Emergência psiquiátrica: importância do cuidado de enfermagem com a famíliadiante uma reabilitação.



Emergência psiquiátrica: Importância do cuidado de enfermagem com a famíliadiante uma reabilitação.

JainaQuitéria Pereira Rodrigues

Alessandra Alves dos Santos

Carolina Fonseca de Souza

Isabella de Menezes Rodrigues

Edijane Andrade de Araújo

Rose Cleice Nascimento de Jesus

Lorena de Andrade de Santana Almeida

 

Bacharelandas de Curso de enfermagem da Faculdade AGES

Resumo

Em relação à emergência psiquiátrica, deve entender a crise como uma complexa experiência existencial e de extremo sofrimento. Desenvolvendo técnicas humanizadas e equipando-se com instrumentos e recursos complexos para uma abordagem de acolhimento aospacientes e familiares no momento de um sofrimento psíquico tão esperado e inesperado. O paciente em crise apresenta-se desestruturados e sem vínculo, devido algumas indiferenças sociais que coloca a sua capacidade de se relacionar em risco.A equipe de Enfermagem deve atuar de forma integrada e planejada de modo que ofereça segurança para todos e conforto dos mesmos. Segundo o livro de Rachel Naomi “O Paciente como Ser Humano”, a psicologia da escolha tem muito a oferecer ao profissional de saúde, auxiliando-o em seu esforço de educar as pessoas para obterem uma saúde melhor. A familiaridade com opções mais amplas de relacionamento, acrescida ao conhecimento de diferentes tipos de interação referentes aos problemas de saúde -            do papel autoritário em situações de emergência ao papel de colaborador a prevenção -, Tem um valor inestimável para qualquer praticante.

 

PALAVRAS-CHAVES: Cuidado de Enfermagem, Famílias, Emergências psiquiátricas.

 

Introdução

A família é o primeiro grupo social ao qual somos inseridos. Esta como unidade nuclear do indivíduo deve-nos acolher, permitindo-nos desenvolver nossas habilidades, experiências, vivências e novas relações humanas. São o ambiente em que a pessoa recebe todo o apoio afetivo, psicológico, valores humanos e éticos, além de outras ferramentas necessárias para seu pleno desenvolvimento físico e mental. Portanto, para que se alcance o equilíbrio familiar, reforçam a necessidade de desenvolvimento saudável para cada um de seus membros. ¹

Nesse momento, é importante destacar que grande parte da nossa assistência de enfermagem aos pacientes e à sua família é feita com a prestação de um apoio psicológico. Durante as conversas é possível entender o contexto psicossocial desses indivíduos, suas relações com o mundo, bem como as relações desses indivíduos com as pessoas que os cercam, estabelecendo a melhor forma de ajudar a solucionar os problemas. O ato de sentar em frente ao paciente ou parente, olhar nos seus olhos, ouvindo-o com interesse e dedicação sobre alguém ou alguma coisa, transmite-lhe confiança, permite o estabelecimento de vínculos emocionais e otimiza, conseqüentemente, o atendimento. No entanto, quando o enfermeiro não se relaciona com seus pacientes e familiares, não procurando compreendê-los para solucionar ou minimizar seus problemas, promove a inviabilização da inter-relação terapêutica, perdendo, conseqüentemente, um poderoso instrumento de cuidado de enfermagem. ²Além disso, cada família reage de uma forma perante a internação de seu parente na unidade de emergência, o que dificulta o manejo. Cada membro familiar tem sua singularidade, mas que não pode ser ignorada ou até mesmo excluída durante o processo terapêutico.²

Oliveira e bastos, 2000, embasam esse nosso argumento ao explicitarem que: Tomar a família como objeto de investigação e intervenção em saúde requer, como ponto de partida, focalizar seus modos de organização e funcionamento, nos aspectos mais cotidianos de sua existência. É nesse contexto que faz sentido analisar a influência dos valores e costumes de uma comunidade humana sobre a percepção dos sintomas, da enfermidade, sua interpretação e técnicas de tratamento. Enfim, não se podem compreender as reações das pessoas frente às questões ligadas ao binômio saúde-doença sem considerar a cultura em que foram educadas e formas culturais específicas de organização social nessa área.³

