial e o objetivo aqui é esporte. Na Copa de 70, foram seis jogos com seis vitórias brasileiras, Pelé fez 4 gols, e o artilheiro brasileiro foi Jairzinho, o “Furacão” da camisa 7, com 7 gols, deixando sua marca em todas partidas, feito inédito em mundiais.

Mas, em 70, talvez quatro “não-gols” de Pelé foram mais sensacionais que os anotados pelo Rei. Na estréia contra a Tchecoslováquia, Pelé percebe o goleiro Viktor adiantado e manda um chute com a bola atrás da linha do meio de campo. O goleiro corre desesperado e vê a bola passar rente ao ângulo superior esquerdo, a centímetros do gol, indo para fora.

Na segunda partida, contra a Inglaterra, um dos jogos mais difíceis da competição e que terminou 1x0, ocorreu o segundo gol perdido do Rei. Pelé recebe cruzamento e dá uma forte cabeçada, mas o goleiro Banks dá uma espécie de manchete daquelas do vôlei, faz defesa espetacular, que foi considerada a “defesa do século XX”.

Os outros dois gols não feitos por Pelé, naquela Copa de 70, foram na mesma partida, na semifinal, e o adversário era nada menos que Uruguai, que em 50 tinha tirou aquele que ia ser o primeiro título brasileiro em Copas, em jogo num Maracanã (RJ) lotado com quase 200 mil pessoas. Mas em 70, Pelé avança para área, dá um drible de corpo no goleiro Mazurkiewicz, recupera a bola e chuta cruzado, com a mesma passando rente a trave direita, o zagueiro Ancheta tenta em vão tirar a bola, que caprichosamente sai pela linha de fundo para lamento do Rei.

Na mesma partida, o goleiro cobra mal um tiro de meta e Pelé rebate de primeira de fora da área. O chute é forte, mas Mazurkiewicz se recupera com linda defesa. É, para quem não viu os gols que o Rei não fez para nós em 70, vale a pena pesquisar e conferir.


Autor: Edson Terto Da Silva


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