Inclusão X Exclusão



RESUMO: Os altos índices de alunos que não freqüentam universidades nesta cidade gera um grande número de profissionais despreparados para setores mais elevados. Sendo uma possibilidade a adequação da rede educacional a nível Médio favorecendo e incentivando o ingresso desses alunos em instituições de nível superior. Espera-se com isso quantificar com precisão os índices até então, meramente de suposição. Trabalho relevante para o ingresso em universidades e faculdades com graduação plena em áreas específica nos setores de carência deste município.

ABSTRACT: The high indexes of students that don't frequent universities in this city generate a great number of professionals without preparation for higher sections. Being a possibility the adaptation of the educational net at Medium level favoring and motivating those students' entrance in institutions of superior level. It is hoped that with quantify precisely the rates until then, merely to guess. Important works for the entrance in universities with full graduation in areas specify in the sections of lack of this district.

PALAVRAS-CHAVES: inclusão escolar, dificuldades, processo, ensino-aprendizagem, universidade, adequação, qualificação profissional.

1.
APRESENTAÇÃO

A escolha do tema partiu da idéia de inclusão escolar, tendo em vista que se observou um grande número de alunos que não concluem o Ensino Médio e um número maior ainda de alunos que não fazem uma universidade. Decidi-me por esse assunto uma vez que trabalho com uma clientela voltada para o ensino Médio e Superior, onde uma parcela considerável é de profissionais que estão atuantes no campo profissional, sem, entretanto, mostrar-se capacitado para tais tarefas, ou, executando atividade a nível inferior as demais do setor.

Se pararmos para pensar no ensino de hoje com o de dez, vinte anos atrás perceberemos a evolução no sistema educacional brasileiro. Nestas últimas décadas as escolas, professores, alunos, livros didáticos passaram por uma transformação significativa. Movimento que resultou, sobretudo, da mobilidade dos profissionais da área, do aumento do volume de pesquisas acadêmicas e de inúmeras ações governamentais. Ora, em se tratando do Estado do Maranhão, mais especificamente a cidade de Campestre do Maranhão, as mudanças ocorreram sim. Profundas, enriquecedoras.

Mas, se compararmos o nível de transformação das várias realidades do Brasil, perceberá o quão distante estamos do desenvolvimento esperado. A sociedade campestrina ainda engatinha em busca da valorização da educação. Pais que despacham seus filhos nas escolas com o intuito apenas de se verem "livres" de suas obrigações paternas. Professores preocupados tão somente com seus salários. Alunos alienados com realidades ilusórias vendidas pelos órgãos de comunicação. Enquanto a realidade, mais dura e próxima, muitas vezes é ignorada e vista – inacreditavelmente – como banal.

Pergunto-me, quantos alunos campestrinos, atualmente, com tal realidade, podem ingressar em instituições de Ensino Superior?

Confesso que o foco de minha pesquisa modificou-se no decorrer de sua realização. No primeiro momento trataria apenas da deficiência de aprendizagem. Entretanto, ao pesquisar sobre as características sociais dos alunos que integram a escola pesquisada, vi necessidade de modificar esse tema por encontrar uma problemática imperiosa. O destino pós segundo grau.

Um relance dos destinos de vários cidadãos que não possuem uma perspectiva de vida positiva, tanto nos aspectos pessoais quanto dos profissionais.

2.DESENVOLVIMENTO


Conhecendo as dificuldades


O que vou relatar aqui é fruto da construção de uma prática referenciada no trabalho de uma clientela heterogênea e diversa, espero que meu relato possa ajudar aos que acreditam em um mundo mais inclusivo. Onde práticas pedagógicas atuais ou não possam verdadeiramente realizar a que se propõem com uma ação educativa consistente e transformadora por parte dos educadores. Lógico, para tal propósito o profissional da área de educação não precisa tão somente do domínio de técnicas e métodos arrojados, inovadores, mas sim, com concretude assumir uma postura de pesquisador da educação. Sem o conhecimento necessário das realidades impostas devidamente casadas com os aspectos de fundamentação teórica, seu trabalho nunca alcançaria estágios de maior qualidade.

