O Nosso Lado...



Carta aberta ao Povo de Atílio Vivácqua

Amigos,

"Estamos novamente na disputa pela Prefeitura Municipal. Na verdade, estamos pouco interessados em marcas históricas, em recordes. O que importa não é o tempo em que estivemos ou que ainda vamos estar na prefeitura. O que conta são as realizações, o que fizemos nos mandatos. As obras, e também as palavras. Já que nunca dissociamos a ação do discurso.

De todas as disputas, esta será a mais difícil de todas. Não acredito que, ao longo da nossa história política, tenha havido um pleito renhido quanto este.

Nunca se viu uma união de forças tão poderosa, tão obstinada, tão arrogante e, ao mesmo tempo tão sem escrúpulos como a que enfrentamos.

Nada os detêm.Passam como uma horda de bárbaros sobre as mais comezinhas regras da convivência, da urbanidade. Possivelmente nem outro governante tenha sido exposto de forma tão desumana, tão desapiedada.

Não estou aqui lamentando fatos. São coisas da vida e eu as registro. Certamente, para desagrado de alguns companheiros que chegaram a pedir que fizesse um discurso de conciliação, de congraçamento, de paz.

É a velha estória de sempre. O mito da cordialidade. O oportunismo da "união de todos". Toda vez que se vêem em perigo ou depois de uma derrota, os interesses dominantes - a Direita, sejamos claros - ressurge com a conversa mole da harmonia, da concórdia, somos todos amigos, somos todos irmãos e patranhas da espécie.

No processo eleitoral, não demonstram nenhuma cordialidade, fazem de tudo para que sejamos esmagados, liquidados. Discursam com gosto de sangue na boca, com punhal entre dentes. Se vencedores, prometem terríveis vinganças.

O que muitos companheiros, gente do primeiro, do segundo escalão, dirigentes do Partido não entendem é que dois lados muito claros e distintos opõem-se nesta eleição. Provavelmente, nunca em uma eleição esse antagonismo deu-se tão evidente.

Do lado de lá, reunem-se todos os interesses contrariados. Vejo-os todos no palanque do adversário. Os que quebraram e desmantelaram o município.

Os que quebraram e tentaram surrupiar, os que alienaram o controle das licitações, não investiram em saneamento. Os que se esqueceram das estradas. Os que destruíram a educação pública, a saúde e nos fizeram regredir aos piores índices de qualidade de vida.

Estão todos lá. Os que deram toda sorte de vantagens e privilégios às empresas associadas ao esquema, aos parentes e esmagaram o empresário atiliense. Os que se acumpliciaram na conspiração, os que transformaram o erário quase que em caixa privado e dilapidaram o Município.

Estão todos lá. Os que viveram durante tanto tempo às expensas das verbas públicas e comercializaram suas opiniões. Os que fizeram da municipalidade um negócio muito próprio e muito próspero.

Estão todos lá. Os que viviam de fraudar concorrências, de superfaturar e de fazer das concorrências públicas uma ação entre amigos.

Estão todos lá. Aqueles que em anos de governo não produziram empregos. Porque não cortaram impostos, desprezaram os pequenos, não investiram em infra-estrutura, não atraíram negócios que gerassem intensivamente novas vagas para os trabalhadores.

Estão lá os que não apenas não criaram qualquer programa social para minorar e atender emergencialmente os nossos irmãos mais pobres, como eliminaram os que existiam, aumentando a dor da exclusão, aprofundando a humilhação e a ofensa da miséria.

Estão lá também pessoas de boa índole, sinceras, honestas, corretas, empenhadas na batalha eleitoral, acreditando que aquela é a melhor alternativa. Certamente, uma minoria pouco influente porque o que predomina mesmo é a voz do dono.

Este o lado de lá. E qual o nosso lado?

O lado dos mais pobres, dos trabalhadores, dos pequenos, dos agricultores familiares, do fortalecimento das políticas públicas de saúde, educação e segurança, da recuperação das estradas, da construção e reforma de escolas e hospital, da criação de empregos, da isenção de impostos, do microcrédito, da recuperação do Município, da transparência, da austeridade. O lado do povo.

Há quem se constranja, fique encabulado ou até mesmo sinta urticária quando se fala em povo. Os dominantes, essa gente do mercado, os do lado de lá, os que sempiternamente viveram do sangue, do suor, da miséria, da exploração do povo. Os que excluem, esmagam, discriminam, ofendem e humilham o povo. Os que enganam e manipulam o povo.

Essa gente torce o nariz quando algum governo declara sua opção, seu amor, sua solidariedade para com o povo.

É impressionante como os valores do mercado, sua boca torta de fumar o cachimbo da dominação transmite-se e são assimilados até mesmo por aqueles que estão entre nós.

O nosso lado é o lado do povo.

E como então aceitar a conciliação que alguns companheiros urdem?

É interessante. Quando chega a vez, quando temos possibilidades concretas, reais de fazer alguma coisa por aqueles que mais precisam, por aqueles que a vida toda restaram à margem, insistem que sejamos equânimes, que pesemos os dois lados, que olhemos à esquerda e à direita, que não nos afastemos dos grandes, dos poderosos, dos manda-chuvas.

Nesses quatro anos que passaram acredito que tenha ficado claro a todos para quem governamos. Ou não salta aos olhos a nossa opção? Será que há alguma dúvida?

Pois bem, nos próximos quatro anos vamos radicalizar essa opção. Vamos ainda mais a fundo na tarefa de Governar para Todos.

E não é um governo de centro-esquerda, não. Não venham com esses centrismos, com esse equilibrismo. Somos sim um governo de esquerda. E que a má interpretação ou a distorção não sirva de pretexto para que alguns neguem o lado em que nos posicionamos.

