A representação social de estudantes de psicologia sobre a homossexualidade



RESUMO

 

EMANUELA MAIA DOS ANJOS

MARGARETH MARIA MAYNART BARRETO

MONICA SILVA SILVEIRA

 

AS REPRESENTAÇÕES DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE

 

 

 

Este estudo teve como objetivo Identificar qual a percepção do aluno de psicologia sobre a homossexualidade, conhecendo a sua opinião cerca do casamento entre homossexuais e da adoção por pessoas do mesmo sexo. Método: Pesquisa bibliográfica e de campo, análise descritiva, quantitativa, com amostra de quarenta e três alunos graduando de um curso de psicologia. No que se refere às possíveis causas da homossexualidade a maior parte dos estudantes revelaram não existir um motivo específico, o que pressupõe que estes futuros psicólogos entendem que a homossexualidade faz parte da identidade do ser humano. Quando questionados sobre a opinião acerca do casamento entre homossexuais, os resultados obtidos mostraram que 51% dos entrevistados são a favor, 23% posicionaram-se contra, 19% indiferente e apenas 7% disseram não ter opinião formada sobre a questão. Com relação à adoção por pessoas do mesmo sexo a maioria mostrou-se contra, representando um percentual de 44%, já 37% posicionaram-se a favor, enquanto 14,5 disseram não ter opinião formada e 5% revelaram-se indiferentes. Como se pode perceber ainda existem aqueles que acreditam que a homossexualidade está associada à questões de ordem religiosas, e até mesmo aquelas que ainda percebem esta orientação sexual como sendo distúrbio psicológico ou até mesmo patológico, Vale ressaltar aqui o posicionamento da maioria dos estudantes contra da adoção de crianças por homossexuais, que coincide com a opinião do senso comum, daí porque entender o papel das representações sociais seja relevante, e que talvez esteja associado ao fato de ainda persistirem alguns “mitos” em nossa sociedade, e até mesmo dentro do meio acadêmico, mitos estes que precisam ser desmistificados. É fundamental e urgente que estas discussões se façam mais presentes dentro das universidades, até mesmo por que, como demonstrou a pesquisa, é um tema de considerado de relevância pelos entrevistados, pois enquanto futuros psicólogos estes profissionais precisam de despir de determinadas pré-concepções, não simplesmente por necessidade profissional, mas por reconhecer  que o saber lidar com aquilo que é diferente é sem dúvida o maior desafio do ser humano. 

Palavra-chaves: Psicologia, homossexualidade, relacionamento

 

1 Introdução

Mesmo com todas as mudanças sócio-culturais ocorridas nos últimos tempos a homossexualidade ainda continua sendo tema bastante controverso entre a sociedade, e apesar de já a ver o consenso oficial pelo menos entre os órgão mais influentes da área da saúde mental de que não se trata de uma patologia ou distúrbio de qualquer natureza, alguns profissionais ainda persistem em encarar esta temática baseada no senso comum, e aqui, estão incluídos alguns psicólogos, que contrariando a própria Resolução Nº001 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que estabelece as normas de atuação desta classe no tocante à orientação sexual, ainda insistem em atuar de maneira irresponsável por conta do seu olhar limitado acerca do tema.

Diante desta constatação, foi suscitado interesse de verificar como os graduandos de psicologia de uma instituição privada enxergam a homossexualidade nos dias atuais, a partir da perspectiva das representações sociais.

Conhecer a percepção dos acadêmicos de psicologia sobre a homossexualidade faz-se importante uma vez que, enquanto ciência que estuda o comportamento humano, é esperado que estes futuros profissionais tenham um entendimento diferenciado do senso comum, para que, no trato com as possíveis demandas psicoterapeutas, não apresentem uma postura reducionista e provida de pré-conceitos.

Ademais, este trabalho poderá contribuir com a instituição de ensino no sentido de demonstrar através dos dados analisados a maneira como a mesma tem tratado a questão dentro do seu projeto pedagógico, e se tem atendido às expectativas dos alunos.

2 Revisão da literatura

 Segundo Spencer (1999) apud FALCÃO,2004  a palavra “homossexualidade” apareceu em inglês em 1890, usada por Charles Gilbert Chaddock, tradutor do Psychopathia Sexualis, de Von Kcaft Ebing.