"Quem ensina carece pesquisar, quem pesquisa carece ensinar. Professor que apenas ensina jamais o foi."
Pedro Demo, 1999.

Sou professora de História há nove anos em uma escola de Ensino Médio, chamada Valentim da Silva Aguiar. Trabalho, também com alunos a nível superior – não abordarei aqui. Este centro de ensino se localiza em uma cidade interiorana (Campestre do Maranhão, Maranhão), dentro das conformidades legais, esta é de responsabilidade do Estado.

A escola possuía nove salas de aula até o ano letivo de 2006. Atualmente, uma delas foi adequada a atender alunos como um laboratório de informática, funcionando desde sua implantação em três turnos. Sendo que apenas no primeiro e segundo turnos de 1ª a 8ª séries do Ensino Fundamental nos anos de 2000 a 2005, começou as mudanças; em 2006 se iniciou, também, o do 2º grau no matutino – estabelecendo a transferência de alunos do Ensino Fundamental menor (1ª a 4ª séries) para as escolas municipais; permanecendo o vespertino, no ano de 2003 adequando-se às mudanças. Desde sua criação trabalha-se apenas o Ensino Médio no noturno.

Essa clientela possui uma faixa etária bastante flexível, localizou-se em fichas de matrícula desde 7 a 50 anos de idade. A escola atende uma clientela detentora de uma confortável situação econômica – uma parcela de 40%, a uma de baixa renda familiar – onde muitos se vêem obrigados a trabalhar desde cedo para minorar os encargos financeiros do lar compõem 42%. O restante apresenta sérios níveis de pobreza.

Para compreender melhor nossa realidade, discorrerei sobre a cidade de Campestre do Maranhão. Com cerca de 10 mil habitantes, é uma cidade pequena, composta de classe médio-baixa. Um dos aspectos gerais da comunidade campestrina, baseiam-se em uma atividade econômica de subsistência agrícola, com o cultivo em sua predominância do arroz, feijão, milho e macaxeira. Há próximo à cidade, uma empresa produtora de açúcar e álcool, responsável por grande parte dos empregos gerados aos cidadãos. Infelizmente, os cargos de melhor remuneração, freqüentemente são atribuídos a pessoas de outras localidades por possuírem melhor nível de instrução.

A expectativa profissional em sua grande maioria circula dois eixos básicos: trabalho no campo ou mecânico. O que limita em muito as opões profissionais.

Trabalho apenas com alunos do Ensino Médio nesta instituição, e como é a única escola do nível na cidade, recebemos educandos de todas as unidades de ensino municipal, povoados satélites e um grande fluxo de alunos vindos de outras cidades em outros estados motivados a trabalharem na indústria açucareira. Muitos destes alunos chegam até nós com sérias lacunas em suas características cognitivas. Tenho observado ao longo destes anos situações preocupantes de exclusão escolar. Onde, alunos da rede pública apresentam grande índice de deficiência de aprendizagem, possivelmente oriundas da não adequação do profissional em tratar a diversidade no seu universo de trabalho, o que presumivelmente, dificulta a inclusão de todos.

No ensino de Ciências Humanas, se faz necessário ter um bom domínio do idioma nacional para evitar interpretações dúbias. Uma proposta seria a aquisição de revistas, livros e assemelhados para leitura em casa, de acordo com os temas propostos. Mas, devido ao poder aquisitivo de muitos, isso se faz impossível. Freqüentemente, nem compram apostilas sugeridas pelos professores, os do turno noturno – um fator cultural, um grande número de pais classifica como "gastar dinheiro com besteira" – pensadas, já com um custo baixo para acolher às necessidades dos alunos. Infelizmente o centro de ensino não dispõe de um espaço físico para biblioteca, conta com número pequeno de livros de literatura, apenas o fornecido pelo Governo Federal, livros didáticos e revistas pedagógicas que não satisfazem completamente o número de alunos matriculados. Atualmente o governo Federal envia livros didáticos para a rede pública. Livros de como Língua Portuguesa – Literatura – redação (início em 2002), Matemática (2003), Biologia (2005), Física (2006), Química (2007) e História (2008).