Somos de esquerda, porque ser de esquerda é ser solidário, fraterno, humano. É ser gente. É ter os olhos, a alma e o coração voltados para as desigualdades e as misérias deste mundo.

O fosso entre os que têm e o que não têm alargou-se de tal formas nos últimos anos, nesses malditos anos de expansão do neoliberalismo, que não seria catastrófico antecipar a possibilidade do colapso da civilização.

Tenhamos olhos para ver. E vejam.

Hoje a metade da população mundial, calculada em 6 bilhões e 800 milhões de almas, tem um patrimônio de tão somente 4.500 reais.

A tragédia brasileira da desigualdade, da exclusão, da concentração de rendas segue o ritmo mundial.

Por mais escandaloso e surpreendente que pareça quem ganha mais que 800 reais por mês em nosso país está entre aquela parcela de cinco por cento de brasileiros mais ricos.

Escandalizem-se. Mas reajam, mas façam alguma coisa, mas desendureçam o coração e arejem o cérebro. Alinhem-se à esquerda, formem entre aqueles que ainda não perderam a capacidade de indignar-se e lutar. Perfilem entre os que não perverteram as características básicas de seres humanos, que não se transformaram em homens lobo dos homens.

Enfim, recuperemos as nossas condições de seres humanos. Segundo Aristóteles, "animais políticos"; isto é, gregários, solidários, civilizados, já que civilização pressupõe solidariedade, irmandade. É isso que nos distingue da barbárie, da irracionalidade.

Já próximo da morte, nas reflexões finais sobre a sua trajetória política, François Mitterrand disse que a direita julga que o poder é dela, por delegação natural, como se fosse a reprodução do direito divino dos reis. Assim, para a direita, a eventual ascensão da esquerda é usurpação, é antinatural.

Isso é de tal forma difundido, está de tal forma entranhado em nossa cultura, que muitos, à esquerda ou ditos de esquerda, ou do centro, parecem constrangidos quando ganham uma eleição. Quase que pedem desculpas à direita por chegar ao governo, por ocupar um espaço naturalmente dela, naturalmente dos senhores, naturalmente dos dominantes.

Talvez seja por isso que, segundo dizem, nada mais parecido com o conservador que a esquerda quando chega ao governo. Ou como se dizia no Império: "Nada mais parecido com um luzia do que um saquarema no Gabinete".

Não aqui em Atílio Vivacqua.

Palavras e obras. Coerentemente. O que pensamos, o que discursamos, o que declaramos corresponde sempre, ao que fazemos.

Na Educação, tivemos uma transformação extraordinária. Não há quem deixe de reconhecer os avanços da nossa educação nesses quatro anos.

O programa do microcrédito, que tanto sucesso fez neste primeiro governo, alavancando dezenas de pequenos negócios,para financiar quem queira abrir um negócio ou ampliar o que já tem.

Além dos programas sociais, dos avanços na educação, da política fiscal, da geração de novos empregos, da manutenção das estradas e hospital, uma das ações que mais me empolga, mobiliza e emociona é o programa de informatização das escolas em todo o município.

Vocês não imaginam o efeito transformador que a inclusão digital tem sobre as nossas comunidades, especialmente no interior. Elas são a porta para um mundo maravilhoso, para a criação, para a fantasia, para a formação.

O Centro de treinamento, para dar suporte aos nossos agricultores familiares, é também outro programa vitorioso.

Neste novo mandato, iremos além. Vamos investir em diversificar a agricultura, para industrializar a produção agropecuária, para incentivar a produção agro ecológica.

Tantos avanços em tão pouco espaço de tempo não seriam possíveis se não recuperássemos a capacidade de pensar, de planejar, de executar. E se não contássemos com um corpo de funcionários públicos, de profissionais, tão eficiente e capaz como o que temos.

As bases para um novo salto estão construídas, solidamente construídas. As prioridades definidas. Os rumos claramente delineados. Os objetivos, evidentes.

É a Educação, é a Saúde, é a Segurança, é a geração de empregos, é o incentivo a novos investimentos e ao aumento da produção, é o combate aos desequilíbrios sociais.

Enfim, acima de tudo, sobretudo, o povo, as pessoas. O progresso das pessoas, sua promoção, seu desenvolvimento, sua inclusão neste admirável mundo novo, neste tão injusto mundo novo.

Não consideremos, não cederemos a pressões. A vida está acima do lucro imediato.

Não tenhamos ilusões, não sejamos ingênuos, não esperemos muito da grande mídia. Ela tem um lado, nós é que não aprendemos isso ainda e ficamos insistindo em um diálogo de surdos.

Queremos uma Administração de interesse público. Que estimule o debate. Que tenha compromisso com a formação, com a agricultura, com a saúde, a educação e a construção da cidadania. Que democratize e produza instrumentos de socialização e informação.

Queremos uma administração que busque o envolvimento da sociedade e estimule a sua participação. Queremos uma administração de mão dupla, que interaja que comunique a diversidade de opiniões. Queremos uma comunicação que favoreça a inclusão do maior número de cidadãos no debate político.

Nós queremos, enfim, um governo popular, onde mil flores desabrochem e mil correntes de pensamento se rivalizem.

Amigos, estes são os nossos compromissos, peçam a Deus por nós, para que nos ilumine e faça fortes, firmes e corajosos na defesa dos interesses do nosso povo.

Ao trabalho, que temos mais quatro anos para consolidar as transformações que iniciamos e dizer a todos que o caminho de Atílio Vivácqua é o caminho da libertação, da independência, da altivez, do compromisso com os interesses populares.

Afinal, temos um lado. O lado da solidariedade, da generosidade. O lado do povo.

O lado esquerdo do peito".


Atílio Vivácqua – ES,  20 de agosto de 2008.


Autor: Luis Felipe Lima


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