Já a palavra homossexual, de acordo com SILVA (2005) apud LONGARAY & RIBEIRO(2009), a palavra foi utilizada a primeira vez em 1869 pelo escritor húngaro Karl Maria kerbeny para substituir o termo sodomita, que caracterizava aqueles que mantinham relações sexuais com  pessoas do mesmo sexo. A sodomia, por sua vez, foi uma expressão que surgiu na Idade Média, e estaria relacionada à história de Sodoma e Gomorra relatada nos históricos bíblicos, na qual a presença de homens que se ofereciam sexualmente a outros homens teria sido um dos fatores que teriam levado à destruição divina destas cidades.

No entanto, de acordo PEREIRA (2009) apud LONGARAY & RIBEIRO(2009),  

 “(...) há controvérsias de que o motivo de destruição da cidade possa ter sido a relação homossexual, pois nas duas passagens da Bíblia em que se menciona esse fato, os pecados citados como característicos de ambas são: a religião vazia de espírito, avareza, rebelião contra Deus, falta de amor para com os órfãos e as viúvas etc., nenhuma palavra sobre sexo ou homossexualidade são mencionadas.”

Vale ressaltar que as primeiras referências ao comportamento homossexual estão relacionadas à época da Grécia Antiga, local e período que acabou por se tornar um marco para os estudos acadêmicos sobre os aspectos históricos deste evento (Bremmer, 1995).

É importante destacar que, a homossexualidade referente a esta época tratava-se da prática homossexual entre dois homens, e que tal comportamento se assemelhava a prática de sexo de um homem com uma mulher. Porém, a discriminação se fazia presente, pois somente aquele que possuía a conduta ativa era tido como viril, conforme fala abaixo:

“(...) a prática homossexual ocorria entre um homem adulto ativo e um rapaz, então, passivo. Porém, se o garoto futuramente ocupasse a posição de ativo em uma relação com outro homem não sofreria qualquer discriminação, pois a posição ativa na relação demonstrava virilidade (WEEKS, 2007 apud LONGARAY & RIBEIRO, 2009),  

Vale ressaltar, no entanto, que a relação homossexual carregava consigo a característica perversa, de ato interdito. Foucault em História da Sexualidade: a vontade de saber relata que:até o final do séc. XVIII, três grandes códigos explícitos – além das regularidades devidas aos costumes e das pressões de opinião – regiam as práticas sexuais: o direito canônico, a pastoral cristã e a lei civil. Eles fixavam, cada qual à sua maneira, a linha divisória entre o lícito e o ilícito [...], esses diferentes códigos não faziam distinção entre as infrações e os desvios em relação à genitalidade. Romper as leis do casamento ou procurar prazeres estranhos mereciam de qualquer modo, condenação [...]quanto aos tribunais, podiam condenar tanto a homossexualidade quanto a infidelidade[...] (FOUCAULT ,1988a, p. 44).

A homossexualidade, portanto, embora de algum modo aceito naquele tempo, passou a ter significados morais, tanto no âmbito social como jurídico, sendo considerada crime em muitos momentos, como inclusive ainda é, como por exemplo em alguns países do Oriente Médio.

É somente a partir do século XX que as discussões sobre a homossexualidade passa do campo das moralidade para o da investigação científica, segundo TREVISAN, 2002 apud NUNES & RAMOS, e o que antes era visto como crime agora passa ser considerada pelas ci6encias médicas como uma “(...) anomalia causada por problemas psíquicos, glandulares, ingestão de substâncias químicas e/ou outras questões social-situacionais.” Sendo assim, os médicos passaram a defender a não punição aos homossexuais, e a propor tratamentos para sua cura. E ainda de acordo com este mesmo autor, a própria psicanálise, na década de 60, através do seu postulador Freud, também passa a sugerir tratamento para ‘conversão’ do homossexual, sob o argumento de que a homossexualidade resulta da relação do sujeito com os pais.

