Doenças sexualmente transmissíveis: transmissão, diagnóstico e tratamento conhecidos por acadêmicos de farmácia



DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: TRANSMISSÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO CONHECIDOS POR ACADÊMICOS DE FARMÁCIA

 

MARTINS, Ávila Lopes**; OTONI, Graziella de Souza**; PRATES, Mayrane Luiz**; D’ANGELIS, Carlos Eduardo Mendes*.

*Docente das FIP-Moc; **Acadêmicos do curso de Farmácia das FIP-Moc.

                                                                             

INTRODUÇÃO

 

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são infecções adquiridas através do contato sexual. Em alguns casos, essas doenças podem ser transmitidas também, de mãe para filho, antes ou durante o parto, ou por transfusão de sangue contaminado (NAVES et al., 2005).

A educação em saúde é uma habilidade essencial aos profissionais de saúde, e embora aparentemente simples e fácil, é um processo complexo que envolve numerosos aspectos inerentes ao comunicador, a comunicação e a audiência para que as metas se tornem factíveis e atinjam os objetivos esperados. Neste contexto o farmacêutico tem papel fundamental, podendo atuar na prevenção das DSTs através de medidas informativas e de conscientização da população e ainda trabalhar no desenvolvimento de programas nacionais que visam o controle dessas doenças (BASTOS et al., 2009).

Devido ao difícil acesso da população aos serviços públicos de saúde, muitos procuram as farmácias e drogarias para obter informações e indicações. Por isso, é importante que os profissionais desse setor tenham formação adequada para atuarem como educadores de saúde (BASTOS et al., 2009). Diante disso, este estudo tem como objetivo investigar o conhecimento adquirido pelos acadêmicos do curso de farmácia de modo a contribuir para a prevenção, diagnóstico, tratamento e impacto social das DST/AIDS.

 

METODOLOGIA

 

                Foi realizado um estudo descritivo, transversal, de caráter quali-quantitativo com aplicação de questionários. A população deste estudo foi composta por 67 acadêmicos do 8º, 9º, 10º de farmácia das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, sendo que a amostra foi constituída por 50 acadêmicos representando 74,6% da população estudada. Os critérios de inclusão adotados foram: estar matriculado no curso, estar presente no ato da coleta de dados, participar livremente da pesquisa e assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.  Foram excluídos acadêmicos não frequentes, com licença de saúde ou gestação e todos os itens que não se adequaram aos critérios de inclusão.

A análise estatística descritiva dos dados obtidos foi realizada no programa Microsoft Office Excel 2003, empregado para edição de tabelas e do Software SPSS versão 13.0 para o Windows.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Buscando proporcionalidade e contando com a livre colaboração e a disponibilidade dos entrevistados, obteve-se a participação de 35 (71,4%) estudantes do gênero feminino e 14 (28,6%) do gênero masculino.

Através deste estudo foi possível observar o conhecimento medido por meio de auto-avaliação dos entrevistados. Do total de participantes, 64,6% (n=31) consideram suficientes as informações que julgam possuir sobre DST’s/AIDS. Enquanto 35,4% consideram que seu conhecimento é mediano. Mostrando que a maioria dos acadêmicos possui conhecimento sobre DST’s/ AIDS.

Quando questionado em relação às formas de transmissão do vírus HIV, a grande maioria (95,9%; n=47) dos participantes afirmaram conhecer todas as formas de transmissão do vírus HIV, e uma pequena parcela (4,1%; n=4) afirmou não conhecer todas as formas de transmissão. Sendo assim, a capacitação dos futuros profissionais de saúde em relação às DST’s/AIDS é uma necessidade para que estes adotem medidas de auto-proteção. Além disso, tais informações contribuem para a sua prática enquanto futuros profissionais da saúde, evitando-se inclusive atitudes preconceituosas e estigmatizantes à clientela com DST’s/AIDS (BRASIL, 1997).

