Primeira Guerra Mundial - Resumo baseado no artigo de José Nelson Bessa Maia



A Europa dividira-se em dois blocos distintos. De um lado Inglaterra, França e Rússia (Tríplice Entente), do outro Alemanha, Áustria e o Império Otomano (Tríplice Aliança). Era o auge das grandes potencias econômicas, e qualquer levante de poder era sinônimo de disputa comercial. Interesses políticos, econômicos e territoriais moveram essa significante divisão. E em razão das alianças ficava difícil circunscrever os conflitos, uma vez que confrontos isolados arrastariam inexoravelmente os aliados, transformando qualquer enfrentamento militar em guerra, no mínimo, europeia. Mas em razão da internacionalização da economia o confronto poderia facilmente estender-se a todo o planeta. E foi o que aconteceu.

            Para entendermos melhor as origens e causas da Primeira Guerra Mundial, estudaremos o artigo: “Aplicação das Três Imagens ou Níveis de Análise ao Exame das Origens e Causas da Primeira Guerra Mundial”. por José Nelson Bessa Maia. O autor, para descrever as limítrofes que norteiam esta questão há muito dissecada pelos historiadores, diz que não é possível isolar uma única causa, mas é viável decompor o processo em níveis distintos, baseia-se então em três elementos fundamentais que ele chama de “imagens”, a estrutura, a sociedade (Estado Soberano) e os indivíduos. Essas imagens, nada mais são que mecanismos utilizados por ele, para uma melhor compreensão de como se deu esse processo histórico mundial.

            Em seu estudo, Nelson Bessa, mostra a Guerra sob três olhares distintos. Em primeiro lugar ele caracteriza o sistema internacional (estrutura) como anárquico, onde não há poder acima do Estado soberano. Onde, como consequência acaba gerando uma concentração de poder nas mãos de potencias, ocasionando assim disputas interestatais pela defesa de seus interesses. Um exemplo para essa afirmativa é a vitória da Prússia sobre a França (1870 – 1871) facilitando a unificação alemã fazendo com que houvesse um rápido e solido crescimento industrial, desestabilizando a balança de poder existente na Europa. A corrida para destacar-se diante os Estados balançou o equilíbrio continental e o crescimento do poder alemão, intensificou e lançou bases para a Guerra. Como resposta, a Inglaterra receosa com o avanço alemão ameaçando sua estabilidade, firma alianças com outras nações, assim como a Alemanha, como já fora citado acima. Com o firmamento das alianças, acabou-se por gerar uma mudança estrutural, deixando para trás a balança de poder que funcionou tão bem durante o século XIX, criando dois polos de potencias superpoderosos. Estes por sua vez intensificaram a sua mobilização militar em caso de guerra.

            Em segundo lugar ele destaca a disputa econômica entre as grandes potencias como fator causal da Primeira Grande Guerra. Os crescentes conflitos coloniais entre as nações industriais na virada do para o século XX, intensificaram as desavenças territoriais. Conflitos puramente econômicos. Um outro elemento decisivo é a decomposição nas estruturas sócias, politicas e institucionais dos impérios austro-húngaro, russo e turco otomano. Eram impérios atrasados do ponto de vista industrial e territorialmente vastos, o que os tornavam alvos de constantes ataques expansionistas. A exemplo disso podemos citar a região dos Balcãs  que há muito fora pela dominação turca e austríaca e sofrera duas guerras em busca de liberdade. A postura firme da Sérvia, Estado da região balcânica e antigo aliado russo, provocaram uma animosidade na monarquia da Áustria-Hungria, aliada dos alemãs. Então uma simples faísca desencadearia um levante das nações. E foi o que aconteceu em junho de 1914 com o assassinato do Arquiduque herdeiro do trono, Francisco Ferdinando, no atentado de Sarajevo. Como pudemos perceber a Guerra não se deu por um único motivo, mas por fatos isolados que já vinham acometendo as grandes potencias. E o atentado ao arquiduque foi a faísca que faltava para uma avalanche de acontecimentos.

            E por último, Nelson Bessa destaca o papel do homem. As personalidades por trás dos fatos. Aqueles que por motivos políticos, econômicos ou territoriais consentiram com o progresso da guerra. Na Áustria-Hungria vemos as figuras do Imperador Francisco José, homem velho e cansado ferido por dramas pessoais, mentalmente suscetível por estes, a deixar-se persuadir pela figura do Conde Leopold von Berchtold que instigou o ataque contra a Servia. E por ultimo a figura do Arquiduque Francisco Ferdinando, assassinado em Sarajevo, sobrinho de Francisco José. Na Rússia destaca-se o czar Nicolau II, um czar autocrata preocupado com as mudanças liberalizantes no país, porem influenciado por sua esposa e pelo conselheiro dela, e assessorado por ministros incompetentes (Sergei Sazonov e Vladimir Sukhomlinov), que o levou a agressão austríaca. E por fim na Alemanha, aparecem o kaiser Guilherme II de personalidade instável, era extremamente emocional e essa condição teve um papel fundamental para o levante contra a Sérvia. Destacamos também Theobald von Bethmann-Holleg e Gouttlieb von Jogow que instigaram os austríacos a tomarem uma posição firme contra a Sérvia. Por ultimo o general Helmut von Moltke que sempre deixou claro suas intenções de iniciar a guerra, porem sempre fora impedido.


Autor: Carlos Douglas Teixeira Dos Santos


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