Com o avanço da psiquiatria, finalmente a homossexualidade deixou de pertencer a lista de doenças de desordem mentais pela Associação Americana de Psiquiatria em 1971. Após três anos foi a vez da Associação Americana de Psicologia situar a homossexualidade dentro das chamadas orientações sexuais, deixando de reconhecê-la como distúrbio e doença psicológica. E em 1986 foi a vez da Organização Mundial de Saúde (OMS) passar a não mais considerar a homossexualidade como doença. No Brasil, o processo de descaracterização do aspecto patológico da homossexualidade se deu a passos mais lentos, tendo como pioneiro o Conselho Federal de Medicina (CFM), em 1985, e posteriormente o Conselho Federal de Psicologia (CFP), em 1999, apartir da Resolução Nº 001. Esta normativa, estabelece as normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual, e determina que a homossexualidade não deve ser encarada como qualquer tipo de patologia e/ou distúrbio, e proíbe qualquer tipo de tratamento que vise a sua cura.

             Art. 3° - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.

            Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.

 Desta forma, assegura o Conselho Federal de Psicologia que: “(...) a homossexualidade faz parte da identidade do sujeito, e que portanto, não deveassegurou que a sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade”. 

Apesar do consenso oficial por parte das organizações mais influentes em termos da saúde mental relativamente a não patologia da homossexualidade, persistem em alguns profissionais idéias e concepções estereotipadas e redutoras sobre a mesma. De acordo com MOHR & WEINER apud MATIAS(2006): “(...) as orientações homossexual e bissexual ainda são consideradas por alguns psicoterapeutas como um sinal de psicopatologia; a orientação sexual do cliente influencia os julgamentos do psicoterapeuta relativamente a tratamento, sintomatologia e funcionamento psicológico; as atitudes dos psicoterapeutas relativamente à população homossexual e bissexual influenciam a sua relação e comportamento relativamente a esses clientes”.

3 As Representações Sociais

 O conceito inicial das representações sociais foi delineado por  Moscovici , em 1961, ao estudar a maneira como a Teoria Psicanalítica influenciou o modo de pensar dos franceses, e como esse essa foi transformada à medida que este pensamento foi assimilidado (GUARECHI & NAUJORKS).

Segundo JODELETt apud GUARECHI & NAUJORKS as representações sociais é definida como:

 (...) é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e compartilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designado como saber de senso comum ou ainda saber ingênuo, natural, essa forma de conhecimento é diferenciada entre outras do conhecimento científico. Entretanto, é tida como um objeto de estudo tão legítimo quanto este, devido à sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interações sociais.

 As representações sociais, portanto, significam a tradução do senso comum, e mais que isso, elas  “(...) constituem-se em uma preparação para a ação, não apenas porque guiam o comportamento, mas porque constróem e remodelam o ambiente em que este comportamento irá ocorrer. Assim, a perspectiva das representações sociais coloca as opiniões e atitudes num contexto diferente da relação mecânica entre sujeito e realidade, contexto onde o sujeito não só reage à realidade, mas a constrói (FARR apud LACERDA et al., 2002).

Portanto, se as representações sociais estão diretamente relacionadas às relações dos indivíduos com o meio social elas irão também determinar as práticas e comportamentos destes. Por este motivo, as representações estudantes de psicologia a respeito da homossexualidade irão orientar à maneira como estes lidarão com os sujeitos homossexuais durante a sua prática profissional.

4  MÉTODO

 Quanto à abordagem e nível da pesquisa

Para o desenvolvimento deste projeto será utilizada Pesquisa Básica A pesquisa utilizada foi  bibliográfica e campo. Foi classificada como quantitativa.Com o objetivo de descrever determinadas características acerca da população estudada através de coleta de dados esta pesquisa é denominada como sendo descritiva. Segundo Marconi: Lakatos (1996) e Levin (1985) a  população a ser pesquisada ou o universo da pesquisa é definida como o conjunto de indivíduos que partilham de, pelo menos, uma característica em comum, e amostra – o pesquisador estuda apenas uma amostra – se constitui de um número menor de sujeitos tirados de uma mesma população.

População/Amostrta

Para esta pesquisa a população estudada foi alunos do curso de psicologia de uma instituição privada de ensino superior, da cidade de Aracaju, e teve como amostra o total de (43) quarenta e três alunos do primeiro ao oitavo período do curso de psicologia.

 4.6 Coleta de dados:

Como instrumento desta pesquisa foi utilizado um questionário com 8  perguntas fechadas abordando questões sobre o tema proposto, bem como sexo, idade, religião, estado civil e período dos entrevistados.

