Raízes do planejamento urbano no Brasil



O urbanismo teve sua origem nos estudos realizados por historiadores, economistas e políticos do século XIX. Os conceitos teóricos que desenvolviam uma análise crítica global da sociedade, enfocando a cidade como um elemento integrado no processo sócio-econômico-político.

A tradição dos arquitetos determina talvez, o enfoque simplista com que tentam tratar a cidade no novo contexto urbano industrial. Tendo em vista a necessidade de “ordenar o espaço”, das evoluções geradas no bojo do desenvolvimento capitalista nos países de centro.

O desenvolvimento do capitalismo industrial criou os “chamados problemas urbanos” e com eles, a necessidade de buscar soluções nas propostas elaboradas nos países desenvolvidos.

A experiência brasileira de planos urbanos remonta ao século passado. Algumas cidades como Belo Horizonte e Goiânia, na década de 1930 foram construídas a partir de desenhos urbanos influenciados pelos padrões culturais do período barroco.

O conjunto arquitetônico brasileiro é uma imitação de países desenvolvidos, e estes também se espelharam nos modelos clássicos, em destaque a Itália que herdou toda a construção urbanística de Roma, como lembra estudiosos nesta área, em que o classicismo tenha se modificado dando origem ao urbanismo moderno[1].

O planejamento do núcleo urbano se fez presente no caso de alguns projetos governamentais. O urbanismo se volta para a cidade industrial, e assim as correntes de pensamento surgidas no início do século XX já exercem uma influência substantiva sobre os arquitetos e engenheiros no Brasil. O urbanismo foi aplicado também ao nível micro para atender as novas exigências sócio urbanas. Sendo que as propostas urbanísticas se multiplicaram criando os modelos da chamada cidades-jardim, tendo como coroamento a cidade de Brasília, um marco na construção civil brasileira.

A cidade por muitos era interpretada como a raiz de todos os males da sociedade e outras linhas enxergavam a padronização do urbanismo em todo o mundo, sendo que este era regido pela estética e eficácia. O que na verdade o urbanismo busca uma lógica racional arquitetônica e a cidade é vista como agente da riqueza e eficácia.

O conjunto de estudos que compõe o urbanismo moderno direciona suas convicções em diretrizes referentes à Carta de Atenas com estruturas de moldar o espaço – habitação, recreio, trabalho e circulação. A habitação talvez seja a essência ou célula principal da estrutura urbana.

Mas a influência do pensamento racionalista influenciou os urbanistas brasileiros coma emergência da arquitetura moderna aliada ao processo de urbanização acentuado no pós guerra e Brasília nasce em decorrência desta visão que tange a esfera racionalista da modernidade.

O urbanismo, na verdade tem como objetivo central expandir o tecido urbano, de forma ordenada, incorporando o desenho urbanístico e técnica engenheiristica dos serviços e infra-estruturas urbanos.

Mas o urbanismo desemboca numa dissolução da integração humana e social, causando conflitos abomináveis no tecido urbano, no que a cidade, é interpretada como um problema técnico. Mas em torno desta balbúrdia toda, o urbanismo por um lado favoreceu e fortaleceu o ideal da casa própria e com isso a geração de empregos, e sucessivamente este progresso torna um problema, a marginalização e as tensões sociais são predominantes nesta gama de conjuntos que visam o progresso.

As ações urbanistas exigem uma qualificação ideal com princípios éticos, com o intuito de sanar e controlar os conflitos sociais nascentes. Mas esta exigência qualificadora privilegia os centros urbanos enquanto a periferia padece com males que a vida urbana exige.

A concepção social do desenvolvimento implica que cada município seja capaz de decidir sobre os problemas urbanos, visando e estabelecendo a organização do espaço, já que o problema urbano já havia sido incorporado às grandes preocupações nacionais.

A metropolização e seu processo ganhava vulto no país e com ela um problema relacionado no que tange a institucionalização vista na condição sine qua non[2] para qualquer ação de planejamento.

A busca para a resolução dos problemas metropolitanos criou-se uma nova política de planejamento urbano, o processo de urbanização e industrialização modifica substancialmente o enfoque do problema urbano, possibilitando a cidade o palco da produção e as metrópoles não constituem apenas o espaço onde se aglomeram os setores de ponta da economia são também o espaço onde se concentram setores periféricos ao processo produtivo.

No Brasil a economia estava com a saúde debilitada e o PIB vinha sofrendo com isso, o que aumentava a insatisfação social nos grandes centros.

Políticas foram desenvolvidas para melhor organização o crescimento acelerado do espaço, mas estas políticas se mostram inócua para resolver os grandes problemas urbanos e metropolitanos.

Ao conceber uma política urbana, Hamilton Tolosa[3] fala de um notável avanço no tratamento dos problemas urbanos brasileiros. É exigida uma concepção racional mais abrangente da distribuição espacial dos recursos, segundo os objetivos de “desenvolvimento nacional”.

 

 


[1] A construção romana, seus modos e estilos são abordados nas lições latinas valorizando a cultura romana, no livro Ludus Secundus, do pe Milton Valente. pp. 16-21.

[2] Termo terrivelmente filosófico que se refere a uma ação ou condição indispensável e essencial. O termo sine qua non se configura nas exigências do conhecimento do Direito e Economia.

[3] TOLOSA, H. (1972) Política Nacional de Desenvolvimento Urbano: uma visão econômica. Pesquisa e Planejamento Econômico. Rio de Janeiro: IPEA, 2(1) jun. (: 143-155)


Autor: Guilherme Campelo


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