Tais livros proporcionaram um aumento significativo na aprendizagem dos educandos, tomemos, por exemplo, o Quadro de Desenvolvimento dos últimos dez anos.

QUADRO DEMONSTRATIVO DE APROVEITAMENTO – alunos do 3º ano.

Anos

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

0,58

0,55

1,1

1,12

1,25

2,0

2,0

2,5

2,6

3,0

Fonte: Secretaria do Centro de Ensino Valentin da Silva.

A priori, o quadro não se mostra tão animador. Entretanto quando se toma por base comparativa os anos anteriores de escolaridade de que houve apenas uma progressão de 0,2%, percebe-se o grau de dificuldades transposto nessa perspectiva.

Um segundo item interessante a ser explicitado nesses parâmetros concerne ao professor. Seria uma possibilidade a ser analisada; o desempenho do profissional da educação nesse prospecto, tendo em vista pesquisa que nos mostram anos iniciais da escola um grande número de profissionais sem a formação exigida para magistério em nível de Ensino Médio. Toma-se, por exemplo, nos sete anos iniciais de atuação um índice de 100% de professores sem nível Superior em área especifica ou não.

Logicamente, sem exemplos a serem seguidos os próprios alunos não se interessariam em seguir com sua vida acadêmica. Não viam um propósito de valor financeiro e pessoal aplicável. Um fator cultural na época, como ainda hoje perdura em muitas situações.

Como um terceiro fator a se apontado trata-se justamente deste, aspectos sócio-culturais, características sociais difíceis de serem ultrapassadas. Nesta sociedade ruralizada, sem demandas mais exigentes de capacitação profissionalizante, verifica-se uma 'despreocupação' em aperfeiçoamento para um futuro e/ou atual cargo profissional, logo a grande maioria das atividades profissionais exigidas no município não se mostram verdadeiramente desafiadoras no campo acadêmico. Podendo, muitos, até mesmo aprende-la de maneira informal.

Segundo estudos de Raimundo Nonato Carvalho (2007), apenas a categoria que iniciou o interesse pela formação profissional com qualificação superior nos últimos 15 (quinze) anos, trata-se dos professores. Por sua essência puramente formativa e atitudianal, o desejo imperioso de continuação nasce nos professores em busca de melhoras em sua prática e conhecimentos. Longe de que a própria sociedade cobrasse tal atitude, educadores vêem essa necessidade e correm para alcançá-la. Um número modesto de três profissionais que puderam abraçar a oportunidade de formação superior. Antes o ápice de graduação era o Ensino Médio. Onde, tão poucos, podiam chegar a concluir. Era considerado "formado" aquele possuidor do Ensino Médio. Motivo até mesmo de respeito por parte dos demais.

Atualmente, do quadro geral com quase 150 docentes, por volta de 80 possuem Ensino Superior com especialização. Aproximadamente 50 estão concluindo o Ensino Superior. E 8,0% da classe do professorado cursam Pós-Terceiro grau.

"A formação e a sua avaliação são duas faces de uma mesma moeda que fomentam a melhoria das organizações, na medida em que procuram que as actividades formativas sejam consequentes, ajustadas e com impacto positivo nos processos de trabalho".