O compromisso com a responsabilidade compartilhada no cuidado de uma doença traz consigo a obrigação de também compartilhar honestamente as informações. Profissional e paciente trazem dois diferentes tipos de informação, que é importante pela tarefa que tem pela frente. Ambos devem estar dispostos a educar e a ser educado pelo o outro, pois nenhum deles pode assumir a responsabilidade de desempenhar a sua recuperação da saúde sem informação fornecida pelo o outro.4

O adoecimento psíquico é caracterizado por surto psicótico o que por sua vez é representado pelo afastamento do vínculo coma a realidade, no qual o indivíduo retira-se para um mundo particular, fantasioso, e não consegue reagir às coisas que ocorrem em seu ambiente, ou pode reagir com emoções e ações exageradas, inadequadas à situação. Mas este comportamento, não é permanente na vida do psicótico: quando não estão em crise, zelam por seu bem estar, alimentam-se, evitam machucar-se, estabelecem contatos com pessoas reais. O distúrbio propriamente dito começa a partir do momento em que o paciente se relaciona com objetos e coisas que não existem em nosso mundo; modificam planos, convicções, seu comportamento por causa de idéias incompreensíveis para nós, ao mesmo tempo em que a realidade clara significa pouco ou nada para o psicótico. 5

A enfermagem procura, desde seu surgimento enquanto profissão, acompanhar essas mudanças e redimensionar suas finalidades terapêuticas, com o auxílio das mais diversas áreas do conhecimento, como filosofia, sociologia, psicologia e antropologia. Elas têm fornecido subsídios teórico-práticos à complexidade que essas mudanças trouxeram. Permitem a (re) construção do conceito de ser humano, como também disponibilizam as diferentes possibilidades de se trabalhar com ele, visando à promoção de sua saúde integral.6

Nasiet al (2004), falam do sofrimento proveniente também da convivência com limitações e desgastes no cotidiano familiar. Discutidas questões relacionadas à agudização dos sintomas (crise), terapêuticas empregadas e as concepções da família sobre a doença mental. 7

 

Para Cavalheri (2002), a ocorrência de uma doença mental na família, acaba por imobilizá-la inteiramente, e o desgaste é agravado por se tratar de uma doença quase que invariavelmente de longa duração, com freqüentes casos de agudização de sintomas e em na maioria das vezes, considerada incapacitante e estigmatizadora e, sobretudo, dispara uma série de respostas nas pessoas de seu grupo social, especialmente, entre aquelas de seu convívio familiar. Uma dessas respostas é a situação de sofrimento em que tanto o doente como sua família são submetidos. Submissão esta imposta dada a condição, ou melhor, ausência de condição de interferir diretamente sobre a mudança radical do quadro, a cura. 8

 

A história da assistência em psiquiatria mostra que a atenção reservada à família é relativamente recente. Enquanto apenas os manicômios respondiam pelas necessidades de cuidados prestados nesta área, a interação entre instituição, paciente, família e comunidade se encontrava incipiente. O problema era colocado sempre “fora”, em um espaço longínquo, alheio ou estranho, o que pode ser interpretado como indício do real afastamento frente à consideração do processo saúde/doença, havendo olhares voltados apenas à doença, não contemplando a pessoa com sua história e seu contexto. A partir da década de quarenta e cinqüenta do século passado, acentuando se mais na década de sessenta, pesquisas de estudiosos na Europa e Estados Unidos voltaram olhares para a família e efetuaram estudos que buscavam compreender como as relações familiares estariam diretamente ligadas ao surgimento dos transtornos mentais. O término da segunda guerra mundial trouxe inúmeras transformações na sociedade e estas se refletiram também na assistência psiquiátrica, havendo grande interesse pelos aspectos sociais e familiares. Com os movimentos mundialmente conhecidos de análise e crítica anti-institucional em países ocidentais, surgiram modelos de intervenção que visavam reduzir ou eliminar a utilização dos hospitais psiquiátricos trazendo, entre outras conseqüências, a família para o cenário da assistência. 9