 4.7 Procedimentos Éticos

Será apresentado aos participantes  oTermo de Consentimento Livre Esclarecido TCLE, onde nos autoriza a fazer a entrevista com cada um dos alunos.

 4.8 Procedimentos

De posse dos questionários, as pesquisadoras foram até as salas de aulas correspondentes a cada período, e escolheram, de maneira aleatória, um dos alunos para explicar a pesquisa e solicitar a entrega dos questionários para os alunos que estivessem dispostos a respondê-los e devolvê-los ainda no mesmo dia.

 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo como levantamento dos dados no que se refere à identificação dos sujeitos, ficou constato que a maioria dos estudantes encontra-se na faixa etária entre 16 e 26 anos, é do sexo feminino, o estado civil é solteiro, e estão em períodos diferenciados, sendo que a maior parte está no 3º  terceiro e no 1º primeiro períodos acadêmico, conforme Quadro1.

  

IDADE

SEXO

ESTADO CIVIL

RELIGIAO

PERÍODO

16 a26 anos

27 a37 anos

38 a48 anos

<49 anos

FEMININO

MASCULINO

CASADO

SOLTEIRO

OUTRO

CATOLICA

PROTESTANTE

ESPIRITA

OUTRA

NÃO TEM

24

12

4

2

35

8

8

31

4

23

9

4

3

4

5

8

11

5

6

4

4

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

        Quadro1 – identificação quantitativa dos sujeitos da pesquisa de acordo com o sexo, idade, estado civil, religião e período.

 Com relação ao significado da representação da homossexualidade 56% dos entrevistados acreditam que seja opção sexual, enquanto que 12% acham que trata-se de um desvio de conduta, 2% afirma que seja uma doença, e 16% assinalaram que trata-se de outra opção além das disponíveis para escolha.

No que se refere às possíveis causas da homossexualidade a maior parte dos estudantes revelaram não existir um motivo específico, o que pressupõe que estes futuros psicólogos entendem que a homossexualidade faz parte da identidade do ser humano, conforme  o próprio Conselho Federal de Psicologia.

No Percentual de respostas dos estudantes acerca das causas da homossexualidade.A pesquisa também mostrou que uma parte significativa dos entrevistados, 37%, afirmaram não saber os motivos da homossexualidade, enquanto 9% associaram aos aspectos religiosos, e 7% atribuíram às causas a fatores biológicos/hereditários.

Percentual de respostas dos estudantes referentes aos sentimentos mais expressivos referentes aos homossexuais. Quando questionados sobre o sentimento mais expressivo em relação aos homossexuais a naturalidade foi apontada por 44% dos entrevistados, enquanto 40% disseram sentir respeito. E apenas 2% assinalaram o sentimento de admiração e outros 2% de tristeza

No Percentual de respostas relativas às situações que provocam constragimento aos estudantes. Sobre a situação que poderia causar algum tipo de constrangimento, 44% revelaram que nenhuma das alternativas disponíveis provocaria tal sentimento. Porém, um percentual próximo, 42%, apontou que ver dois homossexuais beijando-se os deixaria constrangidos. Já 12% revelaram que o constrangimento existiria se tivessem algum filho homossexual, enquanto apenas 2% escolheram a opção morar com homossexuais.

Quando questionados sobre a opinião acerca do casamento entre homossexuais, os resultados obtidos mostraram que 51% dos entrevistados são a favor, 23% posicionaram-se contra, 19% indiferente e apenas 7% disseram não ter opinião formada sobre a questão. Estes resultados contrariam uma pesquisa do Ibope realizada entre brasileiros, em julho de 2011, onde constatou que  55% dos entrevistados são contra o casamento gay e 45% a favor.

