Funções da linguagem



  1. 2.   Funções da Linguagem

 

            Baseado nos estudos sobre “Funções da Linguagem” é possível afirma que toda mensagem visa um objetivo, percorre por um caminho para se chegar a algum lugar, com a finalidade de transmitir uma idéia. Segundo Samira Chalhub “diferentes mensagens veiculam significações diversas, mostrando na sua marca e traço, no seu efeito, o seu modo de funcionar”.

Partindo desse ponto, podemos considerar várias possibilidades que nos levam a inferir a intenção de quem produziu a mensagem (o emissor). Este por sua vez, através de um conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem (o código), necessita de um meio físico para transmitir sua idéia (o canal) que chegará a um destinatário (o interlocutor, ou receptor). Sendo estes “os fatores que sustentam o modelo de comunicação: emissor, receptor, canal. código, referente e mensagem”.

            O Modelo proposto pelo psicólogo austríaco Karl Bühler e ampliado por Roman Jakobson complementam-se, ao apontarem os fatores que determinam a função da linguagem “direção intencional do fator da comunicação”. Considerando que cada situação exige um tipo de linguagem, quando enfatizamos um determinado fator, estamos automaticamente direcionando nossa mensagem até a informação que se pretende transmitir, definindo assim a sua natureza, onde a ênfase no fator referente determina à função Referencial, no fator Emissor a função Emotiva, no Receptor a função Conativa, no canal a Fática, na mensagem a função Poética e no código a Metalingüística

            Esses aspectos são observados em diversos tipos de comunicação, não estão restritas as formas verbais, pois tudo o que fazemos se reflete em mensagem. Ao escolher uma roupa para sair, podemos disponibilizar várias informações, sobre a intenção de seduzir, revelando no estilo a personalidade, ou mesmo o nosso estado de ânimo do dia. Ao sentir o cheiro de uma comida, podemos identificar o cardápio e até sentir o gosto antes mesmo de provar, podemos nos emocionar com filmes, músicas e poesias, ou interpretar uma tela abstrata, uma fotografia, uma arquitetura, entre outros vários tipos de comunicação.

           

            Podemos encontrar na arte realista, no jornal, e livros científicos, ou mesmo em trabalhos acadêmicos como este, uma linguagem objetiva, direta, denotativa prevalecendo em 3ª pessoa, centralizada no “referente”, determinando assim a função Referencial, onde o emissor oferece informações da realidade. Em alguns casos encontra-se esta função em poesias ou músicas, quando o autor faz descrição do real, Segundo Jakobson ela é “construídas em bases convencionais, produzindo informações definidas, claras, transparentes e sem ambigüidades”, exigindo do emissor um conhecimento do assunto e um vocabulário mais sério para explanar o seu objeto de estudo.

 

            O ser humano, como um ser social, tem a necessidade de expor as suas opiniões, seus sentimentos, escrever cartas de amor quando está apaixonado, e essa atitude se encaixa na função emotiva, pois esta centralizada no emissor, revelando suas emoções exposta em 1ª pessoa do singular “EU”, quando nos deparamos com uma pintura, por exemplo, expressamos nossa visão sobre o que está sendo observado, e a sensação que tivemos ao admirar tal obra, revelando assim o que é interno de nós. É a linguagem das memórias, autobiografias, poesias líricas e outros.

 

            Além de expor os sentimentos, muitas vezes, queremos convencer o outro de que nossa idéia é correta, que nosso produto é o melhor e mais necessário, fazendo presente a função conativa, ou apelativa, nesse caso concentra-se a mensagem no interlocutor ou receptor, é ele o verdadeiro alvo do objetivo da mensagem, geralmente em 2ª pessoa do singular sendo uma característica bem marcante nessa função a utilização de vocativos e imperativos, geralmente identificamos essa linguagem em discursos, sermões, propaganda, discursos públicos, promoções e merchandising.

 

            Quando nos comunicamos via telefone, estamos sem perceber testando a todo o momento a eficiência do canal, ao dizer “alô” ou qualquer ruído que indique que você está acompanhando a conversa como o objetivo de prolongar ou não o contato com o receptor. Saudações, interjeições ou comentários sobre o clima, tautologia, cacoetes de comunicação ou mesmo as primeiras palavras de uma criança, são característica da função Fática, pois se centraliza no canal, no suporte físico, sendo que a mesma mensagem pode sugerir significados diversificados a depender do meio que ela foi transmitida e da percepção de quem recebeu a mensagem. Segundo Jakobson “quando o mais importante não pode ser dito, diz-se algo que substitui, por nada dizer, o que poderia ser dito”.

 

            No entanto quando o fator predominante é a “mensagem”, determinamos a função Poética, essa por sua vez, possui características como brincadeiras com o código, rimas, anagramas, aliterações, similaridade nos sons, presente em provérbios, letras de músicas, ditos populares, obras literárias, sendo ela metáfórica, sugestiva, afetiva, subjetiva valorizando as palavras e suas combinações sonoras e rítmicas, sendo necessário um vocabulário selecionado e peculiar fundamentando a sua essência, capaz de despertar no leitor prazer estético “Quando os ritmos, sonoridades e estrutura da mensagem têm tanta importância quando o conteúdo das informações que ela veicula.” (VANOYE, 1998), deixando o conteúdo em segundo plano. Segundo Jakobson “A função poética projeta o princípio de equivalência do eixo de seleção no eixo de combinação”, sendo possível perceber traços poéticos também em fotos, arquitetura, em uma tela abstrata e fundamental na própria poesia. “A Função Poética não abrange somente a poesia. No entanto, na poesia, a Função Poética é dominante, ao passo que, em outras formas de expressão linguística, ela é acessória.” (VANOYE, 1998)

 

           

Quando usamos uma linguagem pra falar dela mesma, assim como um poema falando sobre o poeta ou sobre o processo de fazer poesia, propaganda de propaganda, quadrinho de quadrinhos, cinema que fala de cinema ou teatro que fala de teatro, estamos enfatizando o código, sendo predominante a função Metalinguística, é linguagem explicando linguagem. Segundo Samira Caulhub, “uma mensagem de nível metalinguístico implica que a seleção operada no código combine elementos que retornem ao próprio código”.

 

Geralmente, encontraremos em uma mesma mensagem, mais de uma função, no entanto sempre uma vai predominar, “numa mesma mensagem [...] várias funções podem ocorrer, uma vez que, atualizando corretamente possibilidades de uso do código, entrecruzam-se diferentes níveis de linguagem, A emissão, que organiza os sinais físicos em forma de mensagem, colocará ênfase em um a das funções — e as demais dialogarão em subsídio, [...].”. Isso dependerá da capacidade criativa do emissor que definirá essa hierarquia, onde a predominância de um dos fatores determinará a predominância da função da linguagem que prevalecerá. Dessa forma quanto mais dominarmos os processos da comunicação melhor será nosso desempenho diante das expectativas lançadas no interlocutor.

 

 

 

 


Autor:


Artigos Relacionados


Ler, Um Verdadeiro Dom Da Vida

Não “tô” Entendendo

Introdução à Semiótica

O Que é Mídia? Para Que Serve?

Programando A Google Agenda Para Te Enviar Torpedos Sms

Desenvolvimento Dos Estudos Línguisticos: Uma História Sem Fim.

O Ter E O Ser Se Coadunam?