PRONACI

Muito embora não houvesse uma cobrança social para a qualificação do professor, havia a sempre presente comparação dos profissionais por parte dos alunos, com "melhor/pior" ou "sabe/não-sabe" para classificá-los. Mesmo os alunos não sabendo com propriedade os conteúdos ministrados, mas intuiam a insegurança do profissional. Ou para o professor mais seguro de si, poderia postar-se de maneira confiante e poderia até obter a "aprovação" por parte dos alunos, todavia, ele próprio tinha a conciência de suas fraquezas. Não me cabe aqui apregoar que todos os aspctos programáticos o fossem assim. É claro que isso ocorria apenas nos pontos de deficiência para o professor. E por perceber a necessidade de melhorar e se qualificar, corre para sua formação. Um último fator seria o financeiro, uma vez que o educador possidor de curso de graduação plena ganha melhor dos que não possuem. Pode-se expressar o ciclo da formação dos professores por um organograma bastante prático.

Ou seja, partindo da análise e do diagnóstico, planeja-se, projeta-se uma perspectiva futura para mudança e/ou construção de conceitos formativos, onde se estrutura os novos paradigmas para propocionar um melhor desenvolvimento educacional, profissional e pessoal.

Um dos motivos que explicaria esse fato trata-se da indústria local que Incentiva os funcionários a manterem a permanência dos filhos nas escolas e continuação acadêmicas dos mesmos, onde, até mesmo os empregados com déficit educacional, são exigidos a continuidade dos estudos por parte desta empresa privada. O valor da educação, infelizmente, ainda está em construção em nossa comunidade. Um segundo fator trata-se das bolsas e recursos governamentais enviados para a permanência das crianças e adolescentes na escola. Muitos pais são forçados a manter os filhos na escola sob a égide de perder o emprego ou o "corte" de seus benefícios.

Com pais que pouco ou nada estimulam os estudos de seus filhos, não é de se admirar que esses jovens se sintam menosprezados e até mesmo incapazes de realizar-se no campo acadêmico. Isso se explica pela falta de perspectiva futura. Um número relativo de alunos ao concluir o ensino médio não possui a oportunidade de freqüentar universidades ou faculdades, o ingresso nas públicas é a mais concorrida mesmo pelos os que possuem renda estável.

Satisfazer com eficiência essa gama de variedades me preocupava. A disponibilidade de novos recursos tecnológicos nos é limitada, e às vezes até inexistente. A adequação de novas correntes e tendências pedagógicas se estruturam lentamente e de maneira ineficaz. As metodologias aplicadas, vergonhosamente, ainda, por muitos, ultrapassadas. Mesmo assim, apesar das adversidades e o choque com situações que muitos professores ainda não se encontram aptos a resolverem, como, casos de deficiência física, de daltonismo, super dotação, preconceito social, racial, sexual e tantas outras possibilidades que dificultam a inclusão escolar, há os sucessos.

Percebe-se que a diminuta parte da qual somos integrante, não é tão insignificante e que também é produtiva, o nos leva a procurar mais informações. Na pesquisa encontram-se novos caminhos para a vida profissional, pois, acredita-se que a implantação de métodos e técnicas possa ser de grande valor e melhorias para promover a inclusão escolar;onde se possibilita uma visão mais ampla de novas possibilidades educacionais que se espera serem de alguma melhoria para prática pedagógica no ensino de Ciências Humanas. Logicamente, há muito ainda ser pesquisado.

3.
CONCLUSÕES

Percebe-se a importância de qualificação profissional dos docentes, visando o progresso do educando, bem como o seu desenvolvimento enquanto pessoa para sua inserção social como cidadão brasileiro consciente e crítico, capaz profissionalmente e afeito às seus deveres.

Implantações de políticas públicas voltadas para esse fim seriam de primordial ajuda. Tanto quanto o ingresso destes alunos no universo universitário para uma aquisição de profissão que lhes assegurassem um futuro mais digno.

Quanto à questão, de quantos possam realmente cursar universidades ainda é um número a ser descoberto. Mas, os fatos revelam que um número maior de pessoas se interessam em ingressar, muito embora, muito vejam apenas como uma realidade imaginária.


Autor: Edicleuma Nery de Sousa


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