Com relação à adoção por pessoas do mesmo sexo a maioria mostrou-se contra, representando um percentual de 44%, já 37% posicionaram-se a favor, enquanto 145 disseram não ter opinião formada e 5% revelaram-se indiferentes. Tais conclusões corroboram com a pesquisa realizada pela Datafolha aqui no Brasil, em maio de 2010, na qual a maioria, 51%, ainda é contra a adoção por homossexuais, e 39% são favoráveis. O fato de ser contra a este tipo de adoção talvez esteja relacionado a existência de alguns mitos que ainda encontram-se enraizados em nossa cultura, como bem coloca MATIAS, 2007

Um dos mitos mais comuns é o de que as crianças que crescem no seio de uma família homossexual serão elas próprias homossexuais futuramente, ou que exibirão alguma ambiguidade em termos da sua sexualidade. Este mito é refutado pelos estudos de Bailey, Bobrow, Wolfe e Mikach (1995) e Golombok e Tasker (1996), entre outros, ao concluírem que a maioria de filhos de homossexuais apresentam uma orientação sexual heterossexual.

 

 

Opiniões

 

 

A Favor

Contra

Indiferente

Não tem opinião formada

TOTAL

Casamento

51%

23%

19%

7%

100%

Adoção

37%

44%

5%

14%

100%

Quadro 2 – Percentual de opiniões acerca do casamento entre homossexuais e adoção.

 

A pergunta a cerca da importância ou não da abordagem do tema homossexualidade no curso de graduação foi questionada aos alunos, e os resultados mostraram que 91% consideram a temática como sendo relevante, e 5% disseram que não, e apenas 4% responderam que não sabiam.

Percentual de respostas dos estudantes acerca  da preparação para o trato com a homossexualidade após formação. Por fim, quando os alunos foram questionados se achavam que estariam preparados para lidar com esta temática quando já formados, 77% disseram que sim, 16% acham que não, e 7% ainda não sabem.

É Interessante perceber que apesar da grande maioria afirmar que sente-se preparado para lidar com a homossexualidade, esta mesma pesquisa mostrou que 37% disseram não saber a causa da homossexualidade o que revela uma certa incongruência nos resultados, uma que a preparação profissional está associada também ao nível de conhecimento que o mesmo tem sobre o tema.

 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi verificado no decorrer desta pesquisa percebe-se que o significado da homossexualidade ainda é bastante diversificado até mesmo para aqueles que encontram-se dentro do espaço acadêmico, e mais, especificamente dentro do curso de psicologia.

Como se pode perceber ainda existem aqueles que acreditam que a homossexualidade está associada à questões de ordem religiosas, e até mesmo aquelas que ainda percebem esta orientação sexual como sendo distúrbio psicológico ou até mesmo patológico, o que ratifica as informações apresentadas no decorrer deste trabalho, e sinaliza que, se tais concepções não forem mudadas, muito possivelmente este futuros profissionais estarão caminhando em sentido contrário ao que estabelece a Resolução N. 001 que normatiza a conduta dos psicólogos, e mais estarão eles contribuindo para o aumento das discriminações sociais.

Vale ressaltar aqui o posicionamento da maioria dos estudantes contra da adoção de crianças por homossexuais, que coincide com a opinião do senso comum, daí porque entender o papel das representações sociais seja relevante, e que talvez esteja associado ao fato de ainda persistirem alguns “mitos” em nossa sociedade, e até mesmo dentro do meio acadêmico, mitos estes que precisam ser desmistificados.

É fundamental e urgente que estas discussões se façam mais presentes dentro das universidades, até mesmo por que, como demonstrou a pesquisa, é um tema de considerado de relevância pelos entrevistados, pois enquanto futuros psicólogos estes profissionais precisam de despir de determinadas pré-concepções, não simplesmente por necessidade profissional, mas por reconhecer  que o saber lidar com aquilo que é diferente é sem dúvida o maior desafio do ser humano.

Por fim, diante da complexidade do tema estudado, como crítica é pertinente dizer que esta pesquisa poderia ter sido fragmentada em sub-temas a fim de permitir um aprofundamento maior nas questões que assim exigem, tais como as causas da homossexualidade, adoção por homossexuais e homofobia; de qualquer maneira, como forma de dar um parecer geral sobre a percepção dos adolescentes sobre a temática discutida é bem possível que este objetivo tenha sido alcançado.

 REFERÊNCIAS

BREMMER, J. Pederastia grega e homossexualismo moderno.Em J. Bremmer(Org), De Safo a Sade: Momentos da história da sexualidade. (p. 11-26) São Paulo: Papirus, 1995.