Foi avaliado o conhecimento dos acadêmicos acerca dos agentes etiológicos de algumas DST’s como Sífilis e Candidíase. O conhecimento da DST (sífilis) causada pelo Treponema pallidum foi atestado por 38 (76%) acadêmicos, enquanto 12 (24%) acadêmicos mostraram não conhecer o agente causador da mesma. Quanto ao conhecimento do agente etiológico da candidíase, apenas 1 (2%) participante não soube responder. Através dos resultados da enquete relacionada aos agentes etiológicos, os acadêmicos apresentaram um resultado satisfatório, demonstrando conhecimento sobre os agentes etiológicos.

Os testes imunocromatográficos são utilizados no diagnóstico da Aids e sífilis. Estes podem apresentar resultados falso-positivos e falso-negativos. Portanto seu resultado deve ser sempre interpretado com outras informações clínicas disponíveis. (GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA, 2009). A porcentagem de entrevistados que conhecem algum teste imunocromatográfico utilizado no diagnóstico de HIV foi 72%, demonstrando que estes futuros profissionais apresentam conhecimento em relação aos métodos diagnósticos de DST’s.

Quanto ao conhecimento dos grupos de fármacos utilizados nas DSTs/AIDS, 38 estudantes (77,6%) declararam possuir tal informação. Entretanto, apenas 25% souberam responder o fármaco correto quando foram questionados acerca do tratamento utilizado para o HPV.

O ácido tricloroacético (ATA) é uma medicação de uso tópico eficaz em lesões de mucosa, porém tem limitações em pele queratinizada, onde a aplicação provoca ardor intenso. O 5-fluorouracil (5-FU), apesar da eficácia, causa desconforto, inflamação e, por ser teratogênico, deve ser evitado em gestantes (NADAL et al, 2004).

As políticas públicas de dispensação de fármacos utilizados no tratamento das DSTs/AIDS são desconhecidas por 68,1%  dos acadêmicos, sendo possível observar que 3 (25%) deles citaram os postos de saúde (Tabela 1).

Os profissionais do sexo por lidarem com vários parceiros com histórias sexuais desconhecidas, estão sujeitos à maior risco de aquisição de DSTs (NICOLAU et al, 2006). Portanto os dois grupos mais citados como de maior risco de DST/AIDS foram respectivamente Prostitutas (n=37; 75,5%) e Homossexuais (n=35; 71,4%), logo os acadêmicos apresentaram conhecimento satisfatório sobre este aspecto (Tabela 2).

De acordo com a Tabela 3, com o critério de escolha das questões mais importantes do questionário notamos um conhecimento significativo onde se obteve um resultado esperado, onde o 9º e 10º período obteve um conhecimento similar.

 

CONCLUSÃO

 

 Conclui-se a partir do presente estudo, que os acadêmicos do 8º ao 10º período do curso de Farmácia das FIP-MOC possuem conhecimentos sobre DSTs, com porcentagem de conhecimento maior à medida que avançam no curso. Apesar disso, alguns acadêmicos não souberam responder questões básicas sobre o assunto, como por exemplo, sobre os fármacos utilizados para tratar tais doenças e sobre as políticas públicas de dispensação desses fármacos. Este fato é preocupante uma vez que serão futuros profissionais responsáveis por transmitir este conhecimento aos seus clientes.

                O farmacêutico deve estar ciente do seu papel, pois ele pode influenciar diretamente na prevenção e controle das DSTs/AIDS por meio da implantação de propagandas educativas, promoção da saúde e conscientização da população. Para tanto, é necessário que esse profissional esteja preparado para responder as diversas questões que poderão surgir em seu cotidiano.

 

REFERÊNCIAS

 

[1]   BASTOS, S.; BONFIM, J. R. A.; FERNANDES, M. E. L.; FIGUEIREDO, R.; KALCKMANN, S. Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e procura da contracepção de emergência em farmácias e drogarias do município de São Paulo. Saúde Soc. São Paulo, v. 18, n. 4, p. 787-799, 2009.

[2]   BRASIL, Ministério da Saúde. AIDS. Boletim Epidemiológico Programa Nacional DST/AIDS. v. 10, n.3, jun./ago., 1997.

[3]   GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA. Analisa. 9. ed. Belo Horizonte, MG, 2009.

