Educando o adulto



“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.

Com essa frase de Paulo Freire, gostaria de trazer uma reflexão sobre um assunto que de fato me intriga. A possibilidade real de educar o adulto.

E aqui não falo da educação formal, da volta à escola seja para a formação básica ou para a especialização após longo período distante dos bancos escolares.

Educar o Adulto neste caso tem relação com os hábitos e desvios de formação de cada indivíduo e que se tornam evidentes na fase adulta, trazendo em muitos casos prejuízos para toda uma sociedade. Por que isso não pode mudar?

Quando olhamos para o primeiro ciclo da educação e falamos das nossas crianças, evidentemente que desejamos que nossas escolas, ao contribuírem na formação dos futuros cidadãos, tenham o devido cuidado de trabalhar os pontos básicos da educação social.

Mas voltando ao indivíduo já formado, creio de fato que uma grande transformação pode  ocorrer na sociedade aqui e agora se esse adulto puder ser reeducado.

Muitos dos problemas da nossa sociedade, é verdade, são causados pela inércia de nossa classe política. Porém, somos também, como “mal educados”, corresponsáveis por muita coisa que não corre bem no nosso cotidiano.

Sejamos então mais práticos com alguns exemplos: Nos grandes centros as enchentes são responsáveis por grandes tragédias. Falta estrutura, obras de contensão e ações preventivas das autoridades competentes. Isso é fato. Contudo, tudo isso é agravado pelo grande volume de lixo nas ruas, bueiros e até nos rios e córregos, jogados por esse indivíduo adulto. Do mesmo modo, dos carros são lançados desde latas, garrafas e bitucas de cigarros. Pobre das vias urbanas, das estradas e da natureza, muitas vezes exterminada pelas queimadas. Há ainda a falta de educação no trânsito, o não respeito ao próximo, aos idosos e aos portadores de necessidades especiais, a impaciência e a intolerância e tantas outras aberrações presentes no nosso cotidiano. É possível mudar esse cenário? Tenho certeza que sim. Qual o caminho? Entre tantos, educando o adulto.

Acredito que boa parte da solução está na massificação de campanhas publicitárias nos principais meios de comunicação deste país. Em todos os níveis e a todo tempo.

Com criatividade, poderíamos tratar essas situações cotidianas de forma bem humorada, mas com mensagens firmes e claras. Assim como os bordões de programas de rádio e televisão acabam virando parte do vocabulário popular, essas campanhas então causariam o mesmo efeito no pensamento coletivo. Albert Einstein já afirmava que uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Portanto, é possível educar o adulto.

Clamo as empresas e ao meio publicitário que acreditem nesta ideia. Há um pequeno investimento, é verdade, á,mas vale a pena como forma de se criar agora uma sociedade critica e reflexiva. Informação educativa em massa é um dos caminhos de transformação na educação de uma sociedade. Outras maneiras, evidentemente, complementam esse processo, mas essas não são objeto da minha reflexão nesse momento.

Encerro mais uma vez com Paulo Freire:

“O homem não pode participar ativamente na história, na sociedade, na transformação da realidade se não for ajudado a tomar consciência da realidade e da sua própria capacidade para a transformar. (...) Ninguém luta contra forças que não entende, cuja importância não meça, cujas formas e contornos não discirna; (...) Isto é verdade se se refere às forças da natureza (...) isto também é assim nas forças sociais (...). A realidade não pode ser modificada senão quando o homem descobre que é modificável e que ele o pode fazer.“

É possível Educar o Adulto.

Sérgio Freitas


Autor: Sérgio Freitas


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