MATIAS, Daniel. Psicologia e orientação sexual: Realidadesem transformação.  Análise Psicológica(2007), 1 (XXV): 149-152

 NUNES, Eliana e RAMOS, kátia Perez. A homossexualidade humana: estudos na área da biologia e da pisicologia. INTELLECTUS – Revista Acadêmica Digital do Grupo POLIS Educacional – ISSN 1679-8902.

 FOUCAULT , Michel. História da Sexualidade I – A vontade de Saber. Ed. Relógio D'agua, 1994.

 FALCÃO, Luciene Campos. Adoção de crianças por homossexuais: Crenças e formas de preconceito. Disponível em < http://tede.biblioteca.ucg.br/tde_arquivos/11/TDE-2006-11 28T142121Z252/Publico/Luciene%20Campos%20Falcao.pdf > Acesso em 29 de novembro de 2011.

LACERDA, Marcos Cícero & CAMINO, Pereira Leoncio et al.  Um Estudo sobre as Formas de Preconceito contra Homossexuais na Perspectiva das Representações Sociais. Disponível em < www.scielo.br/pdf/prc/v15n1/a18v15n1.pdfSimilares > Acesso em 18 de novembro de 2011.

 Pesquisa do IBOPE sobre casamento gay. Disponível em: < http://www.ultimosegundo.ig.com.br/brasil/pesquisa+revela+que+55+dos+brasileiros+sao+contra+uniao+gay/n1597104761368.html >. Acesso em 04/12/2011                                                         

Pesquisa da Datafolha sobre adoção por casal gay. Disponível em: < http://www1.folh.uol.com.br/cotidiano/745396-maioria-e-contra-adocao-por-casal-gay-no-brasil.shtml Acesso em 04/12/2011 > Acesso em 04/12/2011

APÊNDICE

 

QUESTIONÁRIO

 

QUAL O SEU SEXO? (  ) Masculino  (  ) Feminino

IDADE: ____  

ESTADO CIVIL: (  ) Solteiro (  ) Casado/Convivência (  )  Separado/ Divorciado (  ) Viúvo  (  ) Outro.

EM QUE PERÍODO VOCÊESTÁ?  _____

QUAL  A SUA RELIGIÃO? (  ) Não tenho  (  ) Católica  (  ) Evangélica (  ) Espírita (  ) Outra.

 

 

1. O que representa a homossexualidade para você? Escolha ou escreva apenas  01 alternativa.

 

 

 

 

 

 

(  ) uma opção sexual  (  ) um desvio de conduta  (  ) uma doença  (  )  uma orientação sexual (  ) Outras

 

2. Escolha o item que melhor expressa a sua opinião referente às causas da homossexualidade:

 

(a) abusos sexuais / traumas sofridos na infância/ conflitos parentais

(b) problemas hereditários / má formação gestacional durante período da gestação /disfunções hormonais.

(c) falta de respeito /desvio de conduta/ falta de valores morais

(d) falta de fé / descumprimento da palavra de Deus / fraqueza espiritual

(e) não possui natureza específica

(f) não sei / não tenho opinião formada sobre esse assunto

 

3. Marque com um X  o seu sentimento mais expressivo em relação aos homossexuais?

 

a)      Admiração

b)     Raiva

c)      Tristeza

d)     Respeito

e)     Desprezo

f)       Indiferença

g)      Pena

h)     Naturalidade

 

4. Qual a situação deixa ou deixaria você mais constrangido(a) com relação aos homossexuais?

 

a)      Ter um amigo homossexual assumido

b)     Ver casais homossexuais se beijando

c)      Ter um filho homossexual

d)     Ter um Chefe homossexual

e)     Morar com homossexuais

f)       Nenhuma das situações me deixa constrangido(a)

 

5.  Você é a favor da união entre homossexuais?

 

(  ) sim  (  ) não  (  ) indiferente (  ) não tenho opinião formada

 

6.  Você é a favor da adoção por homossexuais?

 

(  ) sim  (  ) não  (  ) indiferente  (  ) não tenho opinião formada

 

7. Você acha relevante o curso de Psicologia trabalhar esta temática durante a graduação?

 

 

 

 

(   ) sim  (  ) não (  ) não sei

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8) Você acredita que enquanto psicólogo estará preparado para lidar com assuntos dessa natureza?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(  ) sim  (  ) não (  ) não sei

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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