Cartilagem e articulação



CÂMARA, CLÉA MÁRCIA PEREIRA.[1] 

A cartilagem é um tipo de tecido conjuntivo caracterizado pela sua consistência firme e elasticidade. Esse tecido é constituído de células denominadas condrócitos e uma matriz extracelular a qual é produzida por essas células. Diferente dos outros tecidos conjuntivos, a cartilagem é um tecido avascular e portanto, sua nutrição ocorre por difusão de substância entre os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo circunjacente e os condrócitos. A maioria das cartilagens está revestida por um tecido conjuntivo denso bem vascularizado denominado de pericôndrio.

A camada mais externa do pericôndrio tem fibras colágenas em abundância e é chamado de pericôndrio fibroso enquanto que a camada interna, denominada pericôndrio condrogênico, apresenta muitas células que originam as células cartilaginosas. Os condrócitos estão isolados em pequenas cavidades no interior da matriz denominadas de lacunas.

Enquanto, alguns dessas lacunas podem estar extremamente próximas, separadas por uma fina porção de matriz. Estes arranjos de lacunas chamados de grupos isogênicos, são uma das características que ajuda no reconhecimento desse tecido. A matriz ao redor de cada grupo isogênico cora mais fortemente formando a matriz territorial ( cápsula ) . As áreas entre estas matrizes, as quais são menos coradas, formam a matriz interritorial. Ao Microscópio óptico, os condrócitos aparecem arredondados e com um citoplasma basófilo porque eles contêm grandes quantidades de retículo endoplasmático.

O crescimento da cartilagem ocorre por dois mecanismo diferentes : crescimento intersticial e crescimento aposicional. O crescimento intersticial consiste de divisões mitóticas de condrócitos e a secreção de nova matriz entre as células filhas levam a uma expansão da cartilagem. Portanto, esse processo forma nova cartilagem no interior da massa cartilaginosa. No crescimento aposicional a cartilagem cresce através da adição de nova matriz na superfície da cartilagem pré – existente. Neste processo, as novas células cartilaginosas, denominadas de condroblastos, são derivadas da camada do pericôndrio.

 

CONSTITUIÇÃO QUÍMICA

A matriz cartilaginosa consiste de fibrila colagenas ( predominanemente colágeno tipo II ) e substância fundamental amorfa a qual é formada principalmente de proteoglicanas ( proteínas + glicosaminoglixanas ) . As glicosaminoglicanas específicas da cartilagem são condroitina 4 e condroitina 6 sulfato e ácido hialurônico . estes compostos da substância fundamental fornece a cartilagem sua consistência firme e permite a nutrição de suas células .

 

CLASSIFICAÇÃO

A classificação da cartilagem é baseada sobre as diferenças na abundância e tipo de fibras na matriz. Existe 3 tipos de cartilagens : hialina, elástica e fibrocartilagem.
A cartilagem hialina é o tipo mais comum e é encontrado no anel da traquéia, brônquios, laringe, e na superfície das articulações dos ossos. Essa cartilagem também constitui o esqueleto fetal , e realiza um papel importante no crescimento de muitos ossos. A cartilagem hialina é caracterizada por uma matriz homogênea amorfa, e isto é devido em parte pelo pequeno tamanho das fibras colágenas e em parte pelo fato de que a substância fundamental e o colágeno em aproximadamente o mesmo índice refratários. Este tipo de cartilagem apresenta grupos isogênicos e pericôndrios.

A cartilagem elástica contém fibras elásticas na matriz. Essas fibras são demonstradas apenas por colorações especiais como, por exemplo, resorcina - fucsina e orceína. Semelhante a cartilagem hialina, a cartilagem elástica também contém fibrilas colágenas ( colágeno tipo II ) na sua matriz, grupos isogênicos e pericôndrios. A cartilagem elástica é encontrada na orelha externa, tuba auditiva e em algumas cartilagens da laringe.
A fibrocartilagem ou cartilagem fibrosa consiste de feixes de fibras colágenas (colágeno tipo I ) entre fileiras de condrócitos. A fibrocartilagem é encontrada nos discos intervertebrais, na sinfise púbica e nas inserções dos tendões ou ligamentos.

 

FUNÇÕES

A cartilagem hialina cobre as superfícies das articulações e ocorre também no nariz e nos anéis traquéias. È a cartilagem dos embriões de todos os vertebrados e dos adultos dos tubarões e arraias . Pode impregnar –se de sais de cálcio mas, neste caso, não se transforma em osso.

A cartilagem elástica encontra –se nos pavilhões auditivos de mamíferos e nos tubos ( ou trompa ) de Eustáquio.

A cartilagem fibrosa ocorre nos discos intervertebrais dos mamíferos , na sínfise púbica e articulações sujeitas a grandes esforços.

 

ARTICULAÇÕES


Conjunto de elementos, através dos quais unem-se dois ossos ou cartilagens.


CLASSIFICAÇÕES

1- Fibrosas : Sinartroses ( imóveis )
2- Cartilagíneas : Anfiatroses ( semi – móveis )
3- Sinoviais : Diartroses ( móveis ) – articulações propriamente ditas.