[4]   NADAL, S. R., MANZIONE, C. R., HORTA, S. H. C., CALORE, E. E. Sistematização do Atendimento dos Portadores de Infecção Perianal pelo Papilomavirus Humano (HPV). Rev. Bras. Coloproct, v. 24, n. 4, p. 322-328. 2004.

[5]   NAVES, J. O. S.; MERCHAN-HAMANN, E.; SILVER, L. D. Orientação Farmacêutica para DST: uma proposta de sistematização. Ciênc. Saúde coletiva. v. 10, n. 4, p. 1005-1014, 2005.

[6]   NICOLAU, A. I. O.; JÚNIOR, J. S. P. F.; RABELO, S. T. O. et al., Perfil Ginecológico de Prostituta de Fortaleza , 2006.

 

 

Tabela 1 – Porcentagem de conhecimento sobre a dispensação de fármacos utilizados no tratamento das DSTs/AIDS

 

N

%

% válido

 

AZT

1

2,0

8,33

Coquetéis

1

2,0

8,33

Distribuição dos medicamentos coquetel pelo governo

1

2,0

8,33

Distribuídos em posto de saúde

1

2,0

8,33

Governo disponibiliza tratamento geralmente em posto de saúde

1

2,0

8,33

Hospitalar

1

2,0

8,33

Políticas idealizadas pelo Ministério de Saúde

1

2,0

8,33

Posto de saúde

3

6,0

25,00

Propaganda, palestras (dispensa o medicamento gratuitamente quando apresenta a receita)

1

2,0

8,33

São distribuídos pelas secretárias de saúde

1

2,0

8,33

Total

12

24,0

100,00

Não respondeu

3

6,0

 

Não se aplica

35

70,0

 

Total

38

76,0

 

Total

50

100,0

100

Fonte: Dados coletados junto aos Acadêmicos de Farmárica das FIPMoc

 

Tabela 2 – Porcentagem das respostas quanto ao grupo de maior risco de adquirir DSTs/AIDS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Grupo com maior risco de DST/AIDs(a)

Respostas

% de casos

%

 

 

 

Homossexuais

35

35,4%

71,4%

Mulheres

5

5,1%

10,2%

Prostitutas

37

37,4%

75,5%

Profissionais de saúde

12

12,1%

24,5%

Universitários

6

6,1%

12,2%

Homens

4

4,0%

8,2%

Total

99

100,0%

202,0%

Fonte: Dados coletados junto a Acadêmicos de Farmácia das FIP-Moc

 

Tabela 3 - Comparativo de conhecimentos conforme o período que estuda

 

 

Período que está cursando

Total

 

 

8º período

9º período

10º período

 

P

n

%

N

%

n

%

n

%

Conhecimento que julga possuir sobre DSTs/AIDS – Mediano

0,015*

9

60,0%

6

46,2%

2

11,8%

17

37,8%

Conhecimento que julga possuir sobre DSTs/AIDS – Suficiente

6

40,0%

7

53,8%

15

88,2%

28

62,2%

Conhece todas as formas de transmissão do vírus HIV

0,532

15

93,8%

12

92,3%

17

100,0%

44

95,7%

Conhece a DST causada pelo Treponema pallidum

0,039*

9

56,3%

10

76,9%

16

94,1%

35

76,1%

Conhece o agente etiológico causador da candidíase

0,384

15

93,8%

13

100,0%

17

100,0%

45

97,8%

Conhece algum teste imunocromatográfico utilizado no diagnóstico de HIV

0,085

9

56,3%

12

92,3%

13

76,5%

34

73,9%

Conhece os grupos de fármacos utilizados nas DST/AIDS

0,322

11

73,3%

12

92,3%

12

70,6%

35

77,8%

Conhecimento acerca da política pública de dispensação para fármacos utilizados no tratamento das DSTs/AIDS

0,418

3

21,4%

5

38,5%

7

43,8%

15

34,9%

 

 Total

15

100,0%

13

100,0%

17

100,0%

45

100,0%

Fonte: Dados coletados junto aos Acadêmicos de Farmárica das FIPMoc

 

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