Diferentes entendimentos para educação física



ANDSON DA SILVA GOMES*

FERNEY GLEYSON ALMEIDA LIMA*

FRANCISNEY GUERRIEIRO*

MARCELO GOMES GONZÁLEZ*

TATIANA MENDES DA SILVA*

*Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física pela Universidade Vale do Acaraú-AP


Educação Física é o conjunto de atividades físicas não-competitivas e esportes com fins recreativos quanto à ciência que fundamenta a correta prática destas atividades, resultado de uma série de pesquisas e procedimentos estabelecidos. Também é um componente curricular no ensino fundamental e médio, destinada a transmissão e reelaboração das culturas corporais. Chega ao Brasil em 1810 com a Academia Real Militar. Em 1874 esta prática é estendida às mulheres.

As tendências da Educação Física dividem-se em: higienista, militarista, pedagogicista, esportivista, competitivista, popular e crítico-social.

EDUCAÇÃO FÍSICA HIGIENISTA

A concepção denominada Educação Física Higienista era uma concepção particularmente forte nos anos finais do Império e no período da Primeira República (1889 - 1930), que se preocupava em instituir a Educação Física como agente de saneamento público, agindo como protagonista num projeto de assepsia social, tendo um papel fundamental na formação de homens e mulheres sadios, fortes, dispostos à ação.

Para tal concepção a ginástica, o desporto, os jogos recreativos, etc., deveriam disciplinar os hábitos das pessoas no sentido de levá-las a se afastarem de práticas capazes de provocar a deterioração da saúde e da moral, o que comprometeria a vida coletiva. Assim, a perspectiva da Educação Física Higienista vislumbrou a possibilidade e a necessidade de resolver o problema da saúde pública pela educação. "O envolvimento dos higienistas com a educação escolar se deu, portanto, dentro de compreensão desta como sendo uma extensão da educação familiar." (Castellani, 1991, p. 45).

Vários pontos defendidos pelo pensamento liberal em relação à Educação Física, e que culminaram naquilo que estamos designando de Educação Física Higienista, estão vivos, ainda hoje, permeando os discursos de autoridades governamentais, de pedagogos, de médicos e professores de Educação Física.

EDUCAÇÃO FÍSICA MILITARISTA

A Educação Física Higienista, preocupada com a saúde, perdeu terreno para a Educação Física Militarista (1930 - 1945), que derruba o próprio conceito de saúde, para vinculá-lo agora a saúde da Pátria.

Esta concepção visava impor a toda sociedade padrões de comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar própria ao regime de quartel, cujo objetivo fundamental era a obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta, a guerra, enfim, a formação de um cidadão-soldado capaz de obedecer cegamente e de servir de exemplo para o restante da juventude pela sua bravura e coragem. É nessa construção do novo homem que podemos entender a Educação Física como uma disciplina necessária.

Assim, a Educação Física deveria ser suficientemente rígida para elevar os cidadãos da nação à condição de servidores e defensores da Pátria. O seu papel seria de colaboração no processo de seleção natural, eliminando os fracos e premiando os fortes, no sentido da depuração da raça.

EDUCAÇÃO FÍSICA PEDAGOGICISTA

Ghiraldelli Júnior (1992) destaca que, após 1945, o chamado período da democracia populista, a Educação Física Brasileira se envolveu na rede de novo arcabouço ideológico. A Educação Física Militarista foi obrigada a se reciclar. Isto não significa, de maneira alguma, que a prática da Educação Física, após esta derrota, tenha se livrado dos parâmetros impostos pela Educação Física Militarista.

A concepção Pedagogicista (1945 - 1964), é a concepção que vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou disciplinar a juventude, mas de ser uma prática eminentemente educativa. A ginástica, a dança, o desporto, etc., são meios de educação dos discentes. São instrumentos capazes de levar a juventude a aceitar as regras de convívio democrático e de preparar as novas gerações para o altruísmo, o culto a riquezas nacionais, etc. o sentimento corporativista de valorização do profissional da Educação Física permeia a concepção. Assim, é possível forjar um sistema nacional de Educação Física, capaz de promover a Educação Física do homem brasileiro, respeitando suas peculiaridades culturais, físico-morfológicas e psicológicas.

    Do final do Estado Novo até a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, houve um grande debate sobre o sistema de ensino brasileiro. A Lei 4024/61 estabeleceu a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino primário e médio. Gradativamente o esporte ocupa mais espaço nas aulas de Educação Física com a introdução do Método Desportivo Generalizado, contrapondo aos antigos métodos de ginástica tradicional.

