Realidades educacionais - as necessidades e mudanças na educação



RESUMO

 

A educação é a grande porta para o desenvolvimento social e cultural de uma nação. Porém as dificuldades financeiras e sociais encontradas pelos países em desenvolvimento impedem que a educação torne-se difundida igualmente nesses países como nos países já desenvolvidos, tornando desigual a qualidade da educação em determinados países. A partir da busca de informações e opiniões de especialistas sobre a educação e seus métodos para com a possibilidade de emparelhamento da educação entre países pobres e ricos, fica claro que o atraso sofrido pelos países em desenvolvimento é enorme se comparado com a realidade vivida pelos países desenvolvidos, pois a pobreza somada com a grande evolução demográfica que ocorre em grande parte dos países pobres atrasa a evolução em todos os campos sociais dessas nações. Entretanto, todas as nações ricas possuem um sistema exemplar e praticamente um modelo a ser seguido. Isso comprova que a educação é a grande chave mestra para a saída de uma realidade de exclusão e pobreza para as nações em desenvolvimento, e que este campo deve ser investido com uma atenção maior, pois é nesta área que se encontra a saída para muitos dos problemas vividos pelos países com dificuldades.                                                          

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

Palavras-chave: Educação. Realidade educacional. Países desenvolvidos e em desenvolvimento.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

É papel e dever do político e dos órgãos públicos assegurar uma educação de qualidade e com gratuidade, sobretudo as pessoas e comunidades cujos quais não têm condições de pagar. Para alguns países, esse objetivo não acaba sendo um grande obstáculo, em face especialmente aos países desenvolvidos. A exigência por uma maior qualidade de educação cresce, tanto nos países desenvolvidos como aos que estão a se desenvolver, também devido aos adventos tecnológicos, uma realidade inegável no sistema de ensino do mundo globalizado em que vivemos.

 

Então o objetivo central deste paper é o de problematizar a realidade entre países desenvolvidos (países ricos) e os países em desenvolvimento (países pobres), mostrando as diferentes realidades vividas em cada país, e tentar encontrar caminhos para que esta realidade de diferenças diminua, além de mostrar pontos importantes de investimentos e da nova perspectiva que vive a educação frente às inovações tecnológicas do mundo contemporâneo.

 

 

2 A REALIDADE ECONÔMICA DE DIVERSOS PAÍSES

 

A realidade econômica entre os países, sobretudo a larga diferença entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, é altamente relevante, e muda a realidade política, econômica, social e até mesmo cultural de cada país.

 

Nos países em desenvolvimento, existe uma grande procura por educação. Porém os recursos são escassos, o que torna a situação “dramática” no sentido qualitativo.  Nos países desenvolvidos a realidade financeira e social é outra. Além do mais, existe uma taxa de natalidade bastante inferior, o que reduz a curto, médio e longo prazo uma maior demanda por educação, pois evita um “efeito cascata” de nascimentos e aumento da população do país.

 

Os países desenvolvidos confrontam-se com uma crescente procura de escolarização e têm de encontrar os meios de resolver essa situação. Contudo, as suas dificuldades financeiras não se comparam com as dos países em desenvolvimento, esmagados entre as crescentes necessidades ligadas ao aumento demográfico, aos atrasos de escolarização e a escassez de recursos disponíveis. (UNESCO, 1998, p.176).

 

 

Levando o fato de que os países pobres têm mais estudantes e menos investimentos, explicita-se que a maior parte da população fica a mercê de investimentos escassos e consequentemente de uma educação, muitas vezes, ineficiente frente às necessidades desses países.

 

De acordo com a UNESCO (1998, p. 184), um dos fatos que leva a um grande gasto financeiro é a repetência escolar:

 

A redução das taxas de repetência e de abandono escolar, particularmente elevadas na África e na América Latina, ao diminuir o número total de alunos que permanecem na escola, deve fazer com que aumente a pertinência e eficácia da despesa com a educação. Calcula-se que no Brasil o custo das repetências representa cerca de 2,5 bilhões de dólares por ano; este valor podia ser investido de forma útil, no desenvolvimento da educação pré-escolar, a fim de permitir uma melhor escolarização posterior das crianças.

 

Porém, não se deve ter como solução a aprovação forçada a fim de economizar. Se uma escola tiver que aprovar alunos sem os mesmos estarem plenamente capacitados, todo o investimento na educação é nulo. O objetivo da escola é capacitar o aluno, e não meramente aprová-lo a fim de conceder um simples certificado de conclusão. A missão da escola é preparar o educando e aprová-lo apenas se ele estiver capaz de seguir em frente. A maior parte dos alunos cuja aprovação já foi atingida não se esforça como deve, lesando o processo ensino-aprendizagem.

 

Aqui no Brasil, o MEC adotou a mudança de currículo nas séries iniciais. Sob amparo de pesquisas evidenciando um grande aumento de evasão escolar, o MEC decidiu por mudar o sistema de ensino seriado, criando o Ciclo de Alfabetização e Letramento, que acaba com a reprovação dos três primeiros anos do ensino fundamental.

