Sim! Sim! Sim!



Recentemente vi o filme "Sim", e achei-o interessante, porque na realidade - embora fosse uma comédia com o Jim Carrey - caracterizava bem o "problema" de muita gente inserida na nossa sociedade "civilizada"...

Basicamente trata-se de um "Homem-Não", cuja vida se resumia a negar-se a qualquer tipo de desafio. Por consequência, tinha uma vida monótona e insatisfatoria. Este personagem faz um pacto no qual se obriga a dizer "Sim" a tudo o que lhe peçam... Como é habitual em filmes - sobretudo em comédias - as coisas começam por correr de forma hilariante, para no final se comporem da melhor maneira possível...

O que é de manter em mente, é a crítica notória que é feita a todas aquelas pessoas que se fecham dos demais, para nunca sair da sua zona de conforto, ainda que esta não inclua nada de verdadeiramente interessante... Assim, há tanta gente, que se levanta de manhã, repete as rotinas para chegar ao trabalho, onde continua as suas rotinas de trabalho até que no final do dia volta para casa, e repete mais rotinas, até que vai dormir... Passam assim os dias de semana, para que no fim de semana se "varie" com outras rotinas habituais de fim de semana...

Em casos extremos, até as férias são rotina : vai-se sempre para a mesma casa do Algarve, para passar as férias nas mesmas praias, a comer e fazer as mesmas coisas, sempre e sempre... Enquanto isto acontece, o tempo passa, e não volta... Um dia morre-se, e a vida serviu para quê mesmo ? Para manter rotinas ?

Tenho lido algumas coisas interessantes  que tratam sobretudo esta questão de como encontrar a felicidade, pois esta devia ser a nossa única prioridade na vida ! Ninguém chegará ao seu leito de morte a pensar "devia ter trabalhado mais em tal dia..." ou então "devia ter visto mais televisão" ou "devia ter ficado mais vezes em casa, deitado no sofa..."

Na maioria dos casos, não se justifica viver com o stresse a que nos submetemos voluntariamente... Seria importante para cada um de nós, começar a distinguir melhor aquilo que realmente é importante na vida, e aquilo que são pseudo-urgências, que em muitos casos não passam de excêntridades instantâneas de outros, que estão igualmente a desperdiçar o seu tempo de vida...

Quantas vezes já deixámos de fazer coisas importantes, para - por exemplo - enviar um orçamento a um cliente, que depois precisa de semanas ou meses, para tomar uma decisão ?

Cada dia conta, e nunca devemos perder um sequer minuto do nosso tempo na Terra...É necessário aproveitar cada instante, procurar as partes positivas de tudo que se faz... O nosso trabalho deve dar-nos prazer, porque passamos muito tempo a fazê-lo. Qual a motivação de se passar 8 horas ou mais por dia a fazer algo que se detesta? Ninguém merece esse castigo. Pior : quando não se faz o que se gosta, as coisas acabam por sair mal...A motivação só pode existir quando se faz algo de positivo na vida.

 Quando algo é inevitável, então cabe-nos pelo menos de alterar a nossa mentalidade, para que fique mais fácil... Cada momento da nossa vida tem que ter algo de positivo... Por vezes só precisamos de descobrir o que é...

 Quando se trata do nosso tempo "livre" - e consciente de que a nossa "liberdade" não passa de um mito dadas as limitações que a sociedade nos impõe - então é a nossa obrigação de fazer o que estiver ao nosso alcance, para nos divertirmos, para saborear a vida e para tornar cada dia diferente...

 Não haverá nada mais errado, do que fechar-se na zona do conforto... "Não quero. Não gosto. Não faço !" São estas as fechaduras que mantém as pessoas dentro da sua caixa dourada, que não passa de uma prisão. Negar-se a experiências novas, é o mesmo que impedir a evolução do nosso ser.

 Se é verdade que no filme "Sim" há um exagero em aceitar fazer absolutamente tudo o que os outros nos impõem, é também verdade que será a soma das respostas positivas versus as respostas negativas que tornam a nossa vida mais ou menos positiva e interessante. Se assumimos que "sim, eu quero, eu posso, eu faço" nos traz novas experiências, possíveis alegrias e energia positiva, é óbvio que o "não" traz acima de tudo NEGATIVISMO.  Negar-se às alegrias da vida, significa focar-se nas tristezas...

 Da mesma maneira que há pessoas que olham para a crise e só vêm problemas e razões para ficarem quietinhos, afirmando um claro NÃO a qualquer possibilidade de fugir à crise, aqueles que a enfrentam e procuram novas oportunidades normalmente safam-se melhor. Mas mesmo que não se safem, pelo menos têm a satisfação de o ter tentado, de ter dito que Sim, e ter ido na onda por algum tempo... Seguramente aproveitaram melhor a vida, do que os outros, que ficaram à espera.

 No final de contas, só uma coisa é certa : um dia vamos morrer.

 Pode ser ainda hoje.

 Considerando isso, será que estamos a fazer aquilo que devemos, para que a nossa vida conte, nem que seja só para nós mesmo ? Se a resposta é não, a consequência deve ser a mudança. Já. Não há um minuto a perder. Pode ser o último.

carpe diem, noctem idem.


Autor: Eduardo Catarino


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