O descontentamento cada vez maior da sociedade brasileira com o autoritarismo presente ao longo dos governos militares no final dos anos 70 passou a clamar pela abertura política - a redemocratização.

EDUCAÇÃO FÍSICA ESPORTIVISTA

O governo dos militares foi à época em que mais se investiu pesado no esporte na tentativa de fazer uma educação física sustentáculo ideológico, na medida em que ela participaria na promoção do país por meio do êxito em competições de alto nível.

Nessa época devido à grande influência que o esporte representava no sistema educacional é tão forte que não é esporte da escola, mas sim o esporte na escola.

EDUCAÇÃO FÍSICA COMPETITIVISTA

A partir do momento em que a Educação Física passou a ser direcionada para o âmbito competitivista, a relação brasileiro/corpo recebeu uma significação evidenciada pelo binômio homem/máquina.

GHIRALDELLI JÚNIOR (1988) nos mostra que a Educação física competitivista também está a serviço de uma hierarquização e elitização social, bem como, a superação individual com valores fundamentais e desejados de uma sociedade moderna. O jovem brasileiro foi sendo limitado nas suas capacidades de crítica e análise, uma vez que o objetivo maior era a formação do atleta e não do ser humano como um todo.

Seu objetivo fundamental é a caracterização da competição e da superação individual como valores fundamentais e desejados para uma sociedade moderna voltam-se então para o culto do atleta-herói.

EDUCAÇÃO FÍSICA POPULAR

É antes de tudo ludicidade e cooperação. Não se pretende ser “educativa”, ela entende que a educação dos trabalhadores está intimamente ligada ao confronto cotidiano imposto pela luta de classes.

EDUCAÇÃO FÍSICA NA VISÃO CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS

A tendência pedagógica crítico-social dos conteúdos teve como objetivo propiciar ao alunado conscientização, emancipação e participação efetiva no processo ensino-aprendizagem. Para tanto o pensamento racional dedutivo que parte do todo, da visão global, para as partes, era utilizado, oportunizando a observação dos diferentes e mais abrangentes aspectos da questão estudada.

O pensamento divergente foi muito utilizado pois buscava a raiz, o âmago dos questionamentos para poder detectar o problema e sua origem. E, a utilização do conhecimento e análise da realidade e vivências do aluno para a solução de problemas era um dos pressupostos desta tendência. Assim como a valorização e o incentivo à busca de soluções próprias e criativas para as problematizações e situações conhecidas e vivenciadas pelos alunos.

 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Rosângela de Sena. A Tendência Pedagógica Crítico-Social dos Conteúdos na Educação Física Escolar. Disponível em: <http://cev.org.br/biblioteca/a-tendencia-pedagogica-critico-social-dos-conteudos-educacao-fisica-escolar>. Acesso em: 07 mai. 2011.

CUSTÓDIO, Laís Teresinha. A cultura corporal na escola. Suas inter relações com a 
construção de conhecimentos: 
avanços e possibilidades. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd66/corporal.htm>. Acesso em: 07 mai. 2011.

MORAES, Luiz Carlos de. História da Educação Física. Disponível em: <http://www.cdof.com.br/historia.htm>. Acesso em: 07 mai. 2011.

SEIXAS, Thais. RESUMO: GHIRALDIDELLI Jr. EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRESSISTA. IN: EDIÇÀO LOYOLA, SÃO PAULO, 1998. Disponível em: <http://thaisseixas. blogspot.com/2008/04/resumoghiraldidelli-jreducao-fsica.html>. Acesso em: 07 mai. 2011.

TAVARES, Marcelo; DIAS, Ana Catarina; JÚNIOR, Marcílio Souza. Educação física Escolar:contribuições teórico-metodológicas para a prática pedagógica dos professores de Educação Física. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd135/pratica-pedagogica-dos-professores-de-educacao-fisica.htm>. Acesso em: 07 mai. 2011.

TEIXEIRA, Cláudia Maria Calhau; WERNECK, Chistianne Luce Gomes. Corpo e Educação Física no contexto social brasileiro: reflexões. Disponível em: <http://www.motricidade.com/index.php?option=com_content&view=article&id=169:qcorpo-e-educacao-fisica-no-contexto-social-brasileiro-reflexoesq&catid=50:gestao&Itemid=90>. Acesso em: 07 mai. 2011.

TOMÁZ, Adriane Silva. A Educação Física frente a atuais desafios. Disponível em: <http://cev.org.br/biblioteca/a-educacao-fisica-frente-a-atuais-desafios>. Acesso em: 07 mai. 2011.

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Autor: Marcelo Gomes González


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