 

O objetivo da medida é inquestionavelmente bem intencionado: evitar que o insucesso escolar nas séries iniciais continue causando evasão e repetência, com os consequentes prejuízos para a autoestima da criança. De acordo com o governo, a pesquisa que embasa esta decisão mostra que o país teve em 2009 um índice de aprovação de 94,9% no primeiro ano, o que significa a reprovação de cinco em cada grupo de cem alunos. O MEC acredita que a aprovação automática facilitará a alfabetização de todas as crianças até oito anos. (ZERO HORA, 2011, P. 14)

 

Essa ideia do MEC, relativamente nova, não poderá prejudicar a formação dos alunos. Deve ficar explícita a capacitação dos alunos em geral, para evitar que as reprovações apenas sejam adiadas. Essa é a principal meta e o principal desafio da escola com esta nova medida.

 

 

2.1 BENEFÍCIOS REFERENTES AO INVESTIMENTO NA EDUCAÇÃO

 

A educação não deve ser encarada como um gasto, mas como um investimento que trará benefícios para seu país. Exemplo: um país que tiver uma quantidade médio-boa de mão de obra em uma determinada área, essa área desenvolver-se-á, gerará empregos, chamará a atenção de empresas e será uma fonte geradora de recursos para o estado. E essa mão de obra qualitativa só será possível com a formação da mesma.

 

Não é louvável a participação de investimentos privados na educação, se os mesmos tiverem como objetivo interferirem na matriz curricular de ensino. É louvável um investimento misto, em que investimentos públicos e privados andem juntos, porém assegurando gratuidade e acessibilidade ao ensino. “É evidentemente necessário um financiamento público que assegure a equidade e a coesão social (UNESCO, 1998, p.184)”.

 

O investimento nas estruturas educacionais é a grande chave para a saída da realidade muitas vezes dura dos países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos têm as melhores universidades e não poupam investimentos nos setores educacionais, pois assim eles colhem os frutos para um futuro melhor e a sua economia, já bem desenvolvida, se desenvolve ainda mais devido à disponibilização de mais e melhores profissionais para as diversas áreas do mercado.

 

No Brasil, o valor do PIB investido na educação subiu muito pouco, de 4,7% a 5% de 2008 para 2009. Porém a presidenta Dilma Rousseff salienta que irá investir fortemente na educação: “Durante a campanha eleitoral, a presidenta eleita Dilma Rousseff defendeu que o país aplicasse 7% do PIB em educação. Esse é o patamar médio de investimento dos países desenvolvidos”. (R7, 2010)

 

 

3 AS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

 

A educação atual está envolvida diretamente com o uso das novas tecnologias. Seu uso hoje se traduz indispensável, tanto ao professor como ao aluno. Porém a educação clássica é essencial para o aprendizado, e o uso de novas tecnologias apenas servem de apoio.

 

 

3.1 INVESTIMENTOS

 

Deve-se explanar que as prioridades e necessidades em países ricos e pobres são diferentes; assim como a sua realidade: os países ricos têm um alargamento maior de tecnologias e a sua população tem mais acesso e poder de compra a elas, enquanto que os países em desenvolvimento veem-se quase sempre apertados com as necessidades financeiras, e prejudica todos os setores do país, e diminui a capacidade de investimento nas tecnologias contemporâneas com enfoque pedagógico.  

 

 

3.2 MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO

 

As novas tecnologias já revolucionaram a educação, e hoje elas não são mais perspectivas, mas sim realidades na sociedade do século XXI. E essas tecnologias reduziram gastos, tanto para as universidades, escolas e demais sistemas educacionais, como também para os alunos que as frequentam. O surgimento dessas tecnologias gerou uma reciclagem educacional, sobretudo nos países desenvolvidos, onde essas tecnologias são mais avançadas e mais distribuídas. Este fato pode ser visto com bons olhos para os países em desenvolvimento, pois os poderes públicos poderiam de certa forma difundir um ensino de maior qualidade com menores investimentos, e colher mais e melhores frutos para um futuro que está por vir.

 

 

3.2.1 Mudanças Promovidas pelas Novas Tecnologias

 

  As tecnologias atuais são estimulantes ao aluno e cabe ao poder público fazer desta estimulação uma justificativa a mais para ser investidos nesses materiais de auxílio ao ensino de modo a complementar a educação da sala de aula.