 

No Brasil, a partir da década de 1970, surgiu o movimento de Reforma Psiquiátrica, quebusca substituir os manicômios por iniciativas sociais, culturais, políticas, científicas, jurídicas, assim como modificar os conceitos e a relação da sociedade com as pessoas portadoras de transtornos mentais. A Política de Saúde Mental no Brasil foi fortemente influenciada pela experiência italiana que teve à frente Franco Basaglia. No entanto, na prática, não encontramos uma aplicação efetiva das diretrizes desse modelo. As propostas expressam em seus objetivos uma preocupação em reduzir o número de pacientes internados e o tempo de internações dos mesmos, além de conter referência à participação das famílias e das comunidades na assistência em Saúde Mental, porém os papéis que competem a cada um destes parceiros não são ainda bem definidos ou mesmo compreendidos. 10

 

Neste contexto, gradativamente emergem novas estratégias, favorecendo um nível mais coletivo de participação, reconhecendo o valor da família na atenção à saúde mental e inserindo-a no projeto terapêutico, em busca de uma melhor qualidade de vida tanto para quem é cuidado quanto para quem cuida. A análise das necessidades complexas de um paciente nos leva a colocá-lo em áreas específicas (assistenciais, relações humanas, familiares, trabalho etc.). Então, interagir com o sofrimento significará interagir também com estas áreas de problemas. 11

Isso contribui para o entendimento da família como a unidade básica da saúde, num modelo de intervenção que possibilite resolver os problemas cotidianos, diminuindo o stress e, indiretamente, as recaídas. Na visão da família como a unidade básica podemos pensar que para cumprir o papel de provedora ela necessita, além dos recursos institucionais, do preparo e do apoio de profissionais. 12

 

Colveroet al.(2004), com o trabalho intitulado “Família e doença mental: a difícil convivência com a diferença” remete ao interesse de compreender como é vida cotidiana do familiar de portadores de transtorno mental grave, sua convivênciacom a doença e ou doente mental e identificar as representações por elesconstruídas a respeito do fenômeno saúde-doença mental.13

 

Metodologia

 

O estudo foi baseado em pesquisas do banco de dados do scielo, onde foram analisados artigos científicos, leitura dos livros: Como e porque as desigualdades sociais fazem mal a saúde de Rita Barradas Barata; O paciente como ser humano de Rachel Naomi Remem; Pedagogia do Oprimido e Cultura Popular e Educação de René Marc da Costa Silva; Foram feitas duas visitas ao CAPS na Bahia e no CAPS em Sergipe monitorado pelo Enfermeiro A.A., onde foi analisada a fala da Coordenadora e da Enfermeira do CAPS.

 

Objetivos

 

Compreender e demonstrar como é importante a integração dos familiares na reabilitação de um paciente que apresenta transtorno mental.

Observar a qualidade de vida, e o que levou o individuo apresentar crises.

Analisar o comportamento do profissional diante uma emergência psiquiátrica.

Compreender o processo de mudança e aceitação do comportamento do paciente.

