Caminhando



                                           CAMINHANDO                                   

Belo Horizonte, 05-12-1977

 

Como um deus desprestigiado

Ele caminhava triste,

Sem deixar atrás de si

As marcas de suas pegadas,

Para que ninguém o seguisse.

 

Sempre ventava atrás de si,

Para apagar seu sofrimento

Sem deixar uma pista sequer,

Para que ninguém o seguisse.

 

Caminhava desgraçado e pobre,

Desgraçado da vida,

Pobre de amor.

Até o sol recusava-se a aquecê-lo.

 

Com os olhos em prantos

Caminhava invisível,

Sentia-se insensível,

Ninguém lhe enxergava,

Nem os mil olhos do céu.

 

Caminhava descalço,

Caminhava sem objetivo,

Pisava em pedras de ponta;

Já não mais sentia dor.

 

Ele amava a todos

Mas ninguém entendia de amor.

E por isso ele foi embora,

E por isso ele caminhava,

Para que ninguém o seguisse.

                                                   

Caminhava sozinho,                                                                         

Ele mesmo se guiava

Para um objetivo sem objeto,

Para um mundo

Fantástico e desconhecido.

 

Chorava sem saber a razão,

Não sabia por que chorava,

Não sabia por que caminhava,

Apenas caminhava chorando.

Suas lágrimas molhavam o caminho

E inundava seus pés.

 

Caminhava sempre,

Sem parar,

Sempre.

Apenas caminhava,

Para que ninguém o seguisse.

 


Autor: Gilberto Nogueira De Oliveira


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