 

Nos dias atuais nenhum professor deve ficar excluso dessas inovações, e de forma a reciclar-se, deve se encarregar de adquirir conhecimento de seus manuseios de modo a usar as ferramentas modernas a favor dos métodos pedagógicos:

 

Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em geral, não. Os professores sentem cada vez mais claro o descompasso no domínio das tecnologias e, em geral, tentam segurar o máximo que podem, fazendo pequenas concessões, sem mudar o essencial. [...] Muitos professores têm medo de revelar sua dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva, controladora, repetidora. Os professores percebem que precisam mudar, mas não sabem bem como fazê-lo e não estão preparados para experimentar com segurança. (G1, 2011)

 

Os professores tem que explorar as potencialidades da internet, para inspirar seus alunos a utilizarem tais ferramentas, para que o aprendizado torne-se atraente e empolgante para a geração atual. (TEORIA & AÇÃO, 2011, p.9)

 

Tanto em países pobres e países ricos, o valor do professor deverá permanecer o mesmo de sempre: essencial para a aquisição do saber. A grande diferença da realidade atual é que o professor ainda é a grande fonte do saber, mas não é mais a única, ou seja, existem diversos meios de complemento e desenvolvimento do saber. “[...] o desenvolvimento das novas tecnologias não diminui em nada o papel dos professores, antes pelo contrário; mas modifica-o profundamente e constitui para eles uma oportunidade que devem aproveitar [...]” (UNESCO, 1998, p.192).

 

 

4 O PODER PÚBLICO FRENTE À EDUCAÇÃO

 

A política educacional deve ser planejada em longo prazo, pois as mudanças de planejamento a cada troca de governo acabam prejudicando seriamente o desenvolvimento educativo, e que muitas vezes certos tipos de planejamento não são concluídos ou sequer postos em prática de forma efetiva, o que danifica a educação qualitativa. Por isso que se deve manter um planejamento educacional durante um longo período, sem interferências radicais (sobretudo para fins políticos), para o aluno poder desfrutar desse projeto ao longo de sua formação.

 

O estado deve disponibilizar um ensino de qualidade para todas as pessoas, independente de classes sociais ou a um grupo seleto de pessoas. Sendo assim, o papel do estado nada mais é que de um representante de toda a sua sociedade, e que deve representá-los sem nenhum tipo de exclusividade e promover a educação para esta sociedade de forma igualitária e sem ferir essa representação social.

 

Não podemos permitir que apenas as classes média e alta tenham acesso à escola. É necessário ainda não se contentar com a ampliação das vagas e criação de novas escolas, mas ajudar os setores oprimidos a se organizarem como classe, para que tenham condições de exigir do Estado uma escola de boa qualidade e de tempo integral para seus filhos, necessária para a superação de suas dificuldades na aprendizagem, originárias de sua situação de classe. (COELHO, 1984, p. 42)

 

É dever das políticas nacionais fiscalizar e coordenar as instituições educativas desde o ensino primário até o ensino superior, independente se forem privadas ou públicas. Estas devem estar de acordo entre si e de acordo com as diretrizes impostas pelo poder público.

 

O estado deve estar consciente de sua responsabilidade perante o investimento financeiro: evidentemente as prioridades variam muito, segundo os países, mas é preciso ter cuidado não só em manter a coerência do sistema, mas também em ter em conta as novas exigências de uma educação que se desenrola ao longo de toda a vida. Deve, também, ser assegurada a ligação entre educação e necessidades econômicas (UNESCO, 1998, p.175).

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Deve-se, estudando meios eficientes, tentar emparelhar o desnível atual de educação entre os países ricos e os países pobres, tanto na forma clássica de educação como nas tecnologias pedagógicas, e é evidente que esse emparelhamento não acontece da noite para o dia: é um processo lento e demorado, que só pode ser ajustado com o investimento no presente, visando esses bons resultados no futuro.

 

Estamos todos certos de que um modelo ideal de educação posto mundialmente é impossível, pois, querendo ou não, tanto em um país rico como em um país pobre sempre haverá alguma instituição educacional deficiente, haverá algum aluno sem o acesso a educação (muitas vezes devido a sua própria realidade dramática de vida), haverá algum país mal administrado nesse campo e haverá alguma nação despreparada para o contexto educacional contemporâneo, já que a modernidade avança a todo o instante, e hoje há países que não têm acesso a esses sistemas adiantados de globalização. 

 

Porém, dentro de uma “meta real”, ainda há muito que ser feito em prol da educação, em expansão mundial, e as nações devem se preparar para a evolução educacional com eficiência, e olhar a educação com olhos de futuro, prosperidade e bons tempos, pois a educação forma a identidade moral dos indivíduos de uma nação, e esta só pode ser construída eficazmente com sabedoria, que somente a educação pode oferecer.

 

 

REFERÊNCIAS

 

APROVAR ou ensinar? Zero Hora, Porto Alegre, 20 fev. 2011. Editorial, p.14.

 

COELHO, Ildeu Moreira. A questão política do trabalho pedagógico. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.) O Educador: Vida e morte. 5.Ed. Rio de Janeiro, Graal, 1984. P.42

 

PORTAL G1 <http:/g1.com/educacao/noticias/paradigmas-na-educacao.20112202.html> acesso em: 09 de maio 2011

 

PORTAL R7 <http://noticias.r7.com/vestibular-e-concursos/noticias/investimento-publico-em-educacao-chegou-a-5-do-pib-em-2009-20101104.html acesso em: 04 de junho de 2011

 

PROFESSORES plugados. Teoria & Ação, [S.I.], n. 2, p.9, mar 2011.

 

UNESCO. Educação, um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1998.

 


Autor: Rafael Lapuente


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