 

Considerações Finais

 

A família é uma estrutura considerada como base fundamental do convívio com omundo social para o individuo, fazendo com que o ser humano possa se relacionar e interagir com a sociedade. O que foi observado nas falas das profissionais, algumas famílias são ausente diante o tratamento dos usuários do CAPS, segundo elas o medo de cuidar de uma pessoa em crise é bastante perigoso (alguns são trancadas em quartos e só ficam recebendo alimentos, nas suas próprias residências), falam que não tem paciência, e estão saturados com a situação e querem se “livrar” da responsabilidade de cuidar,já outros quando percebe que o paciente estar melhorando, evita do mesmo freqüentar o CAPS para não perder o beneficio que recebem, esses fatores que foi abordado torna-se o tratamento de reabilitação cada vez mais difícil. Os cuidados e as responsabilidades desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem têm como objetivo: compreender e interagir os familiares com o processo de mudança e aceitação do comportamento obtido, mediante as crises e experiências construídas por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e sociais do individuo que apresenta transtorno metal. Oferecer conhecimentos e experiências sobre emergência psiquiátrica, com uma linguagem adequada e esclarecendo as conseqüências e riscos o momento e depois da crise para os familiares,facilitaa comunicação e ensina a compreender os comportamentos tornado um processo participativo para que consigamver, ouvir e apontar os problemas e definir soluções para um ambiente tranqüilo e com segurança. Em relação à comunicação,a necessidade de haver uma interação tanto entre os profissionais que cuida do paciente, quanto entre os profissionais que cuida dasfamílias, deve existir uma comunicação aberta e terapêutica, sendo que muitas vezes, ouvir é melhor que falar.Sendo assim o suporte e os cuidados com os próprios cuidadores, torna-se essencial para o tratamento de reabilitação.

 

 

 

 

 

 

 

Paripiranga-BA

Agosto 2009

 

 

 

 

Revisão Bibliográfica

 

1 - Gonzales, R.M.B. (1999). A auto-percepção - um trajeto vivenciado por enfermeiras. In: Gonzales, R.M.B., BECK, C.L.C., Denardin, M.L. Cenários de cuidado: Aplicação de teorias de enfermagem. Santa Maria. Ed. Pallotti. 15-60.

2 - Pinho LB, Kantorski LP. Refletindo sobre o contexto psicossocial de famílias de pacientes internados na unidade de emergência. Cienc y Enferm2004; 10(1):67-77.

3 - Oliveira, M.L.S, Bastos, A.C.S. (2000). Práticas de atenção à saúde no contexto familiar: um estudo comparativo de casos. Psicologia: Reflexão e Crítica 13, (1) 97-107. Disponível por www em scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0102-79722000000100012&lng=pt&nrm=isso. Data da Consulta: 06/10/2002. 

4 – Remen, Naomi.O paciente como ser humano / Rachel Naomi Remem; Traduçaõ Denise Bolanho. São Paulo: Summus, 1993.

5 - Kaplan, H. I; Benjamim J. S. e Jack A. G – Compêndio de Psiquiatria: Ciênciado comportamento e psiquiatria clínica. 7º Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

6 - Kohlrausch E. O modelo assistencial clínico e algumas possibilidades de fazer diferente. Rev Gaúcha Enferm 1999; 20 (n. esp):70-85.

7 – Abreu, Liciana Mesquita, Co-responsailização da rede social de apoio diate do paciete em tratametoextra-hospitalar:Representações sociais. Fortaleza-Ce, 2008.

8 – Abreu, Liciana Mesquita, Co-responsailização da rede social de apoio diate do paciete em tratametoextra-hospitalar:Representações sociais. Fortaleza-Ce, 2008.

9 – Pereira, Maria A. O.; Pereira, A.Jr. Transtorno Mental:Dificuldades enfrentadas pela família; Ver. Esc. Eferm. USP, 2003.

10 - Amarante P. Loucos pela vida: a trajetória dareforma psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro:Fiocruz; 1998.

11- Evaristo P. Gestão da psiquiatria na comunidade.UNOPAR CientCiencBiol Saúde 2000.

12 - Faloon I, Magiano L, Morosini P. Interventopsicoeducativointegrato in psichiatria.Trento:Erickson, 1997.

13 - Oliveira MAF, Colvero LA. A Saúde Mental no Programa de Saúde da Família, Manual de Enfermagem – Instituto para o desenvolvimento da saúde IDS. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.

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Autor: Jaina Quitéria Pereira Rodrigues


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