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

1 FIBROSAS:

Os ossos se unem através de tecido conjuntivo fibroso, dado a proximidade dos ossos e a natureza do tecido interposto, estas articulações dificilmente permitem algum movimento. São três os tipos de articulações fibrosas:

a) Suturas : há uma pequena quantidade de tecido interposto dos ossos. Exemplo : maioria dos ossos do crânio.

b) Sindesmoses : quantidade de tecido fibroso é maior, havendo portanto maioria entre os ossos articulados. Exemplo : tíbia e fíbula ao nível do tornozelo ( membrana interóssea ) , ( sindesmose tibtio-fibular ), e rádio e ulna ( membrana interóssea) .

c) Gonfoses: entre os dentes e seus respectivos alvéolos, possibilita um certo grau de deslizamento para amortecer o efeito da pressão originária da mordedura.

2 SINOVIAIS

Caracterizam-se por apresentarem uma cavidade onde existe um líquido, e sua constituição é mais complexa, permitindo certa liberdade de movimento . As superfícies óssea que articulam são cobertas por uma camada de cartilagem hialina, que recebe o nome de cartilagem articular. Esta camada em a função de diminuir o atrito pela movimentação de um osso sobre o outro. Elementos que compõem uma articulação sinovial são:

a) Cápsula articular: estrutura fibrosa que une os ossos, uma espécie de bolsa em torno da articulação.

b) Membrana sinovial ou sinóvia : foram internamente a cápsula articular. Produz o líquido encontrado dentro da cavidade articular, promovendo também sua reabsorção.
c) Líquido sinovial : Lubrifica as articulações, praticamente eliminando o atrito resultante da movimentação entre os ossos. Através deste líquido se dá a nutrição das cartilagens articulares, que não são vascularizadas.

Em algumas articulações encontramos elementos fibrosos ou fibrocartilaginosos que, dependendo de sua forma são denominados meniscos, discos intra – articulares e orla – fibrosas.

Estas estruturas contribuem para a difusão do líquido sinovial na articulação, promovem melhor adaptação das superfícies articulares entre si, absorvem impactos e possibilitam um deslizamento mais suave entre as superfícies articulares.

A cápsula articular apresenta espessamentos de seus feixes colágenos denominados ligamentos, que reforçam sua estrutura, dando maior resistência mecânica ao conjunto. Esses ligamentos podem ser intracapsulares ou extracapsulares.


CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS :

1) ANAXIAL ( sem eixo de movimento ) : Plana – é a que permite menor liberdade de movimento, restrito apenas ao escorregamento de uma superfície sobre a outra. EX..: intertársicas e processos articulares das vértebras cervicais.

2) MONOAXIAIS : Permite movimentos de flexão e extensão:
a) Giínglimo ou em dobradiça : como uma dobradiça de porta, permitindo os movimento de flexão e extensão. Ex. : cotovelo, tornozelo, interfalangica.
b) Trocoíde ou pivô : efetua uma rotação em torno de seu eixo longitudinal .
c) Ex.: rádio – ulnar, o Atlas em rotação sobre o processo odontóide do eixo de rotação da cabeça.

3) BIAXIAIS : Permite os movimentos de flexão, extensão adução e abdução.
a) Condilar : devido ao arredondamento das superfícies articulares, permite uma pequena movimentação. Ex. joelho.
b) Selar : As superfícies articulares se assemelham a uma sela de montaria , podendo uma desliza sobre a outra, igualmente sobre dois eixos. Ex. carpo – metacarpia do polegar ( a única ) .
c) Elipsóide : Flexão dorsal e palmar e adução de ulna e rádio, na articulação proximal do punho. Ex. : metacarpo – falângica.

4) TRIAXIAIS : Permite os movimentos de flexão e extensão, aduçao e abdução e rotação.
a) Esferóides : É a que permite maior liberdade de movimento, mas também é a menos estável. A superfície da cavidade glenóide é a menor que a cabeça articular, são articulações de ampla mobilidade.
b) Esferóide profundo : A cavidade cotelóide é muito profunda, mas a cabeça situa-se em um lóbulo ósseo periférico, o acetábulo. São articulações destinadas à sustentações e de menor amplitude de movimento do que as glenóide.


BIBLIOGRAFIA

CURTIS, H. Biologia. Ed. Guanabara Koogan 2ª ed. 1977. Rio de Janeiro

RASCH B. Cinesiologia e anotomia aplicada . Ed. Guanabara & Koogan. 5ª ed. 1987. Rio de Janeiro.

JUNQUEIRA & CARNEIRO. Histologia Básica. Ed. Guannabara & Koogan. Rio de Janeiro. 1999.

STORER T. I, USINGER R. L. Zoologia Geral . ed. Companhia Editora
Nacional. São Paulo. 1998.
[1] Mestre em Educação, Bióloga, Professora da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

 

Autor: Cléa Márcia Pereira Câmara


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